Quando O Dia Foi Raptado escrita por Rodrigo Pereira Dos Santos


Capítulo 4
Semideuses incendiários


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas minha criatividade tá bugada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/414700/chapter/4

Não havíamos andado muito, mas minhas pernas já doíam. Eu estava sozinho no final do grupo, pensando em tudo que havia acontecido comigo nas últimas horas e tentando entender como tudo aquilo podia ser verdade. Cansei de pensar e comecei a observar a paisagem que eu sempre via.

Enquanto olhava as construções ao meu redor, pude notar que uma das meninas novas, a Franciele, estava quieta e cabisbaixa, isolada no meio das pessoas. Achei que seria bom para nós dois conversar um pouco, então tomei coragem e fui falar com ela. Me aproximei cuidadosamente para não assustá-lá.

- Oi

- Oi. - ela disse sem ao menos olhar pra mim.

- Está tudo bem?

- Sim

- Mas então... por que você está tão triste?

- É que... você sabe... eu não vou mais poder ver minha família nem meus amigos. nenhum de nós vai poder.

- Não se preocupe - eu disse tentando ser solidário - como vamos para o mesmo "lar", acho que agora vamos ser uma família. Além do mais, pode haver um jeito para você se comunicar com seus pais novamente.

Eu não tinha pensado por esse lado, mas depois que ela me falara aquilo, comecei a me sentir mais deprimido.

- Você é de onde? - perguntei rapidamente, tentando mudar de assunto.

- Eu nasci em Americana, mas agora moro... quer dizer, até alguns dias eu morava em São Paulo. E você?

- Eu nasci aqui em Pindamonhangaba, e como você mesma disse, eu "morava" aqui, mas um bode e duas garotas vieram me buscar e estão me levando para Nova York. Mas... se você é de São Paulo, como Amanda, o homem-bode e você vieram para cá?

- Vou dar um resumo do quê aconteceu. Eu estava em minha casa, fazendo minhas coisas como sempre, até que minha mãe me chamou dizendo que uma pessoa queria falar comigo. Fui até a sala, e la estava ela e Ferdinando. Conversamos e disse que não queria partir com um desconhecido, mas minha mãe me obrigou a vir. Saímos e fomos ao metrô. Passamos na casa da Amanda e a pegamos. Viemos andando durante dias e quando chegamos, achei que poderia descansar decentemente , mas então esse bode desalmado inventa que temos de ir até Nova York e... eu quero esganar aquele bicho. Que raiva!!! - ela esbravejou com os olhos cheio de lágrimas.

Queria abraçá-lá, confortá-lá, mas achei que seria muito invasivo.

- Calma, não precisa ficar assim. Isso não vai mudar nada. E acho que você pode ligar para seus pais pelo meu celular, e usar o computador, sei lá, de uma lan house. Eu vou perguntar uma coisa para Ferdinando e já volto.

Corri até o sátiro e o assustei.

- Como nós vamos falar com nossos pais, hein?

- AAHHH! Nunca mais ouse me assustar, seu... idiota! - percebi que Franciele havia aberto um sorriso - Bom, quando acharmos um arco-íris eu mostro a vocês.

Parei de andar e esperei que Franciele me alcançasse.

- Ele disse...

- ...para esperar um arco-íris. - ela completou.

Já era fim de tarde e o sol, se escondendo no horizonte, inundava o céu com uma luz vermelha-alaranjada muito bonita, mas eu duvidava que fossemos encontrar qualquer arco-íris, não até o próximo dia.

Andamos mais um bom bocado, e só paramos por volta de 8 horas da noite. Eu ainda estava com o uniforme e com minha mochila nas costas. Ficamos parados na beira da estrada, sentados no chão e vendo os carros e caminhões passar. De repente, Ferdinando brandiu um facão de bronze, puxando-o do cinto - fiquei surpreso por não ter notado aquilo antes - e começou loucamente a retalhar uma grande árvore.

- Me ajudem aqui! - ele parecia estar cansado.

- O que você quer fazer com isso? - perguntou Amanda.

- Quero madeira para uma fogueira.

Estávamos indo ajudá-lo, mas Gabriela gritou.

- Com licença!

Olhamos para ela. Quando a vi, lembrei que ela não estava conosco quando havíamos parado. Gabriela passou por entre nós e parou diante da árvore, a estudou por um tempo e começou a derramar um líquido em sua base. Depois pegou um objeto - que provavelmente era um isqueiro, pois uma pequena chama bruxuleava em seu topo - e o jogou na árvore, que explodiu em chamas. Ferdinando ficou boquiaberto, mas logo disse.

- Vocês têm alguma coisa para comer? - ele disse preocupado.

- Sim. - eu e mais alguns falamos.

- Mas todos precisam da comida. - o sátiro disse.

- Uma voz falou em minha cabeça, - disse Gabriela - falou que nós íamos precisar de fogo, álcool e comida, então parei no mercadinho lá atrás e peguei o que precisava.

- Pegou...? Hum, muito bom. Mas... tem comida para todos?

Ela fez que sim com a cabeça enquanto distribuía a comida aos que não tinha. Tirei minha mochila das costas e aproveitei para pegar meu lanche - um pacote de Doritos e uma lata de Coca.

- Podem comer... mas não comam tudo! Deixem um pouco - ele disse isso como se lembrasse de algo importante.

Imaginei que Ferdinando ainda nos deixaria na mão a qualquer hora.

- Agora quero que vocês prestem atenção no que eu fizer e disser. - o homem-bode segurava a metade de um croissant, que de cabeça para baixo, deixava o recheio de frango cair em seus cascos - "Ó Senhora Héstia, deusa do lar, faço-lhe esta oferenda e peço que me conceda um lugar seguro." - ele entoou e jogou seu pão no fogo, depois pegou os fiapos no chão e resmungou algo como "meu querido franguinho", e com muita relutância, tacou-os nas chamas.

- Você quer que nós façamos isso? - perguntei.

- Se vocês não quiserem passar a noite na rua, ou detidos pela polícia como mendigos incendiários, acho melhor que o façam.

Me aproximei da árvore e imediatamente comecei a soar. Repeti o que Ferdinando dissera e joguei meu lanche em direção as chamas, que a essa hora eram apenas um monte de madeira, folhas e gravetos queimando naquele inferno. Virei-me para os outros e disse.

- Acho que é a vez de vocês tentarem.

Me afastei de fogueira ensopado de suor. Olhei a minha volta para verificar se acontecera algo, e vi uma enorme mansão - que não estava lá antes.

A casa era toda feita de tijolos vermelhos e dois braseiro de bronze ladeavam a porta de entrada. Acima dela uma placa dizia "Héstia Hotel. O conforto e calor, onde você for". No telhado era possível ver uma chaminé de tijolos quase tão grande quanto o telhado.

- Rodrigo? - Ferdinando perguntou.

- Oi.

- Vamos logo.

Eu não tinha me dado conta, mas enquanto eu estava hipnotizado, meus amigos terminavam o seu "ritual".

- Rodrigo, nós vamos ou não, hein? - Franciele dizia enquanto alternava o olhar entre mim e a casa.

- Vamos. - respondi sem jeito.

Novamente me juntei a Franciele, então fomos caminhamos até a mansão vermelha .


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou tentar escrever mais rápido, então tenham paciência. E também queria pedir para quem tiver alguma ideia ou algo que queria na fic, deixe um comentário explicando.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando O Dia Foi Raptado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.