Acordei quando tudo já estava escuro. Eu não me lembrava ao certo o que havia acontecido.

- Na... Naruto...

Não houve resposta. Eu apalpei a cama e não o encontrei. Ainda estava sonolenta, dormi novamente tão rápido que nem me lembro se tive tempo de pensar em alguma coisa.

Eu andava como uma louca por um deserto, o calor era insuportável, mas eu tinha que correr. Eu sentia algo gelado em minha mão, quando olhei, vi que era um copo de água. Eu olhava para ela maravilhada, eu não queria perder meu tempo pensando em como ela tinha vindo parar em minha mão, eu só desejava bebê-la.

De repente eu jogo o copo no chão. E começo a chorar, vendo os pedaços de vidro jogados na areia, cortando meu pé. O calor ficava cada vez mais intenso, e minhas esperanças iam se acabando a cada passo dado. Eu gritava e chorava cada vez mais, até o vê ao longe. Mais lindo do que nunca ele me perguntava:

- Por que você fez isso?

Acordei suando, muito desconfortável. Não demorei muito para perceber que no quarto estava Naruto e mais uns dez empregados olhando para mim assustados.

Eu não sabia o que falar. Ficamos todos num silencio mortal, quebrado por Tenten que chegava apressada com um copo na mão.

- Aqui está a água, aqui está... – ao perceber o clima que estava no quarto, ficou parada olhando para mim.

- Você está se sentindo bem?- pergunta Naruto para mim.

- Estou. Estou ótima. – falei tentando disfarçar meu nervosismo.

- Por favor, todos se retirem. - pediu ele.

Tenten antes de ir entregou o copo para Naruto.

- Por que todos estavam aqui, me encarando daquele jeito?

- Estamos todos muito preocupados com você. Depois de ter desmaiado daquela maneira, uma coisa que ainda não consegui entender, gritar enquanto dormia...

- O que foi que eu gritei? – perguntei sem conseguir disfarçar o medo.

- Você pedia por água. Gritava desesperada que não sabia, que não sabia... Pedia desculpas... mas o que você mais pedia era água, você gritou tantas vezes que eu mandei pegar... besteira minha, eu sei que foi um sonho... – eu realmente estava com sede. Talvez pelo sonho ter sido tão real.

- Me dê, por favor. – eu estendi as mãos tremulas. Depois de tomar o primeiro gole, me virei para o lado da cama oposto a Naruto e vomitei tudo. Fui tomada pelo susto. Não tive coragem de olhar sua reação, eu estava extremamente envergonhada.

- Naru... Saia daqui. Saia, por favor.

- Eu vou chamar um médico.

- Não... Por favor, não faça isso.

- Então ficarei com você.

- Saia. - fui firme, ele não poderia recusar essa ordem.

Ao ouvi o som da porta se fechando, soltei as lágrimas que prendia. A água tinha sido derramada no chão. Fitei o copo vazio ainda chorando, o joguei na parede.

                                                      * * *

Passei o resto do dia de cama. Repleta de atenção e cuidados... isso ainda era novo para mim. Já disse que não vim de família importante, e o quanto me arrependo de ter me mudado para esse novo mundo. Já estávamos no meio da tarde quando recebi a visita mais esperada por mim. Seus olhos falavam por ele, era uma expressão de tristeza, mas não de pena como a maioria das pessoas.

Ele fechou a porta olhando sério para mim.

- Parabéns mamãe. – ele falou sem mudar sua expressão.

- Como?

- Sabe bem do que estou falando. Você está grávida, não está? Conseguiu o que queria: um herdeiro. Meus parabéns.

- Não! Da onde tirou essa idéia? – eu falava nervosa, pois agora eu constatava que era uma possibilidade, as lágrimas escorriam. – Não pode ser! Um filho? Eu não quero um filho!

Alguém bateu na porta.

- Sakura? Posso entrar? – era a voz de Naruto.

Eu olhei desesperada para Sasuke, que já estava ao lado da janela.

- Não há risco. - ele saiu pela janela, mais rápido do que meu adeus. 

- Pode sim. – respondi a Naruto

- Está melhor? – falou entrando.

- Estou.

Ele se sentou na cama e pegou minha mão.

- Não sabe como fico preocupado com você nesse estado. – ele pos minha mão no seu peito depois de beijá-la. – você não é feliz aqui comigo?

Por um momento, não soube o que falar.

- Porque pergunta isso? – falei olhando para baixo

- Por que é impossível alguém sofrer tanto sendo feliz. – Eu fitei seus olhos, meio confusa.

- Eu... quem, quem disse que eu sofro? Da onde tirou isso? – forcei um sorriso.

- Você chora quase todas as noites, tem sonhos perturbadores, se isola nesse quarto, não têm amigas... e... as noites, quando ficamos juntos, parecem te torturar.  

- Me desculpe – falava chorando- eu gostaria de ser melhor para você.

- Você é a melhor para mim.

Aquelas palavras doíam, pois eu sabia que não era. Passei a noite sem chorar, pensando naquela rápida visita de Sasuke, na conversa com Naruto, nos meus sonhos, na minha droga de vida. O meu sofrimento que crescia a cada dia, e que não iria embora até eu me despedir desse mundo, me matava aos poucos, eu via isso, e já tinha aceitado. Mas enquanto eu vivesse, decidi que faria feliz aquele que me amava.

Dormi muito pouco.