Caminhei pela faculdade eu e Klaus tínhamos alguns dias até ele ir embora, ele realmente ia, não havia jeito, nunca haveria e eu entendia, realmente entendia tudo aquilo porque uma filha sempre está acima de qualquer coisa, sempre estará. Suspirei.

Eu não estava bem, mas precisava dar forças ao meu namorado, a distância não significava o fim, eu ia para lá quando terminasse a faculdade, seríamos felizes... Então por que eu não acreditava naquilo? Por que minha idealização de futuro soava falsa até pra mim? Respirei fundo e sai da faculdade, indo em direção ao carro de Klaus, Lauren estava na casa dele sendo cuidada por sua irmã. Fomos em silencio, não conseguíamos falar muito ultimamente, era como se houvesse uma parede entre nós, mas quando conseguíamos voltar ao normal ficava tudo bem, tudo tão bem que era difícil acreditar na parede quando ela novamente dava as caras.

Descemos do carro e logo estávamos na porta do apartamento, íamos entrar, mas eu percebi que não estava com a minha bolsa, era horrível estar com a mente tão desligada.

– Klaus eu esqueci minha bolsa no carro. - Ele tirou as chaves e me entregou em seguida.

– Cuidado com o meu bebê. - Brincou falando do carro e ouvi-lo brincar sobre algo me deixou extremamente aliviada, sorri e selei nossos lábios rapidamente, ele havia me perdoado depois de eu o explicar verdadeiramente o porquê de não ter contado sobre sua filha antes e apesar da dificuldade de eu não ter confiado nele, fui perdoada.

Assim que estava chegando ao carro uma mulher de cabelos escuros muito bonita me parou e eu tive a impressão de conhecê-la de algum lugar, mas não tinha certeza de onde.

– Você é a namorada do Klaus não é? - Perguntou me olhando com um sorriso misterioso, parecia um sorriso de quem estava feliz por ele.

– Sim, eu sou. - Sorri de volta e ela me ofereceu um envelope.

– Será que pode entregar isso a ele? - Fitei o papel, depois ela, finalmente o pegando.

– Claro. - Falei um pouco nervosa, mas algo me dizia que aquela mulher tinha boas intenções.

– Bom, eu preciso ir, diga pra ele que eu sinto muito. - Vi a mulher se distanciar até sumir na esquina e então me lembrei, era Hayley, a mãe de Lauren, fechei o carro e sai correndo, em uma tentativa desesperada de alcançá-la, mas os sapatos de salto me impediram, ainda consegui vê-la atravessar uma rua e entrar em um carro com um homem, um homem que eu percebi logo em seguida ser Elijah, o irmão mais velho de Klaus.

Voltei para casa correndo, deixando a maldita bolsa no carro, porque naquele momento ela não era nada importante, assim que cheguei até Niklaus e Rebekah contei o que havia acontecido e ambos ficaram um tanto quanto surpresos, entreguei o envelope a meu namorado e ele o abriu sem a menor cerimônia logo começando a lê-lo para que eu e sua irmã pudéssemos ouvir.

“Klaus sei que sou provavelmente a última pessoa do mundo de quem você quer ouvir falar, eu te magoei e não há um dia sequer que eu não me arrependa de ter o feito, você é uma boa pessoa e merece ser feliz, eu sei que vai, Elijah me falou da garota com quem vocês está e aposto que ela é alguém muito melhor que eu só pelo que ele disse.

Você deve estar pensando que eu deixei a nossa filha nas mãos do seu pai por vontade, mas mesmo que não acredite em mim eu juro que não foi isso Klaus... Ele me ameaçou, disse que ia nos matar, eu fiquei com medo, anulei nosso casamento, tentei fugir, mas não deu certo. Ele me prometeu que não faria nada com você, mas comigo e com a nossa filha... Eu não podia confiar, Mikael me trancafiou em uma casa no campo, cercada por guardas e levou a nossa filha, quando Elijah me salvou alguns dias atrás eu disse que não podia ir embora sem te dar algumas explicações, eu sinto muito. Sei que você vai ser um bom pai, ele me disse que você conseguiu salvar nossa pequena, eu vou para Alemanha, tem um telefone no final dessa carta, naquele código que você me ensinou, te dou a escolha de decidir se você ainda quer que eu seja mãe da Lauren, porque depois de tudo isso eu não sei se mereço, eu sinto muito por tudo que te fiz passar e tenha cuidado.

