Fraque E Olhos Verdes escrita por Jane Timothy Freeman


Capítulo 5
Enigmas


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos!

Vocês todos são LINDOS! Obrigada pelo apoio! ♥

Espero que gostem do capítulo! *-*'

Annie F.



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– Caro, Caro, Caro! – Uma Britany ofegante entrou na sala dos Adler.

Carole assustou-se com o afobamento da amiga.

– Britany, acalme-se! Sente-se. – Olhou para o criado e pediu gentilmente que trouxesse um copo de água.

Os pés da amiga balançavam, a agitação da outra era quase palpável.

– Quer parar? – Carole começava a se irritar.

– Estou tão contente, Caro! Teremos um baile na casa dos Ferrars!

O coração de Carole esqueceu uma batida.

– O quê? – Tentou não aparentar muita surpresa, mas a amiga conhecia seu jeito.

– Pois é! Bailes são sempre tão adoráveis! Oh, se Charles for, não sei o que farei!

Carole pediu pela milésima vez que a amiga acalmasse seus ânimos, porém não pôde deixar de sorrir. Charles Abadeer era o pretendente da temporada e Britany estava apaixonada por ele há alguns anos. Eis o porquê de tamanha euforia!

A amiga virou-se para ela.

– Oh, Carole! E Maximilliam Ferrars estará lá também, vocês poderão dançar! Que maravilha e... – O olhar da outra fez com que se calasse. – O que há? – Levantou uma sobrancelha.

– Não me importo com Maximilliam Ferrars, Brit.

Carole quase riu ao ver a surpresa da amiga.

– Como assim? Eu jurava que você era apaixonadíssima por ele! – Colocou uma das mãos enluvadas sobre a boca.

– Jurou errado. – Permitiu-se um sorriso. – Ele é um rapaz grosseiro. Além disso, terei de me casar e – Soltou um suspiro. – temo que possa me eleger como sua preferida. Já imaginou o desastre? Não quero nem pensar. – Olhou para as próprias mãos.

– Pare de ser boba! Maximilliam aparenta ser um doce de rapaz (embora seja tímido demais). – A mão enluvada voltou à boca. – Não me diga que ele tentou desonrá-la?

Carole apressou-se em calar a amiga.

– As paredes têm ouvidos, Brit. É claro que não! Foi criado por Lily, jamais faria algo dessa magnitude a uma moça.

Uma sobrancelha de Britany levantou-se.

– Está me escondendo algo, Caro. Outro dia ficou toda nervosa ante a ideia de conversar com ele, agora o despreza! Não estou entendendo!

A amiga sorriu.

– Não se preocupe com isso, sim?

E as duas principiaram uma discussão acerca de vestidos e fitas. Carole estava aliviada por ter conseguido desviar o assunto, mas seu destino a deixava temerosa.

Se a mãe quisesse comparecer ao baile, como se protegeria de Maximilliam?

~'~'~'~

Carole entrou na casa dos Ferrars com um olhar resignado. Tentara convencer a mãe a não vir, implorara, dissera que estava cansada de bailes, mas nada dissuadira Pollyanna de sua resolução.

Quando a Sra. Ferrars insistira em comprar o vestido mais caro que encontrara, Carole finalmente entendeu o que acontecia ali.

A atenção de Maximilliam para com ela era distinta. Enquanto o rapaz se mantinha taciturno perante as outras moças, conversava tranquilamente com a filha dos Adler. O que Carole entendia como um resquício da amizade de infância, sua mãe entendia como um possível pedido de casamento.

E isto deixou a moça ainda mais desesperada. Estava deslumbrante naquele dia e temia. Pelo que constatara no comportamento de Lily Ferrars, a mulher pensava o mesmo que sua mãe.

Não, não, não!

Balançou a cabeça firmemente a fim de espantar os pensamentos malditos. Concentrou-se em seguir os pais e ser gentil para com todos.

Foram rapidamente recebidos pelos donos da casa.

– Queridos, que bom que puderam vir! – Lily abraçou cada um, deixando o cumprimento mais caloroso para Carole. A moça sentiu que suava frio.

– Estão deslumbrantes – John Ferrars beijou as mãos de mãe e filha. Depois, cumprimentou Richard e os dois se juntaram a um outro grupo masculino.

Carole respirou aliviada quando percebeu que Maximilliam não se juntara a eles. Pelo contrário, estava cercado de um animado grupo de jovens e, por essa razão, não teria tempo de notá-la!

Cumprimentou Mike rapidamente e logo distanciou-se do grupo, procurando algum local escondido para permanecer. Se nenhum rapaz a notasse, estaria salva!

O vestido de renda e babados verdes, porém, era magnífico e deixava sua silhueta maravilhosa. Não era de estranhar, portanto, que causasse sensação no salão. Carole viu-se logo rodeada pelo mesmo grupo de jovens com os quais Maximilliam conversava e desejou, pela primeira vez na vida, que fosse feia como uma bruxa.

– Caro, querida! – Britany tomou a frente e deu-lhe alguns beijinhos. Foi seguida por Charles e por alguns outros que ali se encontravam.

