Que mal teria em assistir um filme de terror com a Aline?!   Simplesmente tudo
Primeiro:  ela odeia filme de terror! Ela ficou o tempo todo me segurando pra não olhar para a tela. E sempre que olhava dava gritinhos. Era ate fofo de se ver.
Segundo: enquanto ela me tocava eu sentia um choque atravessando todo o meu corpo. Uma coisa que nunca senti com ninguém nem mesmo com Giovanni.
_ Aah Fernanda não sei como você consegue. Esse filme da muito medo. Putz - ela diz com q mão em cima do coração enquanto saímos do cinema.
_ Da nada. Olha pra mim sem reação alguma. E pera, se você não gosta de filme de terror por que comprou o ingresso?
Ela hesita antes de responde – Ee que... Porque... Tá  eu vi você comprando ingresso para essa sessão e como estava aqui no shopping sem fazer nada resolvi compra o ingresso. - ela diz sem jeito.
_ Aah ok – eu digo sem saber o que responder. 
_ E ai to morrendo de fome  que tal um lanche? - ela me pergunta tentando evitar o embaraço.
_ Vamos lá.
Vamos ate o Roasted Popato e fazemos nossos pedidos. Depois vamos pra mesa enquanto fica pronto e continuamos conversando.
_ E ai você vem sempre o shopping sozinha? - pergunto a ela
_ Não geralmente venho acompanhada e que hoje o clima lá  casa não estava dos melhores e resolvo sair. Ia passar o dia todo na leitura, mas achei algo melhor pra fazer. Quer dizer mais ou menos. - ela diz e nós duas rimos. E você? 
_ Ah eu também venho acompanhada, mas aquelas vacas que chamo de amigas tinham compromisso e meu namorado me trocou pelo Guilherme então  só me sobrou vir sozinha. - digo e ela da um sorriso fraco. 
_ E como ele esta? - ela pergunta hesitante
_ Quem o Giovan... Aah o Guilherme – percebo vendo a expressão dela. - Ele esta bem
_ Huum - ela diz. Ela ficou calada de repente. Será que ela ainda sente alguma coisa pelo Gui? E será que eu estava imaginando tudo? E que ela esta não afim de mim? 
_ Você ainda gosta dele? – pergunto hesitante

_ Não posso dizer realmente gostar, o tempo que a gente passou junto foi muito bom, mas... Gostar mesmo eu gosto de outra pessoa. Foi por isso que terminei com ele. Depois disso nunca mais conversamos.
_ Huum -  dessa vez eu digo.
Nosso pedido ficou pronto e ela foi buscar pra gente. Enquanto isso fico pensando. Então ela gosta de outra pessoa? Será q...
_ Ei Nanda?! - ela diz acenando na minha frente. Olho pra ela e vejo que ela já começou a comer enquanto meu está intocado. - você ta bem?
_ To sim  só estava pensando em algo. 
_ Você vive pensando e quando faz isso seu cenho franze isso e fofo. - diz olhando pra mim e depois desvia. Isso está começando a me dar nos nervos.
Se estava confusa antes agora to mais ainda. Conversamos por mais.tempo. Descobri que ela gosta das maiorias das series literárias e televisivas que eu gosto. E temos um gosto musical parecido. Ela me conta algumas historias dela  e conto algumas das minhas. Conto como conheci Guilherme e ela de como foi o encontro com alguns garotos com quem saiu.

_ O que?!  Vai me dizer que ele caiu? - perguntei morrendo de.rir
_ E pode acreditar. Ele estava vindo na minha direção bebaço, ele estava se achando segurando aqueles copos e quando estava quase chegando os meninos que estavam comigo colocaram o pé pra ele cair. O ruim foi que a bebida foi toda para a minha roupa - diz rindo - mas o menino deu quase um mortal carpado pra frente. Morro de ri só de lembrar, apesar de ter ficado toda milhada.

_ E eu só de imaginar. - digo rindo quando o celular dela toca.

