“Anne estava caminhando pela beira da praia, olhando o por do sol. Quando ela visualiza um homem, parado, olhando para o mesmo por do sol. Logo que reconhece o homem, ela corre e o abraça. Ele a abraça de volta e sussurra em seu ouvido:

– Feliz aniversário Anne. Eu te amo nunca se esqueça disso.

– Nunca irei esquecer. Também te amo pai.”

Anne levanta bruscamente da cama, em choque com o sonho que teve. Ela relembra o que foi dito no sonho e pega o seu celular. 10:23h do dia 12 de novembro de 2013. Ao mesmo tempo em que ela ficou feliz, ela também ficou triste. Feliz, pois era seu aniversário. Triste, pois era o primeiro aniversário que ela passava sem o seu pai. Ela estava tão distraída em seus pensamentos, que nem viu Johnny entrar no quarto.

– Tudo bem?

– Sim, só pensando.

– Hum. Aqui, para você. – Disse, tirando de trás de si um pacote retangular.

– Obrigada, mas por quê?

– Achou mesmo que eu ia esquecer o seu aniversário?

– Não. Mas só você sabe certo?

– Na verdade, até as 09:00h era só eu sim. Por quê?

– Por nada, só curiosidade.. – Ela abriu o pacote que Johnny lhe deu e viu um porta retrato folheado a ouro com uma foto dela e do pai dela. No porta retrato estava gravado o seguinte: “Amor Eterno e Verdadeiro”. Ela disse: Obrigada Johnny. É lindo. – De repente eles ouvem um grunhido. Ela diz timidamente: Vamos descer? Eu estou com fome.

– Vamos. – Ele estendeu a mão para ela e eles saíram do quarto abraçados.

Eles estavam descendo a escada quando viram Rick e Alexis correndo pelo loft com armas de laser tag, coletes e óculos. Estava muito divertido até Rick esbarrar em um vaso e quebrá-lo.

– Uuuh, esse não era o vaso favorito da Martha? – Perguntou Johnny.

– Era sim. – Responde Rick, com uma cara apavorada.

– O que houve a... Isso não é nada bom. – Disse Kate, imaginando o resultado.

– Quem quebrou o meu vaso? – Questiona Martha. Alexis, Anne e Johnny apontam para Rick.

– Oh Richard, eu já falei para você ter cuidado quando estiver brincando com alguma criança.

– Sim mamãe, me desculpe. Eu compro um vaso novo à tarde ok?

– Acho que não vai ser necessário. – Diz Anne.

– Como assim? – Pergunta Alexis.

– Onde fica a loja de ferragens mais próxima?

– No fim da rua, mas... – Kate ia terminar de falar, mas Anne já havia ido. – Com que frequência ela some assim mesmo? – Questiona para Johnny.

– Quando dá na telha ela faz.

Alguns minutos depois ela aparece com uma cola industrial. Ela pega os pedaços do vaso, passa a cola e em questão de segundos, parece que nada aconteceu.

– Como você...? – Pergunta Rick.

– Quando se é adolescente e passa muito tempo sozinha, tem que saber alguns truques. – Todos olham para ela interrogativamente. – Eu dava muitas festas. Coisas se quebravam.

– Falando em festas... – Começa Kate, a abraçando. – Feliz aniversário.

– Obrigada. Mas como você ficou sabendo?

– Um passarinho nos contou. – Fala Rick. – Mas diz, o que você quer de aniversário?

– O que eu quero é algo que ninguém pode me dar. – Disse, com o olhar triste.

– Realmente não podemos trazer seu pai de volta. – Disse Kate. – Mas você sabe que ele está cuidando de você certo?

– Certo. Mas eu estava me referindo a uma Harley Davidson CVO Breakout.

– Quem diria, fã de motos. Legal. – Diz Rick. – A Kate tem uma, ou teve.

– Ainda tenho. Se quiser eu mostro.

