Kate acabara de terminar um procedimento em um paciente. Passou rapidamente pelo posto de enfermagem e parou em frente ao local onde ficava pendurado o enorme mural de acrílico com as atividades/pacientes ligados aos nomes dos médicos e médicos-residentes, a fim de verificar seu próximo paciente, quando foi abordada por Josh. Ele a olhou de cima a baixo, fazendo uma expressão como se estivesse gostando do que via. Ele estava usando a farda própria dos médicos daquele hospital.

- Ok, Kate. Quer dizer que você é médica residente deste hospital. Que surpresa maravilhosa! Então vamos nos ver diariamente. Que ótima notícia. Podemos retomar nossas saídas, querida, sem compromisso, lógico.

Kate fica com raiva e assustada, porém consegue disfarçar, e no momento em que ia pensar no que ia responder ela ouve seu nome no serviço de som. – Dra. Beckett, telefone, linha 3. Dra. Beckett, telefone, linha 3.

- Com licença. – Kate sai sem dar explicação.

- Até para casar, minha linda. – Que ironia, ah, se ele soubesse, pensou Kate e sorriu internamente, contudo, neste momento, Josh pega seu braço a fazendo parar.

- Josh, você está me machucando. Será que você pode soltar meu braço, pois eu tenho que atender a uma ligação telefônica. – Kate puxa o braço com força.

- Eu quero só fazer uma perguntinha para você, Kate. Aliás, eu quero fazer duas perguntas. Vai ser rapidinho, meu amorzinho. Primeira pergunta: Que anel gigante e esse no seu dedo da mão direita? Você está noiva, é? Segunda pergunta: O que exatamente você fez sobre aquele seu assunto que deixamos pendente há quatro anos? Você seguiu o meu conselho? Você fez o aborto? – Ele perguntou fazendo uma cara cínica e piscou para ela como se aquela solução fosse a melhor coisa a ser feita. – Kate, estou esperando uma resposta. Que cara é essa? Será que você não seguiu o meu conselho e tem um pestinha por ai que eu não conheço e daqui a pouco vai ter um Oficial de Justiça batendo à minha porta com uma sentença judicial determinando que eu faça um exame de DNA e depois vai exigir pensão?

Kate respirou fundo e em silêncio, pediu a Deus que a ajudasse e que tivesse a calma necessária para enfrentar aquela situação. – Josh, eu não gosto de lembrar desse passado, por favor. Eu odeio ter que tocar neste assunto. E, se eu não me engano, você mesmo disse que para você o assunto estava morto. Então, para que desenterrar os mortos? – Kate fez cara de enfado. - Por favor, esqueça o passado. É como diz aquele ditado popular, “Quem vive de passado é museu.”

Ele a encarava sem saber ao certo o que pensar ou mesmo falar quando o telefone celular dela toca. Ela retira o aparelho no bolso e fica sem ação quando vê o nome e a foto da filha no identificador de chamadas. O celular continua tocando e ela fica olhando indecisa.

Josh, curioso, olhou do aparelho para o rosto dela e pergunta – Kate, você já não atendeu ao telefone do hospital e agora, não vai atender a ligação do seu celular?

- Não. Depois eu atendo.