Anjos da Noite: O Despertar escrita por Julia


Capítulo 6
Capítulo 4 - Novo Mundo


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha! :}
Mais um capítulo quentinho pra vocês.
Vou confessar uma coisa, esse capítulo foi uma carta na manga.
Ele não estava nos meus planos, de verdade.
Acabei de escrevê-lo.
Ele serve também como uma boa reflexão.
Enfim, espero que gostem.

Boa leitura! :~



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Março de 2062 02:30 p.m., Hidden Springs.

*Clique aqui para ouvir a música*

Então passaram-se seis longos anos.



Aqueles últimos anos haviam sido definitivos: a Sociedade do Sol estava aos pedaços. Os poucos seres humanos que existiam, viviam para servir os membros da Sociedade da Lua. As grandes cidades eram movidas através da economia dos Anjos. Não havia mais luta por dinheiro, apenas por sangue. A humanidade havia se tornado a nova moeda comercial. Não havia, no entanto, risco de extinção da humanidade, pois os Anjos não estavam nenhum pouco interessados em perder sua fonte de alimento. Muito pelo contrário. Ao perceberem que o caos teria aniquilado a vida da maior parte dos membros da Sociedade do Sol, eles resolveram investir de uma forma bem peculiar: eram os chamados "Bancos de Sangue".

Esses bancos poderiam ser comparados a laboratórios, onde bebês humanos de proveta eram gerados. Cada bebê era alimentado e cuidado pelos profissionais que trabalhavam nesses bancos. Ao atingir os dois primeiros anos de vida, essas crianças eram entregues à clãs e famílias de anjos que quisessem "adotá-las". Ali cresceriam e seriam educadas para servir da maneira que lhes fosse requisitada.

A humanidade estava à beira do abismo. Eram como meros robôs. Os antigos seres humanos da era pré apocalíptica que haviam sobrado, se mantiam seguros em aldeias isoladas. Muitos também cometiam suicídio.




Também não havia mais os tais "Caçadores de Anjos".


Todos haviam perdido a batalha.

Os anjos dominaram o planeta. Tudo seguia de acordo com o que eles quisessem. E Azor, cada vez mais, se enchia de poder e soberania.

Em Hidden Springs a tarde estava brilhante. O sol iluminava a copa das árvores que sacodiam suavemente com a brisa. Era primavera e as flores exalavam um cheiro doce por toda a parte. A cidade estava praticamente abandonada. Restos de construções e casas abandonadas contrastavam coma beleza da natureza que permanecia intacta.

Uma pequena garotinha saía correndo em direção a uma casa com um jardim muito bonito. Ela tinha longos e ondulados cabelos loiros, num tom dourado muito apagado. Era Alice.

Haviam se passado sete anos desde o dia em que Paul escondia essa pequena criatura em sua casa. Mas Paul não estava tranquilo. Não havia uma noite sequer em que ele dormia sem ser atormentado por seus pesadelos.

– Paul - Gritava a garotinha com uma suave voz - Olha! hahahaha

Paul, que a observava da porta da frente, sorriu.

– Que linda. É pra mim, monstrinho? - Paul perguntava gentilmente. Os anos convivendo com aquela pequena menina o tranformaram definitivamente.

– Siiiiim! - A menininha sorria sem parar para Paul, entregando-lhe um lírio. Ela amava flores, mas dentre todas, o lírio era a sua favorita.

Alice usava um vestido branco bem soltinho. Seus cabelos, grandes e ondulados tinham uma pequena tiara como enfeite. Paul cuidava dela muitíssimo bem.

Mas o que ele sentia pela menina era, de fato, duvidoso.

Dos seus irmãos, apenas Ivan sabia do segredo. Saito e Laura, bem como Azor e qualquer outro jamais poderiam tomar conhecimento.

Azor havia tirado os olhos de Paul nos últimos anos. Com o aumento de poder e a ascensão da Sociedade da Lua, ele tinha muito com o que se ocupar. Sua aliança com outros clãs aumentava cada vez mais. Os membros inferiores aos Volturi se curvavam diante de Azor. Ele estava sendo Senhor do Novo Mundo. Foi assim que o planeta Terra passou a ser chamado.

