You Got Me escrita por leanaticmont


Capítulo 1
Capítulo 01 - O que esperar do futuro. (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Note #1: Estou atrasada, eu sei, muita leitura e muito estudo. Eu peço desculpas.
Note #2: Essa parte da história pode acabar no terceiro ou quarto capítulo, tudo dependerá de como vamos nos 'relacionar' desta vez. E aos últimos comentários em YGAHOM, me perdoem, mas realmente tiver que estudar e responder não tornou-se uma opção, prometo não cometer a mesma insensibilidade dessa vez.
Aproveitem, capítulos iniciais (e possivelmente últimos) serão mesmo longos.



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O relógio de ponteiros no topo da porta de entrada na sala do coral marcou três e vinte da tarde, isso dizia que restava apenas mais dez minutos para Rachel.

Apenas mais dez minutos.

Por mais dez minutos ela seria a rainha do McKinley, a abelha rainha, a capitã das Cheerios, a voz mais poderosa do New Directions e a garota que entrou para a história daquela escola levando a equipe de animadores a vitória por quatro vezes seguidas. Quem mais poderia conseguir aquilo? Ninguém. Era impossível agora fazer parte das animadoras tão jovem, ter uma chance de ouro e saber como aproveitá-la. Ela havia cumprido suas metas naquele lugar e consagrava seu nome como uma das lendas na história daquele lugar.

Mas agora havia acabado. Não haveriam mais aqueles dias em que ela poderia se vangloriar pelos corredores, agora era apenas aguardar o dia em que tudo seriam apenas lembranças em um álbum de fotos que retratariam seu passado para seus filhos e netos. E isso a assustava.

A morena respirou fundo e baixou a cabeça, seu peito arfava dramaticamente e ela sabia disso, mas o nervosismo era presente em seu corpo também. As mãos circulavam o ar e os dedos contraíam como um tique que poderia acalmá-la, ela então fechou os olhos e lambeu os lábios, pois eles estavam secos. E ela estava surtando, entrando em um completo pânico.

Por que ela ignorou o conselho de Mercedes há três anos afinal? Não devia ter sido a favor que a treinadora Sylvester fizesse a escolha de orador de turma e assim lhe elegendo de forma nada justa, mas ninguém se colocou contra a escolha. Will apenas balançou a cabeça e concordou com tudo, a treinadora era voto vencido, mas não fez muito para evitar isso também.

Rachel tentou estar focada em preparar seus discurso nas últimas semanas, mas a cada dia que passava ficava mais próximo o momento do fim do colegial, de separar-se de seus amigos e principalmente de perder Quinn. A morena acabava passando todo o seu tempo suprimindo um medo interno e secreto por todas essas perdas. O ano havia começado tranquilamente, Rachel com a sua popularidade em alta, capitã das Cheerios e fazendo do coral perdedor em um grupo de ganhadores de dois campeonatos nacionais, e foi quando surgiu a oportunidade do colégio fazer uma montagem do musical West Side History, a princípio a morena não queria por medo de ficar sobrecarregada, mas bastou Quinn dizer que estaria participando da produção para a morena querer estar envolvida de qualquer forma, não querendo perder um segundo com a garota que amava. E assim a morena conseguiu o papel principal, tendo como co-protagonista Blaine. O casal protagonista da montagem foi pego de surpresa com a visita de dois olheiros de Julliard na terceira noite do espetáculo, Harry e Nora Osman, que já se apresentaram como futuros diretor da universidade e professora de atuação, também como um casal.

Julliard. Rachel passou dias sem poder dormir, pois agora a Broadway não era mais apenas um sonho incerto, ele poderia ser alcançado, pois aquela universidade era um peso e tanto no seu currículo. E com o incentivo de toda sua família e de Quinn, a animadora aceitou, apesar de sentir um aperto no peito em relação a loira, mas sua namorada estava tranquila e aparentemente era a que mais lhe incentivava cegamente.

Os últimos meses foram apenas de preparação para estar indo embora, desde que seu irmão caçula, Chandler, havia nascido, Rachel não conseguia deixar o garoto por muito tempo. Era a única coisa que lhe custava aceitar. O campeonato nacional das Cheerios e do New Directions foi tranquilo, fácil de ser garantido, isso com muito ensaio e suor dado durante o tempo de preparação. E foi então que Sue apareceu lhe intimando para aceitar ser a oradora de turma, Rachel apenas aceitou sem protestar.

Agora, estava nessa situação. Não tinha um discurso pronto.

Que porra faz aí, Berry? - chiou alto Santana ao aparecer na porta da sala com olhos escuros furiosos e mãos nos quadris, a morena deu um pulo em seu lugar ao lado do piano, a mão tocando o peito que havia acelerado.

