Filha Da Tempestade escrita por LightB


Capítulo 41
"Gostaria de ter a sua vida de volta?"




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Uma noite conturbada e repleta de sonhos, mas não eram todos ruins, memórias, coisas que eu nem lembrava mais. Os passeios a casa dos meus avos, festas loucas em que eu ia, as vezes que fui presa por pichar paredes e muros, na verdade estava grafitando, mas a falta de cultura dizia que qualquer pintura em spray de madrugada e pichação.

Coisas que eu morria de saudades, outras que queria poder nunca ter feito, um passado em que eu não tinha um pai, não era semideusa e achava que meus amigos haviam morrido em acidentes, pelo menos era isso que a nevoa me fazia acreditar.

E depois de um tempo relembrando minha vida antes de vir para os Estados Unidos, o sonho mudou completamente, percebi que voltei a floresta, com a mesma vos estranha de sempre, que vinha de todo o lugar e de lugar nenhum.

-Gostaria de poder voltar no tempo criança?

-Gostaria de poder saber quem você é- ignorei a pergunta dela.

-Não é hora ainda- a vos falou com uma paciência admirável- gostaria de ter a sua vida de volta?

-Não posso, o passado é passado.

-Mas pode voltar para ela, voltar para onde ninguém sabe a seu respeito, onde as pessoas só acham que é uma garota sortuda, por sobreviver a tantos acidentes.

-Eles diziam que quem andava comigo morria, acha que isso e sorte?

-Sei que é muito melhor do que ser acusada de coisas que não fez, ser julgada por causa de uma visão de Delfos.

-Espera, acusada?

-Bons pesadelos Filha da Tempestade.

E foi assim que o sonho mudou, fui parar no meio de uma guerra, o estranho era que não parecia uma guerra normal, os soldados empunhavam espadas e escudos de couro, tinham elmos e usavam armaduras de combate completas, mais completas do que as que usamos no acampamento.

Uma cidade murada, com torres de vigia, de onde arqueiros lançavam flechas sob flechas em quem tentasse invadir, do lado de fora muitos soldados, e estavam meio divididos, como se houvessem vários lideres, como os chalés do acampamento, cada um tem um líder, alguém que Toma as decisões.

Eu não entendia quase nada do que falavam, mas identifiquei algumas coisas que eram do grego, que estava estudando desde que descobri ser semideusa, mas mesmo assim ainda entendia muito pouco.

Uma das coisas que entendi foi gregos, o que já era de se esperar, que o exercito que fala grego venha da Grécia, eles tinham um cavalo de madeira gigante, onde entraram alguns dos soldados, e eles pareciam ser os mais fortes.

Depois alguns homens empurraram o cavalo ate a porta da cidade, que estava bem guardada e segura do lado de dentro, deixaram o ali como um presente e saíram, logo o portão se abriu e rapidamente colocaram o cavalo para dentro, do qual saltaram os soldados e lutaram bravamente, abrindo os portões para os outros e conquistando a cidade.

-Troia é nossa- um gritou, e não sei como eu fui entender.

-Vencemos a longa guerra- outro saiu comemorando- vamos voltar para nossas terras, para nossas origens.

E assim se seguiu uma festa por cima da derrota, uma comemoração por cima de uma luta, uma festa após a longa guerra. Mas o que veio depois que surpreendeu, a imagem parou, como se tivessem pausado o filme, uma brisa gelada dominou o ar e eu tremi de frio.

-Tu és meu cavalo de Troia- a vos falou, suas palavras ecoavam pela minha cabeça- tens me ajudado muito criança, ninguém desconfia da verdade, ninguém vê a ameaça em uma frágil donzela, que escolheu lutar pelo Olimpo. Mas aparências enganam no fim, seus sentimentos te traíram, e quando perceber, será tarde de mais.

O que se seguiu foi mais bizarro, fleches de uma batalha, uma em que ninguém sobreviveu, dezenas, talvez centenas de pessoas mortas, estava parada no meio de uma carnificina, senti um peso na minha mão e assim que olhei para baixo, minha espada estava com a lamina coberta de sangue.

