Pov. Ally

A chuva continuava a cair. Tenho certeza de que ouvi um trovão enquanto Austin e eu seguíamos até a casa. Estremeci ao ouvir o som. Austin entrelaçou nossos dedos e saímos correndo pela rua. Nossas roupas estavam com certeza totalmente encharcadas e talvez minha mãe me xingue por isso.

– Austin,olha - disse apontando para o arco-íris que estava se formando no céu quase em cima de nós.

A chuva enfim,parou. Uma brisa leve soprava vindo do oeste e me deixou um pouco arrepiada. Ótimo,a chuva parou exatamente quando já estávamos chegando,pensei. Apenas o que sobrou foi algumas poças de água,quais Austin insistia em pisar só para me molhar mais ainda. O loiro sorriu e me olhou.

– Acho que não vamos poder entrar em casa agora - ele disse.

Paramos de andar quando chegamos em frente a casa. Podíamos ver o mar perfeitamente bem,já que o lugar ficava bem na frente dele. Uma parte do imenso oceano. Suspirei. Aquelas roupas molhadas já estavam me irritando. Austin me olhou com um sorriso sapeca e gesticulou para o mar. Balancei a cabeça,discordando.

– Não ! Não vamos entrar no mar. Lembra do ursinho ? - perguntei erguendo o bichinho de pelúcia da minha mão.

– Então,o que quer fazer ?

– Precisamos entrar e tomar um banho. Sabia que podemos pegar uma gripe ? - ele riu.

– Você se preocupa demais,Alls. Vem - ele pegou novamente minha mão e me conduziu até dentro da casa.

( ... )

Meus pais não estavam. Os Moon's disseram que eles tinham ido ao mercado. Apenas subi para meu quarto - que parecia extremamente vazio e chato sem a Trish ali - e fui tomar banho.

A água quente que caía do chuveiro relaxava totalmente cada músculo do meu corpo. Passei um de meus dedos sobe meus lábios. Tinha sentido algo muito especial quando Austin e eu nos beijamos. Era sempre assim,nossos lábios se movendo em perfeita sincronia enquanto minha mente não era capaz de pensar em outra coisa que não fosse ele.

Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Um arrepio passou pelos meus braços e por minhas pernas quando meus pés nus tocaram o chão frio. Saí do banheiro ainda enrolada na toalha,abri meu roupeiro e escolhi rapidamente uma roupa leve e simples. Agora que já estava vestida,deitei em minha cama,coloquei meus fones e os conectei ao meu celular. Liguei na primeira música que apareceu na lista. Sorri ao perceber que era a música Wide Awake da Katy Perry .

Peguei meu diário e rabisquei alguns desenhos - que sinceramente não ficaram bons - mas que me distraíram por alguns minutos. Acho que estava ou muito concentrada na música ou nos meus rabiscos feios e inexpressíveis ,que apenas levei um susto quando o som que meus fones emitiam pararam bruscamente.

– Ah,oi Austin - disse quando percebi que tinha sido ele que desligou a música. E eu nem tinha notado quando ele entrou.

– Isso tava muito alto,sabia ? - ele perguntou enquanto se sentava ao meu lado. Austin sorria radiante. E até hoje não descobri o por que de tanta felicidade. Quando voltei pra Miami,ele não estava mais com esse mesmo sorriso,e vê-lo agora,parecendo extremamente feliz como nunca,me deu uma imensa alegria e satisfação. Aquele era o Austin de verdade. - Ally ... - ele começou mas parou para respirar fundo - Eu queria ser mais como você.

Franzi a testa.

– Como assim ?

– A gente se conhece ao bom tempo,certo ? - assenti - E você sempre foi a mesma. Nunca mudou em nada,nunca foi influenciada por ninguém. Acho que fui muito idiota por um longo tempo.

Ele parou de falar e me olhou com seus olhos castanhos e que agora,tinham um brilho inexplicável.

– Você sempre foi mesmo idiota - brinquei com ele.

Austin riu.

– Talvez você esteja certa.

– Mas tá tudo bem agora não é ? - perguntei.

– Melhor do que nunca. Não sei o que teria feito se você não tivesse voltado,Alls.

Austin estava sentado bem a minha frente enquanto eu estava com metade do corpo deitado e me recostava no travesseiro. Ele foi se aproximando mais de mim,e eu realmente mal podia esperar para o que aconteceria mais ou menos em dois segundo. Fechei os olhos. Austin enfim selou nossos lábios.

Já era nosso segundo beijo no dia e eu não conseguia mais explicar exatamente meus sentimentos. Era simplesmente algo mágico e que me deixava em choque. Afinal,tudo o que eu sentia enquanto nossos línguas travavam uma batalha,era um tanto novo. Nos separamos. Novamente,estávamos sorrindo.

Queria falar alguma coisa,mas assim que abri minha boca,alguém bateu na porta do quarto. Austin se levantou rapidamente da cama. Me coloquei de pé ao seu lado e perguntei :

– Quem é ?

– Ally,sou eu - disse a voz da minha mãe - Podemos conversar ?

O tom da voz de Penny - minha mãe - parecia estranho. Sua voz parecia um pouco embargada,como se ela tivesse segurando o choro ou coisa assim. Não liguei pra isso. Talvez fosse minha imaginação sempre muito ativa. Apenas fui até a porta e abri. Ela exibia um sorriso fraco no rosto,mas tentou se animar mais quando viu Austin.

