Rivais... Ou Amantes? escrita por HeyLuce


Capítulo 35
O fim do início


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, eu tenho que dizer um enorme (enorme mesmo) obrigada à todo mundo que contribuiu pra "Rivais... Ou Amantes?" ser o que é, e obrigada por valorizarem minhas noites de sono perdidas e os deveres atrasados só pra escrever a fic.
Tem umas coisas que preciso que vocês saibam sobre ESTE capítulo: clique nos nomes em destaque para ver as roupas dos personagens, e eu vou avisar quando for para dar play nessa música, e preciso que vocês o façam:
https://www.youtube.com/watch?v=_PA42sCi8JA
Créditos nas notas finais :3



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"Mas até quem me olhava na rua, chorando sem tentar me esconder, percebia que tu tinhas me partido."

— Sabrina Alves.

POV Payne:

— Acha que eu me arrumo antes ou depois de ir para a escola?

— Ué, por quê você não se arruma agora?

— Ah, eu me esqueci de mencionar que vou tocar no baile? Eu, Castiel e os outros meninos da banda.

Eu e Violette acordamos cedo e ficamos a maior parte da nossa manhã pesquisando na internet opções de penteados e maquiagens, o que é meio fútil, mas eu não estava ligando porque estávamos nos divertindo. Agora são cinco da tarde, e o baile em si começa às sete. Como eu tenho que chegar mais cedo com os garotos, não sei se devo ou não me arrumar logo.

— Vai ficar muito em cima da hora pra você se arrumar lá. — adverte Violette. — A não ser que você queira que eu vá mais cedo, assim nós duas nos arrumamos no vestiário e pronto!

— É, boa ideia. — confirmo com a cabeça. — Então eu vou indo. Vem comigo?

— Ahã. Eu vou só colocar nossas roupas e maquiagens em uma sacola, e nós vamos.

Assinto e fecho o laptop de Violette. Eu o coloco em cima da cama dela e saio disposta a ligar para minha mãe e saber mais sobre o estado da tia de Nate e sobre quando eles vão voltar para casa. No caminho, a mãe de Violette me dá boa tarde e um sorrisinho, que retribuo. Pego o celular e disco o número de minha mãe.

— Alô. — atende ela, parecendo exausta.

— Oi mãe, e aí, como anda a tia Margareth?

— Ah, oi Payne. Ela ainda está em coma, mas os médicos dizem que seu estado não é dos piores.

— Então vocês voltam hoje...?

— Sim, não tem sentido ficar aqui com ela desacordada. Vamos voltar depois do jantar, mas o Nate disse que estará aí para o baile.

— Ok, tchau!

Desligo e no mesmo momento Violette aparece estendendo a sacola para mim e com um sorriso no rosto. Ela, assim como eu, está usando uma camiseta e um short confortável. Nós pegamos um ônibus e logo chegamos à escola.

— U-a-u! — exclama Violette, fazendo questão de separar bem as letras.

“Uau” pode definir bem o cenário, que nem de longe parece nossa escola. Há uma faixa enorme na entrada com o nome da Insônia, e embaixo, em letras menores, está dizendo “baile de confraternização”. Tem um palco montado no centro do pátio, além de mais umas decorações e três barracas com coisas para vender.

Ainda tem umas pessoas terminando de organizar, assim como Kim que está cuidando da barraca de bebidas, e Castiel, Rafael, Alex e Lysandre estavam no palco, conversando ao lado de um notebook. Caminho até eles, puxando Violette comigo.

— Oi pessoal. — digo.

Ao chegar mais perto, posso ver que todos eles estão arrumados com smokings e camisa gola polo e calça social. Todos olham pra mim, e Castiel ergue as sobrancelhas.

— Vai dançar assim, Payne? — pergunta Rafael, sorrindo.

— Sou a gata borralheira! – brinco. — Nhah, eu vou virar a Cinderela depois.

— E aí Violette. — cumprimenta Castiel.

— Oi tomate. — responde Violette, e se vira para mim. — Ei, eu vou colocar esses trecos aqui no vestiário, ok?

— Tá. — respondo.

Ela desaparece por trás da decoração, e eu pego um impulso e sento no palco, ao lado de Lysandre. Pego o notebook e o coloco nas minhas pernas. A tela da área de trabalho está sem imagem, e eu franzo o cenho.

