Isaac olhava para mim, desesperado por uma informação.

Peguei meu machado e parti para cima da porta. Não tinha lugar para guardar a tiara, então, botei na minha própria cabeça.

Péssima ideia. Comecei a brilhar loucamente, e de repente, senti que não estava mais com o uniforme de Hogwarts.

Olhei de relance para Isaac que tinha um "Uau" em seus lábios. Olhei para mim mesma... E levei um susto.

Eu estava... Rowena Ravenclaw. Não havia outro adjetivo para isso.

Estava com um vestido azul turquesa, cravejado de safiras e com um brilho estranho. Ele parecia um vestido de uma princesa, e eu não gostava daquilo. O Diadema combinava completamente com o vestido.

Isaac já estava ficando roxo. Ele segurava a garganta de uma forma que parecia que alguém a estava apertando.

Bati freneticamente na porta. Botando o ouvido perto dela, ouvi barulhos, vislumbres de vozes assustadas.

Me virei para o Isaac, e desenhei nos meus lábios um "Vai ficar tudo bem". De alguma forma, ele assentiu com a cabeça, antes de desmaiar.

Entrei em pânico. Agora, eu estava presa em uma sala completamente submersa e com um amigo desmaiado.

O que eu iria fazer?

Bati na porta com o machado. Ela parecia de ferro. Nem um arranhão atravessou a porta.

Me sentei, frustrada.

O pânico tinha tomado conta de mim. Eu estava tão preocupada com Isaac. E se... Não, Ally. Você não pode pensar assim. Tem que ficar calma. Você é da Corvinal, certo? Use a sua sabedoria.

Você é a Herdeira, fique calma.

Me levantei e peguei o machado. Reuni toda a minha força e finquei a arma na porta. O machado ficou preso na porta. Quando eu o tirei, um brilho azul saiu do buraco onde eu finquei o objeto.

De repente, a porta se desintegrou. Fiquei diante de três vultos..

Charlie, Victoria e... Dumbledore.

Fiquei pasma. O véu havia se quebrado, como se nunca estivesse ali.

A primeira coisa que eles viram foi o Diadema, depois minha aparência.

–Vocês conseguiram! -Exclamou Victoria.

–Ally, você está...-Começou Charlie.

Charlie estava sorrindo, até ver o estado do Isaac. Victoria também ficou pasma.

–Linda. Se parece com Rowena Ravenclaw. -Terminou Victoria.

Sorri para eles, mas não tinha tempo para aparências.

Encarei Dumbledore. Não havia medo nem raiva em seus olhos. Havia apenas admiração e quem sabe... Alegria.

Arrastei Isaac para fora da sala. Ele estava muito pálido.

–Professor Dumbledore. -Comecei.- Me desculpe não ter contado nada para o senhor... Mas... meu amigo vai morrer senão o levarmos para a enfermaria e...

–Sr. Shumpike, Srta.Thompson, leve Isaac para a enfermaria, rápido. -Falou Dumbledore. -Alicia, pode me acompanhar até o meu escritório?

Concordei com a cabeça.

Já estava acostumada com essa frase.

–Obrigado. -Ele respondeu.

Caminhamos rapidamente até seu escritório.

–Varinhas de Chocolate.

A gárgula liberou a passagem para nós. Dumbledore abriu a porta do escritório.

–Sente-se, por favor. -Ele disse.

–Senhor, -Falei. -Eu realmente sinto muito não ter...

–Está tudo bem, Alicia... Mas, caso ainda não tenha percebido, você tem o Diadema de Ravenclaw em sua cabeça. -Ele disse.

Era verdade. Só agora eu tinha percebido a aura de poder que irradiava sobre mim. Como era mesmo a lenda? Que quem ter o Diadema, terá sabedoria infinita quando o usar. Por isso era tão procurado.

Mas... Eu não me sentia mais sábia ou inteligente. Que estranho.

–Bom, Alicia, sua mãe já sabe de tudo. -Ele disse.- E eu desconfiei desde o começo. Era óbvio que você e seus amigos tinham um plano. Mas eu realmente não conhecia nenhuma Sala Submersa.

–Isaac conhecia, foi ele que nos falou. Era um segredo de família. -Expliquei. -Mas, o que o senhor pretende fazer com o Diadema?

Tirei ele de minha cabeça. O vestido sumiu e o brilho azul também. Fiquei aliviada.

–Ora, o Diadema é seu. Mas, eu aconselharia que você guardasse muito bem, e é melhor não contar para ninguém. -Ele falou.

–É verdade. Já sei onde posso guardar. -Concordei.

–A propósito, sua mãe veio aqui para conversar comigo esses dias. Ela ficou muito feliz em saber que você era A Herdeira. -Dumbledore comentou.

–É. eu sei. Ela também falou comigo. -Eu respondi.

