Além Da Escuridão escrita por HawthorneMark


Capítulo 7
Capítulo 7 - Jogos da Morte parte I




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A queda no rio foi rápida e quando Gale se deu conta, a água gelada o encobria e a correnteza o arrastava com força. Por algumas vezes tentou se segurar em alguma das pedras, porém elas estavam escorregadias demais para que conseguisse se firmar. Gale tentou não ficar desesperado. Olhou ao redor e viu Alicia logo a frente dele, ela estava tentando manter a cabeça fora da água e tentando também se agarrar nas pedras que surgiam no caminho. Gale impulsionou o corpo para a frente, batendo os braços na água em direção a sua soldado. Ele a alcançou rapidamente e segurou a gola da camiseta dela.
– O que é ...?- Ela começou a gritar e se debater.
– Sou eu Alicia, calma! - Gritou Gale antes que ela ficasse desesperada demais e afogasse os dois.
– Por Deus , Gale! - Ela disse. - Nós vamos morrer afogados!
Quando ela disse isso, uma correnteza forte pegou os dois de surpresa e os fez rodopiar embaixo da água. Gale soltou a gola da roupa de Alicia e tudo girou. A água invadiu seu nariz e o ar escapou dos seus pulmões. Ele tentou desesperadamente subir a superfície e com muita dificuldade conseguiu. Tomou um fôlego enorme e cuspiu muita água. Gale olhou ao redor e então seu coração gelou. Alicia não estava em nenhuma parte.
– ALICIAAAA! - Gritou desesperadamente.
Como se ela tivesse ouvido sua voz, Alicia levantou a cabeça debaixo da água, cuspindo um monte dela. Por um momento Gale se sentiu aliviado. Ele então tentou impulsionar o corpo novamente até que conseguiu ficar lado a lado com Alicia.
– Olha logo aquilo lá! - Ela disse, apontando logo a frente.
Havia uma enorme árvore caída na água. Sua grande copa estava presa entre um conjunto de pedras pontiagudas. O tronco dela ainda estava preço no chão da margem por suas raízes que eram grossas e fortes. A árvore parecia prestes a ceder a qualquer momento com a força da correnteza que tentava leva-la também.
– É nossa única chance, Alicia. Impulsione o seu corpo para a direção do tronco e tente se agarrar nele! - Gritou Gale.
Assim que ele disse o que fazer, impulsionou o corpo em direção ao tronco. A velocidade da água fez com que eles alcançassem o objetivo rapidamente. Gale ergueu os braços e agarrou a árvore com um baque. Seus dedos escorregaram por um segundo, ralando a palma da mão no tronco duro e seco. A força da água o queria arrastar por baixo da árvore, mas ele permaneceu forte, agarrando com força e tentando tirar seu corpo pra fora da água. Alicia lutava igualmente bem, agarrando com força o tronco, lutando bravamente pela sua vida.
– Eu não consigo me segurar por muito mais tempo! - Alicia gritou com urgência.
Gale impulsionou o corpo com força pra cima, mas não conseguiu subir no tronco. A água estava forte demais. Tentou movimentar o corpo para o lado, indo em direção a margem, mas qualquer movimento para os lados a correnteza o puxaria para baixo. Ele olhou para Alicia e viu o medo nos olhos dela. Gale então usou todas as forças que restavam e puxou o corpo para cima do tronco. Os músculos dos seus braços inflamaram e queimaram. A dor subiu por todas as extensões dos seus braços. Ele gritou. Gritou com tanta força que sua garganta parecia prestes a rasgar. Gale conseguiu subir o tronco, ficando de barriga pra baixo nele. Estendeu a mão para Alicia e a agarrou.
– Vamos Alicia! - Ele disse, com os dentes cerrados.
Seu braço doía, mas ele puxou a companheira de equipe mesmo assim. Ela segurou a mão dele com força e com a outra segurou o tronco e subiu. Gale soltou o braço dela e deixou o seu estendido, soltando um suspiro de alivio. Seu corpo inteiro parecia que tinha sido esmagado por algum caminhão.
– Obrigada! - Alicia disse. Seu tom de voz fraco e seu peito arfando.
– Temos que sair daqui! - Gale disse, agora se levantando ficar sentado, com uma perna de cada lado do tronco.

