Capítulo 3

– Que eu bom que você veio.

– Não perderia por nada.- Na verdade, não perderia ELE para as vadias da faculdade. Esse pensamento tirou minha felicidade assim que o analisei de novo.

– Você não gostou das minhas roupas? Você sabe que eu não sou bom escolhendo essas coisas e tal mas acho que caprichei hoje, né?- Ele me olhou esperançoso, como se esperasse minha aprovação. Que fofo. Abri um sorriso.

– Na verdade, você caprichou até demais... espero que você não fiquei com nenhuma dessas oxigenadas.- Falei olhando ao redor assim que percebi olhares de várias (lê-se muitas VADIAS) em cima de mim, como se quisessem me comer viva.

– Tá com ciúmes, gatinha?- Ele perguntou cruzando os braços na frente do peito e me olhando com desconfiança e superioridade.

– Não. Só não quero que você leve todas essas mal-comidas pro teu quarto.- no fundo eu tava me corroendo de ciúmes.

– Uhum, sei...- ele falou colocando os braço em volta minha cintura e colou nosso corpos, mas não como um sinal de afeto, e sim de posse. Ele é muito (lê-se super ultra power blaster) protetor e fazia isso direto. Ele fechou a cara e me encarou, sério. Ele fica muito sexy quando ta sério...– E tu acha que eu não ouvi os viadinhos chamando por você, lá na entrada?

Decide brincar um pouco e fazer o que ele mais odeia que eu faça nessas horas. Dei um sorrisinho, tirei seus braços da minha cintura, coloquei minha mãos no seu peito e o afastei gentilmente.

– Não sou sua, amor.- e com essa deixa, peguei minha bebida e sai desfilando até a pista de dança. Eu senti seu olhar contrariado em cima de mim.

Dancei e bebi só aquele copo mesmo, porque tinha que dirigir depois. E também, minha falta de álcool nas veias compensava o excesso dele no corpo de Kira, que dançava com um garoto, à apenas alguns metros de mim.

Dancei com vário garotos mas quando eles queriam algo mais, eu os cortava na hora.

Não vi Tobias pelo resto da festa. Kira tinha me avisado que queria ir embora e eu já estava com tédio sentada no balcão do bar dos pais do Tobias, então decide procurar aquele garoto para me despedir dele, mandei Kira para o carro pois ela estava completamente doida, acenava e comprimentava pessoas que ela nunca tinha visto na vida, ela perguntou para um garoto qual era o signo dele e começou a filosofar feito lunática.

Encontrei Tobias sentado em um grande sofá com mais 3 amigos. Todos os 3 tinham uma garota ao lado, inclusive Tobias, que tinha uma Natally, uma ruivinha tingida e oferecida da escola, sentada na perna direita. Hum.. Que puta.

Andei até o sofá e parei na frente do Tobias, que estava em altos papos com a tingida e já colocava a mãe na coxa dela, pigarreei para chamar a atenção dele.

– Oi, Mika. Quanto tempo.- dirigi meu olhar ao garoto, cuja acompanhante havia acabado de se retirar, que se encontrava ao lado de Tobias. Jay... James, na verdade. Melhor amigo de Tobias, alto, moreno, olhos castanhos avermelhados, cabelo preto, inteligente, carinhoso e divertido. Eu o conheci à alguns anos e desde então a gente se falava quando se encontrava na rua ou em festas.

– Oi, Jay.- falei animada por encontrar um garoto que não me estuprava com os olhos, pelo menos, não descaradamente. Inclinei-me e lhe dei um beijo na bochecha.

– Ãhn... Oi, Mika...- Tobias falou percebendo, finalmente, minha presença.

Olhei para Natally. Alta, ruiva tingida, branca feito neve, olhos castanhos escuros, ela é muito bonita, mas só por fora mesmo. Eu nunca nem olhei para ela mas certa época ela começou a implicar comigo e a parti daí, viramos meio que inimigas. Ela percebeu meu olhar deu risadinha fina e irritante, disse:

– Quer um autografo, querida?- falou sarcasticamente, o que me deixou com mais raiva.

– A única coisa que eu quero é saber é se você já nasceu puta assim ou fez um curso.- devolvi o mesmo sorriso cínico que estava estampado em seu rosto, mas assim que eu terminei a frase o sorriso se desfez e ela ficou me encarando com muita raiva, e eu apenas sorria.

– Nossa, essa doeu em mim.- Ouvi Jay comentar enquanto ria feito doido. Sorri mais ainda.

