Ao sair da sala de aula de geografia, pensei em passar no armário da Santana, já que era perto. Virei o corredor e vi Rachel e Santana conversando encostadas no armário da Santana, fiquei confusa, já que Rachel nunca gostava da Santana, elas estavam sérias, Rachel me viu e acenou sorrindo, enquanto sussurrava algo para Santana.

   Me aproximei, Santana olhou para mim e deu um pequeno sorriso.

   - Sobre o que conversavam? – perguntei me encostando em um armário.

   - Sobre a latina querer conversar com você. – Rachel respondeu olhando para Santana.

   - É, nós precisamos conversar. – Santana olhava para o chão, o que me deixava mais preocupada.

   - Está bem. – eu disse, segurando sua mão e a puxando para fora, mas ela parou. – O que foi?

   - Pode ser depois do seu treino?

   - Hoje é segunda, não tenho treino.

   - Então... pode ser na sua casa? Vou em casa primeiro.

   - Está bem.

   Santana saiu de perto, sem nem mesmo se despedir, Rachel parou ao meu lado e olhou para mim.

   - Já está na hora de colocarmos a segunda fase em ação. – começamos a sair.

   - Segunda? Achei que...

   - Ela gosta de você Britt, mas precisa admitir isso tanto para ela quanto para você.

   - E que fase é essa? – perguntei, já estávamos fora da escola, entrando em seu carro.

   - Ciúme.

   - Ciúme em Santana? Acha que ela vai sentir ciúme?

   - Tenho certeza.

   Olhei pela janela e pensei um pouco, mas logo me voltei para Rachel.

   - Como começo?

   - Bem, converse mais com outras pessoas. Dê mais atenção a outras pessoas, mas tudo na frente dela.

   - Não acha que ela vai ficar com raiva e não querer mais falar comigo?

   - Talvez, mas não estou dizendo para você parar de falar com ela, pelo contrário, converse bastante com ela, dê atenção a ela, mas faça a mesma coisa com outras pessoas na frente dela.

   Assim que chegamos em minha casa, eu sai do carro, Rachel acenou para mim e foi embora. Tomei um banho, coloquei uma regata da cor dos meus olhos, era minha preferida e normalmente me dava sorte, coloquei um short leve e deixei meus cabelos soltos.

   Quando terminei de secar e pentear meus cabelos, ouvi a campainha tocar, desci as escadas correndo e abri a porta. Santana usava uma camiseta roxa, uma saia curta preta, botas pretas e cabelos soltos. Dei espaço para que ela entrasse, fechei a porta e senti sua mão tocar em meu ombro.

   - Britt, eu...

   - Ainda não. Vamos para o meu quarto.

   Nós subimos, nos sentamos em minha cama e ficamos caladas.

   - Sant, sobre o que você e Rachel conversavam naquela... – quebrei o silêncio, mas fui cortada com os lábios de Santana colados aos meus.

   Ficamos paradas com os lábios colados, tentei abrir um pouco minha boca, mas Santana se afastou e abaixou a cabeça começando a corar.

   - Você está bem? – perguntei, levantando seu rosto com cuidado.

   - Eu... eu queria tanto fazer isso ontem, mas...

   Vi seus olhos se encherem de lágrimas, achei que tinha algo de errado comigo, soltei seu rosto.

   - Era errado naquele momento. – Santana completou.

   - Por que?

   - Eu tinha bebido, você tinha bebido e Rachel estava... bem, não queria que fosse daquele jeito, muito menos desse jeito. Queria que estivéssemos em um lugar especial...

   - Sei como se sente.

   - Sabe?

   - Sim. A primeira vez que fui beijada, você, quero dizer, Santana estava bêbada e não sabia o que fazia. No dia seguinte ela não se lembrava.

   - E o que aconteceu?

   - Bem, eu a beijei, deixando-a bastante confusa, mas muito feliz.

   - Você poderia fazer isso comigo? – Santana perguntou um pouco envergonhada.

   - O que? Lhe deixar feliz?

   - Também. Mas estava dizendo sobre o beijo.

   - Mas eu prometi...

   - Se você não percebeu, eu já lhe beijei.

   Nós sorrimos ao mesmo tempo, coloquei minha mão em seu pescoço, puxando-a lentamente, nossos lábios se tocaram, Santana ficou com a respiração descontrolada, abri minha boca pedindo passagem para minha língua, Santana logo abriu sua boca, nossas línguas se encostaram, sentimos um pequeno choque, tínhamos conexão, não nos atrapalhamos ao nos beijarmos, principalmente Santana. De repente ela se afastou rapidamente, com a respiração ofegante.

   - Isso foi... – ela tentou dizer.

   - Quente? – perguntei com um pequeno sorriso safado.

   - É... acho que... essa é... a palavra... – Santana ainda tentava controlar sua respiração.

   - Quer esperar mais um pouco para...

   - Não, por favor. Me beije. – ela pediu, assim o fiz.

   Ficamos um longo tempo nos beijando. Quando começou a escurecer, Santana e eu estávamos deitadas em minha cama, uma olhando nos olhos da outra. Adorava aqueles olhos, ainda mais vidrados aos meus. Olhei para seus lábios e os beijei lentamente.

   - Estou com sede. – eu disse, fazendo-a rir. – Vou pegar um copo de água, você quer?

   - Não, mas te espero. – ela respondeu com um sorriso carinhoso.

   Fui até a cozinha e peguei um copo de água, ao voltar para o quarto, vi Santana deitada de barriga para baixo com a respiração mais calma, me aproximei, tirei seus cabelos de seu rosto e a vi dormindo, tirei suas botas, a cobri e ouvi minha mãe chegar em casa.

                                                                  ***

   Ao abrir meus olhos, senti minha cabeça espremida no travesseiro, Santana a esmagava com seu braço direito, o despertador berrava para nos acordar. Tirei o braço da Santana lentamente, desliguei o despertador e me virei para ela. Dormia como uma criança que tinha brincado bastante na noite anterior e estava cansada no dia seguinte. Beijei levemente a ponta de seu nariz e a vi se mexer.

   - Bom dia, Sant. – disse com uma voz carinhosa.

   Santana apenas abriu os olhos lentamente e sorriu.

   - Acho que ainda estou dormindo.

   - Por que?

   - Estou vendo o paraíso. – ela disse, aconchegando sua cabeça em meu corpo.

   Ficamos abraçadas, não queríamos levantar, apenas ficar ali, uma ao lado da outra, sem querer lembrar que havia mundo lá fora.