Gale começou a se levantar lentamente do tronco, se equilibrando nele e andando em direção a margem. Assim que chegou perto o suficiente, ele pulou. Alicia faz o mesmo, andando lentamente e se equilibrando sobre o tronco, saltando dele quando se aproximou da margem. Gale a segurou assim que ela aterrizou em terra para que ela não caísse.
– Você está bem ?
– Estou sim! - Disse Alicia em resposta. Ela o encarou e esboçou um sorriso. - Estou me sentindo como se tivesse sido esmagada por um caminhão, mas estou bem.
Gale não conseguiu evitar sorrir de volta pra ela. Ele a achava bonita, até mesmo com os cabelos grudado na cara e molhados. As vezes a achava bocuda, mas isso não tirava a beleza de quando ela sorria.
– E então, pra onde vamos? Alicia questionou.
– A procura dos outros.

* * *

Os dois andaram por mais duas horas pela floresta, portando suas facas e preparados para qualquer ataque de qualquer bestante. Andaram até encontrar uma trilha que descia para mais uma caminhada dentro da floresta e então mais adiante, começava a selva de pedra.
– Uau. - Sussurrou Alicia, quando ambos pararam na entrada da trilha e observaram ao longe.
Ambos se encontravam no alto, em cima de uma grande pedra achatada. Dali dava pra ver o resto de floresta que eles tinham de percorrer até começar enfim a cidade. Arranha-céus monstruosos alimentavam toda a paisagem. Alguns pareciam intactos, outros estavam com as janelas estilhaçadas, outros prédios estavam em pedaços e alguns outros estavam tombados e encostados no prédio vizinho. Alicia sentou na borda da pedra, antes de prosseguir a trilha e ficou observando a paisagem. O sol já estava quase se pondo, tingindo a paisagem com suas cores alaranjadas e amareladas do fim da tarde.
– Estou me perguntando como é que viemos parar aqui. - Alicia disse por fim, depois de alguns minutos de silêncio.
– Eu estive pensando a mesma coisa. - Disse Gale, olhando para o por do sol e se sentando ao lado da Alicia. - Será que alguém nos separou? Porque fariam isso?
Ela pareceu não ouvir, ficou apenas olhando para a cidade ao longe.
– E quem deixou aqueles bestantes na floresta? Será que isso aqui é mais um daqueles jogos malditos que tínhamos em Panem?
A voz dela parecia sombria. Gale não sabia o que responder, ela poderia estar certa, ou não. Eles não sabiam onde estavam, nem como tinham chegado ali, mas uma coisa intrigava Gale. Porque não encontraram nenhuma pessoa durante todo esse longo percurso? Porque haviam bestantes soltos na floresta? O capitão estava cansado demais pra tentar encontrar a resposta a essas perguntas.
– Vamos Alicia. - Disse Gale, pondo-se de pé. - Está escurecendo e falta pouco para sairmos dessa maldita floresta! - Ele deu uma pausa e estendeu a mão para ajudar Alicia a se levantar. - Não podemos dormir aqui, temo que aquelas criaturas possam ainda estar atrás de nós.
Antes que conseguissem retomar a caminhada até a cidade, um grito ecoou logo a frente.
– SOCORROOOOO!
A voz não era estranha para Gale. Ele olhou para Alicia e logo viu um brilho de reconhecimento no olhar dela. Ela arregalou os olhos, pegou a faca e saiu correndo trilha abaixo, seguindo o grito de socorro.
– ALICIA... - Gale gritou e começou a correr atrás dela - Espera, pode ser algum tipo de armadilha!
Sem parar de correr, Alicia gritou de volta.
– É o Professor Dimas, temos que ajuda-lo.
