Estava deitada em minha cama coberta, as luzes apagadas, meus olhos marejados de lágrimas e um sorriso bobo e meu rosto. Me lembrei do beijo que recebi na bochecha por Santana, pode ser um simples beijo, mas para mim era algo especial, uma esperança brotando em meu coração. Olhei para meu celular, era quase três horas da madrugada, eu não conseguia dormir, me levantei e fui até a cozinha.

   - Querida, ainda está acordada? – ouvi minha mãe dizer atrás de mim.

   - Perdi o sono, mamãe. – respondi pegando um copo e colocando água.

   - Está bem. Não vá dormis muito tarde, amanhã você tem aula.

   - Ok.

                                                                 ***

   - O que? – Rachel gritou, estávamos no vestiário. – Como assim ela te beijou na bochecha?

   - Beijando. Eu disse que a veria hoje, ela concordou e rapidamente beijou minha bochecha. – expliquei novamente a ela, enquanto me secava.

   - E o que você fez? – ela colocava seu uniforme.

   - Nada. Antes que eu dissesse algo, ela entrou em seu carro e foi embora.

   - Está vendo. Ela já está se entregando a você.

   - Não seja boba. Foi apenas um beijo no rosto.

   - Se fosse apenas um beijo no rosto, ela não iria fugir de você.

   Meu rosto começou a corar, Rachel sorriu e começou a secar seus cabelos com a toalha enquanto eu terminava de colocar meu uniforme.

   - Já viu ela hoje?

   - Sim, mas foi de longe.

   - E o que ela fez?

   - Nada de mais. Apenas sorriu como comprimento.

   Rachel penteou seus cabelos fazendo um rabo de cavalo e olhou para mim.

   - Nesse final de semana, Puck vai dar uma festa à fantasia, leve sua latina com você.

   - Santana não...

   - Mas vai ser. – ela me interrompeu, comecei a secar meus cabelos e ela se sentou no banco de madeira. – Assim que ela começar a ficar bêbada, beije ela.

   - O que? Não posso beija-la.

   - Por que não?

   - Prometi a ela que não faria isso. Ela disse que irá me beijar se ela se apaixonar por mim.

   Rachel ficou pensativa, penteei meus cabelos e ela se levantou, ao perceber que terminei.

   - Tenho um plano, Britt.

   Saímos do vestiário e ela me disse seu plano.

   No final das aulas, fui até o armário da Santana, ela guardava suas coisas.

   - Oi Sant.

   - Oi Britt.

   Ficamos caladas, Santana fechou seu armário, olhou para mim e deu um pequeno sorriso.

   - Sabe, fiquei sabendo que no final de semana terá uma festa à fantasia. – ela começou. – Como não precisa de convite, pensei que poderíamos ir a essa festa.

   - Santana! – eu a repreendi.

   - O que foi? – ela perguntou confusa.

   - Eu ia lhe chamar primeiro.

   - Me desculpe, eu não sabia. – ela abaixou a cabeça, mas logo a levantou. – Então, vamos?

   - Sim.

   Começamos a andar pelo corredor, indo até a saída.

   - Então, que fantasia vai usar? – ela perguntou.

   - Não sei ainda. Você?

   - Pensei em ir de fada.

   - Fada?

   - O que foi? Não é bonito?

   - Pensei em outra fantasia para você.

   - Qual?

                                                          ***

   - Britt, essa roupa está apertada em mim. – Santana se queixou, olhando no espelho.

   - Esse é o meu uniforme das Cheerios, claro que ficaria apertada. – respondi, terminando de pentear meus cabelos.

   - Por que você vai de cowgirl e eu tenho que ir de líder de torcida? – ela perguntou, terminando de prender seus cabelos em um rabo de cavalo.

   - Porque eu sugeri e você aceitou.

   - Não sabia que iria ficar apertado.

   Santana sentou em minha cama e bufou, parecia procurar por ar.

   - Posso abrir um pouco o zíper da blusa?

   - Abra, mas depois feche, estou quase pronta.

   Assim que chegamos à festa, vimos muitas pessoas, Santana destrancou as portas, tirou seu cinto e quando foi abrir a porta, segurei sua mão.

   - Sant, a blusa está aberta.

   Ela sorriu e fechou a blusa, saímos do carro e entramos na grande casa. Vi Rachel bebendo perto da lareira, estava fantasiada de diabinha, nos aproximamos dela e eu sorri.

   - Britt, você está linda. – ela comentou. – E latina... não sabia que você tinha um corpão.

   Santana deu uma pequena risada envergonhada, Rachel bebeu mais um pouco e olhou novamente para Santana.

   - O que acha de ir pegar uma bebida para vocês? Pode deixar que cuido da Britt para você.

   Santana olhou-a meio de lado, mas foi até a cozinha.

   - Então Britt, vai colocar o plano em ação?

   - Sim. Vou apenas esperar ela aproveitar a festa.

   - Isso. Depois você conta como foi.