Hayley.”

Ficamos todos atordoados com aquela carta, ninguém na sala sabia o que dizer, assim como eu ela havia sido ameaçada, assim como eu havia feito a besteira de esconder uma coisa importante do Klaus, ele suspirou, um suspiro pesado, Lauren estava dormindo por sorte, para não ter que ver toda aquela bagunça, eu não sabia o que aconteceria a partir de agora, mas eu me sentia atrapalhando, atrapalhando muito, pois agora eles podiam voltar a ser uma família na Alemanha, eu era a única peça que impedia isso, talvez eu fosse tirada do jogo, talvez eles voltassem a ser uma família e eu tivesse que seguir em frente, seguir em frente sem Klaus, fiquei olhando o chão e em seguida senti a mão dele sobre a minha, mas permaneci calada, Rebekah saiu da sala, sentindo que aquela era sua deixa, que ela devia ir dar uma olhada na criança e nos deixar a sós.

– Caroline... - Ele começou e eu levantei os olhos para fitá-lo.

– Não precisa falar Klaus, eu vou entender se você quiser ficar com a mãe da sua filha é uma coisa super normal, vocês tem um vinculo maior do que qualquer coisa e eu... Eu sou só... Só uma estudante de faculdade idiota... - Senti minha voz embargar e ele riu, Klaus começou a rir e eu arqueei minha sobrancelha. - Isso não é engraçado.

– Eu sei. - Comentou ainda rindo e eu o olhei brava.

– Então não ria. - Disse com um bico e ele tocou minha bochecha fazendo carinho nela.

– Eu não vou voltar com a Hayley, eu amo você entendeu? - Eu dei um sorriso pequeno e ele continuou. - O que eu quero dizer é que no momento é impossível eu não ir para a Alemanha, Mikael é um homem muito poderoso, eu não posso ignorar o que ele diz, além disso Car ele me odeia, me culpa pela morte da minha mãe. - Confessou e eu arregalei os olhos. - Porque eu abri a porta pros bandidos que a mataram, desobedecendo a ordem dele de nunca abrir a porta pra estranhos. - Suspirou de forma cansada. - Desde então ele me castiga... E talvez a culpa tenha mesmo sido minha, mas... mas eu, eu já fui castigado o suficiente, você já viu as cicatrizes que eu tenho...

– Você me disse que tinha sido um acidente... - Falei chocado por tal monstruosidade, as cicatrizes cobriam toda a extensão das costas de Klaus e eu não podia acreditar que um pai era capaz de fazer algo tão cruel.

– Me desculpe, eu menti. - Comentou olhando pro chão. - Tenho vergonha disso, eu... eu não queria te fazer ter pena de mim... Mas foi ele, foram os castigos, eu sei do que aquele homem é capaz e por saber disso que te perdoei, porque no fundo eu sabia que era verdade, que ele faria qualquer coisa para me machucar, me punir.- Deu uma pausa, dando um suspiro. - É por isso que eu preciso ir, mas isso não quer dizer que nós não pudemos continuar juntos ok? Você pode ir me visitar e... Nós vamos dar um jeito nisso. - Eu sorri ao escutar aquelas palavras, nós íamos dar um jeito naquilo, nós íamos continuar juntos.

– Obrigada. - Sussurrei e ele me beijou, nos separamos e eu encarei os seus olhos. - Eu amo você.

– Eu também te amo e prometo que não vou te abandonar. - Respirou como quem toma coragem para pedir algo. - Mas quero te pedir algo importante.

– O que é? - Perguntei curiosa para entender do que se tratava aquilo.

– Quero te pedir para que se você se interesse por alguém, interesse de verdade sabe? Quero que você se dê a chance, não quero que perca sua juventude se prendendo a mim do outro lado do mundo. - Minha boca se abriu em surpresa, porque aquela era provavelmente a maior prova de amor que Klaus podia me dar, ele estava abrindo mão do seu egoísmo pra me dar uma chance de ser feliz com ele longe, de ser feliz com outra pessoa, mas eu sabia que aquilo era impossível, porque eu o amava e sabia que aquele sentimento não sumiria nem mesmo se ele fosse para o outro lado do mundo.

– Isso não vai acontecer, mas ainda assim eu prometo a você. - Sorri e ele sorriu de volta me beijando e naquele momento eu soube que a parede não voltaria e que não importando o quão longe fosse a Alemanha, tudo ficaria bem.