– Não sabia que estava aqui,Austin - ela disse com um sorrisinho,percebi que se ela estivesse mesmo bem,daria um sorriso malicioso - Não queria atrapalhar vocês.

– Não atrapalhou. Eu já estava saindo - Austin disse e me lançou um olhar significativo. Como se também tivesse percebido que minha mãe não parecia nada bem.

– A gente se fala depois - disse enquanto ele saía do quarto e fechava a porta. Penny se virou para mim,e mais uma vez abriu um pequeno sorrisinho. Caminhou em direção a janela e passou a mão nas cortinas. Eu a observava curiosa. Nunca a vi parecendo abatida. No máximo,cansada do trabalho. E isso acontecia muito desde que ela começou a ajudar meu pai com os negócios.

– Mãe,o que houve ? - perguntei e ela voltou seu olhar para mim. Ela deu pequenos passos até chegar a cama de Trish - que ficava mais perto da janela - e se sentou ali.

Ela parecia desconfortável. Tentei me lembrar da última vez que conversamos algo a sós,como mãe e filha. Acho que foi na época em que comecei a namorar com Elliot. Já fazia algum tempo.

– Não estou me sentindo bem nos últimos dias - ela disse com um suspiro leve. Fui até minha cama e me sentei de frente a ela.

– O que aconteceu ?

– Talvez você não tenha mesmo percebido,até porque eu fazia questão disso ... Mas eu não estou mais me sentindo ... Hã,confortável.

– Como assim ? - perguntei realmente confusa com suas palavras.

– Sabe,o real motivo por eu ter sugerido a seu pai que fizéssemos essa viagem,era para nós três ficarmos mais juntos. Viajar em família não foi mais possível por causa do trabalho,e eu não queria isso. Só estava tentando ajudar seu pai. E quando me referia a ficarmos juntos nas férias,quis dizer de verdade,e não assim ...

– Ah,mãe,acho que lhe devo desculpas,não tenho ...

– Não,não. Não é nada com você. Fico feliz que você e Austin ainda se deem tão bem - ela sorriu - É só que,seu pai continua obcecado com o trabalho.

– Eu não tinha percebido isso antes ...

– Claro que não. E nem precisa se preocupar com isso. Se você ficasse mais com ele,também ficaria irritada. Assim como eu estou.

Percebi que o que estava realmente acontecendo,era uma crise. Uma crise entre meus pais. Gostaria de ajudar minha mãe,mas minha língua parecia ter travado. Claramente eu não era bom consolando as pessoas. E também nunca imaginei que minha mãe viria até mim para falar sobre esse tipo de coisa.

– Está bem,filha ? - ela perguntou quando percebeu que tinha ficado completamente calada.

– Ah,sim - suspirei - Acho que deveria falar com ele. Ou apenas aproveitar as férias,e esquecer isso por um tempo ...

Sei que não estava me saindo nada bem nisso. Mas era melhor do que nada,certo ? Só queria imaginar se meus "conselhos" estavam servindo mesmo para alguma coisa.

– Talvez. Mas não quero mais falar de mim.

Ela sorriu. Agora,de verdade. Sem nenhum esforço,ou algo assim,e fiquei extremamente contente por estarmos juntas novamente. Como numa verdadeira conversa entre mãe e filha.

– E você,Ally ? Como tem sido seus últimos dias,filha ? - ela perguntou.

Suspirei mais uma vez. Acho que ainda tinha muito o que contar a minha mãe.

Pov. Austin

It's not a walk in the park, to love each other

But when our fingers interlock

Can't deny, can't deny, you're worth it

A música tocava na rádio enquanto eu - que estava deitado na cama - olhava para o teto apenas ouvindo. Ally também fazia aquilo,e percebi que era realmente bom e relaxante. Depois do fim da música,minha barriga começou a roncar. Levantei da cama e saí do quarto. Precisava comer alguma coisa. Desci as escadas mais rápido do que o normal. Meus pais estavam na sala vendo um filme. Passei praticamente correndo por eles.

– Austin ? - minha mãe me chamou de volta. Sem ânimo nenhum,voltei para trás e parei em frente a eles.

– O que foi ?

– Aonde vai ? - ela perguntou

– Comer alguma coisa - respondi ainda sentindo minha barriga roncar.

– Já está quase na hora do jantar. Penny e Ally estão preparando. Talvez você queria ajudar elas. Ela me enviou um pequeno sorriso. Assenti e fui até a cozinha. Antes de chegar até ela,ouvi Ally e sua mãe conversando.

– ... ah,filha,eu te conheço,você está mentindo !

Fiquei atrás da parede enquanto tentava decidir se era certo ou errado ouvir a conversa delas.

– Por que estamos falando disso mesmo ? - Ally perguntou. E eu podia ouvir o desconforto em sua voz. Seja lá o que for,talvez seja interessante ...

– Não fuja do assunto. Na verdade,você e Austin ficam bem juntos.

Elas estavam falando sobre mim. O que,é claro,me deixou com mais vontade de escutar. Devo ter corado quando Penny disse que Ally e eu ficamos bem juntos.

– Não fala isso - Ally tentava fugir do assunto e tenho quase certeza de que ela deveria estar vermelha igual a um tomate.

– Mas,você gosta dele ?

Estremeci em pensar a resposta dela. Mais uma vez,pensei ser errado estar ouvindo a conversa,mas já era tarde mais para sair dali. Apenas esperei,atento e ansioso,até finalmente a Ally dizer :

– É,talvez eu goste dele.