Eu e meu melhor amigo estávamos sozinhos na minha casa, iríamos dar uma festa a noite e ele veio me ajudar. Meus pais sairam para nós podermos arrumar tudo. Como já era uma da tarde, ele estava fazendo o almoço. Afinal, minha coordenação me impede de mexer com fogo.
Estava corada, pois ele tinha parado de fazer a comida e tinha se colocado entre minhas pernas. Como estava sentada na bancada, fiquei da altura dele. Como ele é alto!
- Você já beijou? - ele perguntou enquanto colocava suas mãos em minha cintura.
- Não - murmurei envergonhada.
Ele, afinal, é meu melhor amigo. Então ele puxou-me delicadamente pela cintura até estar colada nele. Ele subiu uma mão para meu rosto e com o polegar acariciou minha bochecha e passou pelos meus lábios. Ele inclinou sua cabeça até ficar a centímetros da minha e sua mão foi do meu rosto para minha nuca, fazendo nossos lábios cortarem a distância quase inexistente e se encontrarem. Ele ficou em um selinho por alguns segundos, quando enfim pediu passagem. Sua lingua entrou cuidadosamente em minha boca. Não sabia o que fazer, mas consegui remotamente lembrar de que nos filmes a garota passa as mãos no pescoço do garoto. Fiz isso, e não resisti em entrelacar meus dedos em seu cabelo. Quando precisávamos de ar, ele separou o beijo dando uma mordidinha em meu labio inferior. Deu-me um selinho e pude ver o brilho em seus olhos.
- Gostou? - ele perguntou, cuidadoso.
- Sim. - falei enquanto sentia meu rosto ferver.
- Não fique com vergonha, Marie. - ele disse meu nome do meio, que só ele e meu avô usam.
- Okey. - concordei antes de pular da bancada.
Grande erro. Cai em cima dele, que soltou uma risadinha. Murmurei um "droga" e tentei me soltar de seu abraço. Mas ele limitou-se a me prensar na parede e me segurar perto de si pela cintura. Então ele foi com a boca perto de minha orelha.
- Acho que vou aproveitar a situação e te dar mais um beijo. - ele sussurrou e mordeu o lóbulo de minha orelha.
Então seus lábios percorreram o caminho de minha orelha, passando pelo pescoço e minha bochecha até chegar em minha boca dando leves beijos. Quando seus lábios encontraram os meus ele pediu passagem e me puxou para mais perto de si - o que era quase impossível devido ao fato de já estarmos colados.
Jay levou uma de suas mãos até as minhas costas, enquanto a outra apertava minha cintura. Minha mão direita estava em sua nuca fazendo carinho e a esquerda em seu cabelo.
Quando precisávamos de ar, ele desceu seus beijos até meu pescoço e ficou lá até eu - tentar - normalizar minha respiração. Quando seus lábios encontraram os meus novamente eu suspirei.
- Amy! James! - Diana nos chamou da sala.
Nos separamos e eu ajeitei minha roupa e meu cabelo, correndo para o banheiro para ver minha situação. Ouvi minha melhor amiga conversando com Jay e pensei em como ela quase nos pegou. Depois, é claro, eu contaria para ela. Mas depois que eu entendesse o que aconteceu.
Em toda a minha vida de 14 anos eu nunca tinha beijado. Meu melhor amigo James - ou Jay como eu o chamo - pode ser considerado o maior pegador da escola. Dois anos mais velho, com 16 anos, já tinha ficado com metade da população feminina da escola.
Tenho medo de ter sido só mais uma, mas isso teria que perguntar para ele depois. Encarei meu reflexo no espelho. Meu cabelo estava normal, minhas roupas arrumadas. Mas o inchaço em minha boca denunciava o que eu havia acabado de fazer: beijar meu melhor amigo.
Suspirei e sai do banheiro, indo em direção à cozinha. Encontrei Jay terminando o almoço e não vi Diana.
- Onde está a Diana? - perguntei.
- Foi deixar as coisas em seu quarto. - ele respondeu sem olhar para mim - Amy, sobre...
- Shiii! - cortei-o nervosa por ele falar algo e Diana ouvir - Depois conversamos, okey?
Ele concordou com a cabeça e colocou a comida em dois pratos.
Comemos em silêncio, e então Diana apareceu. Estava com um shorts de moletom e uma blusinha verde.
- Quem morreu? - ela perguntou, com uma sobrancelha levantada.
- Ninguém.
- Porque vocês estão assim?
- Assim como? - perguntei curiosa.
- Okey, desisto! Continuem a comer em silêncio... Mas eu vou ir arrumar lá fora. - ela disse e saiu pela porta de vidro.
- É verdade. Nós estamos em silêncio. - disse e ele assentiu.
- Nós conversamos quando ela estiver no banho, tudo bem? - ele disse. Foi minha vez de assentir.
Terminamos de almoçar e lavamos a louça. Joguei água nele e ele passou espuma no meu nariz.