Sentiments D'anubis escrita por GiGihh


Capítulo 4
A Bela Adormecida


Notas iniciais do capítulo

Pessoas, como vão?
Talvez eu demore alguns dias para postar já que estou atrasadíssima com outra fic, ok? Mas a boa notícia é que amanhã é o último dia de aula e terei bastante tempo para escrever...
Espero que curtam o cap e que NÃO ME AMEACEM COM OS SEUS CROCODILOS SUPER DIVOS!
hahahaha, ok, foi mentira! Adoro ser ameaçada, principalmente por crocodilos... Espero que gostem do final deste cap... Eu amei!
Boa leitura:



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A palma da minha mão esquentou de uma forma surpreendentemente rápida; então vieram as “pontadas de dor” espalhadas pelo corpo. Na verdade, era como sentir uma fraca corrente elétrica, como um sinal para que eu acordasse. Eu sabia o que aquilo queria dizer: algum deus me chamava. Levantei e dei uma última olhada na paisagem. Um céu escuro, o topo coberto por neve, uma vertente verde e um rio na base... Atravessei as sombras.

Os tons claros de azul e a pureza do branco me cegaram. Senti-me estranhamente fraco e meus joelhos cederam. Há quanto tempo eu estive parado? Antes de chegar ao chão, senti braços me amparando, evitando a queda. Senti-me acolhido como nunca antes. Fui conduzido até o sofá, onde me sentei. Enquanto minha visão desenbaçava, notei que o sofá não passava de nuvens.

—Nut? – chamei ainda incerto; minha cabeça dava voltas. Eu tinha um pressentimento ruim.

—Não temos muito tempo, querido. – reconheci a voz de minha avó, mas não compreendi o porquê de sua voz soar urgente e triste.

—O que está...? – não tive tempo de terminar a pergunta.

—Você mudou, querido. – ela deu um pequeno sorriso – Por quê?

O que eu diria? Nem eu conhecia a resposta...

—Dizem que você mudou por alguém – ela deu corda – Por quem, Anúbis?

Eu não poderia ignorar aquela pergunta tão direta. Não sei por quanto tempo fiquei quieto; um segundo ou uma semana, não sei dizer. Tentava pensar em qualquer resposta, qualquer coisa...

—Não pense. – o sussurro chegou aos meus ouvidos – Você já conhece a resposta. Pergunte a sua essência.

—Se mudei por alguém, foi por ela.

Nut sorriu vitoriosa, estava radiante. Enquanto isso, eu tentava entender o que tinha dito e por que tinha dito tão rápido. Foi tudo na base do automático.

—Anúbis, o que você sente por Sadie Kane? – ela perguntou de forma séria.

—Eu... Eu não sei. – eu olhava para baixo; eu não sabia o que sentia... Eu, normalmente, não sentia nada!

—Ah, querido... O conselho se reuniu hoje. – levantei a cabeça finalmente olhando direito para a deusa. O conselho não se reunia por qualquer coisa; o último conselho tinha sido para separar Nut de Geb... Mas o que seria agora? Eu tinha medo da resposta. – Você não pode mais ver essa menina. Está proibido de ter qualquer contato com ela.

Aquilo foi um choque.

Comecei a sentir um mal estar que nunca havia sentido antes. Um nó se formou na minha garganta e uma pontada de dor invadiu meu peito. Meu coração acelerou e eu me senti ofegante. Aquela súbita vontade de chorar tinha voltado.

—Mas... Mas... Eu... Ela... Por quê? – minha voz estava embargada. Nut suspirou e eu pude ver o quanto ela sentia com aquilo.

—Vocês, de algum modo, ameaçam os deuses. O que está sentindo agora?

Não consegui dizer de imediato, mas logo eu traduzi o possível para a deusa que sorriu entre lágrimas.

—Eu sei o que você sente. – ela fungou; eu temia aquela resposta – Você a am...

—NÃO! – gritei. Não podia ser aquilo; não! Não era aquilo. Já estava de pé e andava de um lado para o outro.

—Posso sentir que é isso com todas as minhas estrelas...

—Não importa o que você esteja sentindo, isso também passa assim como o tempo. Tudo muda! – minha voz estava cheia de raiva... Mas meus olhos estavam úmidos. Comecei a me desesperar.

—Não. Isso, o que você sente por ela, não passa. – olhei para a deusa com desespero.

—Não. Isso... Isso não é... Por quê? Por que agora? – ela ficou quieta, então decidi desabafar o que tinha me incomodado há anos. – Sempre fui sozinho... Por que com ela?

—Você mesmo já se deu a resposta. Tudo muda com o tempo. Ninguém escolhe com quem e o porquê não existe. Aceite a verdade, querido.

—Odeio o jeito que a amo. – caí de joelhos no “chão”. Nut veio até mim e se ajoelhou na minha frente.

—Não é isso o que você odeia. – levantei os olhos – Você odeia o fato de não poder e não estar com ela... Mas eu posso resolver isso.

Senti-me esperançoso.

—Como?

—Você vai vê-la hoje.

