Pov. Germán

Finalmente tinha tomado coragem de mostrar aquele lugar para alguém, ele é tão especial e nunca tive coragem de mostrar para ninguém, nem para a Maria. Nunca imaginei que iria mostra-lo para a Angie, eu sempre ia ali quando me sentia mal e a maioria das vezes era por culpa dela, mas acabou que agora ficamos juntos e aquele virou nosso lugar especial.

Depois de ficarmos olhando as nuvens e dizendo com o que elas se parecem ficou um tanto tarde e começou a escurecer, mas não ligamos muito e fomos nos sentar no banquinho.

–Eu te amo- Eu disse com a minha mão entrelaçada com a de Angie.

–Eu também te amo- Ela disse.

–Eu te amo mais.

–Não! Eu que amo mais!

–Eu garanto que não!-Eu disse para provocar.

–Eu garanto que sim!- Ela disse e pegou meu boné.

–Me devolve o boné!- Eu disse tentando parecer bravo.

–Vem pegar!- Ela disse e saiu correndo.

–Mas eu vou te pegar mesmo!- Eu disse e sai correndo atrás dela. Como ela corre rápido!

–Não me pega!- Ela disse e começou a me mostrar língua, mas eu estava decidido à pega-la.

–Pego sim!- Eu disse e continuamos correndo. Ficamos correndo muito mesmo, já estava até ficado escuro, mas Angie não iria desistir tão fácil.

–O que é isso Germán? Não me pegou até agora?- Angie disse debochando e eu continuei a correr atrás dela até que ela tropeçou em uma pedra e foi aí que eu vi a minha chance, mas sabe o que o bobão aqui teve a capacidade de fazer? Isso mesmo, também tropecei na pedra e acabei caindo em cima da Angie, mas claro que não a machuquei.

–Ora... Ora... Olha o que eu vejo aqui! Consegui te pegar!- Eu disse me apoiando na grama de uma forma que a impedisse de sair, acabou que ter tropeçado na pedra me ajudou.

–Só porque eu tropecei! Isso não vale- Ela disse emburrada.

–Ué! Não tinha nenhuma restrição, você apenas disse para eu te pegar- Eu disse.

–Mas não vale! Eu tropecei e... E... E... – Ela disse e começou a se enrolar.

–E aí eu te peguei!- Eu disse vitorioso.

–Está bem! Você venceu- Ela disse e colocou o boné de volta na minha cabeça.

–Obrigado, mas vai ter um prêmio de consolação- Eu disse e fui beija-la, mas digamos que não deu muito certo, já que a aba do boné bateu bem na testa dela.

–Ai! É esse meu prêmio de consolação? Prefiro ficar sem prêmio!- Angie disse passando a mão na testa.

–Me desculpa- Eu disse, tirei o boné e a beijei, dessa vez deu certo.

–Agora sim!- Angie disse com um sorriso, mas como é lindo esse sorriso ele anima o dia de qualquer um.

–Vamos embora, Angie?- Eu disse me levantando e oferecendo a minha mão para ela pegar.

–Mas agora? Eu queria ficar mais- Ela pegou na minha mão, se levantou e fez uma carinha triste.

–Vamos voltar mais vezes, afinal este agora é nosso lugar.

–Promete?

–Prometo!

–Então tá. Amanhã vamos voltar!

–Amanhã não dá, tenho uma reunião- Eu disse coçando o nariz, porque eu fiz isso? Toda vez que coço o nariz estou mentindo e não seria daquela vez que mudaria.

–Está bem, depois voltamos então- Angie disse com certa desconfiança.

Depois disso fomos embora, Angie não parava de falar do lugar no caminho, ela estava fascinada com ele e muito feliz, era bom vê-la assim.

Chegamos à mansão e Angie se atirou no sofá e começou a rir, mas como ela fica linda desse jeito.

–Porque está rindo?- Eu disse me sentando no sofá.