– Sério? – Os olhos dela estavam radiando alegria.

– Sério. Mas agora, café da manhã. – E foram tomar o café.

Assim que terminaram a refeição, Anne diz:

– Eu preciso fazer uma ligação, já volto.

Todos olharam para Johnny, que perguntou:

– O que?

– Ah, sei lá. Só por que ela anda estranha ultimamente? – Pergunta Alexis.

– Ai meu pai, o que é pior: Eles ou a Anne com raiva de mim? Vejamos, a Anne pode atirar em mim, mas a Kate também. Anne sabe coisas sobre mim que se outras pessoas soubessem me matariam. Não vou dizer nada!

– Jonathan, ela não vai saber de nada. Só diga. – Falou Kate pacientemente.

– Tá bem, mas isso não sai daqui. Ela não foi visitar uma amiga ontem, ela foi acompanhar a leitura do testamento do pai dela. Ela descobriu que o pai dela economizou uma quantia absurda em dinheiro só para deixar de herança para ela, que, aliás, herdou tudo sozinha. Ela então decidiu usar a herança para pagar o tratamento de uma tia que sempre foi apaixonada por ela. Mas ela terá que vir de Vermont. Mais alguma coisa?

Todos ficaram surpresos com que Johnny acabara de dizer. Mas acharam muito bonito e altruísta da parte dela. Então sorriram. Até que Anne voltou e viu a cena, então falou:

– Você não sabe ficar quieto né? – Olhou para Johnny fingindo estar furiosa.

– Não briga com ele. – Começou Rick. – Nós o forçamos a dizer.

– Eu sei. Vocês não falam muito baixo sabiam disso?

– Então, tudo bem? – Pergunta Johnny, receoso.

– Sim, você me poupou de um tempo enorme em silêncio até eu conseguir falar. A propósito, hoje ao final da tarde, eu vou ao cemitério. Quem quiser falar comigo neste horário, já sabe.

– Claro, mas esse assunto tá ficando meio depressivo. Que tal se nós formos dar uma volta no parque? – Perguntou Alexis.

– Pode ser. Vocês vêm? – Perguntou aos adultos.

– Não. Vão vocês. Vai ser bom se vocês passarem um tempo juntos.

– Ok. – Então eles saíram.

No meio do caminho, Johnny sugeriu que Alexis ligasse para o Chad, para que ele os acompanhasse. Mais tarde ele os encontrou na mesa de piquenique do parque. Alexis apresentou ele para o outro casal. Eles conversaram bastante, se conhecendo mais. Até que Anne disse:

– Você é um cara legal Chad. Mas se magoar a Lexi, não verá a luz do dia novamente. – Disse em um tom sério, que assustou o rapaz. Mas ela não se conteve e começou a rir. – É brincadeira. – Eles riram junto. Mais tarde deram uma caminhada pelo quarteirão até que Anne viu o horário: 17:12h. Ela se despediu do casal e foi até o cemitério. Johnny a acompanhou.

Chegando lá, ela vai até a administração e negocia com o agente funerário e o administrador do cemitério a data e o horário de um funeral. Em seguida ela sai da sala e diz a Johnny:

– Eu quero passar em mais um lugar antes de ir. – Ela se direciona até um túmulo onde dizia:

“Agnes Smith Jones, * 24 de Outubro de 1938, + 12 de Novembro de 1999.”

– Ela morreu no dia em que você nasceu? – Pergunta Johnny.

– Sim. As pessoas na minha família dizem que ela morreu para que eu pudesse viver, mas eu prefiro não acreditar nisso. Faz parecer que não tinha espaço aqui para nós duas.

– Sinto muito.

– Obrigada. Vamos?

Johnny assentiu. Eles foram caminhando lentamente até o loft. Quando chegaram, encontraram todas as luzes apagadas. Anne acendeu e ouviu um grupo de pessoas gritando:

– Surpresa!