Acordei em um salto, sem gritar dessa vez, isso por que eu não consegui, minha garganta estava fechada e eu segurava as lágrimas estúpidas, eu estava sendo usada, usada por alguém que eu não tenho ideia de quem é, mas sei que quer destruir o Olimpo e destronar os deuses.

Percy virou para o outro lado e continuou dormindo, como queria estar tranquila como ele, mas era impossível, não conseguia conter as lagrimas e não queria acordar meu irmão, ele merecia um descanso.

Peguei uma jaqueta com gorro e saí, não queria ser vista, mas era aproximadamente umas cinco da manhã e alguns sátiros começavam a aparecer nos campos de morango, eles me encaravam como se eu fosse uma louca, muito provavelmente por estar acordada antes de o sol nascer e por não aproveitar ao máximo o tempo que tenho para dormir, assim como todos os outros.

Não parei até chegar na praia, precisava do lugar mais isolado do acampamento, e ali nunca havia quase ninguém, principalmente naquele horário. Sentei em uma duna e olhei para o mar, que estava calmo, e que me transmitiu um pouco de calma também.

Não vi o tempo passar, mal pensei sobre qualquer coisa alem do sonho, era meio impossível parar de pensar que estava sendo usada, que de algum jeito estava ajudando a destruir Olimpo. E também pensando se era realmente verdade ou algum tipo de manipulação.

Não continuei muito mais tempo ali, a trombeta de concha soou e tive de ir par ao café da manhã, estava sem fome, mas tinha que ir, era praticamente proibido faltar as refeições, talvez por que temos atividades o dia todo, e já aconteceu de alguns desmaiarem de fome, mas isso não importa.

As mesas estavam do mesmo jeito do jantar, para um acampamento onde tem magia em quase tudo, estava demorando muito para concertarem os estragos. Dessa vez os filhos de Ares nem ao menos se deram ao trabalho de ir ao refeitório, os de Atena foram para a mesa dos instrutores, aproveitando que o senhor D. não estava, se não ele teria mandado todos eles embora, ou pior.

-Onde estava? - Percy perguntou assim que me sentei com meu prato.

-Na praia.

-Mais sonhos?

-Você não tem ideia.

-Pelo menos dessa vez eu não caí da cama- ele riu, me fazendo rir também.

A conversa praticamente acabou, praticamente, já que antes que eu pudesse fugir ele me arrastou para a arena, me fazendo treinar, juro que achei que quando voltasse para o acampamento ele iria esquecer um pouco dos treinos, eu estava errada.

Praticamente passei o tempo todo me defendendo, desviando e tentando evitar que ele jogasse minha espada longe, a diferença dessa vez é que ele estava distraído, provavelmente por que a Annabeth estava desacordada há dois dias.

Aproveitei sua distração para usar a manobra de tirar a espada da mão do oponente e chuta-la longe, a ponta da minha lamina esta a centímetros do pescoço dele, que levantou as mãos se rendendo, mas quando ia abaixar a espada ele de algum jeito a pegou de mim e agora eu é que estava indefesa.

Não por muito tempo, já que consegui chutar sua mão, ganhando alguns segundos para pegar o arco e apontar uma flecha para ele, agora estávamos meio que em um dilema, em uma luta real, se ele atacasse eu teria de escolher atirar e correr o risco dele desviar, ou achar alguma outra estratégia, que podia ser sair correndo ou usar o arco para parar os ataques.

-Tem que pensar bem antes de atirar- Percy deu uma dica- se errar esta morta.

-Prefiro morrer lutando do que me render- falei ainda com o arco apontado e ele fez uma cara de que não havia gostado muito- o que?

-Prefiro você viva- ele abaixou a espada- tudo bem, por agora já deu de treino.

-Ta legal- guardei o arco e a espada rapidamente com medo dele resolver me fazer treinar ainda mais, eu já estava exausta.


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