–Por tudo o que aconteceu hoje, foi muito bom- Angie disse e deu um sorriso, um sorriso perfeito, aquele sorriso que ilumina o dia de qualquer um, principalmente estando de noite. Acho que fiquei um tempo paralisado só observando aquele sorriso, porque percebi alguém passando a mão na minha frente.

–O que?- Eu disse saindo do transe.

–Germán! Eu estava falando e você estava voando!- Angie disse meio brava.

–Me desculpa meu amor! Eu não consegui parar de olhar para esse seu sorriso lindo.

–É... Obrigada- Ela disse meio envergonhada, fica tão fofa desse jeito.

–Então, o que estava falando?

–A Olga mandou falar que o jantar está pronto.

–Está bem, mas e o Federico?

–Ele já está na mesa- Angie disse apontando para a mesa.

–Nossa que ingrato! Nem espera para jantarmos juntos- Eu disse gritando para o Federico escutar e Angie me deu um tapinha me repreendendo.

–Eu só estou na mesa. Não comi ainda- Federico disse gritando também, mas estava meio que rindo.

–Vamos jantar e parar de gritar?- Angie disse.

–Está bem- Eu disse e fomos jantar.

O jantar foi um tanto animado, todos estavam conversando, Federico começou a falar da tal da Ludmila, quem era? Era aquela italiana? A ruiva? Fiquei meio de fora quando ele começou a falar dela já que não sabia quem era.

Depois do jantar fomos dormir, dessa vez eu dormiria no meu quarto com Angie do meu lado, o que não acontecia desde que brigamos. Nós nos deitamos nos abraçados, eu fiquei mexendo em seus cabelos e acabei dormindo.

Pov. Angie

Depois de nos deitarmos e nos abraçamos eu senti Germán mexendo nos meus cabelos, foi desse jeito que eu consegui dormir depois daquele dia perfeito.

Acordei muito bem e ficou melhor ainda quando olhei para Germán, ele já havia acordado e sorriu ao ver que eu também havia acordado.

–Olha quem acordou! Dormiu bem, meu amor?- Germán disse me dando um selinho.

–Dormi muito bem meu amor.

–Vamos descer então? Eu tenho que pre... Me arrumar para a reunião- Germán disse se enrolando.

–Quanto tempo vai demorar?

–Eu não sei... Talvez o dia todo.

–Sei- Disse meio desconfiada.

–Então, vamos?

–Eu quero me arrumar primeiro, me espera?

–Espero sim.

Eu me arrumei, fiz um rabo no meu cabelo, coloquei um short e uma blusa simples e depois Germán e eu descemos para tomar café.

–Bom dia- Federico disse.

–Bom dia- Germán e eu dissemos juntos e nos sentamos.

–Então, dormiram bem?- Federico perguntou.

–Dormimos muito bem, não é Angie?- Germán falou.

–Muito bem e você Federico- Eu disse.

–Eu tive um sonho lindo, foi perfeito- Ele disse e começou a suspirar, sabia muito bem com o que, ou melhor, com quem ele sonhou.

–Sonhou com a Itália?- Germán falou pegando uma torrada.

–Com a Itália?... Foi exatamente com isso que sonhei- Federico disse nervoso- É... Eu vou indo... Não quero chegar atrasado ao Studio- Federico disse e saiu quase correndo.

–Espera! Ainda estamos muito adiantados- Eu disse, mas ele já tinha ido- Parece que eu vou ter de ir sozinha para o Studio hoje- Eu disse bebendo um gole de suco.

–Quer uma carona? Eu posso te levar lá, não tenho nada para fazer- Germán disse e eu achei bem estranho.

–Você não tinha uma reunião?- Perguntei desconfiada.

–É claro... Como eu me esqueci! É super. Importante, mas posso te deixar lá- Germán disse se enrolando.

–Então está bem, eu aceito a carona- Disse meio desconfiada, essa reunião... Aí tem coisa.

