Sem Julgamentos escrita por AnaMM


Capítulo 15
Por que lutar?


Notas iniciais do capítulo

Temos Benfia, temos Ronaldo saindo do sério, e teremos muito mais por vir. Peço mil desculpas pelo atraso, estava bastante ocupada.

Trilha: https://www.youtube.com/watch?v=NzlGZDzdsPg



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–Sofia, responde! Então era verdade?

– Você entendeu errado, Ben, eu quis dizer que eu deixei de armar te usando por causa da Anita.

Benjamin riu.

–Como você consegue?

– Como eu consigo o que?

– Mentir tanto! Sofia, tá na cara que você sente algo por mim, você mesma já assumiu, eu só não acreditei na época.

– Você é muito presunçoso, sabia? – Sofia tentou soar ofendida.

– Você mesma admitiu!

– Ben...

– Qual o problema de assumir o que sente? Era porque você sabia que eu não acreditaria? Por isso admitiu na época e agora não consegue?

– Ben, se enxerga, eu não...

– Olha nos meus olhos e diz que não sente o mesmo que eu sinto. – Ben pediu segurando o rosto da loira próximo ao seu.

– Eu... Eu não... Eu... É... – Tentou responder, perdendo-se nos olhos de Ben. Os malditos olhos verdes de Benjamin...

Ben riu, respondendo com um beijo.

–Sabia. – Sorriu.

– Não é só pela Anita.

– Que?

– Que eu luto contra isso, não é só pela Anita. Ela gosta de você, e se você não sabia tá sabendo agora. Eu tava quase me deixando levar por isso quando descobri. Mas logo depois eu chutei o balde, quer dizer, como se a Anita alguma vez tivesse tido consideração por mim... – Abraçou-se protetoramente enquanto explicava, de costas para Ben.

– Então o que foi? O que é que te dá tanto medo?

– Medo? – Riu. – Não é medo, Ben, é nojo. Como eu posso gostar de um cara... De um cara como você?

– Eu sou pobre, não tenho futuro e você nasceu pra morar na Barra, eu já conheço esse discurso mesquinho, Sofia. Não é só isso. Você tem medo, sim, medo de sentir algo por alguém. Medo de não ser correspondida, de não responder por si, de não estar no controle da situação. Por isso você preferia tentar me manipular, por isso você só admitia quando fazia parte de um jogo, não é?

Algumas lágrimas escaparam dos olhos de Sofia. Tinha raiva do quanto o garoto a conhecia. Como era possível? Não tinha saída, Ben não acreditaria em mais desculpas.

–E o que você esperava?

– O que? Como assim? – Perguntou genuinamente confuso.

– Ben, você me expulsou como se fosse um lixo daquele quarto de hospital no momento em que eu mais precisava estar com você. Eu sofri muito, sabia? Quando você foi parar lá, eu tive vontade de morrer ali mesmo se acontecesse algo grave. E o que você fez? Você lembra? Porque eu prefiro não ter que narrar aquilo de novo. – Sofia se defendeu tentando esconder as lágrimas, agora encarando o garoto.

– Você o que?

– Isso mesmo que você ouviu, Benjamin. Eu corri para o hospital assim que soube, fiquei na sala de espera chorando, mesmo com toda a família por perto podendo descobrir o que eu sentia. A Anita, coitada, não entendeu nada, mas tava lá me consolando, provavelmente feliz por saber que eu me preocupava por alguém. Mas você... Se antes eu queria morrer por sua causa, você me fez querer te matar ali mesmo. Eu nunca tinha sofrido assim por outra pessoa e, em questão de segundos, eu nunca senti tanta raiva. Raiva por ter chorado tanto por alguém que me tratava tão mal, raiva por sentir algo por um idiota como você, raiva da cara de sonsa da Anita, por ela ser tão imaculada que jamais seria enxotada como eu estava sendo, como um inseto. Como você queria que, depois daquilo, eu assumisse alguma coisa por você além de nojo, de ódio?

Sentiu-se um monstro, e, ao mesmo tempo, que tinha feito certo. Ainda assim, um monstro. Talvez nisso combinassem... Segurou o rosto úmido da loira mais uma vez em suas mãos.

–Sofia... Eu tinha acabado de descobrir sobre o casamento, eu tava furioso, e a Anita falando sobre você e... E o que eu já sabia... O que você esperava?

– Nada. Eu realmente não esperava nada. – Respondeu se afastando.

Ben a impediu, segurando-a pelo braço e a aproximando de si.

–Mas nós estamos juntos aqui e agora, por que os nossos erros do passado têm que influenciar? Você sente algo por mim, eu estou completamente envolvido por você, por que lutar contra o que nós dois queremos?

– Só porque eu sinto algo não significa que eu queira, Benjamin.

