Cerca de três meses após colocarem a placa que comunicava a venda do imóvel, um estranho sujeito aterrizou na pacata Transvânia.

Seu nome ninguém sabia, mas sua aparência já era tenebrosa e macabra. Tinha 1,80 metro de altura, usava somente roupas pretas e pesadas, possuía um cabelo rebelde , usava um coturno todo preto , sujo de manchas marrons. Mas o que não deixaram de notar foi sua aparição misteriosa na calada da noite de uma sexta-feira treze. Mesmo com a ausência de luz e com muita neblina, estava de óculos escuros.

Ele bateu na casa de Silas e Vanderlucy, no meio da madrugada, perguntando sobre a venda do imóvel ao lado. Tinha um sotaque estranho.

Com um misto de sonolência e medo, a esposa chamou o marido, que não tardou em conversar com o interessado. O convidaria para entrar, mas sua mulher não o deixara fazê-lo.

Conversaram por pouco tempo, já que Silas estava com muito sono. Pediu desculpas ao possível vizinho, e voltou a dormir. Incomodado pela insônia da esposa, enfim perguntou:

– Por que você não consegue dormir?

– Não engoli este cara. Quem invade a casa dos outros no meio da noite para falar sobre negócios?

– O que tem demais? Às vezes ele não sabe que horas são... Também, com aqueles óculos tão escuros... Vamos dormir, meu bem!

– Não gostei de ele. Não gostei mesmo! Quem usa óculos de sol à noite? E aquelas roupas pesadas e pretas? Quem as usa num calor desses?

– Não sei, ele deve gostar de se vestir assim. Vamos dormir!

– Não gostei! Não gostei mesmo!

Sem esperanças de ver sua esposa dormir tranquila, e com muito sono, Silas balbuciou, após bocejar muito:

– Boa noite!