O mundo estava em pleno caos. Fogo e destruição foram tudo que restaram naquele cenário catastrófico. Mas em meio àquele cataclismo, uma jovem mutante de mechas brancas corria desesperadamente, fugindo de duas grandes Sentinelas que estavam lhe perseguindo.

– Vampira, abaixe! – Gritou Tempestade que, em seguida, disparou dois fortes raios contra as sentinelas – Você está bem?

- Uhum! – Disse a mutante assustada ao ver as duas Sentinelas queimadas.

– Temos que ser rápidas! Precisamos encontrar o resto da equipe!

Sendo assim, Tempestade e Vampira saíram correndo à procura de seus amigos naquele mar de chamas. Mas não demorou muito para que as duas encontrassem Kitty escondida atrás de uma rocha.

– Kitty! Você está legal? – Disse Vampira ao reencontrar a amiga que também aparentava estar muito assustada.

- Onde estão os outros?

- Bobby e Peter ainda estão lá! – Kitty apontou para uma imensa cortina de fumaça, mas era possível ouvir o barulho destruição do outro lado.

Segundos após Kitty apontar a localização dos colegas, Bobby, com o seu corpo blindado de gelo, foi arremessado da fumaça, caindo exatamente onde estavam as mutantes.

- Oh meu Deus! Bobby, você está bem? – Disse Tempestade enquanto o ajudava se levantar.

- Estamos tendo muito trabalho! – Respondeu Bobby, que por sinal estava um pouco atordoado devido à queda.

- Eu disse que ainda não estávamos preparados para isso!

- Agora é tarde demais para reclamar, Vampira! – Disse Tempestade.

De repente, em meio ao fogo, eles avistaram Colossus correndo apressadamente em sua direção.

- Estão vindo! – Gritou ele.

Imediatamente todos ficaram em alerta, mas não demorou muito para que três grandes olhos brilhantes surgissem por trás da fumaça. Uma expressão de surpresa mesclada com medo apareceu no semblante dos X-Men. Era definitivamente o fim. Os cinco X-Men, que já tinham tido tantas lutas, estavam cercados por três Sentinelas preparadas para o ataque.

- Ameaça mutante detectada! Preparar ataque! – Disse uma das Sentinelas.

Os X-Men permaneceram quietos, apenas se concentravam para alguma possível esquiva. As Sentinelas miraram os seus alvos, mas, quando tudo parecia o fim, a cabeça dos imensos robôs “misteriosamente” explodiu.

– O quê? – Todos disseram ao mesmo tempo. De imediato, ninguém entendeu o que havia acontecido.

- CUIDADO!!! – Vampira gritou quando viu os colossais corpos de metal sem cabeça caindo em sua direção.

Todos saíram correndo o máximo que puderam, e por pouco conseguiram escapar da queda das Sentinelas.

- O que diabos aconteceu? – Bobby ainda estava incrédulo.

- Joguinho fácil, não é mesmo, mes amis!? – Disse uma voz familiar.

- Gambit? - Indagou Vampira.

O mistério foi rapidamente desvendado. Gambit, com o seu cajado, saiu por de trás da poeira levantada pelas sentinelas. E claro, com um sorriso de convencido em seu rosto. Ao descobrirem o responsável pelo golpe nas Sentinelas, todos ficaram furiosos com a atitude pré-potente do colega.

– Sala de perigo: cancelar! – Disse Tempestade, que possuía um semblante furioso.

Em seguida, aquele cenário infernal desapareceu juntamente com as sentinelas, e a Sala de Perigo real surgiu novamente.

- E então, o que acharam? – Gambit se sentia o “grande salvador”.

- Seu exibido! – Vampira o empurrou furiosamente.

- Mas o que foi que eu fiz, chérie?

- Nós precisamos trabalhar em equipe, Gambit! – Disse Tempestade.

- Ele é pior do que o Logan! – Disse Peter enquanto caminhava para fora da sala.

– Tudo bem! Eu não vou salvar mais ninguém na próxima vez!

Ninguém quis respondê-lo novamente. Aliás, nada adiantava, já que o seu ego era tão imenso quanto uma Sentinela, assim como a sua teimosia. Todos caminhavam em silêncio para fora da ala de treinamento quando Gambit se aproximou de Vampira.

- Você também não aprovou a minha chegada triunfal, chérie?

- Isso já era esperado quando você desapareceu de repente – Vampira continuou caminhando sem olhar para ele.

- Está zangada comigo?

