O jantar foi incrivelmente bagunçado, os filhos de Ares riam alto, e faziam uma bagunça terrível, as filhas de Afrodite me lançavam olhares de morte, os de Apolo pareciam querer calar a boca dos de Are com rimas incrivelmente estranhas e engraçadas, o restante conversava em um tom normal.

Nico me olhou praticamente todo o tempo, assim como o Erick, o que fez com que as filhas de Afrodite ficassem com um ódio imenso, eu podia ver que elas estavam bolando alguma estratégia para me deixar longe do Erick.

Os olhares do Nico eram meio que assustadores, já os do Erick eram constrangedores, me fazendo rir as vezes e pode acreditar que deixando o Percy com ciúmes. Acho que Annabeth entendeu o que estava acontecendo, pois ela me lançou um olhar de “você está ferrada” e começou a rir.

-Você sabe o que está fazendo? - Percy falou enquanto voltávamos para o chalé – eu vi como eles olhavam para você Lara, você vai acabar se metendo em problemas.

-Na verdade eu não sei o que estou fazendo mais- falei percebendo como o Percy estava certo- o Nico não vai desistir, não depois dos olhares de hoje. E o Erick, eu não sei.

-Lara você pode falar comigo, ok? – ele colocou as mãos nos meus ombros- ou se não quiser pode falar com a Annabeth, não digo para falar com a Mindy já que ela saiu em missão...

-Obrigada Percy- sorri para ele- mas agora eu simplesmente preciso pensar, acho que vou para a praia, eu penso melhor lá, prometo que volto antes da trombeta soar.

Ele não disse nada, foi procurar a Annabeth e eu fui para a praia, a noite estava linda, o céu estava cheio de estrelas e a lua iluminava a praia. Me sentei em uma duna e fiquei olhando para a água.-O que eu estou fazendo? – minha vós estava fraca, já que minha garganta estava fechada, eu estava segurando o choro, não sei por que eu estava querendo chorar, simplesmente estava com os olhos cheios de lagrimas.

-Se me contar o que aconteceu eu te ajudo a descobrir.

Erick estava se sentando ao meu lado, e eu tive um dijàvu, noite passada, eu chorando, Nico apareceu, Afrodite só podia estar brincando comigo, não é possível.

Eu não estou fazendo nada, a vida amorosa do seu irmão é mais interessante uma vós disse isso na minha cabeça, ótimo agora os deuses me respondiam.

-Eu sou um desastre- falei engolindo as lagrimas.

-O que houve? – ele realmente parecia interessado, aqueles olhos azuis estavam escuros e inspiravam sinceridade.

-Sabe sobre a aposta? – ele pareceu surpreso, mas de algum jeito eu tinha certeza que ele já sabia- você sabia? Não acredito que sabia e não me disse nada.

-Desculpe mas eu conheci você hoje- ele falou tentando me acalmar- ou melhor, nós conversamos pela primeira vez hoje.

-Desculpe- abracei os joelhos, segurando mais lagrimas- eu só não acredito no que está acontecendo.

-E o que está acontecendo? Além da aposta.

-Eu queria me vingar do Nico, ele não pode agir como se eu fosse um objeto, ele não tem esse direito- as lagrimas escorriam pelo meu rosto e não podia mais controlar, eu estava chorando de raiva. Eu me levantei tentando de tudo para que ele não me visse chorando.

-Alguma coisa me diz que não é só isso- ele se levantou também.

-Eu achei que se desse um fora nele, ignorasse, fazê-lo perder a aposta, seria uma boa vingança, mas acabou dando errado.

-Por que?

-Por sua causa- falei de costas para ele, sem encara-lo, mas ele me virou, seus olhos azuis estavam mais claros do que eu nunca tia visto, eu fiquei hipnotizada por eles- você fez com que o desafio da aposta ficasse mais interessante, não deve ter visto o jeito que o ele me olhava no jantar, era quase assustador.

-Mas como eu deixei a aposta mais interessante? Pelo que eu saiba eu teria de ter ficado com você para isso- aqueles olhos não se desviavam dos meus e eu não conseguia parar de encara-lo, e quando ele disse aquilo fiquei vermelha.