_ Oi Henrique - diz atendendo ao telefone e olho pra mim dizendo “irmão” sem sair som e fingindo uma cara de tédio. Rio e dou de ombros e presto atenção em outra coisa.
_ Tudo e você?
_ E porque estou no shopping com alguém.
_ Nossa a Letícia já chegou?Por que eu tenho que ir nem gosto daquela vaca. – diz com uma carranca

_ E daí?! continuo não gostando. – diz irritada – A  Henrique você venceu, mas aqui vou levar alguém ok? – diz olhando para mim e olho pra ela sem entender

_ Único jeito de eu ir. Tá bom te vejo mais tarde tchau. - desliga e se vira para Aline. – Se prepara que temos uma festa para ir mais tarde.

_Mas hoje? É quinta feira – protesto.
_ Ah vamos por favor. Você dorme A vadia da namorada do meu irmão voltou de viagem e eles estão fazendo uma festa pra ela e meus pais só o deixam ir se eu for. E eu to devendo um favor a ele então tenho quem ir mas não to nem um pouco a fim de ir ter que ficar com os amigos deles. Mas se alguém me acompanhar dá para aguentar. – ela diz me olhando e fazendo a cara de cachorro pidona mais linda do mundo. Cara o que tá acontecendo comigo 

_ Mas e a roupa? – tento em vão. Estou com cabelos presos numa trança desfiada, um short jeans escuro, uma regata ,uma camisa Jeans clara de botão e com uma sapatilha.

_Ah deixa disso você tá linda como sempre – ea diz e sinto meu rosto esquentando. – Qualquer coisa você dorme lá em casa. – ela acrescenta. Sinto que vou me arrepender disso depois.

_ Ta bom mas deixa eu pelo menos ligar para os meus pais ok? – digo e ela acena animada.

Minha mãe me deixa ir, mas pede pra pelo menos ligar para o Guilherme ou Giovanni para ir comigo caso resolvesse voltar pra casa. Ligo pra Giovanni e ele não atende. Tento ligar para Guilherme mas também vai direto para a caixa postal. Deixo uma mensagem avisando pra eles onde estaria e que se desse era para eles irem.

_Estranho nenhum dos meninos atende. – digo guardando o celular – Ah vamos assim mesmo. Se eles não forem durmo lá mesmo.

Aline acena pega minha mão e me puxa pra fora para fora. Tento não pensar em nossas mãos juntas e logo pegamos um taxi e nos dirigimos à festa.

Quando chegamos já estava rolando a festa e estava tocando Last Night dos The Strokes. Entramos e vimos varias pessoas no meio da sala dançando com copos nas mãos. Luzes coloridas rodavam e piscavam por toda a sala. Aline nos leva ate a cozinha que está um pouco mais vazia.
_Quer alguma coisa? – ela pergunta enquanto abre a geladeira – tem Ice, vodka, cerveja, refrigerante, Big Apple, energético...
_ Pode ser vodka com energético.
Ela se vira e prepara dois.
_ Amada! Ate que enfim você chegou – diz uma voz meio exaltada atrás de mim. Me viro e vejo uma menina de cabelos ruivos ate os ombros andando ate a gente. Está vestida com um vestido floral de alças que bate nos joelhos. É cheia de sardas nos rostos e nos ombros. Ao seu lado está um menino com cabelos cacheados que está com os braços na sua cintura. Ele lembra a Aline, deve ser seu irmão.
_ E ai Letícia. Voltou cedo. – Aline se vira e da força um sorriso. – É bom te ver também Henrique.
_ E ai pirralha. Quem é? – ele pergunta apontando com a cabeça na minha direção.

_ É uma amiga. Fernanda esse é meu irmão Henrique e a namorada dele, Letícia.
_Prazer em conhecê-los. – Digo

_E ai. – ele diz estendendo a mão enquanto a Letícia se desvencinlha dele e me abraça.
_ Prazer é meu. Se divirta qualquer coisa e só me chamar.
_ A sim pode deixar. – digo a abraçando sem jeito.

_ E ai Fernanda aonde conheceu a pirralha? – me pergunta Henrique.
Quando ia responder olho para trás dele e vejo um boné que reconheço no meio da pista de dança. Empurro os dois para o lado e me dirijo ate ele. Ouço Aline me chamando mas ignoro. Assim que toco em seu ombro ele se vira pra mim e não consegue esconder a cara de surpreso.