   Santana logo voltou com as bebidas, peguei uma e comecei a beber, mas me controlei, para não ficar bêbada. Minutos depois, a festa começou a ficar animada, algumas pessoas começaram a dançar, Santana e eu estávamos sentadas no sofá enquanto Rachel beijava um garoto do outro lado da sala.

   - Britt. – Santana me chamou, olhei para ela. – Você quer dançar?

   - Claro.

   Me levantei, segurei sua mão e a puxei lentamente. Ao começarmos a dançar, ficamos distantes, Santana parecia se divertir bastante. Segundos depois estávamos próximas, nossos corpos se tocavam, eu podia sentir seu perfume, vi Rachel sorrir e dar uma piscadela, me aproximei mais de Santana, coloquei minha mão em seu pescoço, a outra em sua cintura e aproximei mais meu rosto ao dela. Comecei a sentir sua respiração ficar forte, seus olhos se fecharem e nossos narizes se tocarem, rapidamente parei, antes que a beijasse, mas não me afastei, ela abriu os olhos e ficou confusa.

   - Me desculpe, prometi que não a beijaria, e não farei isso.

   Me afastei lentamente, soltei sua cintura e vi o garoto começar a levantar o vestido de Rachel, corri até ela e os separei.

   - Oi Britt! Esse é meu amigo... hum... Qual seu nome mesmo?

   - Rachel, vamos para casa. – eu disse, segurando-a.

   - Por que? Estava tão legal!

   A carreguei para fora, Santana me seguiu, olhei para ela, não precisei dizer nada, pois ela apenas assentiu.

   - Entrem no meu carro. – ela disse.

   Coloquei Rachel sentada no banco de trás, me sentei ao seu lado e tentei colocar o cinto de segurança, mas ela não deixava. Santana entrou e ligou o carro, olhou para nós duas e em seguida seguiu em frente.

   - Santana te beijou? – Rachel perguntou sussurrando, mas deixando Santana ouvir.

   - O que? Não. – eu sussurrei, na intenção de não deixar Santana ouvir.

   - Ela é uma boba...

   Percebi Santana sorrir, tapei a boca da Rachel com minha mão, mas ela a mordeu com força, em seguida a soltou e começou a rir. Fiquei massageando minha mão, Rachel olhou pela janela e começou a contar as casas.

   - Acha que vamos morar em uma dessas, Britt? – ela perguntou, apontando para uma delas.

   - Não sei, Rachel.

   - Mas eu sei. Não vamos, porque você vai estar morando com a Santana.

   Ficamos quietas, Santana olhou para Rachel pelo espelho retrovisor e ficou séria.

   - Mas está tudo bem, eu gosto dela, deixo ela casar com você.

   - Rachel! Santana está ouvindo. – eu disse, olhando para ela.

   Rachel apoiou-se nos bancos da frente, cutucou a bochecha da Santana e começou a rir.

   - Não te vi ai, latina! Tem que aprender a falar.

   - Rachel, deixe-me dirigir.

   Puxei Rachel para trás, mas ela me empurrou e voltou a perturbar Santana.

   - Você ama a minha garota, certo?

   Santana ficou calada, apenas olhava para a estrada.

   - Sabe, ela ia te beijar. Mas com essa estúpida promessa, ela não fez.

   - Rachel, deixe a Santana em paz. – eu disse, tentando puxá-la novamente.

   Rachel se deixou ser puxada, deitou sua cabeça em minhas pernas e rapidamente dormiu. Santana e eu ficamos em silêncio o caminho todo.

   Ao chegarmos em minha casa, acordei Rachel e a puxei para fora do carro, Santana me ajudou abrindo a porta. Tentei abrir a porta da casa, mas Rachel se afastou de mim e começou a girar, ficando tonta e caindo no chão. Eu abri a porta, Santana me ajudou a levantar Rachel e subir as escadas com ela.

   - Latina, posso te contar um segredo? – Rachel sussurrou.

   - Pode. – Santana respondeu, fazendo força para segurar Rachel enquanto eu abria a porta do meu quarto.

   - Mas não conte à Britt.

   Eu estava ouvindo, mas Rachel não sabia.

   - Está bem, eu não conto.

   - Britt ficou feliz por você ter beijado sua bochecha.

   - Verdade? – Santana perguntou interessada.

   - Sim. Ela até ficou dando pulinhos.

   Rachel começou a gargalhar, eu fiquei corada e Santana olhava para mim. Coloquei Rachel deitada em minha cama e olhei para Santana, que olhava fixamente para mim. Me aproximei lentamente, segurei seu pescoço e sua cintura, puxando-a para mais perto, nossos narizes se tocaram novamente, queria beijar aqueles lábio carnudos, não ligava mais para a promessa. Acariciei sua bochecha com meu nariz e levei minha boca lentamente a dela. Assim que achei que nossos lábios iriam se tocar, Santana abaixou sua cabeça.

   - Britt, eu...

   - Eu sei, me desculpe. – sussurrei em seu ouvido e beijei sua testa.

   Santana se afastou lentamente e caminhou até a porta, parou e abaixou a cabeça.

   - Amanhã lhe devolvo o uniforme.

   - Está bem.

   Ela saiu, me virei para Rachel que já dormia tranquilamente.