Droga, Santana! - resmungou a morena fechando os olhos. A latina rolou os olhos entrando na sala com passos firmes e lábios crispados para a frente.

Todos estão loucos atrás de você, temos que estar no auditório daqui sete minutos. - lembrou a jornalista do colégio aproximando-se do piano.

Eu não tenho um discurso. - confessou a animadora abrindo os olhos e observando o atento olhar de Santana - Não consegui prepará-lo.

Está de brincadeira, não está? - Santana perguntou incrédula, logo rolou os olhos ao notar que a garota a sua frente falava sério.

Me deixe só. - Rachel disse dando as costas para a latina.

Veja, apenas me escute. - disse Santana observando as costas da morena - Suba lá e diga tudo o que quer que seus amigos ouçam, porque hoje pode ser o último dia que tem com vários deles.

Não é tão simples. - disse a animadora suavemente, Santana se aproximou um pouco mais das costas da outra, hesitação correndo em seu corpo.

É simples sim. - insistiu a latina e suspirou profundamente - Apenas vá até lá, diga apenas que sentirá saudades. Pois todos vamos sentir falta de você também.

A morena virou-se de imediato, mas com cautela ao mesmo tempo.

Eu ouvi certo? - perguntou Rachel surpresa.

Vou estar em Los Angeles. - a latina lambeu os lábios e jogou os braços no ar com falsa impaciência - E você em New York, nós não sabemos quando nos veremos novamente. Então, sim. Eu vou sentir sua falta.

Também vou sentir sua falta. - confessou a morena com um sorriso - Posso te abraçar?

Você tem que estragar o momento. - resmungou Santana com humor antes de aproximar-se da morena aceitando seu pedido.

As garotas riram antes de envolverem seus braços em torno uma da outra e se abraçarem com força, apoiando o queixo no ombro uma da outra.

Se cuide em New York. - sussurrou a latina de olhos fechados.

Cuide-se na Califórnia e vigie a Quinn por mim. - pediu a morena saindo do abraço e então estreitou os olhos sobre a latina, pois essa gargalhava divertida.

Ah, claro, eu vigio a Quinn. - garantiu Santana - Agora vamos embora, quero deixar essa droga de escola.

Rachel acenou com a cabeça antes de pegar o chapéu de formatura de cima do piano e seguir a latina para fora da sala, mas não sem antes dirigir um último olhar para tudo dentro daquela sala. Ela sorriu e apagou as luzes antes de sair dali.

Meus pais tentaram me alertar sobre a confusão que pode ser o colegial. - disse Rachel sobre o holofote e em frente ao microfone no suporte da bancada a sua frente - Nossa, eles realmente tinham razão. Isso é muito louco. - brincou a morena fazendo todos nas poltronas a sua frente rirem, inclusive seus amigos formandos atrás dela - Status social, grupos, popularidade, clubes, uma infinidade de coisas que tornam essa fase um caos e fazem com que você cometa erros em busca de quem você é ou quer ser. Mas se você não errar, como descobrir o seu verdadeiro eu? - a animadora baixou um pouco o olhar e logo sorriu devolvendo o olhar as pessoas a sua frente - São anos intensos de aprendizagem e se você não aprender a colocar o orgulho de lado e pedir desculpas quando isso ainda é aceitável, então você não vai aprender de um modo mais fácil pelo resto da vida, quando cada erro pode gerar uma grave consequência. E pode perder pessoas importantes no caminho.

A morena virou o rosto para trás e sorriu para Quinn, a loira sorriu envergonhada pelo holofote se direcionando para ela, todos murmuraram baixo em uma zombaria melosa e Santana empurrou suavemente o braço da amiga ao seu lado. Rachel voltou a olhar para a frente.

Estivemos vencendo barreiras por três longos anos, tendo que dar conta do dever de casa todos os dias. - brincou a morena novamente causando mais risadas - Mas agora estamos aqui, dando adeus, vendo possivelmente pela última vez muitas pessoas.

Rachel observou Mercedes e Sam sentados lado a lado na plateia, o loiro havia se formado no ano anterior e acabou indo para a Califórnia tentar a sorte, lá ele e a velha amiga da animadora se encontraram e estão em um romance agora. Atrás deles estava Megan com a irmã Marley e a mãe, junto delas estava Jesse. Puck e Frannie estavam logo ali ao lado com Jaden e Evelyn, os dois estavam juntos agora. Algumas cadeiras ao lado estavam Leroy, Hiram e o pequeno Ross de três anos, o filho adotivo do casal. Mais ao lado, estavam Shelby, Will e Chandler, o bebê de pouco mais de cinco meses adormecido no colo da mãe e ao lado deles estava Joey, o grande psicólogo da morena, com seus filhos e sua esposa.

