Break escrita por AnaAraújo


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Boa leitura.



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Aqueles olhos. Eram negros, profundos, um breu. Escuros como o buraco na minha memória. Eu tinha certeza de que nunca tinha visto aqueles olhos na minha vida, mas eles me causavam uma agonia tão dilacerante, que tive que reprimir um grito.

– Você está bem?

A voz do garoto me trouxe a realidade, eu pude me afastar e assentir rapidamente. Fiquei com medo de reerguer os olhos, mas mesmo assim o fiz. Na minha frente estava um garoto alto, de ombros largos e rosto quadrado. Tinha cabelos claros e espetados para cima e sobrancelhas grossas e douradas, tensas sobre os olhos pretos.

– Desculpe pelo encontrão, eu estava com presa.- A voz dele era firme, porém calma.- Espero que você esteja bem. Eu sou Thomas. Como você se chama?

Abri a boca para responder, mas a fechei.

– Você consegue falar?

Franzi as sobrancelhas.

– Claro que sei falar.

– Então, como posso chamar você?

Minha mãe virou a esquina e me viu falando com Thomas. Acelerou o passo, chegando até em mim.

– Rebecca, o que você está fazendo aqui?- Perguntou, ignorando a presença de Thomas.- Afinal, quem é esse sujeito? Ele está te incomodando?

– Vamos mãe, te explico no carro.

Viro-me puxando minha mãe pelo braço. Quando estava a ponto de seguir á esquerda, viro-me para trás e digo:

– Becca. Pode me chamar de Becca.

Thomas sorriu, e continuei meu caminho sem retribuir.

Quando cheguei no carro, minha mãe obviamente me exigiu uma explicação sobre eu estar falando com um estranho, que para mim não era um estranho. Thomas parecia um garoto legal, queria conhece-lo. Mas eu não podia olhar naqueles olhos, eram tão desconfortáveis, a ponto de me causar agonia.

Finalmente chegamos em casa, cumprimentei meu pai e fui direto para o quarto. Não queria falar com ninguém, e simplesmente queria tentar lembrar.

Fiquei forçando minha mente a recordar, mas aquela merda das benzodiazepinas estava me impedindo. Eu queria poder lembrar o rosto do sujeito, e coloca-lo no lugar dele. Na cadeia.

Ouvi uma batida na porta.

– Mãe, me deixe em paz, por favor.

– Me deixe entrar, Becca.

Reconheci aquela voz imediatamente. Abri a porta e puxei Jodie para dentro. Não falei mais nada, apenas a abracei e enterrei meu rosto na curva do seu pescoço. Não impedi que as lágrimas se rompessem.

Me sentei na cama e Jodie sentou ao meu lado.

– Estou tão cansada disso tudo.- Falei, soltando um suspiro.

– Vai ficar tudo bem.

– Não tenho tanta certeza disso.- Realmente, eu não tinha.

– Becca, eu vou te ajudar, estarei aqui sempre. Pode me pedir qualquer coisa.- Falou, e logo me envolveu em um abraço apertado.

– Obrigada.

– Como foi lá no médico?- Perguntou com receio.

Expliquei tudo a Jodie, que prestou atenção em cada detalhe.

– Então, como você vai lembrar do tal sujeito?- Perguntou.

– Não sei. Mas não vou desistir, eu vou correr atrás disso.- Falei e pensei em como faria isso.- Você vai me ajudar?

– Eu sou obrigada, não é?

Sorri e a abracei mais uma vez, batendo o nosso recorde de abraços em menos de uma hora.

– Mas, primeiro vamos relaxar, assistir um filme e agir como adolescentes normais.- A voz de Jodie assumiu um tom sério.

Eu ri e concordei, nos ajeitamos debaixo das cobertas para ver algumas coisa na TV. Assistimos "As vantagens de ser invisível", e assim que os créditos começaram a rolar, olhamos uma para a outra e caímos na risada. O porquê, ninguém sabe, mas estávamos rindo, felizes, e isso era maravilhoso.

Jodie foi embora algumas horas depois, e assim que fechei os olhos, meu pensamentos voltaram.

Lembrei-me de Thomas, e seus intrigantes olhos. O que havia de errado com aquele par de escuros e perigosos olhos?

A ideia de que talvez aqueles olhos fossem os mesmo do meu agressor fez as palmas das minhas mãos suarem, e me remexi de um lado para o outro.

Pensei nas diversas formas de reconhecer um bandido, e repassei mentalmente todos os filmes policiais que já assisti, selecionando os planos. Todos pareciam incríveis demais para meus recursos limitados. Eu não era uma heroína, era só uma garota com amnésia.

Remexi-me pelo que parecia horas, até uma luz piscar na minha cabeça.

Havia chances, pequenas chances, mas ainda significavam esperanças.

Uma ideia tecia a outra, e quando me dei por conta tinha um planejamento inicial, e comecei a desenvolve-lo na minha cabeça.

A agitação dentro de mim se acalmou.

Quando senti minha mente finalmente em paz, o sol já havia nascido.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam do capítulo e da fanfic. Obrigada.



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