— Por que não tem imagem? — pergunto para os meninos.

— Ah, ainda não vi uma imagem para colocar. — explica Lysandre.

Abro um sorriso e clico na webcam do notebook, coloco-o nas pernas de Rafael, que está no meio e me aproximo sorrindo.

— Vamos, quero todo mundo sorrindo. Um... dois...

Os garotos esbanjam um sorriso enorme assim como eu e Castiel faz chifrinhos em Alex. A foto sai tão fofa que eu coloco-a na tela principal. Mostro para os garotos.

— Sem problemas.

— Certo, certo, agora vamos revisar as coisas. — diz Alex, pegando o notebook e abrindo o WordPad. — Com que música começamos?

— Com uma animada: “Grow up” do Simple Plan! — respondo, erguendo a mão.

— Boa aluna. Quer um biscoito? — ironiza Castiel, e eu lhe dou um tapa na cabeça. — Ok, depois vem “Echo” do Jason Walker.

— Eu te daria um osso, mas não tenho um por aqui. — rebato.

— A terceira é “Blackbird” do Alter Bridge. — completa Lysandre.

— E aí vem “Love is Dangerous” do Blink-182. — diz Rafael.

— “Far Away” do Nickelback... — continuo.

— E encerramos com “The Only Exception” do Paramore. — termina Castiel. — Vocês sabem a ordem certa.

— Mas ainda tem mais músicas antes de Paramore. — protesto.

— Eu sei, mas já sei que vocês sabem toda a ordem, não precisa repetir. — explica o ruivo. — Payne, você sabe que vai fazer participação só em algumas, certo? Nós vamos nos revezar pra podermos nos divertir um pouco. Só o Lysandre não vai poder porque é o vocalista, mas não acho que ele se importe.

Lysandre dá de ombros

— Eu sei. Alex, que horas são? — indago.

— Putz, seis e quinze.

— Droga, tenho que me apressar, até mais, meninos. A gata borralheira vai virar Cinderela! — afirmo.

— Cuidado para não virar abóbora em vez disso. — provoca Castiel.

Levanto do palco e começo a andar rápido na direção do vestiário. Entro e avisto Violette lavando o rosto.

— Violette! Já são seis e quinze, temos que correr!

Violette se alarma com minha declaração, e me faz sentar em um banco para que ela me maquie, depois invertemos os papéis e quando ambas estamos maquiadas, começamos a tirar as nossas roupas. Violette checa se a porta está trancada e nós começamos a enfiar nossos vestidos. Ajusto o meu e ajudo Violette á fechar o seu espartilho.

— Caramba, estamos tão lindas! — exclama ela.

— Dessa vez tenho que concordar.

E eu tenho mesmo. Violette está ainda mais linda do que quando experimentou o vestido na loja e eu estou até bonita, porque o vestido valoriza minhas curvas. O cabelo lilás de Violette está preso em uma tiara de tranças ao redor da cabeça e eu me senti totalmente nula ao olhar para meus fios sem graça, por isso enrolei as pontas do meu cabelo com os dedos. Ficou ao menos mais bonito, contrastando com a franja.

— Que sapato você vai usar? — questiona Violette, enquanto calça os seus sapatos.

Ergo um par de botinhas de cano curto peep-toe cinzas e Violette me dá um olhar de aprovação enquanto eu as calço. Olho no relógio que Violette deixa na sacola e constato que são seis e quarenta. Por fim, pego o broche de flor, mas antes que eu o coloque, Violette me puxa pela mão.

— Temos que ir, as pessoas já estão chegando! — diz ela.

— Espere, eu vou ao menos colocar nossas coisas no meu armário. Você pode ir na frente, sua ansiosa.

Violette me mostra a língua e sai correndo, erguendo as barras do vestido para não tropeçar. Coloco rapidamente nossas roupas nas sacolas, abro meu armário e as coloco lá dentro. Paro na frente do espelho uma última vez e sorrio para o meu reflexo. Por fim, saio do vestiário pela passagem que leva ao pátio, ocupada em tentar colocar o broche enquanto ando, e acabo esbarrando em alguém.

— Droga, descu... — interrompo as desculpas ao notar que é Rafael, me encarando bobamente. — O que você tá fazendo aqui?

