A primeira aula foi extremamente chata. Ainda mais por alguém que não conseguia parar na cadeira, como eu. Estava muito ansiosa para executar nosso plano maligno. Eu tinha toda a certeza do mundo que iria acabar com 40% da popularidade de Jeremy. Já que para ele isto é sua “vida”, para mim é considerado seu “ponto fraco”.

O mais chato da aula foi que tive de aturar o filho de Lúcifer o tempo todo me passando “cantadas”. Foi por um fio que não meti um soco em seu rosto, mas então o sinal tocou.

Estava realmente muito ansiosa para humilha-lo na frente de todos do refeitório. Embora isso me rendesse uma boa detenção, eu não estava nem aí. O que é uma em um milhão?

Encontrei com as meninas no corredor. Carol e Kera saíram correndo para ir até a cabine do rádio. Podemos vê-la facilmente já que fica pouco acima das paredes do refeitório com um vidro o qual mostra tudo lá dentro.
Camila entregou-me o megafone e entrei no refeitório, assim que as meninas desejaram-me sorte.

Agora, só aguardava o sinal.

Observava as pessoas ao redor, sentadas em suas mesas conversando. Será que o plano daria certo? E se Car e Kera fossem pegas antes do tempo?

E então uma luz veio do refletor atingindo as paredes ao lado das portas, de forma que as imagens que passassem pudessem ser bem distinguidas. Agora, algumas pessoas observavam sem entender.

Então, como o combinado, Jéssica desligou as luzes atraindo atenção dos ali presentes. Camila veio correndo até a porta do refeitório e fez um certinho com a mão. Era o sinal de que eu poderia começar, enquanto ela dar-me-ia cobertura, caso algum professor interrompe-se.

Subia em cima de uma mesa atraindo atenção de todos.

– OLÁ PESSOAL! – disse. – PARA QUEM NÃO SABE, SOU ALICIA. A GAROTA QUAL UM FILHO DE LÚCIFER APOSTOU QUE CONSEGUIRIA “DORMIR” COMIGO. MAIS CONHECIDO COMO JEREMY! – Apontei para o ser dos infernos que me olhava surpreso. – APOSTO QUE MUITOS DE VOCÊS DEVEM ESTAR CIENTES DESTA APOSTA. – Desci da mesa enquanto andava ao redor do refeitório sendo seguida pelos olhares. – ENFIM, ELE ACHA QUE PODE DORMIR COM TODAS AS GAROTAS DA ESCOLA?, SÓ POR QUE ELE É POPULAR? ACHA QUE NÓS SOMOS O QUE? FANTOCHES? – Algumas garotas ao redor (devo dizer a metade) protestavam dizendo “é”, “sim, ela está certa”, “ele não é tão gostoso assim”, “não está com nada”, “ele é um babaca” e “Mané” entre outros murmúrios. Já garotas que se encaixavam em outros padrões (devo dizer, “populares” faziam cara de cu). – QUEM ELE PENSA QUE É PARA DIZER QUE PODE NOS FAZER CAIR AOS SEUS PÉS? POR QUE, QUE EU SAIBA ELE FAZ ISSO TODO ANO!

Mais murmúrios contra ele eram ouvidos. Até de alguns garotos, veja só. O plano estava dando certo.

– É! VAMOS MATA-LO! – Gritou uma menina ao fundo. Outros murmúrios em concordância foram ouvidos.

– ESPEREM MENINAS, ESPEREM. TENHO UMA SURPRESA A FAZER. PEGUEM ELE DEPOIS, SIM? – As mesmas vozes acalmaram-se, interessadas. – O OUTRO PONTO É: BECKER NÃO AJE SOZINHO. – Mais murmúrios foram ouvidos. – ELE TEM A AJUDA DE RACHEL! ISSO MESMO, A GAROTA QUAL NOS QUER AJOELHADAS AOS SEUS PÉS!

– VAMOS MATA-LA! – Gritou a mesma garota de antes, seguida de acedências.

– ESQUEÇAM! NÃO IREMOS PARAR NA CADEIA POR TÃO POUCO. OLHA O IBAMA PESSOAL! – Alguns riram.

– QUEM VOCÊ ACHA QUE É PRA FALAR ASSIM DE MIM? – Gritou Rachel.

– A, CALE A BOCA QUE ESTOU FALANDO, FRUTO DE UMA EJACULAÇÃO PRECOCE. – A interrompi, sem chances de intervir. - CONTINUANDO, AGORA TEMOS ALGO IMPORTANTE A MOSTRAR. PARECE QUE JEREMY E RACHEL NÃO SÃO TÃO “GOSTOSOS” ASSIM. – Fiz aspas no ar. – APERTA PLAY!

E então, começou. Rachel e Jeremy estavam apavorados, enraivecidos, envergonhados, vencidos.

Os olhares não se desgrudavam da tela.

– Jeremy, não está adiantando.

– Isso...

Estava muito bom para ser verdade. Os alunos olhavam a cena chocados. Incapazes de acreditar que Rachel não era tão “gostosa” a ponto de excitar alguém e que Jeremy... Bom, Jeremy havia brochado.

– Jeremy não dá! O que aconteceu? Eu não sou atraente o suficiente?

– O que? Rachel não...

– Até amanhã.

– VEJAM SÓ PESSOAL! – Retornei a falar. – BECKER É BROCHA! RACHEL NÃO É TÃO GOSTOSA ASSIM!

Muitas pessoas (denominadas, por mim, legais), explodiram em gargalhadas. Os dois não sabiam o que fazer. Esboçavam muitas expressões ao mesmo tempo.

– VAMOS PEGA-LOS!

– É! – Gritaram as meninas e os demais.

E então, a briga havia começado. Pessoas corriam atrás de Rachel (menoria) enquanto ela fugia pela porta do refeitório com uma multidão enraivecida atrás dela. Acredito que a mesma teria indo até mim puxar briga se não fosse pela “multidão a procura de uma boa bagunça”.
Outro grupo dividiu-se para bater em Jeremy, e eu estava nele. Minha raiva havia voltado com mais energia que antes. Mas, acredito que meninas enraivecidas correndo atrás dele é uma cena comum, pelo menos para Becker.

Só então, pude perceber o que havia se tornado o refeitório. - O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

– Eixe, danou-se. – Ouvi alguém murmurar.

. . .

No resumo, apenas eu e as meninas pegamos o mais pesado. Duas Semanas de detenção. É tanto faz. O fato é que nos divertimos MUITO e minha vingança havia sido executada com sucesso. Essa seria a primeira de muitas, pois com certeza eles revidariam.

Apesar de não ter o pego, mesmo com um exercito de meninas revoltadas (alguns até gays), eu sabia que não me faltavam oportunidades. Afinal estamos em um país livre e eu bato em quem eu quiser, embora isto não faça total sentido.

Bufei olhando-me no espelho. Havíamos ficado cumprindo a detenção, ou seja lá o nome que se dá pra isso. Fazendo deveres no inferno, talvez.

O horário da detenção havia acabado. Havia aproveitado para passar no banheiro enquanto as meninas iriam me esperar lá fora. Assim que sai na porta, algo gosmento e líquido se chocou com o meu corpo. O tal líquido forçava meus cílios; com dificuldade abri os olhos e pude ver que estava coberta dos pés a cabeça com tinta vermelha.

– Ops.

Observei Jeremy com um balde de tinta vermelha em mãos, e logo ao lado dois garotos, Edward e Saron.

Ah, essa não ficaria assim não.