—Irei vê-la uma última vez. Vou esquecer as regras por alguns segundos. – estava realmente animado; suspirei – Mas posso acabar complicando a vida dela ainda mais!

—Não se você lembrar-se de ficar longe do sol. – Nut disse séria e, por alguma razão, senti uma fagulha de esperança.

[...]

A sala ampla estaria vazia se não fosse por aqueles quatro corpos adormecidos. O filme ainda passava na televisão. Encolhidos no sofá estavam três crianças e a loira. Três nuvens deslizaram pela janela e pararam na frente do sofá. Peguei as crianças e as coloquei em suas nuvens. Flutuando, elas sumiram pelas escadas indo em direção aos seus quartos.

O corpo delicado no sofá era a única coisa que ainda prendia a minha atenção. Como eu tinha conseguido ficar longe de vê-la por tanto tempo? Ela usava uma regata listrada em preto e branco e um short branco como pijama. Poderia ficar horas apenas observando os cabelos dourados espalhados pelo sofá ou aquele rosto angelical. Sorri pensando na reação e na resposta que ela daria a aquele comentário...

Comecei a me sentir desconfortável. Não. Não era por estar olhando para ela... Eu só podia me manifestar em lugares de morte; ali eu sentia dor e ela aumentava dependendo do tempo que eu ficasse. Eu iria ignorar o quanto fosse possível.

Peguei a menina no colo e comecei a andar lentamente até seu quarto. Respirei fundo aquele perfume tão marcante e único que só Sadie tinha... A dor aumentou. De desconfortável passou para pontadas de dor pelo corpo; não eram como as chamadas de um deus ou o que senti quando Nut contou do conselho. Aquilo ficava em um meio termo... Mas ainda podia piorar... E muito...

Quando baixei os olhos, parte da dor tinha desaparecido: Sadie encostava seu rosto em meu peito, no lugar onde meu coração batia. Ela respirou fundo e pareceu se aconchegar em meus braços. Senti-me tão contente que esqueci a dor que sentia. Abri a porta e entrei no quarto da loira. Bem espaçoso e diferente do meu, o quarto brincava com tons de azul, verde e roxo. Era um lugar agradavelmente feliz.

Descansei seu corpo na cama com cuidado (principalmente por causa daquele “travesseiro”). A verdade é que eu não queria soltá-la. Sadie se mexeu levemente, descansando uma mão ao lado da cabeça, sobre os cabelos e a outra sobre seu peito. Cada detalhe era tão fascinante e tão lindo que eu já não sabia mais o que fazer além de observar a menina que mais me irritava.

Uma dor forte invadiu meu corpo. O simples ato de respirar, o de piscar os olhos... A cada movimento, por menor que fosse, parecia me rasgar de dentro para fora e de fora para dentro... Mas eu não conseguia me importar com isso. A dor não importava; eu a via serena e tranquila e isso bastava.

Em algum momento, Sadie parecia ter entrado em um pesadelo: seu peito subia e descia mais rápido devido a respiração ofegante, os lábios entreabertos tentavam buscar o ar que ainda faltava... Aquilo me doeu mais do que tudo... Como no seu aniversário, fui guiado por um instinto, uma estranha vontade. Levei minha mão para onde se localizava seu coração agora agitado e, aos poucos, ela se acalmou. Acalmou-se com meu toque! Meu toque pela primeira vez não foi à causa de desespero...

Sadie levou sua mão até a minha como para me prender ali, me prender a ela... Soltei o ar dos meus pulmões com força. A dor me cegava. Meu corpo, minha cabeça... Tudo. Eu parecia não ser capaz de pensar... Sem ter total consciência, me dirigi para a sacada do quarto... Apoiei-me na parede tentando clarear meus pensamentos...

— Anúbis? – a voz soou tão confusa e preocupada, mas não podia confundir aquela voz com mais ninguém. Se isso é possível, meu coração errou dois pulos... E a dor desse erro foi indescritível. Meu corpo começou a deslizar pela parede até o chão; mãos pequenas me ampararam enquanto um pano tirava o suor da minha testa. – O que aconteceu?

—Preciso sair daqui... –sussurrei. Eu não conseguia vê-la; a dor me cegava – Não vou conseguir te contar nada aqui...

Às cegas, me dirigi até a sacada aberta. Em instante nenhum Sadie deixou de me amparar o corpo.

—Anúbis...?

—Queria te dizer muitas coisas, Sadie... Mas não posso ficar aqui.

Ofeguei; minha voz não parecia mais ser a minha...

—Então me leva com você. – sua voz soou baixa, mas me fez parar. Eu sentia a garoa fina caindo sobre meus braços e sentia aquele calor proveniente da garota. Isso seria muito errado! Não era do meu feitio quebrar as regras...

Vou esquecer as regras por alguns segundos... Por ela. Puxei sua mão fazendo seu corpo vir de encontro ao meu e, negando o sofrimento causado segundos atrás, sumimos nas sombras.


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Notas finais do capítulo

E? Mereço coments? Recomendações? Fantasminhas?
Até logo =)))