Para Sempre. escrita por BiancaViglioni, Lucca Americano


Capítulo 8
Inferno.




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POV.:Violetta.

– Noah? Noah? O que está fazendo aqui? - perguntei, enquanto ele entrava pela janela do meu quarto.

– Oi, Violetta. Você está bem? - perguntou ele, chegando perto.

Me afastei um pouco, pois ele estava tão perto que se nos mexêssemos, nossos lábios roçariam um no outro.

–Estou bem, mas, por que está aqui, no meu quarto uma hora dessas? Como soube que eu morava aqui?- perguntei.

– Isso não importa. - disse, pegando minha mão. - Só quero estar perto de você.

– Mas eu não entendo. Você está saindo com Angelline. Você a beijou, não foi?

– Ah, ela não faz diferença. Não comparada a você, Violetta. O beijo dela é duro e seco. Falta amor... e desejo.- disse, colocando a mão na minha nuca, segurando meu cabelo e me puxando mais perto.

Ele me beijou. Calorosa e rapidamente. Senti sua mão passando por todo o meu corpo, deixando um rastro de fogo. Retribuí seu beijo. Começamos a nos mover para a cama, descontrolados.

Acordei abruptamente. Sentei-me na cama e senti uma pontada na cabeça. Não havia passado de um sonho estúpido. Não aconteceria, assim como Angelline dissera, eu nunca teria chances. Olhei as horas, quatro horas da manhã. Deitei-me e voltei a dormir. Não sonhei mais, e a ideia era aconchegante, pois não queria mais nenhum minuto pensar em Noah, muito menos em Noah com Angelline. Era repulsivo.
Acordei novamente às sete horas da manhã, tomei banho e café, peguei o carro e fui pra escola. Cheguei na sala e sentei-me ao lado de Jess de novo, pois Angelline estava no meu lugar, ao lado de Noah.

As primeiras aulas foram interessantes. Não teve aula de português, ou seja, não fui obrigada a aturar os dois juntos.

– Oi, Vi. Tá joia, flor? - disse Martt me abraçando.

– Oi, lindo..Tô sim e você? As aulas passaram rápido, nossa..-respondi.

– Você achou? Para mim, o intervalo custou a chegar. Estava babando na carteira.

– Eu achei. Compra alguma coisa pra mim, tô com fome. - pedi.

– Sou seu pai não, menina.- respondeu.

– Anda logo! Quero uma Ruffles e uma coca-cola. - falei.

– Coca-cola? Cuidado com o rato. - disse ele, levantando e indo à lanchonete do refeitório. Minutos depois, ele voltou comendo minha Ruffles.

– Ow! É para mim, sem graça.- falei, tomando o chips da mão dele.

– Está divina! - disse Martt, abrindo a lata de coca-cola. - Ai, meu Deus! Tem uma coisa aqui dentro!

– Sério! Deixa eu ver! - disse eu, pegando a latinha. Olhei lá dentro. - Ah, idiota. Já ia jogar fora. Não tem nada aqui. Agora tô com medo de tomar.

Ele riu:- toma logo. - forçando a latinha na minha boca.

– Pa...Martt! Eu vou te matar! Olha só! - reclamei.

Ele havia forçado muito e acabei derramando coca-cola na minha blusa.

– Hahahahaha..você está linda!- riu ele.

– Não achei engraçado. E agora? Vou ficar com a blusa suja, melecada? Hoje tem ensaio, Martt! aaah, eu quero morrer.

– Para de show, Vi..- disse Martt.

Bateu o sinal e fui para a sala rápido para não ser muito notada. Sentei ao lado de Jess, que havia passado o recreio na sala com seu namorado.

– O que aconteceu na sua blusa? - perguntou Tyler.

– Ah, meu amigo, aquele gay. Derramou coca-cola na minha blusa. - respondi.

– Ah sim. Jess, meu amor, eu vou pra sala tá? - disse ele, virando-se pra ela. - Até mais tarde.

– Ok, meu bem. Até mais tarde, mô..Eu amo você. - ela respondeu.

Ele deu um beijo rápido nela:- Eu amo você, minha princesa.

E saiu. Abaixei a cabeça.

As outras aulas foram chatas, em contraste com as aulas anteriores. Quando todos foram embora, me dirigi ao meu armário. Peguei meu uniforme de líder de torcida, que havia deixado ali assim que cheguei, e me dirigi ao refeitório para almoçar.

Almocei sozinha, sem me sentir solitária. Estava bem, queria pensar um pouco antes do ensaio, pois a cada dia que passava, tinha menos paciência para lidar com Angelline. Ainda bem que ela ainda não havia reparado na minha blusa suja.

Quando o relógio marcou uma e vinte da tarde, fui para a quadra, não queria chegar nem um minutinho sequer atrasada.

