Lá estavam eles, plataforma 9 ¾. Draco olhou aquilo tudo, e boas lembranças lhe vieram à tona. Seus olhos pareciam perdidos até um estalo, lá estava ela, radiante, com os velhos cachos castanhos caindo harmoniosamente sobre seu rosto angelical, lá estava ela exalando amor, lá estava ela... Draco não conseguia pensar em mais nada por que ela estava lá, tão perto tão longe...

 Seus pensamentos foram bruscamente interrompidos.

_ Pai, eu não quero ir. - Disse um garoto baixinho e loiro.

_ Ora Ora, passou o verão todo falando sobre isso e está com medo agora?

_ Não estou com medo! Só não quero ir para Grifinória, a casa dos perdedores. Disse o garoto com um ar de superioridade e arrogância que qualquer Malfoy reconheceria, ele era da família não se podia negar.

Draco olhou para ela mais uma vez e não se conteve, já havia se separado de Astória mesmo. Sabe, ele bem que tentou. Tentou esquecer, seguir em frente e ser feliz, apesar de tudo. Mas não era com o rosto da sonserina de belos cabelos negros, pele branca como parafina e lábios vermelhos de sangue sedentos por paixão -paixão que ele não podia lhe dar- que ele sonhava, ela não era castanha. Não era a sua castanha.

Não tinha nada a perder, então começou:

_

Sabe uma vez eu conheci uma garota da Grifinória... Começou ele, logo se ajoelhou para manter o contato visual com o filho.

_Ela era inteligente, leal, bondosa, uma ótima amiga e muito corajosa também! Quer saber? Ela era incrível, ela tinha um olhar misterioso que me deixava tonto, sem reação, sem chão. Ela tinha uma mania irritante de sempre me confrontar, de sempre provar que estava certa. Ela despertou em mim o que nenhuma garota conseguiu, ela...

Foi interrompido por Scorpius.

_ Você a amava? Onde essa história vai chegar ?

_ É, eu a amava. - Ainda amo, ele pensou.

As palavras saíram de sua boca como um desabafo... E naquele momento eles quis ter a coragem que nunca teve para dizer aquilo para ela.

_ E então... - O garoto queria saber o final da história.

_ E então, eu a deixei ir...

Disse ele direcionando seu olhar para baixo com um ar de tristeza.

_Eu não acredito que a deixei ir... -Ele se lamentou.

_Por que fez isso? -Indagou o menino confuso.

_ Por que eu a amava e não podia fazê-la feliz! - Ele olhou pra ela, e realmente não soube se era um devaneio, mas ela o olhava também. 

Ele sorriu. E o coração dela se encheu de calor.

 Por um único instante, o loiro não se arrependeu de sua decisão. Finalmente saiu do paradoxo que ela provocava em sua mente e lembrou-se de que o garoto ainda estava parado ali. Completou:

_ Se dará bem em qualquer casa.

Mas o garoto não prestava mais atenção no pai, seu olhar foi desviado para uma garota que passara apressada atrás de uma coruja em direção a moça que seu pai não parava de olhar. Uma bela garota, de cabelos cacheados e ruivos, de olhos castanhos profundos e que grande ironia, com algumas sardas.

 Draco riu e pensou: Tinha que ser uma Granger!

_Devia ir falar com ela!

_Não sei de quem está falando! -Scorpius se fingiu de desentendido.

O apito do trem soou. Scorpius embarcou e Hermione foi embora. 

Céus, ele precisava vê-la de novo.