— Hã, eu vim... Vim porque preciso falar com você.

Estico o pescoço e olho meio receosa por trás dele, procurando Nate por entre as pessoas que já chegaram, mas ele não está, e eu sou obrigada a olhar de novo para Rafael quando ele pergunta:

— Posso colocar?

Sigo seu olhar e percebo que ele está direcionado ao broche de rosa na minha mão. Hesito, mas acabo entregando-o para Rafael, que o coloca com as mãos meio trêmulas no começo da alça do meu vestido.

— Gostei do vestido. Você tá, hm, linda. — gagueja ele.

— Ah. — deixo escapar. — Claro, você também... hã. Você sabe.

Ele assente, e indica o pátio. Começamos a andar e eu observo que já chegaram muitas pessoas, e que todas estão bem-vestidas, claro, para uma despedida decente da escola. A última festa. Fora a festa de formatura. Então uma melodia toma conta do pátio e eu noto que os meninos começaram à tocar.

— Você não vai tocar?! — pergunto para Rafael, aumentando o tom de voz para que ele consiga ouvir.

— Não, é minha folga. Eu entro a partir da terceira música, e Castiel sai. E por aí vai. — explica ele, falando relativamente perto do meu ouvido.

— Bem, vamos dançar! — exclama alguém atrás de mim. Minha amiga violeta.

Violette sorri e começa á dançar que nem louca, assim como todo mundo. Dou de ombros e imito seus movimentos rindo. Rafael desabotoou dois botões da camisa e está dançando também. Escapulo apenas para pegar uma latinha de refrigerante com Kim.

— Você vai ficar aí a noite inteira?! — pergunto para ela.

— Vou. Trabalho voluntário é tudo. Além do mais, ganho 4 pontos só por ajudar — ela dá uma piscadela e me entrega a latinha de Coca-Cola. — Pra você é de graça. Aliás, olha a Rosalya ali!

Ela acena desesperadamente para Rosalya e eu saio do caminho porque um bando de pessoas está cercando a barraca. Rosalya está usando um vestido roxo com lilás com as mangas caídas tipo de princesa. Eu a encaro de longe, indecisa sobre falar com ela ou não, mas por sorte não preciso pensar muito, porque a garota de cabelos prateados parece me ver e vem na minha direção.

— Oi. — diz ela.

— Oi.

— Escuta Payne, desculpa por ter sido grossa com você. Acho que fui um pouco exagerada.

— É, você foi. — eu cruzo os braços. — Mas tudo bem, vamos dançar!

— Não, eu vou ajudar a Kim um pouco. Acho que ela tá atolada ali. — Rosalya sorri. — Mas obrigada por me perdoar.

Ela me abraça e caminha até Kim. Me sinto culpada por não poder ajudar Kim também, mas ou eu me divirto um pouco, ou vou ficar trabalhando em dois lugares ao mesmo tempo, então volto para onde Violette e Armim estão dançando animados, ainda Grow up.

— Ei! — grito para ser ouvida. — Violette, onde está o Rafael?

— Oi pra você também, Payne! — exclama Armim, ligeiramente magoado.

— Desculpe, oi Armim.

— Ele foi comprar um refrigerante ou algo assim, então me dá o seu. — responde Violette.

Antes que eu possa fazer algo, ela toma a latinha de Coca-Cola da minha mão, a abre e a vira na boca. Reviro os olhos e assim que viro, dou de cara com Rafael, segurando uma latinha de Sprite.

—Ah, oi. — diz. Eu rio. — Você quer?

Ele me oferece a latinha, mas eu reluto em aceitar porque sei que sua boca esteve ali minutos antes. A sede acaba me vencendo, porque não tomei nada depois de sair da casa de Violette, e eu viro a latinha na boca e a devolvo para Rafael. A música muda para Echo, e Rafael me olha atentamente.

—Hã, você quer dançar? — pergunta.

A música não é exatamente dançante e animada. Mesmo assim eu dou de ombros e ele põe a latinha de Sprite em cima de uma mesa, e posiciona as mãos na minha cintura, e eu posiciono as minhas nos seus ombros, sabendo que estou mais vermelha que um tomate.

— Pay... — começa Rafael, se inclinando para que eu consiga ouvir. — Nossa última conversa não rendeu muito.