Entrei no vestiário ainda vazio, troquei de roupa tranquilamente e fui para o centro da quadra, esperar o resto do grupo.

Angelline chegou conversando entusiasmadamente com Lauren, sua melhor amiga. Tão enjoada quanto. Notei que Noah não estava na arquibancada, ele não assistiu o ensaio.

O ensaio aconteceu sem muitas ocorrências. Quando Angelline gritava e chamava a atenção rispidamente, simplesmente a ignorava. Não entendia porquê ainda mantinham-na como capitã. Suspeitava que tinham medo dela.

– Violetta! Quer prestar atenção? Você está um passo atrasada, garota. Está com a cabeça aonde? - bravejou Angelline.

Não respondi. Realmente estava distraída, com a cabeça longe, para não voar no pescoço dela. Estava tão dispersa que quando fui arremessada, quase caí, machucando meu parceiro.

– Desculpe, Richard.- falei.

Ás três e meia, fui correndo para o vestiário. Troquei de roupa rapidamente e saí.

Olhei para o lado e vi. O que eu não queria ver nunca. Senti-me péssima, meu coração doeu, como se tivesse sido apunhalado. Quis sair correndo dali e nunca mais voltar.

O modo como se beijavam me dava arrepios. Noah beijava Angelline calorosamente, assim como ele me beijava em meu sonho. Vi suas mãos na cintura dela e fiquei ainda pior. Eles estavam na porta da quadra e não havia outro caminho. Voltei para o vestiário. Lavei o rosto para a passar não só a raiva, mas a dor. Eu gostava dele, mas ele estava com outra. Dez minutos depois, voltei para a quadra e não havia mais ninguém, fui correndo pro estacionamento. Peguei o carro e dirigi direto pra livraria.

Estava realmente muito mal. Trabalhei sem entusiasmo, muito bem percebido pela minha chefe que tentou me consolar, mesmo não sabendo qual era o motivo.

Meia hora depois, ouvi a porta da livraria abrindo e Noah entrou. Ele pareceu surpreso ao me ver.

– Oi, Violetta. - disse, sorrindo.

Eu não sorri de volta:- Oi. - disse, o mais rispidamente possível.

Ele arregalou os olhos:- Nossa. Você tem O Inferno, do Dan Brown?

– Tenho. - respondi, seca.

Saí de trás do balcão e fui para as prateleiras mais ao fundo da livraria para pegar o livro. Ele me seguiu.

Procurei por um instante, peguei o livro e dei a ele, sem dizer uma única palavra.

– Obrigado.- Disse ele.

Me virei e saí andando. Ele me puxou.

– Ei, o que você tem? - perguntou ele, suavemente. - Você está tão estranha comigo, repentinamente.

Não respondi, apenas olhei para baixo.

– Qual é, Violetta! O que foi que eu te fiz? - perguntou ele.

Me virei:- Nada.

– Eu sei o que é.

– Não, Noah, você nem faz ideia. - respondi, impaciente.

– Vamos, joga pra fora. Sei que tem algo. - disse, me provocando a falar.

– Está bem. Quero saber que tipo de pessoa você é, Noah. Por que fez aquilo comigo? Por que quase me beijou em seu quarto se está saindo com Angelline? Quais são suas intenções?

– Mas eu não fiz nada com você. Não a beijei.- respondeu ele.

– Noah, se Angelline não tivesse ligado pra você bem na hora, você teria me beijado! Por quê?

– Porque estava interessado em você!

– Que galinha você é! Ficando com a Angelline e querendo me beijar.

– Quem disse que eu estava ficando com ela?

– Eu ouvi boatos.

– Pois você está ouvindo fofocas demais, porque nem ficar com ela, eu fiquei. Apenas saímos.

– Mas eu vi vocês dois hoje, na porta da quadra!

– Você queria o quê? Eu estava interessado em você. Realmente, tentei beijar você. Mas você começou a me tratar mal.

Fiquei calada enquanto ele falava.

– Então pensei que você não queria nada comigo e pensei, bem, tem quem queira. A Angelline queria. - Assim que terminou, ele foi embora e, no caminho, colocou o livro no balcão.

Me aproximei e peguei o livro. Inferno. Exatamente o que estava acontecendo em meu coração. Comecei a chorar assim que percebi que havia estragado tudo. Teria dado certo se não fosse pela raiva que senti quando Angelline ligou pra ele, interrompendo o momento que deveria ter sido perfeito. Me senti culpada pela nossa pequena discussão e por me comportar tão infantilmente por ciúmes. Acabou que o meu ciúme impediu que o que mais queria acontecesse, ocasionando a situação contrária do que eu esperava. Queria correr atrás dele, pedir desculpas e beijá-lo, mas sabia que não adiantaria. Ele era da Angelline.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.