O Vizinho escrita por JJ Gleek


Capítulo 19
A volta dos que não foram




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Poucos dias depois, Vanderlucy escuta batidas na porta de entrada de sua casa. Como estava ocupada com o almoço, gritou, da cozinha:

– Já vai! Silas, atenda a porta para mim, por favor! Ah, esqueci, ele ainda está mudo e imprestável! Que cabeça a minha! – disse ela, pensando alto.- Já vai!

Vanderlucy ,aflita , larga seus afazeres gastronômicos para atender a porta:

– Não acredito! Vocês por aqui!- diz ela, radiante de felicidade.- Silas, corre aqui! Você não vai acreditar quem está aqui!

Silas, sentado no sofá, vira o rosto sem expressão em direção à esposa. Somente quando os visitantes adentram em sua residência, sua face se ilumina de emoção, e, depois de tantos dias, quebra seu voto de silêncio, dizendo:

– Alê! Vanderlucy disse que você tinha morrido! Eu te amo e não faça mais isso comigo!Que bom que voltou, estava com tantas saudades, irmãzinha! – falou ele, abraçando fortemente a recém-chegada.- Mörk, que saudades! Por onde esteve? Como tem passado? Senti sua falta!- disse ele, dando um abraço no amigo, com direito a batidinhas nas costas.

– Que história é essa de “irmãzinha”? – questionou Mörk, curioso.

– É uma história longa. Imagino que estão cansados, afinal, acabaram de chegar de viagem. Sentem-se.- disse ele, apontando para o sofá.

Vanderlucy voltou para a cozinha, acompanhada de Alexandra. As duas tinham muito o que conversar.

– Minha mãe morreu assim que nasci. Quando fiz seis anos, meu pai arrumou uma segunda esposa, que também tinha uma filha da mesma idade, Alexandra. Os dois se casaram cerca de dois anos depois. Porém, a caminho da Lua de Mel, o carro deles sofreu um acidente na estrada. Meu pai morreu na hora, e minha madrasta ficou paralítica. Ela cuidou de mim e Alê até sua morte, quando fiz dezoito anos. Desde o acidente, trato Alexandra como uma irmã, apesar de ela dizer que a trato como filha. Acha que sou muito protetor.- disse Silas.

Na cozinha, o papo seguia animado:

– Tenho novidades! Eu e Mörk...- disse Alexandra, fazendo uma longa pausa.

– Sim, você e ele... Conta logo! Assim você me mata de curiosidade!

– ...estamos em um relacionamento sério! Ele vai me assumir hoje para o irmão e os amigos num churrasco que organizamos! Por isso quero pedir sua presença e a de Silas no banquete de hoje a noite!

– Não posso. Sinto muito, mas não vou.

– Eu sei que você não gosta deles, mas farão parte da família, agora! São amigos meus e de meu namorado! E um deles é o irmão dele! Você tem que aceitar isso!

– Você não está entendendo! Não sou só eu, mas Silas! Mörk deve ter poupado-lhe , mas as coisas estão complicadas entre seu “irmão”, Mrak, Dorcha e Morten.

– Como assim?

– Morten matou Harry e ficou preso por uns dias. Todos achávamos que ele prendeu-lhe em um cativeiro, já que , como pensávamos, você viu a cena do crime, testemunhou o assassinato. Como o verdadeiro criminoso foi preso, e a polícia procurava seu cativeiro, ele acabou matando você, já que o círculo estava fechando para ele. Na cabeça de todos, você estava morta. Silas fez voto de silêncio desde a prisão de Morten. Meu marido não falava nada, quase não se movia. Se sentia traído pelo vizinho e estava em luto por você. Esses dias foram muito difíceis para mim também. Fiquei muito triste por sua morte e preocupada com o sumiço de Mörk. Não tinha ninguém para desabafar, além disso tudo.

– Mesmo assim, eu preciso de você agora! Preciso fazer esse churrasco! Talvez ele consiga uni-los novamente! Por mim, Mörk e Silas, por favor!

– Como assim, por Silas?

– Mesmo com toda a alegria ao me ver, percebi que ele está triste. Só agora sei o porquê! Querendo ou não, ele sente falta da amizade dos vizinhos. Ele sente falta de Morten, Dorcha e Mrak. Eles faziam bem a seu marido, Vanderlucy!