Maximilliam foi o último a cumprimentá-la. Carole fez questão de encarar os profundos olhos verdes e mostrar o quanto o detestava.

– Está deslumbrante esta noite. – Murmurou o rapaz, um sorriso dançando em seu olhar. O elogio logo foi confirmado pelos outros.

– Obrigada. – Respondeu a moça, tornando sua atenção para Britany.

Conversaram algumas amenidades, mas rapidamente foram interrompidos pelos acordes da primeira dança.

– Permita-me, Srta. Adler? – Aproximou-se Maximilliam e ofereceu-lhe o braço.

A moça queria recusar, mas sabia que não seria educado. Ele era o dono da festa, aquilo seria desrespeito.

Esforçando-se para não contorcer suas feições, a moça aceitou e foi guiada com delicadeza para a pista de dança.

Sentiu Maximilliam rodear-lhe a cintura com uma das mãos e, pela primeira vez naqueles dias, permitiu que seu coração disparasse. Apesar de ser um completo desgosto, o rapaz ainda estimulava sentimentos conflitantes em Carole. Balançou a cabeça a fim de esquecer aqueles pensamentos inoportunos.

Os olhos dele cravaram-se nos dela.

– Daria um condado inteiro para saber o que se passa em sua cabeça, principalmente quando a sacode tão violentamente.

Carole apertou os lábios.

– Privacidade é uma virtude, Sr. Ferrars.

O rapaz sorriu.

– Distante. Continuo a me perguntar o que aconteceu com sua costumeira simpatia. – Sorriu. – Somos conhecidos há tanto tempo e nunca houve uma ocasião em que não sorrisse adoravelmente para mim.

A moça estreitou os olhos.

– Sou educada, Sr. Ferrars. Não passou pela sua cabeça que talvez me inspire uma profunda antipatia?

Os olhos do rapaz arregalaram-se discretamente, mas logo voltaram à serenidade habitual.

– Havia esquecido como suas opiniões são fortes. – Sorriu. – Permita-me responder. Não, Carole, não pensei em algo assim porque simplesmente não é verdade.

O queixo da moça caiu.

– Quanta petulância! – Carole estava chocada com a audácia do rapaz. – Nunca ouvi tamanho convencimento na vida! O que vai fazer em seguida? Convencer-me a casar com você?

– Talvez eu o faça. – A voz de Maximilliam era grave e seus olhos zombavam dela. – Mas não seria tão divertido quanto arrancar esta máscara de desprezo.

A música havia acabado. Carole, aturdida, deixou os braços de Maximilliam com o último fio de dignidade que havia restado.

~'~'~'~

Escondeu-se rapidamente na varanda de uma das janelas e ali permaneceu por muito tempo.

A paisagem dos jardins era magnífica e ajudou seu coração a se acalmar.

– É uma vista incrível, não é?

Carole quase soltou um grito. O que Maximilliam fazia ali?

– Já não basta ter sido um completo arrogante durante a dança, ainda continua a me importunar com sua presença?

O rapaz limitou-se a sorrir.

– Meus amigos estão certos, realmente não tenho jeito com mulheres. – Olhou para a noite estrelada. – Tento mostrar uma atenção especial pela moça que roubou meu coração há tantos anos e o único que consigo é desprezo!

A moça estava chocada.

– Pare de brincar comigo! – Ralhou. Respirou fundo e tentou apaziguar. – Maximilliam, sempre fomos muito amigos. Seu retorno me deixou feliz, é claro, mas sua conduta agora é muito estranha, como se zombasse de mim. Não pode voltar a ser o grandioso rapaz de sempre? Aprecio sua companhia quando não tenta bancar o grosseiro.

Os olhos dele a encararam.

– Sinto muito, Carole, mas não posso voltar a sê-lo. Comporto-me assim quando estou apaixonado. – Permitiu-se rir.

– De novo? Pare de brincar com essas coisas. Se nossas mães ouvem... – a moça sentiu um arrepio desceu por sua espinha. – Consegue imaginar o problema?

O sorriso do rapaz esvaneceu e, pela primeira vez naquela noite, o antigo Maximilliam a encarou.

– Começo a entender. Não tem medo de que me apaixone por você, tem medo de se casar.

Carole sacudiu a cabeça.

– Pare de ser estúpido!

– Quer ver uma verdadeira estupidez? – Aproximou-se rapidamente dela, pegou uma de suas mãos e colocou-a na altura de seu próprio coração.

A moça surpreendeu-se ao sentir o músculo disparado.

Antes que pudesse esboçar outra reação, os lábios de Maximilliam tomaram os seus, delicados a princípio, mas logo desesperados, famintos, urgentes. Os braços dele a seguraram quando o equilíbrio de Carole começou a ceder.

Suspirando, a moça finalmente rendeu-se às sensações que preenchiam seu coração. Colocou as mãos nos cabelos do rapaz e puxou-o mais para perto de si, aprofundando o beijo.

Um ruído próximo fez com que se separassem ofegando. Antes que o rapaz pudesse dizer algo, um violento tapa estalou em sua face.

– Não brinque com meus sentimentos novamente. – Carole ajeitou o vestido e os cabelos como pôde e, trêmula, saiu da varanda.


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