Ela voltou a virar para trás, observando Brittany, Santana, Quinn, Blaine, Sebastian, Mike, Tina e todos seus amigos do coral e das animadoras. Ela sorriu em especial para a namorada e voltou a virar para a frente.

E eu só queria dizer uma coisa mais. - a morena sorriu observando os atentos olhares a sua frente - Eu vou lembrar de todos vocês enquanto eu ver um slushie na vida. E essa é a turma de formandos do William McKinley. - anunciou Rachel pegando o chapéu da cabeça a tempo de lançá-lo para o ar junto com os amigos.

A morena gargalhou com seus ouvidos cheios pelas garlhadas e palmas que ecoavam no auditório, além de um abraço familiar lhe agarrar pela cintura e girá-la no ar. E tudo estava bem.

Pois ela sabia que Quinn sempre estaria ali tirando seus pés do chão quando preciso.

Alguns meses depois.

Sim, mamãe. Eu já deixei tudo em dia com a burocracia de Julliard. - repetiu a morena com a voz entediada enquanto parava em frente ao portão do seu prédio, ela sorriu ao notar que o porteiro lhe viu e abriu o portão eletrônico de imediato - Acabei de resolver os últimos detalhes. A senhora viu enquanto esteve aqui que não era complicado. - assegurou a garota.

Rachel acenou para o porteiro ao passar ao lado da cabine onde o homem ficava, ele sorriu agradecido e acenou de volta.

Já se completavam dois meses que Rachel havia partido para New York, já era maior de idade e por isso toda a parte burocrática da universidade dependia unicamente dela. E sua mãe esteve com ela até uma semana atrás para ajudar com a papelada e terminar a mudança, agora controlava tudo de longe. Por conta da mudança, habituação e toda a burocracia, Rachel partiu uma semana após a formatura de Lima para New York. E tudo foi bem manejado até ali, desde sentir-se confortável até mesmo acostumar-se com o que lhe fazia falta.

O complicado era lidar com as saudades que tinha de Quinn, o relacionamento seguia firme apesar da distância e Pierre tentava amenizar a falta da loira. O que quase sempre o fazia dormir junto com Rachel. O medo em seu peito que cada vez mais o contato fosse escasso e que isso as levasse ao término que era evidente em cada ligação, que sempre terminava com uma Quinn lhe garantido que não se separariam nunca.

E nesse mesmo dia a loira devia estar de mudança para Los Angeles. A distância seria ainda maior a partir de agora.

O apartamento da morena ficava localizado em Manhattan, havia escolhido com o pai, que comprou o apartamento mesmo contra a vontade da garota. Mas no final Rachel não reclamou, era um bom apartamento, bem localizado e seguro, também permitiam animais desde que seguissem algumas regras, não havia do que reclamar.

Mamãe, tranquila. - pediu a morena abrindo a porta do apartamento, tratou de fechá-la rapidamente para que o pequeno Pierre não quisesse passar em disparada por ela. Mas estranhou ao não ter o gato tentando fazer isso - Mamãe tenho que desligar, algo está errado. - a garota jogou a chave e a bolsa sobre o sofá, procurando pelo gato na sala - Não sei, vou averiguar e te ligo novamente. - disse Rachel um pouco incomodada com a risada súbita de sua mãe na linha.

Algo estava errado. Mas nada estava fora do lugar.

A morena largou o celular no sofá e observou atentamente todos os detalhes da sala de jantar, ao lado da sala, mas tudo estava tranquilo, foi então que Rachel ouviu um ranger de porta e se dirigiu para o corredor vagarosamente.

Rachel saltou em seu lugar ao ouvir um barulho conhecido, o chuveiro estava ligado e ela virou para correr até o interfone na sala, mas foi tarde. Ela havia encontrado seu invasor misterioso escorado na parede.

Quinn? - chiou a morena com seu coração disparado e os lábios pálidos, a loira riu.

Desculpe, amor. Mas você precisava ver a sua cara. - Quinn riu novamente, Rachel lambeu os lábios ainda surpresa e prestou atenção que a namorada usava apenas uma toalha e tinha o corpo e os cabelos ainda molhados.

Como chegou? Quem te deu minhas chaves? O que faz aqui? - a morena perguntou e logo se lançou sobre a loira, abraçando-a com força sem incomodar-se por estar sendo molhada, seu nariz se enterrou na no pescoço da amada e respirou fundo ali, sendo invadida pelo perfume natural de Quinn - Eu senti tanto a sua falta e eu te amo. Mas ainda assim, explique o que faz aqui. - Rachel tratou de se afastar confusa, Quinn precisou conter-se para não rir mais.