– Você me deixou sozinha no meio daquele inferno!

– Pardon, chérie! Eu só queria salvar todos nós!

- Não! Você só quis se exibir, como sempre faz!

Gambit, de repente, parou de caminhar e puxou sua namorada para ele, prensando-a contra o seu peito rígido.

- Hey...!

- Acho que sei de uma forma para eu me redimir – Disse ele maliciosamente – Estou indo tomar uma ducha agora... Aceita me acompanhar?

- Vai com calma, cajun! - Vampira o empurrou, conseguindo, então, escapar de seus braços – Há muitos alunos acordados ainda!

– Você me espera no meu quarto?

Vampira apenas lhe sorriu de volta e prosseguiu o seu caminho, deixando-o sorridente para trás. Ele definitivamente sabia vencer uma discussão de casal.

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Fazia dois anos que Gambit e Vampira estavam juntos. Apesar das discussões cotidianas, os dois estavam cada vez mais apaixonados um pelo outro. E lá estavam eles, deitados juntos, enquanto o luar de verão iluminava os seus corpos nus e quentes entre os lençóis.

- Uau! O que foi isso, chérie?

- Nunca ouviu falar em orgasmos múltiplos?

Os dois riram um para o outro e voltaram a se beijar. Cada momento juntos era como se fosse inédito e único. Após os desentendimentos e segredos no passado, eles finalmente conquistaram uma estabilidade.

– Eu estava pensando em uma coisa... – Disse Remy, que fez uma pausa no beijo – Acho que está na hora de termos o nosso próprio quarto.

- Concordo! De preferência em uma área mais isolada, pois não quero que meus alunos ouçam os nossos gemidos mais – Brincou Vampira.

- Podemos olhar isso logo!

– Claro! Mas acho que agora nós devemos dormir. Temos trabalho amanhã cedo.

Enquanto Vampira se cobria com mais um lençol, Remy foi capaz de perceber certa preocupação em seu rosto.

- Está tudo bem, Marie?

- Sim... É que eu ultimamente tenho tido medo de dormir.

- Você sempre se mexe muito enquanto dorme. Tem tido muitos pesadelos?

- Todos os dias – Vampira pareceu ainda mais preocupada – Na verdade são uns sonhos estranhos... Sempre há uma mesma garota neles.

- Uma mesma garota em todos os sonhos? Que estranho..!

- Sim... Uma vez eu sonhei com um bebê, depois com uma criança e em seguida uma adolescente. Eu cheguei à conclusão de que todas elas eram a mesma pessoa.

– Devem ser memórias de alguma pessoa que você absorveu, non?

– Sim, pode ser. Mas isso não importa agora. Eu me sinto mais segura quando estou com você! – Disse Vampira enquanto apertava o seu abraço.

- Não se preocupe, chérie. Eu sempre vou estar com você!

- Obrigada, Remy! Eu te amo!

– Eu também te amo, Marie!

Os dois se entreolharam apaixonadamente, se beijaram, e enfim, adormeceram abraçados, à espera do novo dia de amanhã.

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O tempo passava rápido naquela quinta-feira. Já era o intervalo das aulas do horário da tarde quando Vampira tomava uma xícara de chá e lia um jornal tranquilamente na ala do refeitório.

- Hey, Vampira! Posso me sentar aqui? – Disse Kitty, que acabara de chegar.

– Claro! Eu precisava conversar com você para saber o que está achando desta vida de professora.

- Eu simplesmente não levo jeito pra isso! – Kitty parecia irritava – Estes alunos estão me matando.

- É melhor se acostumar! – Brincou Vampira.

- Eu não sei se vou conseguir. Na verdade, eu estava pensando em estudar mais.

- Sério? O que, por exemplo?

- Não sei ainda, talvez ciências políticas.

- Parece legal...!

Um breve silêncio permaneceu entre as duas, até Kitty perceber que havia algo estranho com Vampira.

- Está tudo bem?

- Por que todos resolveram me fazer esta pergunta?

– Você parece um pouco estranha ultimamente...

- Estanha como?

- Você está bebendo chá. E isso é algo extremamente estranho! – Brincou Kitty.

- É verdade! – Disse Vampira após rir da piada da amiga – Não tenho dormido muito bem.

– Dormindo com o Gambit todas as noites, isso é pouco óbvio, não é?

– Mas não é isso! – Vampira se sentiu um pouco envergonhada com o sarcasmo de Kitty – Tenho dito uns sonhos esquisitos que nunca me deixam dormi!

