Nem a música vinda do fone, nem a voz do professor pareciam serem captadas por seus tímpanos. A matéria no quadro lhe parecia ser escrita em outra língua. Seu cérebro parecia adormecido, entorpecido era o mais certo a se dizer.  Os pensamentos lhe corriam a mente, mas nenhum durava mais que 5 segundos.

O garoto de preto parecia imóvel em sua cadeira. Vez ou outra suspirava e piscava lentamente. Os olhos avermelhados emoldurados por profundas olheiras, denunciavam que havia chorado. Sua pele pálida parecia ainda mais alva, os cabelos lhe caiam sobre os olhos, as mechas em completa desordem pareciam não terem visto um pente naquela manhã.

Cruzou os braços sobre a mesa, repousando a cabeça sobre eles e lançou um olhar para o relógio. Os minutos pareciam se arrastar lentamente, ou melhor, pareciam não passar. Permaneceu na mesma posição até seus músculos amortecerem. 

Já haviam três bilhetinhos jogados em sua mesa. Gerard não era tagarela, mas também não era tão caldo. Os amigos estavam preocupados.

Depois do que pareceu ser insemináveis horas, o sinal tocou. Gerard suspirou, agarrando sua mochila e a jogando sobre o ombro, sendo o primeiro a sair da sala. O chamado dos amigos fora ignorado ou talvez ele realmente não tivesse os escutado.  Seus passos rápidos se tornaram arrastados ao passar pelo portão do colégio.