Depois de terminarmos de tomar café, Germán me deu uma carona, mas ele não estava de terno para ir à reunião. Isso estava muito esquisito, mas não dei muita importância. Ele também parecia estar preocupado, mais esquisito, mas deixei de lado. Cheguei ao Studio, me despedi de Germán com um beijo e segui para a sala dos professores.

–Oi Angie- Pablo disse.

–Oi Pablo- Eu disse colocando minha bolsa em cima da mesa.

–Eu queria te falar que hoje a tarde não vai ter aula.

–Mas por quê?- Perguntei confusa.

–Hoje os garotos voltam de Madrid, então o Maxi, a Cami, o Broduey e mais alguns alunos queriam ir busca-los no aeroporto, então eu deixei.

–Pensei que eles voltariam só no final de semana.

–Não, eles voltam hoje- Pablo disse- Então você poderia ir busca-la junto com o Germán também.

–Claro, é lógico que vou buscar minha sobrinha, mas agora eu tenho aula- Eu disse e fui dar minhas aulas.

Pov. Narrador

Angeles terminara de dar suas aulas e seguiu para casa. Para deixar Germán a par de tudo mandou uma mensagem de texto, mas só depois lembrou que ele estava na reunião ou a suposta reunião. A mensagem serviu para alertar Germán, teria de colocar seu plano em prática mais cedo. Então ele se esconde dentro da mansão e esperou Angeles chegar, se ele tivesse sorte tudo daria certo.

Angeles chegou em casa e se sentou no sofá.

–O que eu vou fazer? Não estou nem um pouco animada para planejar aulas... Então eu vou ler! Faz tempo que eu não faço isso- A loira falava sozinha.

Angeles subiu para o seu antigo quarto de governanta e abriu uma gaveta, lá estava seus livros eram quase seus tesouros, ela teve a leve impressão de que estava faltando alguns e realmente estavam, mas ela pensou ser coisa de sua cabeça. Depois de pegar um livro, o quarto de uma de suas sagas preferidas, obviamente já havia lido e relido milhares de vezes, mas nunca enjoara. Depois de um tempo lendo, ela estava morrendo de sono, parecia que todos aqueles dias dormindo mal fez efeito naquele momento então ela decidiu cochilar no sofá mesmo, então colocou seu livro na mesa de centro e dormiu.

Germán viu sua chance ali, sua sorte estava realmente muito boa.

A loira acordou e ela podia ter certeza de que o seu livro estava no lugar errado, então ela o pegou e abriu, dentro tinha um papel que dizia: “Página 360”. A loira logo abriu na página 360 e tinha uma frase marcada, ela não ficou muito contente por ter seu livro marcado, mas leu assim mesmo: “Boné da sorte”.

–O que isso quer dizer? Boné da sorte?- A loira falou para si. Pensou ,pensou e finalmente ligou os pontos-Boné da sorte!

Angeles subiu as escadas correndo e quase tropeçou, mas seguiu em direção ao seu quarto. Chegando lá revirou todo o guarda-roupa e finalmente achou a gaveta que queria, lá estava o boné de Germán, o que passou de geração em geração e dizia ser da sorte. Dentro da mesma gaveta havia outro livro, um dos livros mais engraçados que ela tinha foi o último que havia lido, por mais que fosse infantil ela gostava, dentro dele também havia um bilhete: “Página 143”. Novamente a loira procurou a página e leu que estava marcado: “Estava dormindo no sofá da sala”.

Angeles pensou que poderia ser o que aconteceu, mas não daria tempo de escrever, fazer tudo aquilo apenas quando ela dormia na sala, ou poderia? Ela decidiu tentar e achou, achou mais um livro. Ela estava começando a gostar daquilo, menos da parte em que seus livros eram marcados. No livro novamente tinha um bilhete com o número de uma página, dessa vez era “72” e na página estava marcada a seguinte frase: “Houve um momento de silêncio”.

