O caminho até King’s Cross parecia uma eternidade, então peguei um livro sobre defesa contra as artes das trevas e fui lendo. Quando cheguei o tempo estava completamente o oposto. Era um dia chuvoso, cinzento, vazio. As pessoas andando de um lado a outro, talvez voltando para seus lares após um dia cansativo de trabalho. Peguei um taxi e fui para o aeroporto mais próximo. Ao chegar no meu destino, não havia ninguém. Era estranho, pois aquela não era a minha casa, não era onde tinha crescido. Não havia nenhum vestígio de que eu pudesse ter existido na vida deles. Senti como se tivesse sendo apunhalada diversas e diversas vezes no peito, fiquei em completo choque por horas até que me dei conta que eles não voltariam, pelo menos não naquela noite. Fui até o quarto dos meus pais, a porta estava entreaberta, o quarto era exatamente como em Londres, só mudara as cores. A sensação era ótima, pelo menos alguma coisa não havia mudado. Deitei na cama e acabei adormecendo enrolada a uma peça de roupa que peguei no armário e só acordei no dia seguinte, aliás, fui acordada.

- Hey! Quem é você e o que está fazendo dormindo na nossa cama? – disse minha mãe

Mesmo sonolenta a alegria em ver os dois tomou conta da minha face, mas logo se dispersou quando me dei conta de que eles ainda não se lembravam, ainda não estava nada resolvido.

- Anda, diga, quem é você e o que está fazendo nessa casa, antes que eu chame a policia – disse meu pai

- Esperem! Não chamem a policia, vocês são Jane e Michael Granger, eu os conheço a muitos anos  – disse

- eu nunca lhe vi na minha frente menina, isso é alguma brincadeira de mal gosto? falou minha mãe

Então mais que depressa peguei minha varinha que estava no bolso de trás da minha calça. Eles estavam sem entender nada o que estava acontecendo. Apontei a varinha para os dois e conjurei “LEGILIMEMS”. Só apaguei as memórias desse último ano que se passou, o restante foi colocado novamente em seu devido lugar. A expressão em seus rostos começou a ficar vazios, e logo se transformou numa mistura de alegrias e tristezas. Vi escorrer algumas lágrimas do rosto da minha mãe e então ela sorriu pra mim

- filha – disse

E antes que pudessem falar alguma coisa corri até eles e os abracei com todas as forças que tinha.

- eu amo vocês! Sinto muito, sinto muito, sinto muito e continuei repetindo várias e várias vezes.

- querida calma, você está gelada e tremendo, o que aconteceu? Você estava bem até alguns minutos atrás quando lhe chamei pra tomar chá – disse minha mãe

- espere, mas nós não estávamos vestidos assim! Hermione filha o que está acontecendo? Tem algo a nos contar? – perguntou meu pai

- sim mas é uma longa história! – respondi

- então venha querida, vamos descer e tomar café da manhã, você deve estar com fome e ai aproveita e nos conta o que houve – disse minha mãe

- claro mãe, vamos – falei e fomos descendo até a cozinha, eu ainda abraçada a ela.

O café estava com um cheiro maravilhoso, tinha panquecas, leite, bolo, pãezinhos, suco de laranja e biscoitos, um típico café da manhã em família. A única diferença é que hoje meu pai não estava lendo jornal e sim ansioso pra saber o que eu tinha pra contar.

- então filha, nos conte o que está acontecendo – disse ele

- bem no ano passado quando fui pra Hogwarts .. – e enquanto terminávamos o café eu ia contando toda a história. Pude ver o medo em seus olhos enquanto lhes contava sobre todos os perigos que passamos e a batalha que quase nos matou - ... mas por fim conseguimos destruir todas as Horcruxes e o Harry acabou com o Lord das Trevas. E nesse meio tempo estive morando na casa dos Weasley até que decidi voltar e consertar tudo – disse

- Querida que coisa mais horrível! Nós sabíamos que haviam perigos lá, mas só não sabíamos que chegava a ser tudo isso. Graças a Deus você está bem – falou minha mãe se sentando ao meu lado e me abraçando – só não estou lembrada de quem sejam os Weasley. O nome não me soa estranho, mas não estou conseguindo me lembrar – continuou

- É a família do Rony, o ruivo de quem já falei algumas vezes antes – respondi sem ter certeza se continuava a história ou não

- ahhh sim! Acabei de me lembrar, esse é o menino pelo qual você sempre foi apaixonada – respondeu ela de volta

