Essa Noite Não escrita por Pss


Capítulo 2
As pessoas enlouquecem calmamente.


Notas iniciais do capítulo

Viciosamente sem prazer



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A pergunta simplesmente escapou dos meus lábios antes que eu soubesse se ele simpatiza com os nazistas ou não. Talvez  tenha entregado tudo neste momento, acabado com todos, antes mesmos de concertar meus erros anteriores.


Eles ainda me doem porque causaram, com quase toda certeza,  a morte de duas pessoas que eu muito queria.


Eu estou pensando, mas ele se quer me respondeu. É como se estivesse sem reação.


-Eu... Eu não luto. Por isso fugi da Índia.


-É indiano? Pensei que lá as pessoas tivessem a pele...


-Sou mestiço, meu pai é inglês.-ele se apressou em se corrigir.Posso ver o medo em seus olhos.


-Não precisa ter medo. Conhece o lugar?


- Na verdade eu...


-Pode vir comigo, arranjo um lugar para você ficar, se não quer enfrentar os nazistas.


-Não! Eu, bem, não posso ficar inerte o resto de minha vida, mesmo porque... –a voz dele está cada vez mais baixa e eu mal posso compreender-  Eu devo isso a você.


-  Então venha comigo. –lhe estendo a mão, tentando não parecer ameaçador aos olhos dele. Olhos azuis,  porem que refletem alguém que sempre foi presa na base da cadeia alimentar.


- Mas Shura e Camus...


- Escute... –abaixo minha voz, porque ele continua acuado-  Eu prometo que estará seguro entre nós, a única coisa que queremos são mais aliados contra Hitler, Franco e esses generais que impõe seu modo de pensar de forma monstruosa sobre nós.


Generais... Como dói pensar nisso. Kanon sempre pensou que, se um dia fosse general poderia dominar o mundo com idéias mais justas, de paz. Nunca concordei com tal forma revolucionaria de levar a paz aos povos, com mortes, com fins justificando meios.


Mas ele morreu. Ele e Aiolos morreram antes de completarem suas missões e a culpa é minha...


- Saga...


-...


- Meu nome é Shaka.


- Shaka... Soa bem.


-Quem mais forma a resistência além de vocês... ?


- Tem também alguns gregos, como eu. Milo e Aiolia são eles. Já tivemos muito mais membros, mas a guerra “deu uma baixa” neles. –ele deu um passo para trás. Está apavorado, não sabe o que está fazendo aqui...- Mas me diga, porque saiu da Índia e veio para o centro da confusão se não ia lutar ?


- Quando saí de lá, a guerra não tinha alcançado a Grécia.


- Se arrepende?


-Eu tenho medo.


-A guerra é cruel. Perdi meu irmão e um amigo de infância nela.


- Sinto muito.


- Escute –estamos perto do esconderijo, teremos de descer- você pode confiar em mim por um instante?


- Hanrrã.


- Entraremos naquele beco e você vai ter que vendar os olhos.É só até eu te apresentar devidamente aos outros.


-Eles pensarão que eu sou nazista.


-Mas você não é.


- Como tem certeza? –ele teme uma traição, está jogando verde.


-Confio em você.


O pedaço de tecido rasgado da camisa de Milo, usado pela ultima vez há muito tempo, quando Camus se juntou a nós, ainda está comigo. Desde que Kanon morreu eles dizem que nunca mais acharemos ninguém com tanta coragem a ponto de se unir a nós, só eu tive esperanças...


Ponho a mão no ombro dele, como se para avisar do que virá agora. Vendar e ser vendado não é algo agradável, mas o plano de Kanon quando uniu sua idéia a minha era sigilo absoluto, só nós,lideres, teríamos conhecimento da base. Parecia mais uma brincadeira de criança.


É claro que terminou mal.


Ele segura meu pulso com firmeza agora, confia cegamente.


Abro a porta do subsolo deste prédio abandonado sem me incomodar com o cheiro do esgoto em que me encontro. Um bombardeio estratégico de aviões acabaria conosco mas nenhum ataque por terra nos encontrará, já que lá em cima ninguém entra, o prédio esta em ruínas, pode despencar até mesmo se espirrarem lá.


Aqui em baixo é seguro desde que não façamos barulho.


-Aí, o Saga voltou.


-Milo, trouxe um novo integrante.


-Fala sério, aonde você achou alguém doido o suficiente...?


- Milo o que...?


- Camus, você ta legal?


-Ah, o Saga trouxe o cara. Eu to ótimo, você não é muito bom. –ele dirigiu isso ao Shaka, que ainda está vendado.- Foi mal, eu tinha dito pro Shura que você não era alemão... Só que você acertou ele, aí se eu não o ajudasse ia ficar mal para o meu lado.


Agora ele está olhando para mim. Em seus olhos frios posso ler claramente a mensagem. Terei problemas com o Shura em breve.


Como se não bastasse o Aiolia.


- Então vocês o aceitam?


- Não estamos em posição de recusar ninguém.


- Não me dê às costas Camus, eu ainda sou líder disto aqui. –meu sinto ridículo falando isso.


- Ah, fala sério, eu também sou e concordo com ele. –Milo que trouxe Camus para cá, eles são muito amigos... Ele substituiu meu irmão na liderança, já que foi nosso primeiro recruta- Você tá tenso Saga, não há necessidade.


- Estamos em guerra. –isso Saga, rosne como um animal. Você é ridículo.


- Pelo menos tirem a venda dele... Esquece, vocês são mesmo incompetentes.


Ele o puxou sem o menor aviso, e Shaka acertou o cotovelo aparentemente no seu estomago. É melhor eu não rir.


A impressão que tive é de que ele luta melhor vendado do que em condições normais.


Aiolia recuou, irritado.


- Você assustou ele, devia ter avisado. Vou tirar essa venda de você está bem Shaka?


- Obrigado mais uma vez. E me desculpem, eu me assustei, foi um reflexo.


- Está tudo bem. –termino de tirar a venda e o volto para mim. Ele está inseguro- Você não tem que se desculpar.


 


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