Apesar de o apocalipse enfim ter chegado de maneira drástica e brutal, coisas boas deveriam ser levadas em consideração. Com a aniquilação quase que completa da humanidade, da economia e da ganancia por dinheiro, a agressão contra a natureza diminuía de maneira considerável.

Os anjos, em boa parte, contemplavam a natureza e não viam motivos para explorá-la e expandir a economia agredindo-a. Talvez, por serem seres antigos, tivessem esse lado favorável como característica. De certa forma, a natureza agradecia pelo apocalipse.

Deus havia de fato abandonado a sua grande criação? Ele havia se cansado de ver que a humanidade nada mais fazia além de destruir tudo aquilo que ele havia feito? Deus permitira que os anjos aniquilassem o homem, pois havia parado de amá-lo?

Boas perguntas. Mas ambas, sem nenhuma resposta.

Aquela tarde quente e agradável passou tranquila. Alice brincava no jardim e Paul a observava como se estivesse admirando uma bela pintura. Seus sentimentos por Alice eram diferentes dos sentimentos que um pai sentia por uma filha. Ele queria tê-la. Queria protegê-la acima de qualquer coisa. É como se a sua vida agora dependesse disso.

Paul se sentia mal por pensar nela dessa forma. Mas era algo inevitável. No entanto, ele jamais pretendia imacular aquela pequena, doce e frágil criatura que trazia em sua essência uma pureza e inocência inexplicável.

Seu maior medo era de que alguém a tirasse de debaixo das suas asas.

– Ivan!! - A menininha gritou repentinamente, largando no chão a sua boneca de pano. Correu em direção a um vampiro alto, magro, de cabelos louro escuro que vestia uma camisa cinza, uma calça preta e estava cheio de colares e pulseiras artesanais.

– Oi pequena. - Ivan segurou rapidamente a garotinha que se jogou em seus braços.

De todos os netos de Azor, Ivan era o mais gentil. Ainda mais com mulheres.

– Fala aí cara - Ivan dizia para Paul se aproximando de sua cadeira, enquanto ainda tinha a pequena Alice em seus braços.

– Sentindo a minha falta? - Paul sorria torto enquanto pegava um cigarro.

– Nenhum pouquinho. - Ivan sentou e colocou Alice em seu colo, que se espreguiçou. - Com sono? - Disse olhando para ela logo em seguida.

– Uhum...

Paul olhou para ela que estava com os olhinhos já cerrados no colo do irmão e apertou suavemente uma de suas bochechas rosadas.

A menininha agradecida, sorriu suavemente e caiu no sono.

Percebendo isso, Ivan olhou para Paul, que fez sinal com a mão mandando-o colocá-la em seu quarto lá dentro.

E assim Ivan o fez.

Enquanto o irmão não voltava, Paul parava para analisar o local.

Paul tinha praticamente duas vidas. Nos poucos momentos em que estava com Alice, sua vida era tranquila e pacífica. Era só ele, a pequena garotinha e a natureza, ali, naquele mundo lindo e sutil.

Mas ele ainda continuava fazendo os trabalhos sujos mandados por Azor. E essa era a sua outra vida. Fria e violenta. Era como dois lados da mesma moeda.

Paul se perguntava constantemente se Azor não desconfiava de nada. Ou se ele sabia e simplesmente não se importava, ou se era só mais um de seus planos diabólicos de "fingir que está tudo bem", afinal, naquela época, o seu pedido não fora cumprido por Paul.

Desde que avistou Alice, Paul não conseguiu matá-la. Simplesmente não conseguiu.

Ivan regressou, tirando o irmão dos seus pensamentos.

– A gente precisa conversar sobre ela - Disse Ivan num tom preocupante.

– De novo? - Paul respondeu ironicamente.

– É sério cara. Você precisa arranjar alguma família e dá-la para eles. É perigoso demais ela estar aqui.