– Olha aqui garota...- não deixei ela terminar a frase, apena levantei a mão num gesto que a dizia para ela se calar e deu certo, me dirigi ao Tobias:

– Vim aqui para falar que já estou indo embora.- falei mais friamente do que realmente pretendia, mas não me arrependi. Me inclinei em direção ao Jay e lhe dei outro beijo na bochecha- Tchau, Jay. Espero te encontrar mais vezes.

– Igualmente, Mika. Olha, se me permite dizer, você está ótima.- ele comentou com um sorrisinho no rosto.

– Digo o mesmo de você.- cravei me olhar no Tobias e percebi que ele parecia um pimentão de tão vermelho e encarava mortalmente um Jay que quando percebeu o olhar, se encolheu no lugar. Desviei minha atenção para Natally que agora estava em pé na minha frente.- Tchau, putinha.

Ela ergueu a mãe para me desferir um tapa mas eu agarrei seu pulso à tempo, torci seu braço e ela protestou de dor.

– Pense duas vezes antes de ousar levantar a mãe para mim.- e nisso a empurrei com força, o que a fez tropeçar a cair no chão enquanto todos os garotos à sua volta riam dela. Sai de lá e me dirigi ao carro, provavelmente Kira já estava querendo me fritar viva. Quando cheguei no jardim da frente senti uma mãe segurando meu pulso com força. Me virei.

– Sim?

– Mika, o que inferno foi aquilo lá dentro?

– Ela veio para cima de mim!- tentei me defender. Só me falta ele defender a ruiva tingida!!

– Eu estou falando daquele lance entre você e o James e também você e a Nat.- ele falou cruzando os braços na frente do peito com ar de general, como ele sempre faz quando quer respostas.

– Ele foi gentil comigo, Tobias, e eu retribui o favor. E você! Sua culpa!- falei com os olhos marejados, lembrando de tudo o que aquela ruiva de merda já tinha feito pra mim.

– Minha culpa?- ele arregalou os olhos.- Como assim minha culpa?

– Você...- falei apontando acusadoramente- Você sabe que aquela puta fez tudo de ruim possível para mim. Você sabe disso melhor que ninguém. Você nunca gostou dela, nunca olhou pra ele, xingava ela de tudo possível na minha frente, e agora isso?! Vocês se pegando na minha frente e ainda tem coragem de me perguntar o que aconteceu lá dentro? Por que isso agora?- lágrimas quentes rolavam pela minha bochecha, ainda bem que minha maquiagem era à prova d’água.

– Mika, me desculpa. Eu...- ele havia descruzado os braços e encarava o chão, totalmente arrependido.- É que quando eu vi a vi, ela estava tão linda e atraente, e tão gentil comigo que eu...- Eu sei que ele nem tinha noção do que falava. Sei também que nenhum homem resiste à ela. Sei também que ele estava com ela sem a intenção de me magoar mas ouvir aquilo me machucou e muito. Ele percebeu o que havia dito, finalmente, e levantou o olhar cheio de culpa e remorso.- Mika...eu...me desculpa...não foi o que quis dizer...

Fechei os olhos, sequei as lagrimas e abri um sorriso forçado. Dei as costas à um Tobias cheio de culpa e com os lindos olhos cinzas cheios de lagrimas que ele com certeza não deixaria cair, porque ele meio que nunca chora. Entrei no carro e me deparei com Kira completamente desacordada, com a cabeça apoiada no vidro. Dei uma risada, liguei o som bem baixinho e começou a tocar Don’t Cry do Guns N’ Roses. Era só o que faltava para ferrar de vez minha autoestima. Troquei a música e coloquei Garden of Eden. Melhor. Me dirigi à casa, provavelmente meu irmão ainda não tinha voltado.

Depois de estacionar o carro na garagem, abri a porta e gritei pelo meu irmão que, incrivelmente, estava em casa e veio ao meu encontro.

– Oi, mana linda do meu coração! Tava onde, posso saber?

– Numa festa. E tu?

– Numa boate.- rimos juntos. Ele carregou Kira no colo e a deixou no quarto de hospedes, quando cada um se dirigia ao seu quarto ele me chama.- Aconteceu alguma coisa, Mika?

– Eu não quero falar sobre isso, não agora. Quem sabe amanhã.- falei lembrando do que aconteceu na festa. John andou até mim e disse:

– Eu te amo, gata. Você sabe que pode falar comigo quando quiser e sobre tudo, não sabe?- assenti e ele depositou um beijo no topo da minha cabeça- Boa noite, princesinha.

– Boa noite, John. Te amo.- ele assentiu, sorriu e entrou no seu quarto e eu entrei no meu. Tirei os sapatos e deitei na cama, assim que encostei no travesseiro, adormeci.