- Mãe! Exclamei

- filha só um cego não saberia que você está apaixonada por esse rapaz, inclusive você já chamou por ele enquanto dormia várias e várias vezes – falou ela e agora eu estava completamente envergonhada mas não tinha como fugir, seria agora ou nunca

- tá bom eu confesso, eu gosto dele sim, satisfeita? E tem mais, estamos juntos desde que a guerra acabou – falei quase sem respirar

- hã como? Juntos? Namorando? – perguntou meu pai logo depois que conseguiu parar de tossir por ter engasgado

- sim pai, namorando – respondi com o rosto pegando fogo de vergonha

- Bem quero conhecer esse rapaz! Saber das intenções dele com a minha menina – falou

- na verdade, bem, já tocamos nesse assunto, ele quer vir aqui, acha importante conhecer vocês, eu que pedi um tempo para organizar tudo e também porque eu entrei em completo pânico por causa disso.

- querida isso é completamente normal, uma hora teria que acontecer não acha? Você é uma menina incrível, inteligente, linda, leal a sua família e amigos. Estranho seria se ele também não se apaixonasse por você – disse minha mãe

- ta né – disse com um sorriso torto e continuei – ah sim, outra coisa, temos que voltar pra Londres. Para nossa verdadeira casa. Essa aqui é só um refúgio para que ninguém os achasse.

- claro que sim querida. Vamos amanha mesmo – falou meu pai com um sorriso sincero pra mim

Durante todo o dia fui arrumando junto com a minha mãe as coisas para voltarmos a Londres. Passamos o dia inteiro juntas, usei magia para empacotar tudo. Ao anoitecer já estava tudo pronto. Ela estava tão ansiosa para voltar como eu. Agora que se lembrara de tudo, estava se sentindo estranha nessa nova casa.  

Na manha seguinte partimos para Londres. Foram longas 20 horas de avião. Já era noite quando chegamos. A casa estava exatamente do mesmo jeito. Tinha o mesmo cheiro, não parecia que tinha passado um ano inteiro. Comecei a arrumar minhas coisas no mesmo instante que cheguei, não quis perder nem um minuto sequer. Minha mãe foi logo para a cozinha fazer o jantar. Meu pai estava montando umas camas para dormirmos. Eles estavam tão cansados que pegaram no sono logo após o jantar. Eu fiquei tão concentrada arrumando todos os livros que nem me dei conta do tempo passando, só percebi quando já estava amanhecendo e o sol estava nascendo. Uma linda vista da minha janela por sinal.

- Hermione, venha tomar café da manhã querida – chamou minha mãe lá da cozinha

 - já estou indo mãe – respondi e desci – pronto cheguei – peguei a toalha branca com desenhos de flores e forrei a mesa, coloquei pratos, xícaras e talheres. A mesa estava pronta. Nos sentamos e tomamos café da manhã em família. Depois de comer e conversar por horas subi novamente, tomei um banho, peguei uma folha de pergaminho em branco e uma caneta e comecei a escrever:

“Querido Rony estou escrevendo para dizer que está tudo bem comigo, já estou em casa com meus pais. O inicio foi bem complicado, mas já está tudo resolvido. Poucos dias se passaram mas estou cheia de saudades de todos. Harry, Gina, Luna, Neville, Jorge do Sr e Sra Weasley, mas estou com saudades principalmente de um ruivo muito irritante e ciumento que está lendo isso nesse momento. Logo estarei voltando, assim que acabar o verão.

Com amor Hermione”

Terminei de escrever, peguei minha varinha e conjurei novamente “SEPLASIUM” para que meu perfume ficasse na carta. Coloquei em um envelope endereçado a Ronald Weasley, lacrei e guardei na gaveta da mesinha. 

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- Até que enfim vocês chegaram, já estávamos ficando preocupados, venham entrem – falou Harry

- Mulheres Harry, sejam elas puras, mestiças, trouxas, velhas, novas, esposas, namoradas, filhas, mulheres são sempre mulheres! Principalmente quando se tem uma Hermione na sua vida, no meu caso são duas, mãe e filha. – falou Rony em um tom irônico porem engraçado

 - Ronald Weasley tome muito cuidado com o que diz ou você pode ir dormir junto com o Winni e do nada aparecer um monte de aranhas! Exclamei com o olhar fulminante pra ele

- concordo plenamente e isso também serve para você Sr Potter que fica rindo do seu cunhado – disse Gina

- calma amor, você sabe que eu falo essas coisas só pra te irritar. Adoro te ver zangada, apesar de você colocar medo em qualquer um, fica linda assim – disse tentando se defender

- vamos Gina, quero ver meus sobrinhos – falei ainda furiosa com a brincadeira e fomos andando.

