Na casa de Emily, a viúva de Harry e mãe de Henry, os empregados enfrentavam um constante vai e vem. De um lado, a polícia, sempre colhendo provas sobre o assassinato de Harry,realizando novas perícias e colhendo novos depoimentos. E, do outro, os moradores, perfeccionistas, sempre exigindo a opulenta decoração e funcionamento da mansão.

Quando Henry chegou em casa, foi prontamente recebido pela mãe,que disse, sorrindo pela primeira vez desde a morte do marido:

– Henry, vá se arrumar! Teremos visita hoje para o jantar!

– Quem vem nos visitar?

– Uma pessoa muito importante!

Henry, obediente, foi para seu quarto, se arrumar.

Na noite do mesmo dia, um senhor, que deveria ter quase quarenta anos, alto, branco, dos olhos e cabelos castanhos, trajando um terno maltrapilho, apareceu na mansão dos Johnson.

Ao ver Emily, cumprimentou-a beijando sua mão, numa vã tentativa de cortesia. Cumprimentou Henry com um aperto de mãos, contudo, este não se sentiu muito à vontade com a presença do estranho.

Durante o jantar, Emily tentou ser uma ótima anfitriã. Puxou conversa, dizendo:

– O suflê de camarão com gorgonzola está ótimo, não acham?

– Murcho... Como sempre. – disse Henry. Neste momento, sua mãe deu um chute em sua perna, mas ele fingiu que não sentira.

– Um manjar dos Deuses! Divino! Com licença, preciso ir ao toalete .– disse o convidado, pedindo desculpas e se dirigindo em direção ao banheiro social. Ao dar se distanciar da mesa, Emily sussurra ao filho:

– Eu e nosso convidado, o Sr.Magne, somos amigos a pouco tempo. Nos conhecemos a pouco, mas sinto uma extrema empatia por ele. Passará alguns dias hospedado aqui, pois não há locais na cidade dignos de sua posição social.

– Vovô já sabe disso?

– Sim, comuniquei-o em primeira mão. Mudando completamente de assunto... Onde estava antes de vir até aqui, por que demorou tanto?

– Estava com Silas, Vanderlucy, Alexandra,Mörk,Mrak e Dorcha. Estávamos numa reunião muito importante.

– Eu não gosto daqueles forasteiros! Não gosto mesmo! Você, como um elegante advogado, cheio de status, não deve andar com essas companhias! Deveria andar com pessoas de sua posição social! Aquele Silas e sua esposa eu até tolero, mas esses aí não! Não mesmo!

– Os Johnson não ligam para nada disso, principalmente eu! Meu pai era amigo de um operário, o pai de Silas, não se lembra!? Não tenho mais cinco anos de idade para a senhora decidir com quem devo andar ou não! Já sou maior, formado e tenho um emprego, como bem disse! E não fale assim deles, são meus amigos! – disse ele, gritando.

A essa altura, o convidado já voltava à mesa. Emily sorriu falsamente, dizendo, entre os dentes:

– Mantenha a compostura! Pessoas elegantes não elevam seu tom de voz!

– Com licença, estou com enjoos. Vou para meu quarto. – disse ele, desculpando-se e saindo da mesa.

O convidado sentiu-se instantaneamente mais leve, como se tivesse demolido o muro que o impedia de ter uma conversa franca e civilizada com Emily.