— N-né... Ri-chan... 

 Lia fica preocupada e sem saber o que fazer.

— Não fique assim... — Ele sussurra. — Eu quero ir para a enfermaria... — Da uma pausa. — Você me leva...?

— Claro que eu te levo! — Responde de forma séria.

 Rikku sorri fazendo Lia corar.

 Com ele apoiando o braço em seu ombro, os dois começam a subir as escadas.

 Lia nota que ele aparenta estar bem fraco.

 “Ri-chan está ficando mais pesado...”

— Ri-Ri-Ri-chan! — Seu corpo fica mole e Lia se esforça para não deixá-lo cair na escada.

— Rikku-chan! — Rapidamente Lain aparece e segura firmemente Rikku, aliviando assim, o peso em cima de Lia.

— L-Lain-sama! — Diz aliviada e chorosa.

— Está tudo bem agora. — Pega Rikku em seu colo. — Vamos para a enfermaria?

— S-sim. — Lia responde apressada.

 Os dois correm com Rikku para a enfermaria.

 Lia fica tão desesperada que tem vontade de chorar alto, mas se segura ao máximo.

 Sobem as escadas o mais rápido que podem.

 A enfermaria é no terceiro andar, bem no fim do corredor.

 Parados frente à porta, Lia da duas batidas apressadas.

— Pode entrar. — Ouvem uma voz de mulher de dentro da sala.

 A garota abre a porta.

 São recebidos por uma mulher de óculos, com cabelos presos para o lado, vestindo um vestido branco.

— Lain, Rikku e uma senhorita que ainda não conheço. — A enfermeira exclama. — Coloque o Rikku na cama. — Aponta para uma das camas vazias.

 É a primeira vez de Lia na enfermaria da escola. É uma sala bem grande, com várias camas cercadas de cortinas. Na parede do fundo tem a mesa da enfermeira, e uma grande estante com remédios ao lado de um armário branco.

 Depois de acomodarem-no, a enfermeira o examina.

— Ele deve ter dormido bem mal essa noite, pois pegou um belo de um resfriado. — Diz se aproximando com uma seringa. — Está com bastante febre. Irei lhe aplicar um medicamento.

 “Ri-chan dormiu mal... Será que foi por conta do ocorrido de ontem? E-então... Foi culpa minha!”, Lia pensa chorosa, se sentindo culpada.

— Vocês podem voltar para suas salas. Ele ficará de repouso até melhorar. — Informa a enfermeira.

— Espero que ele fique bem logo... Vamos Lia-chan? — Diz Lain.

— E-eu... — Lia diz de forma hesitante. — E-eu posso ficar aqui com ele...?

— Hum... — A enfermeira fica pensativa. — Mas a senhorita irá perder as aulas.

— Isso mesmo Lia-chan. — Lain Concorda. — Você não está de castigo e tem que limpar os banheiros? — A olha sério.

— Então acho que a senhorita deve voltar... — Complementa a enfermeira.

 “L-Lain-sama...” pensa com certa raiva de Lain.

— M-mas... Eu realmente...

— Lia... — Diz a enfermeira. — Você é a famosa novata. Não deveria perder aula, ainda mais que já está de castigo! — A repreende. — E ainda — fala de forma mais suave — aqui só pode ficar os doentes.

— E-então eu... Então eu estou com dor de barriga! — Lia diz de forma determinada.

 A enfermeira sorri.

— Lia-chan, você não aparenta... — Lain tenta repreendê-la novamente.

— Ok. — Diz a enfermeira. — Eu tenho mesmo uma reunião com o conselheiro e ainda tenho que buscar encomendas de remédios que estão em falta. — Coloca uma mexa fina do cabelo atrás da orelha. — Eu precisava mesmo de alguém para ficar aqui, ainda mais por ter um aluno em repouso.

 Lia sorri.

— Você pode cuidar de tudo aqui para mim então? — Pergunta a Lia.

— Claro que sim! — Responde agradecida.

— Muito bem. — Arruma uns cadernos que está na mesa. — Eu aviso que os alunos do castigo do banheiro passarão a manhã na enfermaria. Vamos senhor Lain. Você não pode faltar às aulas.

— Sim... — Lain responde sério e desgostoso.

 Os dois saem da sala.

 “Não sei por que, mas... Lain-sama pareceu querer por tudo, me impedir de ficar aqui...”

 Lia fica confusa e pensativa. Não consegue entender a atitude de Lain. Pega uma cadeira e coloca ao lado da cama em que Rikku está deitado. Assim que se aproxima, puxa a cortina em volta de toda a cama. Assim fazendo ficar tudo fechado, como se eles estivessem em um pequeno quarto.

 Senta-se olhando para Rikku.

— Então era por isso que você estava estranho no caminho para a escola... — Fala baixinho com ela mesma.

