Escrevendo Meu Livro escrita por Mrs Horan


Capítulo 5
4- "Kiss me"


Notas iniciais do capítulo

---> Boa leitura!



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“-Vocês aí que possuem coração – ele disse -, têm algo para guiar vocês, e nunca erram: mas eu não tenho coração então preciso tomar cuidado”.

                                      - O Mágico de Oz

Sabe aquela expressão “Preciso tomar um ar”? Bom, era isso que eu necessitava. Precisava de um ar, melhor ainda, precisava de todo o oxigênio daquele planeta naquele momento.

Nunca na minha vida alguém tinha me elogiado daquele jeito, nunca. Minha mãe vivia falando que eu era linda, que cantava bem, que meu nariz era perfeito e todo aquele blá, mas nem ela chegou algum dia a me elogiar daquele jeito.

Era um jeito totalmente íntimo, particular e poderoso. Fazia-me sentir com se fosse a menina mais linda e mais querida do universo. Se eu quisesse que me falassem que eu sou bonita eu poderia fazer isso em qualquer esquina por ai, as pessoas poderiam falar da boca pra fora, além disso.

Mas aquelas palavras saíram tão puras e tão particulares que me senti uma nova pessoa. Era como se eu tivesse acabado de descobrir algo que de alguma forma me mudaria, para sempre?

Escrever era mais que um hobby pra mim, era um estilo de vida, um jeito novo de ser. E saber que eu estava fazendo aquilo do jeito certo e de um jeito “mágico”, me dava uma confiança tão distinta de tudo que já experimentei.

Então ao escutar aquelas palavras saírem pela boca simpática de Mateus, minha vontade era de agarrá-lo e sair por ai berrando e pulando feito uma loca. Mas a realidade veio no meio e destroçou tudo isso.

Passaram-se muitas semanas, muitas provas e muitas horas desde o momento em que Mateus me dissera aquilo, e por aquele único motivo, decidi que não iria me separar dele, pois estar com ele era algo novo, inesperado.

Então passados seis meses desde a minha mudança, eu já estava totalmente adaptada. Ia à escola de bicicleta, passava os intervalos com o Mateus e a Amandda (minha nova melhor amiga) e de vez em quando com Alice. Fazia aula de inglês e também já tinha cartão fidelidade da biblioteca da escola, que me chamavam de “traça de livros”.

Mas algo não tinha mudado naqueles meses, o olhar de Mateus. Parecia que ele tentava alcançar algo que estava muito á frente, mas eu não deixava. Não posso mentir. Já tinha pensado na possibilidade de Mateus se interessar por mim, mas pensava que era tudo bobeira.

A Amandda vivia dizendo que ele gostava de mim e todo aquele blá blá blá todos os dias, e ela pensava que eu já tinha o dispensado há meses. Mas na verdade, eu nunca tinha falado francamente com Mateus sobre aquele assunto. Parecia até o assunto proibido.

Muitas meninas o pediam em namoro e ele recusava, ainda que com muita pena. Ele vivia me dizendo que nunca aceitaria o pedido de namoro de nenhuma daquelas meninas, pois segundo ele “elas não eram a garota certa para ele”. Mas quem era a garota certa para ele?

Eu nunca tomava a coragem para dizer isso para Mateus. Tinha medo que as suspeitas de Amandda estivessem certas. E se ela fosse essa “garota certa”? O que diria? Eu gostava demais do Mateus para deixar em risco nossa amizade por algo bobo desse jeito.

Por isso, não me importava muito quando Amandda insistia em tentar “abrir meus olhos”. Eu queria poder dizer que sentia algo do tipo pelo Mateus, mas a única coisa que sentia era borboletas no estômago toda vez que ele dizia o quanto eu estava bonita ou o quanto ele achava que eu era inteligente.

Eu queria sentir mais, porém não tinha coragem. Tinha medo do que poderia vir, tinha medo do destino que poderia tomar. Por que de fato, eu estaria colocando tudo a perder. Tudo que ela se importava de verdade estaria em risco.

Mas naquela sexta-feira, não fui eu quem pôs tudo a perder. Foi Mateus.

Ele chegou pra mim na última aula, com aquele sorriso tímido querendo falar comigo. Aceitei, obviamente.

“Então... Oli, você tem alguma coisa nesse sábado? Quero dizer, amanhã?”- disse ele se atrapalhando um pouco com as palavras. –“sabe, seis meses atrás eu descobri que você escrevia e desde então me dediquei ás aulas de redação para quem sabe poder um dia escrever...”.

Achei aquilo lindo, e sinceramente, muito romântico. Era bom saber que ela valia a pena a tal ponto. Ela ia responder que não tinha nada no sábado, quando ele terminou a frase inacabada de um jeito tão tímido que quase caí dura no chão frio da escola.

“Para quem sabe um dia escrever... Com você.”- ele parecia muuuuuito sem graça, e desviou seu olhar do meu. Eu adoraria escrever com ele, porém era algo tão íntimo que tinha medo de não ser corajosa o suficiente para tal.

“Claro, eu... adoraria sair com você amanhã...” – disse calmamente, tentando encontrar o olhar de Mateus – “Aonde nos vamos nos encontrar?”.

“Eu vou ao seu prédio pode deixar...” – então ele saiu de perto de mim e foi sentar em seu lugar.

Depois da aula, tentei conversar com ele, mas ele foi embora tão depressa que nem vi sinal dele. Apenas esperava que o dia seguinte valesse tanto á pena assim.

Ao chegar a casa, fiz a tarefa e estudei um pouco. A matéria não era tão fácil assim. Mas depois, não tinha mais nada pra fazer. Abriu seu notebook e entrou no Skype que era mil vezes mais moderno que o velho MSN.

Surpreendi-me ao ver o Mateus online, e pulei de alegria, poderia perguntar mais sobre o nosso encontro...

Olivia: Oi... Então que horas você vem aqui?

Mateus: Umas 14h00 pode ser?

Olivia: Claro... Então, tem lido algum livro ultimamente?

Mateus: Não... Mas tenho escutado umas músicas muito boas.

Olivia: Quais?

Mateus:  “Won’t Go Home Without You” do Maroon 5.

Olivia: Ah, sei. Eu amo essa música. Tenho ouvido a “Kiss Me” da trilha sonora de Dawson’s Creek.

Mateus: Hmm sei. Essa música parece se identificar bem com o que estou desejando. Tenho que ir, até amanhã.

Olivia: Até!


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