-Não é isso que as filhas de Afrodite estão espalhando- eu finalmente consegui desviar o olhar, mas eu estava completamente vermelha, o que foi uma droga.

-Elas estão com raiva de você- ele acariciou meu rosto, o contato fez com que uma corrente elétrica percorresse meu corpo- fariam de tudo para estar no seu lugar.

-E por que? - nossos rostos estavam muito próximos e nossa respiração um pouco acelerada.

-Por que eu gosto de você- ele estava tão próximo que poderia me beijar a qualquer momento- e eu nunca gostei de nenhuma delas, não assim.

A trombeta soou, indicando que deveríamos voltar aos chalés se não quiséssemos virar comida de Harpias. Posso usar aquela expressão, salva pelo gongo, literalmente eu me salvei de problemas. Aproveitei a trombeta e corri para o meu chalé, fechando a porta atrás de mim.

Com o som que a porta fez, achei que Percy fosse acordar, mas pelo contrário, ele apenas virou para o lado e continuou dormindo. O que foi muita sorte, consegui tomar banho e me deitar na cama que ele nem ao menos se mexeu.

Como eu estou sempre sonhando, essa noite não foi diferente.A floresta estava cheia de corpos, corpos humanos, a maior parte usava armaduras, como as que usamos no acampamento, na verdade era as que usamos no acampamento, estavam todos mortos.

Não sei como, talvez por causa de ser um sonho, mas eu tinha certeza, estavam todos mortos, morreram todos lutando, as espadas de bronze celestial caídas ao lado dos corpos, a alguns metros a floresta pegava fogo, mas o estranho é que eu não sentia o calor do fogo, e sim o frio, a neve caia e me fazia tremer.

Não havia lua no céu, mas eu podia ver as estrelas e sabia que era no meio da noite, ouvia o som das ondas e também conseguia ver os relâmpagos que cortavam o céu. Em um dos clarões dos relâmpagos eu vi onde estava. Na floresta do acampamento.

Olhei de novo para os corpos, eu não os reconhecia, mas sabia que já os havia visto, sabia que encontrava com eles no acampamento.

-É uma pena não se submeter a mim- uma vós fria, que me fez arrepiar inteira, em um instinto bati no tridente, mas ele não estava ali, muito menos minha faca- não se preocupe, você os terá seus brinquedinhos mágicos de volta, quando aprender a não me desafiar.

-Por que não se mostra seu covarde? - gritei, as palavras saiam da minha boca sem que eu as controlasse- Por que não vem e luta comigo?

-Acha que eu sou estúpida criança? – ele ria, o som era aterrorizante- aparecer apenas para lutar com você? Nem mesmo todo o seu querido acampamento seria capaz de me enfrentar.

-O que você quer? Por que matou eles e não a mim?

-Quero você filha da tempestade, você é perfeita para meus planos- eu não conseguia dizer de onde a vós vinha, era como se viesse de todos os lugares- eles não estão mortos, apenas uma demonstração de um possível futuro, tudo vai depender de suas escolhas.

-Eu nunca irei ajudar você- nunca gritei algo com tanta convicção na minha vida, e eu nem sabia o porquê- nem mesmo depois de morta eu pensaria em te ajudar.

-Veremos.

O silencio era mortal, e então apareceu alguém atrás de mim, e não consegui me defender a tempo, só senti a dor na minha barriga, eu havia sido atingida, e saia muito sangue, e a dor, era como se eu estivesse sendo queimada de dentro para fora.

Acordei gritando de novo, e o Percy caiu da cama novamente, e depois de se recuperar do susto veio até mim, tentando me acalmar, já que eu estava respirando muito rápido e com o coração acelerado, esperando pela dor da facada, mas havia sido um sonho, o problema é que a dor parecia ter sido real.

-Lara o que foi? O que sonhou? - Ele segurava meus braços, meio que tentando me acalmar, já que eu estava quase histérica.

-Preciso falar com o Quíron- eu disse sabendo que aquilo não era apenas um sonho.