— Você achou que eu estava te evitando...? — Rikku se vira um pouco para o lado em que Lia está e a olha.

— Eu pensei que você estivesse dormindo... — Diz surpresa.

 Ele sorri.

— Eu estava, mas ouvir sua voz me despertou.

— D-desculpe te acordar. — Corre se desculpar e vira o rosto para o lado.

— Você entendeu errado. — Ele comenta sorrindo. — Caipira burra. Você achou mesmo que eu estava te evitando?

 Lia olha para baixo, hesita por alguns instantes, e então o olha nos olhos.

— Você estava estranho... E-eu pensei que estava me evitando sim... Desculpa...

— Burra. — Novamente faz uma expressão serena. — Eu estava me sentindo mal naquela hora. 

— Você poderia ter me dito... — Comenta um pouco aborrecida.

— É verdade, eu poderia. Desculpe. — Continua a olhando de um jeito doce.

 “Ri-chan está com uma cara tão bonitinha...”

— E-em todo caso... F-foi por m-minha causa que você não dormiu... — Ela desvia o olhar. — E-eu que tenho que me d-desculpar...

 Rikku arregala os olhos com as bochechas coradas.

— D-do que você está falando...? — A indaga tímido.

— Bom... Porque o Lain-sama viu a gente próximo... Você ficou preocupado com o que ele fosse pensar e... Nem conseguiu dormir.

 Ele para por uns instantes ainda com os olhos arregalados, mas logo volta a sua expressão de antes. Sorri de um jeito um pouco melancólico.

— Você acha que eu estava preocupado com isso e por este motivo eu não dormi...?

 Lia fica ereta na cadeira.

— Mas é óbvio. Não adianta negar. — Olha aborrecida para lado. — Você sempre se importa quando o assunto é o Lain-sama, afinal... Ele é o seu amor...

— Hum... — Responde de forma vaga.

— E tenho que te dizer... —Lia ainda olha para o lado, mas dessa vez com as bochechas rosadas. — Assim que você desmaiou, ele te carregou no colo... Da mesma forma que um príncipe carrega uma princesa... — Ao terminar a frase ela sente seu coração angustiar...

 Rikku faz cara de surpreso.

— E-ele me carregou dessa forma? — Sorri contente. — Não acredito!

 Fica rindo que nem bobo.

 “Ri-chan idiota...”

— Viu... Eu te disse... É só falar do Lain-sama que tudo ganha cor para você... 

 Lia fica em silêncio.

— Mas... — Ele começa a dizer. — Você não sente a mesma coisa por ele? Não ficaria feliz com ele te carregando assim...?

 Lia fica estática. É verdade que ela gosta do Lain, mas... Ela não acredita ser da mesma forma.

 “E-eu gosto muito do Lain-sama, ele é bonito e legal, mas...”

— Eu ficaria feliz sim... — Fala pausadamente. — Eu... Eu g-gosto dele... Afinal ele me ajudou no meu primeiro dia... — Abaixa os olhos. — Eu sou muito grata por ele...

— Não sei por que, mas... — Ele se vira por completo para o lado em que Lia está. — Você não me parece muito convincente. O que houve?

 “O que houve...? Eu não posso dizer que, eu gosto do Lain, mas... Eu gosto muito, muito, muito mais do Ri-chan...”

 Antes de Lia pensar em dizer algo, Rikku já acrescenta.

— Ah, é. Você ficou com ciúmes... Queria que ele te carregasse assim também... — Diz emburrado.

 “Eu queria que você me carregasse assim...”

— Pfff. — Ele bufa alto. — Eu não quero brigar de novo com você, então... Eu já queria te pedir desculpas mesmo por causa de ontem... — Se vira novamente para olhá-la. — Me desculpe. Desculpe por ter te... Beijado...

 Lia se espanta.

— V-v-v-você não precisa se desculpar... — Diz corada e se apressa para complementar. — Na verdade vamos esquecer esse assunto! Você está doente, então cala a boca e durma!

 Rikku faz cara de emburrado e puxa o cobertor tampando o rosto.

 “Idiota! É bom mesmo que se esconda! Assim não olha para minha cara vermelha... Droga...”

 Passam-se alguns minutos quietos.

— Né... — Rikku quebra o silêncio. — Lia-chan...

— Ãhn...? — Pergunta dispersa.

 Ele coloca o rosto para fora do cobertor e segura a mão de Lia que estava apoiada na cama.

— Deita aqui comigo...? — Pergunta enrubescido.

 “O-o-o-o que?! O que ele acabou de dizer?!” se pergunta nervosa. 

 Porém, sem conseguir negar, acaba indo se deitar junto de Rikku. 

 Com o calor vindo do corpo dele, espantando o frio desse dia gelado, os dois acabam adormecendo.