Sabendo a que assunto isso tudo vai levar, faço um movimento para me soltar, mas as mãos de Rafael seguram mais forte minha cintura. Quando o encaro, ele me lança um olhar claramente dizendo: “você não pode fugir” e eu suspiro.

— O que ainda temos para conversar? — pergunto, enquanto ele me ajuda á rodopiar e voltamos para a posição inicial.

— Não gosto desse clima entre nós.

— Pois é, eu também não.

Mas claramente eu devo ter entendido errado, porque Rafael ri.

— Estou falando do clima pesado, você mal olha pra mim, e parou de me chamar de Rafa.

Ah. Isso. Mordo o lábio, mas o encaro fixamente, desejando que a música mude pra uma agitada. Desejando que Nate não chegue e arme um escândalo. Desejando que alguém venha correndo dizer que precisa de mim. No entanto, estico a cabeça e percebo Violette dançando com Armim e papeando animados. Ok, talvez eu apenas deva parar de fugir.

— Se você não insistisse nesse papo besta de querer “me conquistar”... — murmuro.

— Tudo bem, tudo bem. Vou me conformar, ok? Vamos ser só amigos. E me chame de Rafa.

Abro um sorriso enorme e o clima pesado entre nós se dissolve como se fosse fogo jogado na água. Eu o abraço, não me contendo. Rafael... Rafa. Ele retribui, e então separa o abraço quando a música muda.

— Ei! Temos que entrar! — exclama ele.

Rafa me puxa, desviando das pessoas enquanto Castiel, Alex e Lysandre enrolam, e então nós subimos no palco, pegamos nossos instrumentos e começamos á tocar. Eu fico tocando mais duas músicas para Castiel (que eu vejo abraçado com a tal produtora musical, que surpresa!) e Alex se divertirem um pouco, e então estou liberada. Mas Rafa não, e ele geme quando eu saio do palco, ainda sorrindo.

Já são 9 da noite e eu estou preocupada com Nate, que não deu sinal de vida. Apanho meu celular e ligo para ele enquanto Far Away toca, e me distancio um pouco para ouvir melhor. A ligação cai na caixa postal. E a outra. E a outra.

Quando Far Away está no finalzinho, eu avisto Nate usando uma camisa xadrez e uma calça jeans (que não combinam com o baile) parado no seu Volkswagen, olhando para mim. Sorrio e ando até ele, contente.

(Deem play na música a partir de agora)

Mas assim que o abraço e ele olha pra mim sem um comentário sarcástico do tipo “roubou a roupa da Maria Antonieta?” percebo que ele está estranho. Nate toca o broche que me deu e olha tristemente para mim.

— Você encontrou. — diz ele, a voz rouca como se tivesse chorado.

— Nate... — começo, já franzindo o cenho em preocupação.

— Payne. — interrompe Nate. Ele se afasta do carro e segura minha mão. O encaro sem entender. — Payne, precisamos conversar.

— Podemos fazer isso enquanto dançamos.

— Não vamos dançar.

— Por que não? O que foi Nate? — então faço cara de espanto. — Não me diga que você tá grávido!

Nate não ri. Isso me preocupa pra merda, e o sorriso some do meu rosto.

— Eu preciso que você escute tudo com muita atenção, Payne. Eu não quero que você tenha dúvidas, entendeu?

— Não, eu não tô entendendo. O que foi Nate, desde ontem você tá estranho...

— Payne — ele me interrompe de novo. —, eu não quero mais ficar com você. Eu não amo mais você. Eu nem sei se algum dia amei, mas eu só quero que você entenda bem: eu tô terminando com você. Terminando tudo. Porque eu não te amo mais.

Um soco na cara doeria menos. Uma surra doeria menos. Um tiro doeria menos. Qualquer coisa doeria menos do que escutar isso. O baque é tão forte que tenho que me segurar para não me curvar e gemer, mesmo assim tenho forças para dizer:

— Isso é uma brincadeira? Nate, não tem graça. Pare com isso agora.

— Lembra que você vive me comparando com o Batman? Payne, eu não sou um super-herói, e agora eu estou lhe dizendo para me esquecer. Esqueça tudo o que vivemos. Esqueça tudo, absolutamente tudo. Só lembre do que pode te fazer me odiar.