– Seis anos se passaram, Ivan. Como ele vai saber que é ela?

– Eu não sei cara! Mas Azor é como um demônio. Quando ele quer algo, ele simplesmente consegue.

– Ele não vai saber. Eu não vou deixar ninguém machucá-la.

Ivan ficou em silêncio por alguns segundos.

Então disse.

– É. Mas desse jeito, o primeiro a machucá-la será você.

Paul o olhou. Será que ele estava certo?

Não dava pra saber. Mas, de fato, Paul não podia mais se imaginar longe daquela menina. Doá-la para uma outra família de vampiros? Quem garantiria que ela estaria a salvo?

– Eu vou indo, cara.

– Certo.

Ivan abriu as asas e simplesmente se foi.

*Clique aqui para ouvir a música*

Aquela noite chegou sorrateiramente. Paul estava lendo alguns livros, escritos por antigos filósofos humanos. Eram uma verdadeira raridade. De fato, a raça humana era bem original.

A brisa da noite estava um pouco mais fria e o silêncio pairava na casa. A pequena garotinha ainda estava dormindo?

Assim que pensou nisso, Paul foi interrompido por pequenos passos que se aproximavam. Alice entrou em seu escritório arrastando no chão com a mão esquerda um coelho de pelúcia cinza e, com a mão direita, coçava um de seus olhos.

– Monstrinho? Finalmente acordou... Está com fome? - Paul perguntava curioso.

Mas Alice o surpreendera. Ela tinha costume de fazer isso. Essas pequenas e bruptas atitudes faziam o coração dele acelerar.

A menina subiu em seu colo, largou o coelho no chão e, com as duas mãozinhas segurando o rosto de Paul, encostou seu pequeno e gelado nariz no dele. Seus olhos grandes e prateados encaravam os mesmos olhos prateados dele.

– Eu te amo, Paul.

Ela disse.

Paul permanecia parado e assustado. Seu coração acelerava cada vez mais.

– Prometa que nunca, jamais irá me abandonar, tá?

– P-prometo, Alice. - Ele respondeu gaguejando. E assim ela o soltou e sorriu.

Um sorriso puro e ingênuo.

Então, a garotinha fez mais uma pergunta. Desta vez era um pedido.

– Paul, me leva pra ver as estrelas?

Seus olhos brilhavam.

Alice adorava a noite. Ela era uma criança bem singular, tendo em vista os seus rompantes de maturidade. Era como se o seu espírito fosse velho demais para aquele pequeno, frágil e inocente corpinho. Ela tinha aquele anjo frio e calculista na palma da sua mão. Mas era jovem demais para se dar conta disso.

Paul a olhou ternamente, passou a mão nos seus cabelos bagunçados ajeitando-os, aproximou seus lábios suavemente dos ouvidos da criança e sussurrou.

– Eu adoraria.

A menina riu-se feliz da vida e segurou com seus braços o pescoço de Paul, que a tinha firmemente em seus braços, num abraço aquecedor.

Ambos saíram do escritório em direção ao jardim. O céu estava sem nenhuma nuvem e as estrelas brilhavam. Aquela noite escura não tinha lua.

Paul abriu suas enormes asas negras e voou com a garotinha em seus braços o mais alto que pôde. Alice não tinha medo de altura. Ela amava voar.

Parecia até que tinha nascido para isso. Para ter asas.

Seu sorriso era tão lindo e Paul a admirava incansavelmente. Paul também sorria.

Junto dela, ele sentia que poderia governar o mundo. Tão parecidos e unidos, eram como um só.

Paul sentia que Alice nascera para ele. E que ele a esperou por um longo e tenebroso tempo que, finalmente, havia findado. Agora ela estaria ao seu lado e ele se sentiria em paz.

Mas aquela bela noite, também seria a sua última noite ao lado de Alice.

Só que nenhum dos dois sabia disso.


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Notas finais do capítulo

E agora? Qual será o futuro de Paul e Alice?

Não percam o próximo capítulo! :}



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