Como cheguei, primeiramente peguei um trem de Lima até aqui, depois um táxi da estação até o prédio, então veio o elevador que me trouxe até o nosso andar. - explicou a loira com humor, Rachel bufou frustrada - Sobre ter suas chaves, elas não são as suas, são as minhas, pois vamos morar juntas. - Quinn observou como a namorada ficou surpresa e aproximou-se dela, segurando sua cintura de modo possessivo. Rachel não notou quando foi imprensada entre a loira e a parede - E o que faço aqui, NYU me deu uma bolsa e eu resolvi que devia aceitá-la. Pois eu não quero ficar longe de você.

Espera, morar aqui? Comigo? Quinn por que não me contou? Acho que bati a cabeça ou estou doente. - a morena tocou a própria testa franzida com os lábios partidos, somente ar passavam por eles - E o que houve com UCLA?

A loira riu.

Não bateu a cabeça e muito menos está doente. - assegurou Quinn pegando a mão da namorada, afastando-a da testa - Vou morar aqui, com você e o Pierre, mas claro, se quiser. UCLA é uma ótima universidade e renomada em LA, mas NYU também, só que essa tem algo a mais... - a loira fez silêncio observando os lábios da morena.

O que? - Rachel perguntou observando os lábios da loira, ela finalmente havia percebido a situação. Sua namorada molhada, apenas de toalha, lhe imprensando contra a parede e ela estava encarando fixamente seus lábios, os olhos avelãs escuros em sinal de desejo.

A vantagem que vou estar com você. - disse a loira observando os olhos da morena agora - Rachel, eu também senti muito a sua falta. E eu também amo você.

Eu fiquei com tanto medo que a gente chegasse ao fim em algumas semanas. - confessou a morena com os olhos brilhantes e a boca ficando seca ao imaginar aquela possibilidade.

Nós nunca chegaremos ao fim. Não há fim para o que temos. - garantiu a loira antes de jogar-se sobre os lábios da namorada e tomá-los para ela.

Rachel retribuiu o intenso beijo de imediato, mas logo empurrou a namorada contra a outra parede e tratou de puxar a toalha para fora do corpo da garota. Quinn agarrou as pernas da morena em volta da sua cintura ao ter Rachel se lançando sobre ela.

E aquela tarde foi longa, pois Quinn e Rachel tinham semanas de saudades para estarem colocando em ordem. Tudo terminou com duas garotas completamente esgotadas uma nos braços da outra, pois a loira não tinha tanta força após a semana complicada que teve.

Quando surgiu a montagem de West Side History, Quinn foi convocada pelo senhor Schuester a estar na produção, junto com Jesse, que acabou se tornando o mentor do clube glee por algum tempo, e outros alunos, mas foi somente um pretexto do professor para estar motivando a garota a tomar uma decisão sobre seu futuro. Tudo saiu bem, pois a loira havia se encontrado naquilo, ela gostava de fotografar e editar, mas dirigir era realmente algo que ela havia se apaixonado. Yale, UCLA e uma importante universidade da Europa lhe procuraram e por um momento deixaram a garota tensa, mas Santana salvou tudo ao aparecer com a carta vinda de NYU, era exatamente o que a garota esperava, sua aceitação, ela tinha uma bolsa. Foi decidido entre as duas garotas que manteriam em segredo, que seria uma surpresa para Rachel. E assim foi.

Naquela mesma semana Quinn foi até a Califórnia, livrando-se definitivamente da mansão Fabray, o último bem herdado de Russell Fabray que ela e Frannie se livravam. A mais velha tratou de transformar sua parte em algo, livrando-se do peso de tocar aquele dinheiro, já o de Quinn havia se tornado a segunda parte do pagamento do apartamento onde estaria com Rachel, tudo havia sido combinado com Leroy, ele era o único que conseguiria pagar o apartamento sem Rachel tentar lhe impedir.

Optar por NYU era também optar por Rachel e sua relação. E isso fez a loira nunca ter dúvidas.

Eu estou muito feliz pelo o que fez, obrigada. - sussurrou Rachel sonolentamente descansando sobre o peito da namorada. Ambas sobre a cama, sem nenhuma roupa e com os lençóis lhe protegendo do frio, podia-se ouvir um miado fraco vindo do lado de fora do quarto.

Eu te amo. - murmurou a loira sorrindo de olhos fechados e acariciou as costas nuas da namorada.

Eu também te amo. - respondeu pela última vez a morena antes de cair no sono por conta do cansaço dos últimos dias e daquele momento com a namorada.

Quinn sorriu para si mesma ao notar a respiração pesada da morena, logo fechou os olhos com o seguinte pensamento: menos uma barreira.