– Ah, não? – Provocou, abraçando-a contra seu corpo e segurando o rosto da loira a centímetros do seu.

– Não. – Respondeu com voz fraca.

Havia previsto o que aconteceria a seguir, e que não conseguiria escapar, nem gostaria de impedir. Beijou-o sem pensar duas vezes, jogando toda a culpa pelo movimento no inevitável, no que sabia que Ben faria se não tomasse a iniciativa ela mesma. Por que lutar por algo que queria e que sabia que viria? Apenas impediu que Ben a provocasse a cada centímetro de seus lábios que roçassem. Que suas línguas se encontrassem de uma vez e vencessem a tortura que seria a demora, a espera, o desejo já palpitante de estar com ele sem que nada os impedisse, sem com o que se preocupar. Mas Ben não deixaria passar, não seria tão certeiro em seus desejos quanto Sofia. Privilegiava sentimentos, os malditos sentimentos. Separou-se aos poucos, “como sempre”- Sofia concluiu revirando os olhos.

–E agora o que? – Cobrou impaciente e sem fôlego.

– Nada. – Riu, beijando-a novamente. “Sabia.” concluiu com um sorriso, o suficiente para que Sofia entendesse.

–x-

Ronaldo estava cada vez mais preocupado com o que pensava estar acontecendo. Relembrava cada momento de Ben com Sofia, um por um, em busca de vestígios que explicassem o que talvez tivesse descoberto. De fato, andavam mais próximos, sentando juntos com mais frequência, sumindo juntos. Ultimamente os havia visto no mesmo cômodo com mais frequência. Queria entender e tinha medo de confirmar que de fato havia algo entre seu filho e a filha de Vera. E se a mãe de Sofia tivesse percebido algo? Não custaria perguntar, não se soubesse como.

–Vera? – Perguntou da porta da cozinha.

– Sim?

– Eu tenho uma pergunta... Uma consulta, na verdade... Quer dizer, você acha que o Ben e a Sofia andam se acertando? Eles parecem estar brigando menos ultimamente... Você notou algo estranho entre eles? – Questionou hesitante.

– Se por estranho você quer dizer novo, sim, eu justamente estava achando que eles estão se dando melhor. Era isso?

– Sim, pode ser. – Respondeu sem jeito. – Você não acha estranho?

– Olha... – Parou o que estava fazendo e se voltou para o marido pensativa. – Eu não entendi, mas estou achando ótimo!

– Digo... Porque o Ben é todo correto, íntegro, e parece estar se entendendo com a Sofia logo agora, quando ele normalmente estaria com mais raiva dela.

– Ah, Ronaldo, talvez ele seja só mais evoluído do que a gente pensava. Eu confesso ter ficado muito chateada com o que descobri, mas a Sofia é minha filha. Ela já foi castigada, vive brigando com os irmãos por causa disso... Talvez o Ben tenha entendido que essa é a hora que ela mais precisa da gente. Ela precisa entender que, por mais errado que tenha sido, ainda é a nossa Sofia, e que nós a amamos.

–Amam? – Ronaldo perguntou em choque. – Você diz que o Ben faz isso por amor?

– Ronaldo! Claro que amamos! O Ben é irmão da Sofia, e que bom que reconhece isso! Você não quer que os nossos filhos se amem?

– Não! – Respondeu angustiado, chocando Vera.

– Ronaldo! Nós somos uma família, como você pode não querer que os nossos filhos-?

– Não podem! – Interrompeu. Ao perceber o choque de Vera, entendeu a confusão. – Digo, eu quero que eles se dêem bem, eu só... Eu entendi errado, Vera, me desculpa.

– O que você entendeu, meu amor?

– Eu... Deixa pra lá, eu vou... Você tem que trabalhar e eu vou... Eu tenho coisa pra fazer. – Comentou atrapalhado.

– Eu, hein... – Vera voltou para seus bolos, ainda confusa.

– Será que ele entendeu que estava rolando algo entre eles? – Micaela perguntou sem jeito, não querendo se intrometer na vida de sua patroa.

– O que? Mas que ideia, Micaela, de onde ele tiraria isso?

– Sei lá... De um filme, talvez? – Disfarçou. Não era tão difícil notar que entre Ben e Sofia existia algo mais que uma simples relação de irmãos, mas não caberia a ela estourar a bolha segura de Vera quanto aos filhos.

–x-

– No que você tá pensando? – Ben perguntou acariciando o rosto de Sofia, que deitava a cabeça contra seu peito.

– Em nada, Ben...

– Sofia...

– Por que você sempre sabe?

– Porque eu não consigo não prestar atenção em você. – Respondeu com um beijo no rosto da loira. – O que foi?

– Nada, Ben, é só que... Bom, eu... Eu acho melhor eu voltar pra Barra.


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