~ ~ Louise POV ~ ~

Entrei na carruagem e então comecei a pensar, quem seria o tal assassino? Me arrumei no local e então olhei para as janelas. Aquela sensação me sufocava! Eu não consigo ficar em qualquer lugar pequeno desde aquele dia... Coloquei meu cabelo para o lado, já sentindo que precisava abrir aquelas janelas urgentemente. Sebastian me surpreendeu, abrindo a porta. Por um milésimo de segundo me senti melhor, mas logo o mesmo fechou a porta e entrou. Olhei através dele, olhar fixo nas janelas.

– Melhor não, - ele falou, baixo e calmo – a noite está muito fria. Não se preocupe, venha. – ele gesticulou para que eu sentasse mais perto do mesmo, assim o fiz – Não vou deixar que nada aconteça a você madame. – meu coração acelerou. Que diabos está acontecendo? Sebastian... Mesmo sendo um demônio, me transmite uma espécie de segurança... Não entendo... Na verdade, não sei explicar, mas me sinto segura perto dele.

Sentei me a poucos centímetros do meu mordomo. O mesmo me puxou para mais perto e me envolveu em um abraço confortável e aconchegante, eu podia ficar assim para sempr... Nunca! Como é que ele ficou assim, tão próximo? Droga, ele não pode ter essa liberdade, acha que pode vir e me abraçar assim, do nada?! Se bem que... Não é tão ruim quanto parece.

– Você deve descansar agora. – falou Sebastian, quebrando o silêncio – Chegaremos amanhã pela manhã, e então pegaremos um navio. Demoraremos no máximo 3 horas de navio até Periguéux.

Concordei de leve e então, em um movimento involuntário, coloquei minha cabeça no peito de Sebastian, ouvindo leves e controladas batidas. Então esse demônio tem um coração? Logo senti os longos dedos de Sebastian no topo de minha cabeça, fazendo carinho. No mesmo momento uma voz baixa e rouca cantarolava perto de meu ouvido, uma canção.

Eu poderia muito bem me manifestar, afinal não sou mais bebê para essas coisas de carinho e músicas de ninar. Se eu não estivesse tão cansada e tão confortável ali, com certeza falaria alguma coisa sim!

Fechei meus olhos e aquela canção aos poucos ia ficando mais baixa, até que finalmente peguei no sono...

~ ~ Louise POV Off ~ ~

Aos poucos aquela bela canção foi ficando mais baixa e mais baixa, transformando-se em algo irreconhecível, ruídos.

– Socorro! – gritava a pequena Louise enquanto se debatia desesperadamente. A única coisa que a mesma ouvia era apenas o ecoar de sua voz e os seus braços batendo na água.

– A-alguém! Por favor! – ela gritou novamente, olhando a saída distante e fechada. Sem sucesso a mesma com a ajuda de suas unhas tentou escalar, logo caindo na água novamente. Seu queixo tremia devido a temperatura da água e de suas roupas encharcadas. A mesma não tinha mais forças para continuar se debatendo ou gritar. Já estava naquele poço á um tempo, as pessoas que moravam naquela região estavam tão distantes que não a podiam ouvir.

– Por favor... – Louise sussurrou, sua respiração falhando...

A dama acordou, desesperada e ofegante. Suas mãos suavam frio e seu coração batia aceleradamente. Apenas um pesadelo, um pesadelo no qual a dama vivenciara. Uma das piores experiências da sua vida e verdadeira causa de sua claustrofobia. Louise olhou para o lado, encontrando Sebastian com os olhos fechados e seu corpo relaxado. O mesmo respirava calmamente. Estaria dormindo?

...

Louise estava sentada na janela, admirando a imensa quantidade de água ao seu redor. Sebastian estava sentado na frente da menor, observado qualquer movimento ao redor deles, era discreto como sempre. A menor então o ouviu suspirando e levantou o olhar, ouvindo uma voz e reconhecendo o motivo do longo suspiro.

– Oh, me desculpe. – alguém passou pelo mordomo e sentou-se do lado de Louise – Olá Louise! – ele a cumprimentou – É uma honra vê-la aq...

– Aaron?! O que faz aqui? – Louise começou a pensar, aquele garoto era mais grudento que qualquer coisa – Quer dizer, como sabe que estou aqui? Porque uma simples coincidência não é.

– Me disseram que você iria para Periguéux, e eu amo trufas. – ele riu.

– Te disseram? – a dama perguntou, tentando conter a raiva. Seria muito difícil enforcá-lo com tantas pessoas presentes – Quem lhe disse?

– A sua prima, ela perguntou se eu sabia. – Aaron olhou Louise nos olhos – Por que, não queria que eu viesse? – ele fez um bico.

– ... – Louise revirou os olhos – E você veio sozinho?

– Claro que não. – ele riu divertido com a pergunta – Vim com o meu mordomo também. Viagens de navio me deixam enjoado... – Aaron fez uma careta – Se me dão licença... – O Trancy se levantou e andou pelo longo corredor.

Louise suspirou, massageando as têmporas. Blair, por que gostava tanto de se intrometer nos assuntos de sua prima? Uma pergunta que, por mais inteligente que Louise fosse, nem ela mesma podia responder. A dama estava com os olhos fechados e a cabeça jogada para trás.

– Com licença, - uma voz masculina se manifestou, fazendo com que Louise levantasse o olhar – é aqui que Aaron está?

– Quem é voc...

– Claude?! – Sebastian perguntou, cortando Louise – O que pensa que faz aqui?!

– Me desculpe, - Claude se curvou para Louise – Sebastian continua com seus modos. Atrapalhar uma dama? – o homem arrumou os óculos que usava – Sou Claude Faustus, mordomo dos Trancy. Você deve ser Louise Phantomhive, é uma honra conhecê-la. – Claude se ajoelhou, beijando a mão da dama.

– Claude Faustus... – falou Sebastian, o olhando ameaçador – Se tentar alguma coisa... Lembre-se que já o matei e não hesitarei em fazê-lo novamente.