A loira estava concentrada sobre seus livros na mesa da sala de jantar, Quinn tinha uma pesquisa para terminar e entregar por aqueles dias. Era apenas meio do semestre e a universitária já tinha muito o que fazer, tudo aquilo ocupando quase todo seu tempo livre.

Quando a porta do apartamento se abriu Quinn ergueu o rosto para ver Rachel e Marilyn Scott, uma jovem alta, loira de olhos azuis brilhantes, corpo esbelto e uma conta bancária que parecia ser a única coisa que lhe importava, mas ainda assim havia bondade na garota fútil. A garota loira e Rachel eram colegas de classe e formaram dupla em diversos trabalhos, mas Marilyn já havia confessado apenas fazer o curso para ocupar seu tempo e que a qualquer momento poderia interrompê-lo. Para a morena ter a amizade daquela garota era divertida, amenizava o estresse dos estudos e do cansaço, pois Marilyn era uma garota que tirava diversão de tudo a sua volta.

As risadas cessaram de imediato quando olhos castanhos quentes encontraram as órbitas avelãs fixas em si, a universitária de Julliard engoliu saliva abrindo espaço para sua amiga entrar com seu largo sorriso e fechou a porta logo guiando sua amiga para dentro, ambas lançaram suas bolsas no sofá. Quinn não afastou seu olhar nenhuma vez da namorada, o lápis preso entre os dedos com sua ponta pousada suavemente na folha.

Hey, Quinn! - chiou alto Marilyn com um aceno cumprimentando Quinn na mesa, a loira de olhos avelãs sorriu educadamente para a garota e usou a mão livre para acenar de volta.

Marilyn havia cravado seus pés, estranhamente a morena em suas costas estava lhe empurrando em direção ao corredor sem pretensão de fazer uma pausa para a namorada. Tensão no ar. Apenas alguns meses e aquelas duas já eram tão transparentes para a garota.

Hey, Mary. O que faz aqui? - pediu Quinn soltando o lápis sobre a folha.

Viemos buscar uma muda de roupa para Rach. - informou a loira de olhos azuis indo até a mesa da sala de jantar, a morena em suas costas cruzou os braços virando o olhar para qualquer canto do apartamento - Temos uma aula extra de dança hoje.

Oh, eu não fui informada disso. - comentou Quinn, a loira inclinou um pouco a cabeça para o lado, seus olhos em Rachel que virava o rosto afim de encontrar seu olhar.

Marilyn apenas se afastou para o lado e virou para sua companheira de classe esperando um pronunciamento.

Ah, Quinn, acho que me esqueci. Acontece sabe. - o humor amargo na voz da estudante de artes cênicas era palpável, a loira enrijeceu o corpo em seu lugar, os braços descansando sobre a mesa.

Rachel... - tentou a estudante de cinema, mas foi interrompida por um resmungo.

Eu não quero falar com você. - disse brava a morena e virou indo rumo ao corredor e sumiu naquele caminho. Os olhos chocados de Mary caíram sobre Quinn, essa encarou a garota com um suave curvar de lábios.

O que você fez? - pediu Marilyn surpresa.
    Por que eu deveria ter feito algo? - a incredulidade era presente na voz da loira de órbitas avelãs.

Porque você esteve com a porra da Megan ontem a noite e nem sequer me avisou! - chiou alto a diva do corredor, sua voz potente fez as duas loiras na sala de jantar virassem surpresas para sua atenção ao que falavam

Quem é Megan? - perguntou Mary virando para Quinn.

Ninguém importante. - a loira na mesa tirou importância.

A porra da garota que te beijou e se apaixonou por você no maldito colégio! - novamente a voz aborrecida e exageradamente alta soou atraindo os olhares verdes e azuis para o corredor.

Rachel, eu tentei me explicar ontem a noite. - lembrou Quinn seriamente, mas mantinha sua compostura. Sim, ela errou, mas Megan lhe pegou de surpresa na saída de NYU e seu celular já estava descarregado desde a última aula que teve aquele dia, não acreditou que haveriam problemas se chegasse em casa atrasada e relatasse honestamente o que houve. Ainda assim Quinn compreendia seu erro, ela podia ter ligado do celular de Megan ou de um telefone público, mas não havia nenhuma necessidade e ela não esperava que conhecidos de artes cênicas em sua universidade fossem malditos delatores.

Ann esteve aqui! - gritou a morena furiosa, houve um momento de silêncio - Ela esteve aqui e você resolveu sumir toda a tarde.

Já te disse que meu celular estava descarregado. - tentou argumentar a loira sem confiança, Mary já tinha um olhar acusatório sobre ela e isso não ajudava muito.