– Você pode ter razão! Mas, do jeito que conheço meu marido, ele não vai a esse bendito churrasco. A menos que escondamos dele a presença dos vizinhos.

– Por favor, convença – o a comparecer!

– Tudo bem.!Falo a ele que este churrasco é para comemorar sua volta, assim como a de Mörk. Essa será a deixa para ele assumir seu relacionamento. Estou tão feliz por vocês!

Silas, sua esposa, Mörk e Alexandra jantaram animadamente, todos ansiosos para o churrasco da noite.

Na noite do mesmo dia, Vanderlucy, já arrumada, aguardava o marido, que se demorava no banho.

“ Tomara que Alê esteja certa, e esta noite sirva para reacender a amizade entre Silas, Morten, Dorcha e Mrak!” – pensava ela.

Ao chegarem na casa de Alexandra, Silas se deparou com Mörk tentando temperar a carne:

– Não é assim! – dizia ele- Você está colocando pouco sal grosso! Coloque mais um pouco. Assim! Isso!Muito bem!

– Silas, sempre mandando nos outros! Será que ele não aprende nunca! – murmurou Alexandra.

– Deixe ele, Alê! Pelo menos assim ele está feliz! Só não sei se continuará assim a partir de agora. – disse Vanderlucy, apontando para seus vizinhos, que atravessavam o portal em direção à varanda.

– Mrak! Morten! Que bom que vieram! Como está diferente, Morten, mais bonito! Que roupas são essas ? – disse Alexandra, abraçando os amigos.- Ah, Dorcha, você também. Que alegria! – disse ela, dando um sorriso amarelo. Mesmo sendo seu amigo, ela descobriu, ele não gostava muito de desodorante. Por isso, decidiu não abraçá-lo, por precaução.

– Mrak! Dorcha! Que bom que vieram! Que saudades, Morten! Vejo que decidiu ressuscitar suas antigas roupas! Como conseguiu ser libertado? – disse Mörk, abandonando Silas com a comida do churrasco e indo conversar com o amigo.

“ Vou embora! Não quero ficar no mesmo ambiente que este assassino, traidor! Mas a Alê está tão alegre! Não seria capaz de estragar sua felicidade! Não agora, que ela voltou. Vou ficar aqui somente por ela!”.- ponderou Silas.

– Existe a hipótese de que sou o assassino, e não a certeza. As provas do crime são muito generalizadas, não apontam para um culpado específico. O delegado percebeu isso e me libertou. Mas ainda sou considerado culpado. – disse Morten, respondendo à pergunta de Mörk .

Cerca de dez minutos depois, as carnes começaram a ser servidas. Silas, o “churrasqueiro oficial”, servia a todos, sério.

Dorcha, talvez o mais guloso de todos os presentes, foi um dos primeiros a se servir. Disse, em sua língua estranha, algo indecifrável para Silas.

– Mörk, o que ele quer?

Dorcha repetiu sua fala anterior, o que Morten traduziu:

– Ele quer a carne mal - passada. Sangrando, se possível.

Todos, já satisfeitos, sentaram-se na mesa próxima a churrasqueira, a pedido de Alexandra.

– Eu e Mörk temos algo a anunciar. Mörk, venha até aqui, por favor.

– Eu e Alexandra somos, oficialmente, namorados. Não mais ficantes, mas, sim, namorados.

Todos bateram palmas, inclusive Silas. Morten traduzia tudo aos amigos.

– Já que agora estou oficialmente “na família”, gostaria de saber algumas coisas que sempre me deixaram curiosa... Seus nomes são tão exóticos! Sempre tive vontade de perguntar: O que significam: Morten, Mrak, Mörk e Dorcha?

– Meu nome é um variante norueguês para Marte, o Deus romano da guerra.- disse Morten.

– O nome do meu irmão quer dizer “trevas” em Bósnio. Nosso pai era bósnio. Já meu nome quer dizer “escuro” em Sueco. Nossa mãe pertencia a esta nacionalidade. – disse Mörk.

– Dorcha significa “trevas” em Irlandês. – disse Morten, traduzindo a fala do amigo.

De repente, todos escutam a campainha tocar.

– Que estranho, não estou esperando mais ninguém! Quem será?- diz Alexandra, levantando- se, indo em direção à porta.


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