–Silêncio? O que? Tudo está em silêncio!- Angeles disse não acreditando no que estava escrito, tudo realmente estava em silêncio já que não tinha ninguém em casa, era o que Angeles pensava.

Ela começou a olhar toda a casa. Olhou os quartos, revirou a sala, vasculhou todas as prateleiras da cozinha deixando algumas coisas caírem no chão, mas que por sorte não quebravam.

–Angeles! O que está fazendo?- Olga havia acabado de voltar do mercado e ficou surpresa com a cena.

–Eu só estou procurando uma coisa- Angeles disse tentando fechar um armário da cozinha.

–O que está procurando aqui na cozinha?- Olga perguntou.

–Eu não sei exatamente o que- Angeles disse meio confusa e teve uma ideia- Olga, onde é o lugar mais silencioso da casa?

–Tem um porão, mas... – Olga estava dizendo, mas Angeles a interrompeu.

–Espera! Tem um porão aqui? Desde quando? Está aonde?- Angeles disse incrédula.

–A senhorita nunca percebeu uma portinha na sala? Sempre teve e é para lá que fica o porão.

–Obrigada Olguinha! Não sabe o quanto me ajudou- Angeles disse, deu um abraço rápido em Olga e foi em direção à sala e não é que tinha mesmo uma portinha lá?- Como eu nunca vi isso? Eu preciso prestar mais atenção por onde eu ando- Angeles disse empurrando a porta.

Aquele lugar poderia ser considerado assustador se ela não tivesse achado um interruptor que clareasse todo o local. Ela foi caminhando lentamente lá dentro até chegar em uma espécie de estante, estava incrivelmente empoeirada, mas não impediu Angeles de abri-la.

–Isso!- Disse Angeles comemorando ao perceber que tinha um livro lá dentro, um único livro e era um dos seus livros. Dentro dele, como já se era de esperar havia um bilhete com o número de uma página, “97”. Angeles abriu rapidamente na página e tinha uma única palavra marcada “Oeste”- Não posso acreditar! Eu desisto! Não vou ficar procurando mais nada!- Disse Angeles subindo as escadas extremamente brava.

Ela terminou de subir e se sentou no sofá da sala, estava extremamente brava e curiosa, queria terminar de olhar o resto, mas não tinha mais paciência, então resolveu terminar o livro que estava lendo. Ela o pegou na mesa e abriu na página que havia parado, mas acabou caindo um papel.

–O que é isso?- Disse a loira se agachando e pegando o papel que caíra no chão. A loira o pegou e começou a lê-lo.

“Pensei que desistiria, mas não sabia que seria tão rápido– Como uma pessoa podia ser tão rápida, pensava Angeles já que ela acabara de desistir- Eu te vigiei a tarde toda e aquela mensagem colaborou ainda mais comigo– Angeles leu e já sabia quem estava por trás de tudo aquilo- Sabe essa nossa última briga? Ficamos quatro dias brigados, mas para mim pareceu ser quase um mês. Foram os quatro piores dias da minha vida. É horrível ficar longe de você e por isso já planejei tudo. Eu quero que você saiba que você é a pessoa mais importante da minha vida e que nada nem ninguém vai mudar isso, quero que você saiba que sem você eu não sou nada. Eu te amo Angeles Carrara”

Após terminar de ler Angeles deixou cair várias e várias lágrimas de seu rosto, mas lágrimas de alegria. Germán sentia por ela exatamente o que ela sentia por ele. Angeles releu e percebeu que no final do bilhete havia mais uma coisa. “Abra na página marcada”. Angeles sem pestanejar abriu em uma página que estava marcada com uma espécie de cordinha. Na ponta da corda que estava tampada pelo livro havia um anel amarrado e na corda estava escrito “Quer se casar comigo?”.

–Aceita?- Angeles escutou uma voz inigualável, a voz que para ela era a mais doce e perfeita.