Desculpa clássica. - murmurou baixo a garota que puxou uma cadeira e sentou-se a mesa.

Não repita que essa porra estava descarregada! - gritou Rachel com a voz quente novamente, fúria transbordando dela.

Rachel, eu sou honesta com você, estamos sobre o mesmo teto e não tenho segredos para você, agora se prefere deixar um mal entendido aborrecê-la, eu não posso fazer nada além de lamentar. - Quinn se retirou da discussão tranquilamente.

E ela podia ouvir passos pesados e fortes deixando o quarto, indo em direção a sala, um Pierre quase amedrontado saiu correndo do corredor e foi para a sala em busca da varanda.

Você não vai sair dessa discussão assim, Fabray! - chiou alto Rachel parando a uma distância segura, uma bem longe, e apontou o dedo em direção a namorada na mesa. Mary virou sobre o encosto da cadeira para encará-la - Você simplesmente não vai.

Já te disse que assumo minha culpa, já te pedi perdão e aceitei ficar no outro quarto para que ficasse em paz. O que mais eu devo fazer, Rachel? - perguntou Quinn desesperada, ela não tinha mais ideia de como redimir-se.

Nunca mais falar com Megan Berg na sua vida. - ofereceu Rachel enfatizando com um aceno de mão no ar, como se fosse algo simples.

Recuso-me a isso. - rebateu Quinn seriamente.

Por que? - a fúria atormentava a voz da morena.

Porque você está apenas com ciúmes, não foi minha falta de consideração com você ou com nossa visita, que eu nem sequer podia imaginar que estaria aqui, mas é apenas ciúmes de Megan. - a loira foi direta.

Mary já parecia uma telespectadora, seu olhar era lançado a cada garota quando uma tomava a palavra.

Touché, Fabray. Você quer um biscoito pelo desempenho? - zombou a morena.

Rachel! - Quinn chiou alto sua repreensão.

Hey! - Mary se colocou de pé erguendo uma mão para cada garota, ambas arfavam, seus olhares cintilaram quando se direcionaram a amiga entre elas - Não vamos perder a compostura aqui, ok? São duas damas bem educadas e cabeça no lugar, vamos apenas tentar ouvir. Concordam?

As duas garotas briguentas trocaram um olhar antes de acenarem com a cabeça e se voltarem para a mediadora delas.

Quinn. - Mary concedeu a voz para a loira, virando-se para ela sua mão estendida. Os olhos castanhos quentes direcionaram-se para a namorada.

Rachel... - chamou Quinn encontrando os olhos da namorada - Me perdoe, de verdade, eu sei que errei em não ligar, mas estava reencontrando uma amiga que estava de passagem e que não via há muito tempo mesmo. Era como você e Ann aqui. Sei que não aprova meu relacionamento de amizade com Megan, mas ela foi importante para mim e eu não estou disposta em lhe dar as costas por uma questão de ciúmes. - a loira tomou ar e lambeu os lábios - Rach, se você tiver a cabeça firme podemos passar por isso. Eu te amo.

Mary acenou com a cabeça e virou-se para sua companheira de classe, sua mão se estendeu para ela. Rachel observou os olhos avelãs brilhantes em tristeza e arrependimento, ela estava sendo sincera, pensou.

Rachel. - autorizou Mary.

Tem razão, é apenas ciúmes. - confessou Rachel calmamente, o tom acendeu uma pontada de esperança na loira na mesa - Mas não é sem sentido, Quinn. Ela nunca deixou de gostar de você, nem quando partiu de Lima e muito menos agora que pretende vir para cá assim que se formar, pode soar estúpido, mas eu posso ver no olhar e inclusive no tom dela quando, infelizmente, atendo o telefone e é ela. - o rolar de olhos castanhos foi inevitável ao lembrar-se de como forçava para seu tom não soar grosseiro no telefone - Não me sinto confortável com isso e nem posso sentir muito.

Ok, agora é hora do meu diagnóstico. - disse Mary atraindo o olhar surpreso e até ansioso das duas garotas, ela limpou a garganta - Vocês duas estão juntas desde o colegial e não sofreram uma separação após ele, então, estão sobre uma pequena pressão de amadurecerem e adequarem o seu relacionamento, isso está aumentando a situação. Não foi a falta de consideração... - a loira de olhos azuis virou para Quinn e em seguida para Rachel antes de falar novamente - Ou o ciúmes de alguém do passado. É o fato que são um casal completo, com obrigações e uma vida de adultas, vocês tem que passar a analisar o caso com maior atenção e sempre vão conseguir solucioná-lo.

Quinn e Rachel piscavam atônitas em seus lugares, olhos vidrados em Mary que acabará seu discurso e tinha olhos piscando em confusão.

