Cap 24 - Mesmo que as trevas encubram o seu coração, a luz há de surgir novamente.

Pessoas assombradas com o que viam se escondiam em suas casas; os donos de bares e lanchonetes fechavam seus pontos de comércio; aqueles que conseguiam saiam o mais rápido possível para bem longe do abate. Mais uma guerra assolava aquele distrito. Kabuki-cho, mais uma vez, virara o inferno.

Nos arredores do bar da velha Terada o exército de Sousuke lutava contra os homens de Katsuo. Várias mortes haviam ocorrido em ambos os lados.

Os dois membros jovens do Yorozuya acompanhados do Primeiro Capitão do Shinsengumi lutavam contra alguns desses homens de Osaka. A Shimura, mesmo contra vontade, lutava ao lado do Comandante do Shinsengumi, pois ela, assim como todos, puderam perceber que esses homens eram altamente treinados, eram verdadeiros mercenários. Todos estes estavam ajudando a acobertar o Fukuchou do Shinsengumi e o líder do Yorozuya.

Hijikata lutava com dificuldade contra o principal aliado de Sousuke, Ishida Takumi. Este apesar da idade, mostrava-se tão bom quanto o Fukuchou Demoníaco. Não importava de qual lado Toshiro tentasse acertá-lo, ele conseguia bloqueá-lo e rebater o ataque. Um certo momento Takumi acertou Hijikata no ombro esquerdo, fazendo um corte longo e profundo, apesar da imensa dor, Hijikata aproveitou a minúscula abertura criado pelo ataque e mirou no abdômen de Ishida, este percebendo o lugar onde seu rival mirava tentou desviar do ataque, mas, o moreno havia conseguido acertá-lo mesmo que um pouco, fazendo Takumi recuar.

– Você... Sua habilidade realmente faz jus a seu nome, Fukuchou Demoníaco. - Takumi estava ofegante e com a mão em seu ferimento. Estava surpreendido, pois achava que o apelido de demoníaco era chacota.

– Você também é bem habilidoso. Poucos conseguem desviar deste meu ataque. - Hijikata também estava ofegante e com a mão em seu ferimento, a diferença era que ele estava desgastado."Como ele consegue atacar e bloquear com tanta força e eficiência com esta idade?!" era o que ele se perguntava.

– Haha... Você deve estar perguntando como bloqueando e atacando tão bem, não é?

– Oe, oe, você pode ler mentes também? - Perguntou Hijikata ironicamente.

– Posso desvendar essa pergunta pelo seu olhar. Para você um "velho" como eu, veterano de guerra, não devia ter tanta força. Pois vou lhe contar porque. Esta no sangue. Um sangue puro e de elite. Essa é a força de um Samurai. Um caipira como você não entenderia isto.

– Sangue?! Elite?! - Respondeu Hijikata após um longo tempo de silêncio. "De novo com essa história de sangue e elite". - Para vocês que se dizem samurais é tudo sobre sangue e elite, não é?

– "Dizem ser samurais"?! Eu sou um samurai, de uma das mais tradicionais famílias deste país. Eu sou um verdadeiro samurai.

Para Hijikata essa luta era questão de honra. Não aceitaria mais que alguém o dissesse que para ser um verdadeiro samurai precisava de sangue e linhagem especial, caramba, bastava aquele idiota que vivia falando de elite e elite.

– Vou lhe mostrar então que sangue não é tudo. Que a força de um samurai não vem de seu sangue e sim da PORRA DA TUA ALMA.

E Hijikata partiu, novamente, ao ataque. Takumi com um sorriso sarcástico e quase imperceptível, também voltava a atacar o Fukuchou do Shinsengumi.

No centro desse pequeno inferno na terra, enquanto Sousuke era atendido por um de seus homens, logo em frente a lanchonete da Otose, o samurai prateado lutava com o samurai loiro.

Ambos estavam firmes em seus ataques, mas ainda assim já se encontravam feridos. Não havia uma previsão de quem sairia vencedor.

Gintoki tinha noção disso, afinal ele havia matado Sawari. Ela não era fraca, era tão forte e experiente quanto ele, e poderia ser até mais, mas o albino nunca descobriria se isso era verdade.

O samurai prateado tentava de todas as formas se manter focado na luta e não ficar tão preocupado com os outros. Ele tentava colocar em sua cabeça que eles dariam contar. Porém Gintoki também tinha conhecimento de que Sousuke não traria quaisquer homens para acompanhá-lo. O velho não era tolo. Para vim atacá-lo ele traria apenas os melhores dos melhores.

Num momento em que Gintoki virou um pouco seus olhos para Shinpachi e Kagura o loiro aproveitou-se disso e direcionou a katana no braço direito do albino, por muito pouco não decepou o braço inteiro, mas deixou um corte profundo no bíceps de Gintoki. Segurando a dor, o albino, com a katana rente a perna esquerda do loiro acertou-o fazendo recuar um pouco. Entretanto, logo estavam os dois, novamente, cruzando as katanas.

– Por que você ainda luta Shiroyasha? - O loiro aproveitou da aproximação deles e fez essa pergunta ao albino, que não entendeu muito bem, e mostrou isso em seu rosto, fazendo com que o loiro lhe perguntasse novamente. - Por que você ainda luta? Não vê que não tem mais chance para vocês? Koshiro já não luta mais. Nozomi está morta. Por que você ainda insiste?

Gintoki se manteve em silêncio. Se afastou brevemente para dar outro golpe no loiro mas foi bloqueado e Ryuugo rebateu o ataque, e foi a vez do albino bloquear e novamente as katanas se cruzaram.

– Luto por que eles não estão mais aqui para lutar. Pouco me importo com o que acontece em Osaka. Pouco me importo se Sousuke ainda quer me matar por achar que sou um obstáculo para ele. Pouco me importo com qualquer coisa que envolva vocês. Mas eles dois. Para eles dois. Isso era importante. Diferente de mim, eles nunca esqueceram o que aconteceu. Pessoas importantes para eles morreram na frente deles. Eles sofreram por causa disso. Kyo perdeu a mãe morta pelo próprio pai. Sawari perdeu a mãe e aquele que ela considerava como pai. E, agora, eles não podem se vingar disso. Mas eu... Eu vou vingá-los. Pela amizade de Kyo. Pela vida de Sawari. Eu vou matar todos vocês.

Após dizer essas palavras Gintoki atacou novamente Ryuugo. O embate deles continuou. Mas uma coisa o albino não percebeu e nunca saberia: um discreto, mas sincero e amigável, sorriso desenhava o rosto do loiro. E também de duas pessoas que se encontravam num telhado a uma razoável distância dos dois samurais. Duas mulheres. Ou assim pode dizer.

– Ele cresceu tanto, não é? Me dá tanto orgulho. E pensar que antes ele mal se importava com você e meu amado Kyo.

– É verdade Akari-chan. Ele realmente cresceu. Cuidado com o que fala sobre Kyo. Sabe que Yuka-chan não gosta.

– Ela não precisa se importar você sabe disso. Mas quando ela sair do caminho Kyo será meu. - Disse a loira com os olhos de um psicopata.

– Akari-chan, as vezes você me dá medo. Mas é melhor irmos andando, não vamos prolongar isso mais. - Dizendo isso a outra mulher começou a saltar entre os telhados e se aproximar mais do embate.

– Medo? Duvido. Afinal não você que era conhecida como Shi no seigyo*.

Dito isso a loira se juntou a outra mulher.