_Guilherme o que você faz aqui? - pergunto sem entender.

_Nanda... oi. – ele vira a cabeça nervoso, parece até que está procurando alguém. - não sabia que estava aqui. Conhece a Letícia ou o Henrique?

_Acabei de conhecer, vim com a Aline. Tentei ligar pra você e para o Giovanni para chamar vocês mas não atendiam ao telefone. Aliás porque?
_ E né, pois é. É que a gen... – ele olha pra frente para de falar, faz que não com a cabeça para alguém. – Não Nanda...
Me viro e quem não consegue esconder a cara de surpresa sou eu. Não posso acreditar no que estou vendo. Na minha frente está Giovanni com um copo na mão e uma menina atrás dele segurando sua outra mão. Quando ele me vê solta a mão da menina na hora e vem na minha direção.
_Mô não é nada que você disso que você ta pensando. – Tenta pegar minha mão mas as afasto.
_Não me chama de mô. E não é para pensar pensar no quê? – digo - Que você veio numa festa sem me avisar? Ou que você ta me traindo com essa aí? – aponto para a menina que está tão bêbada que nem percebe.

_ Espera antes de me acusar, o que você está fazendo aqui também? Por que não me falou nada? – fala tentando se defender.

_ Eu tentei seu idiota. Eu liguei para você e para o Guilherme, mas nenhum dos dois atendia a merda do telefone. Agora eu entendo – digo batendo nele. Estou com raiva com muita raiva. - Quer saber. Foda-se você, foda-se o Guilherme, Foda-se todo mundo.

_ Nanda espera... – Ele diz tentando me alcançar. Saio correndo de la e bato em alguma coisa, ou melhor, em alguém.

_Ei cara é melhor sair daqui. – Diz Aline me abraçando. Coloco a cabeça nos seu ombro e começo a chorar.
_Ela é minha namorada, eu quero conversar com ela. – diz Giovanni tentando me pegar de volta.

_Diz para ele ir embora. Por favor, diz pra ele ir embora -  digo baixinho torcendo para ela escutar.
_E  melhor você ir, ela ta chateada, você ta bêbado e com a cabeça quente. Se vocês conversarem agora vão brigar ainda mais.
Ele começou a falar algo mas Guilherme o interrompe.
_Vamos brother, ela ta certa só vai dar merda se vocês tentarem conversar agora. - Ele diz e se aproxima de mim. – Desculpa Nanda, você sabe que eu te amo.
Eles de afastam e Aline me leva para o andar superior. Entramos em um quarto e ela me senta na cama.
_ Toma, você vai se sentir melhor – ela diz me oferecendo uma garrafa de vodka. Quando foi que ela pegou?

_Obrigada. – tomo um grande gole e começo a chorar de novo.
_ Me desculpa Nanda. Se soubesse que eles estariam aqui não teria te trago. Esqueci que o Guilherme conhecia minha família.  – ela diz tristemente

_Não to com raiva de você, to com raiva deles. Do Guilherme nem tanto, ele sempre foi assim, mas do Giovanni... – digo e soluço. – Poxa, ele me dizia todo dia que me amava, e que não me trocaria, e que eu era linda... – tomo mais um gole.
_Não fica assim – ela diz e se aproxima – Ele que é um idiota. Não soube te dar valor. Ele não te merece.
Olho pra ela e vejo verdade nessas palavras. Percebo que estamos bem próximas, passo o olho por suas feições, seu olhos, seu nariz, sua boca, seus lábios, e nossa! Que lábios, vou me inclinando ainda mais para frente sem tirar os olhos deles, são vermelhos e delicados, percebo que ela também esta se inclinando e fechando os olhos, fecho os meus também e encosto meus lábios nos seus. O choque que senti quando ela me tocou não foi nada comparado e esse tocar de lábios. Nunca me senti assim, os lábios dela são tão bons quanto imaginei.

Quando ela tenta abrir minha boca para pedir passagem para sua língua meu celular toca...

Aline Goullart