Eu disse bobagem? - pediu a loira entre as duas garotas.

Não. - Quinn empurrou as palavras para a fora, seu rosto ainda surpreso - Você disse tudo absurdamente certo.

Já considerou, seriamente, alguma vez psicologia, Mary? - pediu Rachel recuperando-se do seu espanto.

A loira de olhos azuis deu de ombro indo rumo ao corredor, ela estava com sede agora e depois as duas mulheres na sala de jantar que finalmente cruzaram seus olhares.

Eu também amo você. - disse Rachel por fim.

Vem aqui, vem. - chamou Quinn afastando sua cadeira para trás, a outra não se conteve mais.

A morena correu até a namorada e sentou-se em seu colo agarrando o rosto pálido entre suas mãos e juntou seus lábios em um beijo feroz, lábios movendo-se juntos com urgência. Suas línguas correram uma sobre a outra com seus olhos fechados carícias gentis eram trocadas, as mãos de Rachel deslizando suavemente até estarem envolvendo o pescoço pálido e a ponta das unhas apertando gentilmente a nuca da namorada. Quinn tinhas as mãos segurando com possessividade a cintura da morena, seus dedos puxando a bainha da camisa para tocarem a pele quente e macia, logo em seguida arranhando suavemente em volta da cintura da outra.

Você vai confiar em mim na próxima vez. - Quinn disse o que Rachel iria fazer

Você não vai sumir de mim com Megan novamente. - Rachel disse o que Quinn iria fazer.

Elas suspiraram controlando a respiração com as testas se tocando, olhos fechados e lábios vermelhos inchados.

Quinn Fabray? O que ainda faz por aqui? - perguntou Samuel Gordon ao ver a aluna ainda transitando pelos corredores da universidade, o homem sorriu para a garota e aproximou-se dela, pois Quinn sorriu de volta - É semana de Natal, os alunos já estão fora daqui há muito tempo.

Um homem de estatura alta, ombros e peito largos, tinha uma barba clara que contrastava com os cabelos curtos loiros e olhos cor de mel, havia um furo charmoso em seu queixo. Ele era um dos principais professores de Quinn na parte teórica, um conteúdo puxado e cansativo, mas Samuel é aquele tipo de professor que se utilizava de métodos geniais e psicológicos para prender a atenção de cada aluno, arrancando o que de melhor havia em cada um, o que tornava suas aulas divertidas e leves, consequentemente sendo bem aceitas pelas classes. Quinn se surpreenderá com o professor que aquele homem era e não demorou para que houvesse esse certo tipo de camaradagem entre eles fora dos arredores da universidade, ele tinha apenas trinta e quatro anos, era bastante jovem no ponto de vista da loira e o professor tinha uma queda por musicais da Broadway o que o fez cair nas graças de Rachel rapidamente.

Vim somente entregar alguns livros na biblioteca. - explicou a loira sorrindo para o professor.

Poderia ter deixado para o ano que vem. - disse Samuel observando atentamente a garota.

Não me sentiria bem com isso e a multa seria muito alta. Além que a minha namorada não me perdoaria. - justificou Quinn e ambos riram.

Rachel é um doce. - elogiou Samuel.

Obrigada. - agradeceu Quinn com um sorriso.

O que planeja para o Natal? - perguntou o professor apontando para o corredor, a loira acenou com a cabeça indo em direção ao caminho da saída em companhia do seu professor.

Bom, é meu primeiro Natal e de Rachel fora da nossa antiga cidade, sem familiares em volta. - a loira sorriu ainda mais virando-se para a frente - Vamos apenas colocar alguma música suave, beber um vinho e falar com alguns amigos pelo skyper. Algo bastante tranquilo e íntimo.

Invejo o plano de vocês. - brincou o professor Gordon causando a gargalhada da aluna - E para o ano novo?

Assistir a queda da bola na Times Squire! - a garota respondeu em um chiado de animação e ambos se olharam e riram - Rachel está animada com isso e tem alguns amigos da universidade que farão apoio de voz na principal apresentação. Será divertido.

É sempre emocionante. - o professor comentou abrindo a porta, Quinn esfregou as mãos antes de arrumar a toca preta na cabeça - Está de carro?

Sim. - disse a loira passando pela porta e esperou o professor por um segundo.

Então, te deixo aqui. - o professor virou para a garota e sorriu - Uma boa semana de Natal e nos vemos ano que vem, um bom ano, Quinn. - felicitou o homem.

Obrigada, professor Gordon. - a garota apertou a mão do homem e sorriu - Lhe digo o mesmo, ótimas festas.

