Decisions escrita por Clara


Capítulo 1
Introdução


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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(P.O.V. Narrador)

–Estúpida, estúpida, estúpida! – Ela repetia para si mesma. Lisa acordou ofegante; havia sonhado com seu ex-padrasto, o desprezível Joe Piggest, o canalha que transformou sua vida em um inferno e assim manteu por 3 anos.

Saiu de sua barraca. Ela não conseguiria dormir tranquilamente pelo resto da noite, então caminhar pelo bosque ao lado de onde estavam acampadas era sua única opção para passar o tempo. Em noites como esta, ela gostava de procurar um lago para um mergulho noturno, com a esperança que a água levasse embora seus pensamentos – o que, infelizmente, não acontecia.

Era realmente uma bela noite. As estrelas brilhavam, acompanhando a lua cheia que iluminava o caminho fracamente, mas o suficiente para Lisa não bater com a cara nos troncos das árvores. A brisa sussurrava para as folhas, que respondiam mexendo os galhos. Sons agradáveis ressoavam por todos os lados.

Ao norte, era possível ouvir água corrente. Chegando lá, havia, de fato, uma queda d’água. Mas o que a surpreendeu foi que, sentada numas pedras, estava uma garota de aparentemente 12 anos, de cabelos negros como o céu noturno em perfeito contraste com sua pele branca, que estava ainda mais alva à luz da lua. Ártemis estava com os pés descalços dentro d’água, graciosamente fitando o céu.

– De novo? – Perguntou. Lisa nunca contou sua história a ninguém, embora a deusa soubesse de tudo.

– Sim – Disse a caçadora, enquanto limpava as lágrimas que teimavam em sair. – Eu tento, Lady Ártemis, eu tento. Mas... eu não consigo! – Sua voz falhou na última frase.

Aquilo era demais. Durante toda a sua infância, Lisa apanhava do seboso que casou com sua mãe. Mas... podemos dizer que, no seu aniversário de 9 anos, a morte de sua mãe não foi a única tragédia que ocorreu naquele dia.

“Joe estava na sala, assistindo ao futebol. Bêbado, assim como todos os domingos. Seu irmão mais novo, Mike – que na época só tinha 4 anos – estava em seu quarto, dormindo tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Lisa estava em sua cama, aos prantos, agarrada ao travesseiro da mãe e totalmente desolada. Sua porta abre repentinamente, revelando um Joe raivoso falando ‘e agora, o que vai ser de mim? Eu preciso usar meu Joesão*, e uma boneca não é o suficiente!’ Ela ia mandar ele calar a boca e sair de seu quarto, mas antes de começar a falar seus lábios sentiram um terrível gosto de cerveja e sua cintura foi agarrada por mãos ásperas que a jogaram em sua cama. Depois disso, desejou que tudo aquilo posse apenas um pesadelo. De fato, era, mas do tipo que não acaba quando se abre os olhos.”

– Sente-se, criança. Tenho algo importante para lhe contar – A voz da deusa atrapalhou seu devaneio. Agradecida, ela obedeceu.

– Pouco antes de você aparecer, Quíron, o diretor de atividades do CHB, havia mandado a mim uma mensagem de Íris. Ele pedia que eu mandasse com urgência uma das minhas caçadoras para representar o chalé 8, por causa de uma profecia ou algo do gênero. O fato é que você deve ir.

– Desculpe. Mas como a minha senhora pode confiar uma missão a mim? Sou eternamente grata por me deixar entrar para a caçada, embora eu não compreenda como foi permitida a minha entrada. Não sou pura como as minhas irmãs, logo, não mereço nem olhar diretamente para a senhora! – Falou tudo aquilo rapidamente e num só fôlego. A garota tinha nojo de si mesma por seu passado, e não achava que era merecedora de nada.