— Eu não poderia odiar você. — grito, contendo as lágrimas. — Eu não acredito em você! Isso aqui não é um seriado ou um livro no qual a mocinha e o mocinho brigam e depois tudo fica bem! Nate, você não pode apagar o que aconteceu entre nós dois, você não pode dizer que não significou nada! Eu vi nos seus olhos, eu vi nos seus olhos anteontem à noite também, quando eu disse que te amava! Você não pode estar falando sério, eu não acredito em você!

As lágrimas lutam para sair, mas eu não vou chorar na frente dele, por isso faço força e seguro firmemente as gotas teimosas de braços cruzados. Nate me olha com uma expressão vazia que nunca vi no seu rosto. Então dá de costas, abre a porta do seu carro, e diz:

— Entre e vamos para o hospital. Nossos pais estão esperando.

Não consigo acreditar. É quase como se não fosse ele. A frieza com que fala, é como se não me conhecesse.

— VÁ SE FODER! — grito bem alto.

Nate não olha uma vez para mim enquanto entra no banco do motorista e manobra o carro para rua, então acelera. E finalmente eu deixo as lágrimas caírem sem parar. Tento limpá-las com as costas da mão, mas é como se fosse impossível. Alguns curiosos ficam me encarando, por isso eu corro o mais rápido que posso para dentro do vestiário feminino.

Como se as coisas não pudessem ficar piores, eu esbarro com Lety aqui dentro, que me olha como se fosse uma ameba que poderia esmagar com um movimento só. E é isso que ela faz.

— Chorando, Payne? A toda poderosa Payne não-sei-das-quantas chorando? Eu devo tirar uma foto como lembrança?

Para aumentar meu ódio, ela faz dois “L” com os dedos das duas mãos e olha para mim como se estivesse tentando focar em mim com uma câmera. Pelo menos essa é a intenção. Passo as mãos depressa pelo rosto, mas sei que a maquiagem está toda borrada.

— Por que não saí do meu caminho? — silvo entre os dentes.

— Aposto que acabou de falar com o Nate. — ela diz, sorrindo maldosamente.

— O que você sabe sobre isso?!

Lety se encosta á parede e finge lixar as unhas. Ela olha para além de mim com um sorriso ameaçadoramente grande. Então para com o teatrinho, fica cara a cara comigo — ou o máximo possível, porque o seu salto gigantesco não ajuda — e fala em alto e bom som.

— Ah, sabe. Nate me procurou ontem. Estava querendo falar comigo sem que a namorada chata e grudenta ouvisse. E então fez o que eu nunca achei que faria: ele me beijou. E, claro que eu retribuí. Então ele disse que estava enjoado de você e que queria namorar comigo. Não vi nenhum impedimento, por isso aceitei.

Ela está pisando em mim. Pisando de salto agulha e dançando em cima como se eu fosse uma mera formiga. E eu realmente me sinto assim. Meu lábio treme ligeiramente, mas tento não deixá-la notar. Ontem eu quase não vi Nate. Mas não seria possível. Não seria. Noite passada nós dormimos juntos! E ele é meu Nate, eu o conheço!

— É mentira. — cuspi as palavras.

— Pergunte para si mesma então, se há outro motivo para ele terminar com você. — ela me olha de cima à baixo. — Se bem que, eu não duvido que haja.

Lety saí, e eu não tenho mais sentidos suficientes para fechar a porta ou voltar lá fora. Eu só fico parada na entrada, em choque, com as lágrimas voltando á fluir facilmente como se eu fosse uma torneira aberta. Enquanto isso, lá fora, a música “Me Odeie” chega ao fim, e eu penso que realmente nunca acertaram tanto numa letra assim.


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Notas finais do capítulo

SINCERAMENTE? Eu chorei escrevendo esse capítulo, porque sou uma leitora emotiva e envolvida com a história. E eu sei que depois desse, vocês vão querer arrancar meus pulmões e comer, até porque é como eu me senti.
Enfim, eu amo essa imagem do final, é a minha favorita, mesmo, e eu espero que vocês gostem também. A música é do Reação em Cadeia, "Me odeie", também é minha predileta, e achei que super combina com esse capítulo (of course, se fosse no feminino, mas no masculino está bom também).
E é isso. Essa é a última nota final, então, aguardo seus comentários, cabritas.