Quinn foi a primeira a virar-se e sair rumo ao seu carro, antes descendo a escadaria da universidade e atravessar o imenso campo, agora coberto de neve, a sua frente. O professor Samuel era um dos jovens promissores da universidade, um dos mais divertidos e comunicativos também, por algum motivo ele havia se afeiçoado a loira e ela a ele, sempre escolhendo-a como assistente quando suas aulas eram mais práticas, sempre que se encontravam nos corredores eles tinham que conversar sobre qualquer coisa.

A loira sorriu esfregando as mãos ao finalmente alcançar seu carro no estacionamento e entrou nele, pronta para regressar até o seu apartamento, para a sua namorada gripada, para sua caneca de chocolate quente e o seu cobertor, também para seu pequeno gato travesso. O mais importante era estar novamente cuidando da morena.

Em um rápido balanço sobre o seu primeiro ano, Quinn não tinha do que reclamar, aliás, haviam coisas até demais para se agradecer. Havia tanta fascinação e vontade por parte da jovem loira de seguir em seu curso e graduar-se nele como a primeira de sua classe, uma meta que mantinha consigo mesma. Ao longo do caminho pessoas foram surgindo, sua classe era cheia de colegas talentosos e interessados, porém houve alguém que conseguiu chegar em Quinn rapidamente e lhe extrair uma vontade de estar perto e dividir pensamentos, Ron Hamilton, o filho de um cineasta de trabalhos independentes, era um rapaz aplicado e belo, porém o mais importante de tudo, ou nem tanto considerando que a loira realmente não se importava, Ron era assumidamente gay, mas gostava de manter consigo mesmo, ele não esbanjava sua homossexualidade pelos poros, se alguém perguntasse ele diria, mas se não o fizessem ele não iria expor sua decisão pessoal sobre sua sexualidade para ter liberdade entre conhecidos.

Ron é um rapaz de estatura alta, cachos curtos em um tom vermelho puxado para o laranja, olhos claros em um azul cristalino e o rosto limpo sem qualquer sinal de um fio de barba, ombros largos e o físico forte, seu sorriso branco e largo era encantador. Um típico príncipe para garotas, mas ele preferia os garotos.

Finalmente voltou. - resmungou Rachel de olhos fechados, o nariz vermelho e deitada no sofá, com o cobertor azul cheio de borboletas por ele lhe protegendo do frio. A morena ficou desperta ao sentir o beijo gelado sobre seu nariz.

Me perdoe, poucas pessoas ainda estavam na biblioteca. - Quinn se levantou tirando a toca da cabeça e indo até o outro sofá para jogar o casaco ali.

Venha me abraçar, por favor, não suporto esse frio. - pediu Rachel abrindo os olhos chorosos e crispou os lábios para a frente afim que sua namorada não resistisse. E funcionou, pois Quinn tratou de tirar os sapatos e logo estava indo deitar-se atrás da morena no sofá, abraçando a mesma por trás.

Acho que sua febre está voltando. - comentou a loira puxando o cabelo da namorada para o lado e tocou seu pescoço com os lábios.

Fique longe! - resmungou a morena fracamente afastando-se dos lábios da loira - Seus lábios parecem pedras de gelo.

É, sua febre está voltando. - confirmou Quinn com um sorriso.

Não acredito que é nosso primeiro Natal sozinhas e estarei doente. - Rachel se aconchegou entre os braços da namorada com um bico, Quinn riu.

Nem seu período é suficiente para que não me tente, Rachel. - lembrou a loira com humor - Aposto como uma febre não será também.

Não falo de sexo. - a morena virou em seu lugar, observando duramente sua namorada, seus olhos fracos e sem o brilho de sempre.

Certeza? - Quinn insistiu divertida.

Talvez. - Rachel deu de ombros e voltou a se virar - Me abrace agora! - ordenou a morena com seu charme que piorava sempre que ficava doente.

Quinn abraçou a namorada sem resmungar, apenas tocando suavemente o pescoço da garota algumas vezes para ter o prazer de ver a reação dela. Um suave arrepio acontecia sempre que os lábios da loira tocavam a pele febril de Rachel, com essa sensação a morena acabou relaxando e não demorando a dormir.

A loira passou algum tempo apenas zelando o sono da amada, observando o quanto relaxada ela estava. Quinn levantou a cabeça ao escutar um barulho e rolou os olhos divertida ao ver Pierre correr apressado brincando com uma bola da árvore de Natal.

Era um filho malvado ou mimado afinal, as garotas ainda discutiam isso.

A garota deitou a cabeça tranquilamente e embalada pelos sons do gato brincando com a bola Quinn adormeceu com os braços em volta de Rachel. Tranquilamente, pois a vida estava bem e segura.


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Notas finais do capítulo

Ficou longo porque tornei-me paranoica com 'detalhes' '-'



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