Ártemis fechou os olhos e respirou fundo. Ela sentia compaixão por Lisa, a caçadora com a história mais sofrida de todas as outras, incluindo a de Zöe e a de Thalia. Sua infância e sua vida foram roubadas pelo Piggest! A deusa o mataria calma e dolorosamente, se a garota já não tivesse feito isso.

- Não diga isso. Não diga que não merece nada. Você é uma caçadora, deve ser confiante e corajosa como uma! Não se martirize por algo que não é sua culpa. Não fique nervosa; é apenas uma mera profecia, e não uma Grande Profecia. (N./A. hehe... só que não) E tem mais: mesmo que fosse, eu escolheria você. Confio tanto em você que você seria a líder das caçadoras, se a Thalia não tivesse assumido o posto antes.

– M-mas... eu... não mereço! Por que eu?

– Já disse. Eu confio em você. Agora, vá arrumar suas coisas. Partiremos, nós duas, em meia hora. Dê o recado a Thalia. Avise que ela ficará responsável pelo grupo enquanto eu estarei ausente.

E com isso, Lisa foi aos tropeços para as barracas. Ela estava tonta; as últimas palavras da deusa estavam em sua mente, “picando” seus pensamentos como vespas. “Partiremos, nós duas, em meia hora.”. “Partiremos, nós duas, em meia hora.”. “Partiremos, nós duas, em meia hora.”. “Partiremos, nós duas, em meia hora.”. “Partiremos, nós duas, em meia hora.”. “Partiremos, nós duas, em meia hora.”.

Elisabeth Bathory! Epa, essa voz não é de Ártemis, pensou a garota. Pare de bambear agora mesmo! Lisa conseguiu ficar em pé sem fraquejar no mesmo instante. Muito bem. Agora... por que você fica aí, com cara de quem viu um fantasma, só porque vai passar algum tempo longe da caçada? Mãe, ela pensou. Sim, sua consciência tinha a voz de Jenne Bathory, campeã de luta livre. A mulher que ela amou mesmo antes de nascer. Você é uma caçadora. É filha do deus da guerra! Pelos deuses, você é minha filha! Com toda a certeza, você deve ser valente. E agora está aí, tremendo, só com a ideia de ter a vida um pouquinho alterada? Sinceramente! Quer dizer que tudo o que eu te ensinei foi jogado no lixo, é? Pare com isso. Saia desse estado de espírito. Reaje, mulher!

O que sua consciência e Ártemis haviam lhe dito começou a fazer sentido. “Não diga isso. Não diga que não merece nada.”. “Já disse; confio em você.” “Com certeza, você deve ser valente.”. “Pare com isso. Saia desse estado de espírito. Reaje, mulher!”. Como as palavras têm poder, não é mesmo? Com aquele mini-discurso, Lisa sentia como se pudesse sustentar os céus apenas com o dedo mindinho da mãe esquerda. Ela era poderosa. Para quê todo esse drama? Ela já passou por tanta coisa, o que seria uma visitinha ao CHB comparado com o que ela já viveu?

Em seu rosto, surgia um sorriso confiante. Rever o Mike... a Clarisse... o Quíron e até Sr. D! Aquele barbudo nunca conseguiu enganá-la. Ele era carinhoso, embora sempre tentasse esconder.

De uma coisa, ela sabia: algo aconteceria. Algo grande, que mudaria totalmente sua vida.

- Ei, Destino – ela gritou – você já aprontou poucas e boas comigo. Já aprendi a detectar quando uma aventura está vindo. Pode fazer o que quiser; eu agüento. Estou preparada, seu idiota!

Sorrindo alto, começou a correr em direção à cabana de Thalia.


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Notas finais do capítulo

*Bem, eu não sou nem um pouco delicada. O "Joesão" a que ele se refere é o próprio pênis '-'

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E aí? Gostaram? Merece algum rewiew?
Isso foi só uma introdução mesmo, pra vocês ficarem por dentro.
O próximo capítulo vai começar com ela chegando ao CHB.
Beeeijão :D