- Sonhos? Que tipo de sonhos?

- Sempre sonho com a mesma garota, mas não faço idéia de quem ela seja!

- Sério? E como ela é?

- Ela é loira e tem olhos claros. E ela nunca aparece da mesma forma. Às vezes ela é um bebê e depois é uma criança.

- Ela deve ser das lembranças de alguma pessoa.

- O Remy me disse a mesma coisa. Mas se são memórias, então elas são muito intensas. Os sonhos parecem reais.Acredita que outro dia eu sonhei que eu estava grávida?

- Mas isso não pode ser um sinal? – Kitty novamente brincou.

- Que sinal? Do que você está falando? – Vampira fingiu de desentendida.

- Um sinal de que você está grávida, oras! Pense bem: você sonha com uma criança e também sonha que está grávida. Ás vezes os sonhos dizem o que podem acontecer.

- Isso é besteira! Eu não estou grávida!

- Você tem certeza? – Insistia a amiga.

- Absoluta! Eu e o Remy sabemos nos cuidar!

- Mas nunca aconteceu algum deslize?

- Não! Quero dizer... sim! Algumas vezes...duas ou três vezes, eu acho...Mas não foi nada demais! – Vampira podia sentir o seu rosto começar a corar.

- Algumas vezes !? Vampira!!! – Kitty se surpreendeu – Isso já é o suficiente para vocês dois gerarem um filho!

- Quer fazer o favor de falar mais baixo? Estamos no refeitório! – Disse Vampira ao reparar que algumas pessoas olhavam para as duas – E não! Se eu estivesse grávida...Alguma coisa horrível já teria acontecido!

- Como assim? – Kitty pôde perceber um nível razoável de tristeza na última fala de Vampira.

- Bem...por causa dos meus poderes, o bebê não poderia sobreviver dentro de mim... – Vampira desviava o olhar.

- Eu sinto muito por isso, Vampira!

- Tudo bem! O Remy nunca me falou sobre ter filhos, e eu também nunca tive tanta vontade em ser mãe um dia – Vampira tentava quebrar o clima de tristeza que gerara.

- Então acho melhor vocês tomarem o dobro do cuidado!

- Não se preocupe, Kitty! Eu vou me cuidar!

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O tempo passava cada vez mais rápido, e enquanto isso, Gambit conquistava mais “fãs” como professor de educação física no Instituto Xavier.

- É só isso por hoje. Estão dispensados! Nos vemos na semana que vem! – Disse Remy, enquanto recolhia alguns tapetes do chão.

- Senhor LeBeau! – Disse uma das aulas.

- Sim, Lorna?

- Eu estava pensando... Estou tendo algumas dificuldades. Talvez nós pudéssemos ter algumas aulas particulares... Só nós dois! – Disse a garota que, em seguida, mandou-lhe uma “piscadinha”.

- Eu sinto muito, Lorna! Mas os meus alunos não têm aprendizados diferenciados – Após rejeitar a proposta da aluna, Gambit simplesmente se virou e foi embora do ginásio, deixando a garota com um semblante de decepção e raiva.

Ás vezes Gambit não acreditava em sua própria mudança. Se fosse há alguns anos, ele não teria perdido tempo para levar a garota ao vestiário. No entanto, agora ele tinha aprendido a ser ético como pessoa e como professor. Além disso, ele tinha a sua Vampira, a única mulher que amava e desejava.

Assim que chegou à ala dos dormitórios, Gambit foi diretamente para o quarto da Vampira. Ele bateu algumas vezes na porta, mas ela não atendeu. No entanto, ele percebeu que a porta estava destrancada.

- Chérie? – Disse ele enquanto procurava a namorada pelo quarto.

Vampira ainda não havia chegado. Porém, Gambit decidiu esperá-la em seu quarto. Em meio à espera, ele foi até ao banheiro, e lá, os seus olhos caíram imediatamente sobre uma caixa que estava em cima da pia.

“O que é isso?”, pensou ele. Mas assim que leu o conteúdo da caixa, Gambit engoliu seco. Um calafrio percorreu pelo seu corpo e suas pernas tremeram como se ele tivesse tido um grande susto. Ele jamais tinha sentido algo assim, era uma mistura de medo, surpresa e outros sentimentos inexplicáveis. Aliás, ele nunca imaginou que tal coisa poderia estar acontecendo com ele, e também com a Vampira, naturalmente.

- Teste de gravidez? – Disse ele consigo mesmo.