–Alicia, você sabe o poder do objeto que você possui, certo? -Ele começou. -É um dos objetos de maior poder no mundo mágico. Procurado por muitos séculos e nunca tinha sido achado. Por isso, peço que tome muito cuidado, é importante que...

Houve batidas na porta.

–Entre. -Dumbledore murmurou.

Charlie e Victoria apareceram de repente. Eles tinham uma expressão preocupada.

–Isaac... Quer falar com você. -Balbuciou Charlie.

Mas... O quê?

–Co...Comigo? Ele já acordou? -Perguntei, confusa.

–Sim. Perguntamos o que ele queria falar com você, e ele disse que depois contaria. Mas, que era urgente. -Falou Victoria.

–Pode ir, Alicia, depois conversamos. -Me liberou Dumbledore.

–Tudo bem. -Caminhei em direção à porta. -Ah, professor, me desculpe não ter te contado, de novo.

–Está tudo bem, Alicia. -Ele respondeu.

Só que não estava tudo bem, e eu nem saberia dizer quando estaria.

Charlie, Victoria e eu descemos as escadas até a enfermaria.

Madame Pomfrey estava do lado de um garoto de cabelos muito loiros e pele pálida, que eu quase não reconheci.

–Ally. -Isaac falou baixinho. -Preciso falar com você.

Olhei para a enfermeira. Depois para Charlie e Victoria.

–Tudo bem, só um pouco. Ele precisa descansar. -Disse Madame Pomfrey.

–Mas, porque nós não podemos ficar? -Perguntou um Charlie desapontado, apontando para ele e para Victoria.

–Er... -Começou Isaac -É que...

–Vamos logo, Charlie. Isaac precisa de espaço. -Victoria falou.

Assim que eles se retiraram da sala, Isaac me encarou.

–Ally. É muito importante. -Ele começou. -Quando estávamos na sala, e você se transformou na sósia de Rowena Ravenclaw. Eu... Eu vi uma coisa.

–O que você viu, Isaac? -Perguntei, impaciente.

–Eu vi... A própria Ravenclaw, atrás de você. E... Ela me disse uma coisa.

–O quê? -Perguntei.

–Ela... Ela me disse para eu ser inteligente. E cuidar bem de você. -Isaac terminou.

Eu sorri.

–Isso é bom, não é? -Falei.

–É, acho que sim. -Ele respondeu.

–Sabe que dia é amanhã? -Eu disse.

–Er... Natal, certo? -Ele falou.

–Sim, Natal! E eu quero que você esteja bom para comemorar com a gente. -Disse.

–É... Tudo bem. -Isaac falou. -Vou estar. Er... Ally...

Me virei.

–Sim? -Perguntei.

–É... Bom...mande um abraço para Dumbledore. -Disse ele.

Tive a grande impressão de que ele queria dizer outra coisa.

...

Isaac saiu da enfermaria no dia seguinte.

Estávamos todos sentados em suas devidas mesas de cada casa comunal. Eu, ele , Margareth e Will.

Dei um livro para Isaac de presente de Natal, o título era: "Os quatro" , falava sobre os quatro fundadores das casas.

Ele me deu uma bolsinha, que era presa em um colar. Ele disse que, lá dentro eu poderia guardar qualquer coisa, e ninguém veria.

Já sei aonde vou guardar aquela tiara idiota.

Eu estava comendo batatas assadas, que por sinal, estavam uma delícia.

Dumbledore se levantou da mesa dos professores:

–Boa - noite a todos! E, é claro, Um Feliz Natal!

Todos aplaudiram. Havia muitas pessoas em cada mesa, apenas um terço em cada uma. O teto estava completamente estrelado, e a neve tinha parado de cair. Haviam doze árvores de natal, todas enfeitadas. Tudo estava lindo.

Depois que as pessoas começaram a sair, eu e Isaac fomos à mesa da Sonserina, onde Charlie já estava conversando com Victoria.

Para Charlie, comprei alguns artigos na Zonko's , e para Victoria, eu comprei um anel em forma de cobra, o símbolo da Sonserina. Eles adoraram.

Da Victoria, eu ganhei um colar de águia e o Charlie esqueceu meu presente.

–Bom, eu queria conversar com vocês. -Falou Victoria, séria.

–Fale. -Eu disse.

–Já recuperamos o Diadema, certo? -Ela começou. -E agora? Dumbledore disse que nós devíamos tomar cuidado. Que haveriam muitas pessoas atrás do Diadema. Mas, quem são essas pessoas? Do que devemos ter medo?

–Acho que nós vamos descobrir mais tarde, Victoria, relaxa. -Falou Charlie.

–Não me obrigue a relaxar. -Ela disse.

Nós rimos.

–Vicky, calma, é Natal. -Falei.

E era mesmo. Tudo estava bem, pelo menos por enquanto.