- você não tem medo que realmente apareça  umas aranhas pra te assustar? – perguntou Harry achando graça na cara do Rony

- Harry, acha mesmo que ela faria isso comigo? Agora você me deixou com medo – respondeu agora completamente em desespero

- você deveria conhecer melhor a sua esposa. Sabe como ela fica quando está furiosa, vem vamos ver onde elas estão – falou Harry

- Tia Hermione! – correu Alvo para me abraçar

- Meu amor que saudades que eu estava de você – respondi o abraçando fortemente e sorrindo como uma criança.

- sabe tia, eu tava pensando, quando eu crescer eu quero ser tão inteligente como você. Meu pai me disse que quando vocês tinham a minha idade, ninguém tirava notas mais altas que as suas, ninguém fazia feitiços tão perfeitos quanto os seus, disse até que quando se conheceram, você concertou os óculos dele – disse ele se orgulhando

- sim é verdade Alvo, conheci seu pai e seu tio Rony no trem indo para Hogwarts, e ele era assim como você. A única diferença entre vocês é que ele usava óculos que por sinal estavam quebrados. E ai eu o concertei, antes que seu tio o destruísse por completo. Ele nunca foi muito bom em feitiços sabe. Posso te contar várias histórias a respeito. Quanto aos feitiços, vou ensinar todos a você – falei

- obaaa! Vou contar isso pra Rose – disse e foi atrás da prima

Estávamos sentadas na varanda dos fundos da casa quando Rony veio e se sentou ao meu lado e Harry ao lado de Gina.

- Te amo – sussurrou em meu ouvido esperando que eu esquecesse a brincadeira de mau gosto.

- eu também te amo, o que não muda o que você disse. Você me irrita Ronald Weasley, mas agora chega, não vim aqui pra discutir com você. – respondi ainda séria

- Então Hermione, o Rony me disse que você agora ta dando uma de escritora – falou Harry

- Não Harry, não sou escritora, nem pretendo ser, estou apenas fazendo uma espécie de diário, deixando registrado todas as minhas memórias. O seu cunhado que tem a péssima mania de exagerar em tudo o que fala, não é Rony? – disse no mais puro tom irônico possível.

- ok, ok tem razão! Eu confesso, sou um pouco exagerado, mas só um pouco! Só não exagero quando falo de você Hermione. Você é minha amiga, esposa, mãe dos meus filhos. Você é a mulher da minha vida – disse como se não houvesse mais ninguém perto de nós e conseguiu me derreter.

- Nossa Rony, quando foi que você se tornou tão sentimental e romântico? Chega a ser chato isso – falou Gina rindo da cara do irmão

- Gina porque você não toma conta da sua vida e a do Harry? – respondeu

 - Rony! Exclamei repreendendo-lhe

- o que? Ela começou, você viu – retrucou em defesa

- parem! Vocês dois, estão agindo como duas crianças – respondi

- desculpe! Falaram juntos e se olharam

- melhor assim! Então Harry, voltando ao assunto, são memórias minhas, achei legal deixar registrado tudo que aconteceu na minha vida desde que a guerra acabou. Mas isso não faz de mim uma escritora – disse

- entendo, e por acaso eu estou na sua historia – perguntou fazendo uma careta pra mim

- você realmente está me perguntando isso? Harry você sempre foi o meu melhor amigo, e é óbvio que você está na minha vida e na minha história! Assim como todas as outras pessoas que passaram por ela – respondi

- espera ai! Que outras pessoas? Eu achei que você som estava escrevendo sobre a gente – falava agora um Rony enciumado

- todas as pessoas que passaram pela nossa vida é claro! – respondi achando a maior graça.

- não vai me dizer que você escreveu sobre aquele Krum? – agora um Rony realmente enciumado falava

- eu não acredito que mesmo depois de tantos anos juntos, você ainda tenha ciúmes do Vitor! Sim escrevi sobre ele, mas também escrevi sobre aquela Dayllena, a sujeitinha da Slytherin. – respondi

- Dayllena? Quem é essa? De quem você está falando? – retrucou

- não se faça de desentendido Ronald Weasley, você sabe bem de quem estou falando – disse.

- Harry vamos Lá dentro, quero te mostrar uma coisa – levantou e praticamente arrastou Harry pra frente da casa

- claro vamos. – falou

- Homens, vai entendê-los – olhei Gina e ri.

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