Os dois correram o mais rápido que puderam e adentraram o último pedaço de floresta que faltava. Gale acompanhava o ritmo de Alicia, corriam sempre tomando cuidado para não tropeçar nas pedras ou pisar em algum buraco na terra. Os gritos de socorro continuavam até quando avistaram uma armadilha supespa no ar. Era uma rede de cordas e no meio dela um homem se debatia e gritava por ajuda. Logo abaixo da rede haviam duas pessoas. Gale parou de correr e segurou a faca com força, em posição para se defender caso aquelas duas pessoas resolvessem atacar. Alicia fez o mesmo e olhou para Gale, encarando-o com um olhar de quem estava querendo entender aquilo e pedindo explicações.
– Quem são vocês? - Gale gritou, não houve resposta.
Os dois estranhos eram um homem e uma mulher. A mulher era baixa, magra e segurava uma vara com uma lança na ponta. Os cabelos dela estavam desgrenhados e coberto de sujeira. Ela olhava para eles com um olhar desconfiado e ao mesmo tempo malicioso. O homem era alto, magro, porém musculoso. Não havia cabelo na cabeça dele e uma enorme cicatriz percorria o coro da sua cabeça. Ele estava completamente sujo e as roupas rasgadas em algumas partes. O homem grande portava um facão da lâmina curva. O olhar dele era de alguém insano, louco para matar.
– Gale! Alicia! - Gritou o professor de lá de cima. - Eles não entendem o que vocês falam!
– Então sugiro que o senhor traduza pra eles! - Gritou Alicia de volta.
– Professor, você é capaz de traduzir? - Gale perguntou, sem tirar os olhos dos dois estranhos logo a frente.
– Si... sim! - Gaguejou o Professor Dimas de volta.
Gale relaxou a posição em que estava e tentou aparecer o mais descontraído possível. Os dois estranhos pareceram não mudar suas feições, eles agora estavam andando lentamente. A mulher para o lado do Capitão e o homem para o lado de Alicia.
– Escutem, nós não queremos fazer mau pra vocês! - Gale disse em um tom de voz potente e poderoso.
Em seguida o professor traduziu o que eles estavam falando. Os dois estranhos agora pareceram prestar atenção em Dimas.
– Apenas queremos tirar o nosso amigo da rede e prosseguir o nosso caminho pra tentar achar uma saída daqui!
A mulher que portava a lança riu de forma histérica. O homem olhou para ela com um olhar duro e ela ficou quieta. Então finalmente ele disse algumas palavras que foram totalmente estranhas para Gale e Alicia.
– A.. ele perguntou como pretendem sair daqui, já que é impossível. - Dimas traduziu.
– Impossível? Como assim? Pretendemos encontrar alguma ajuda na cidade e ver o que aconteceu com a nossa nave e nossos amigos. - Agora foi Alicia que disse, olhando diretamente para o homem.
Mais um tempo para a tradução e o homem respondeu de novo. Dessa vez não foram breves palavras, ele falou mais do que antes. Assim que terminou de falar, a mulher seguiu em direção da corda que estava amarrada no tronco de uma árvore e que mantinha a armadilha suspensa e a cortou. O professor Dimas caiu com um baque surdo na relva da floresta e se livrou das cordas. Ele se levantou e então o homem disse algo e apontou para Gale e Alicia. Imediatamente, o professor foi correndo até os companheiros.
– Você está bem, Professor? - Gale perguntou, indo em direção ao professor e oferecendo ajuda.
Educadamente Dimas recusou a ajuda. Alicia logo se adiantou e perguntou o que eles tinham dito. Gale olhou na direção dos dois estranhos e eles continuavam ali, só que agora o semblante deles não era tão assustador assim.
– Eles disseram que pensaram que eramos inimigos, eles iriam me matar e depois comer, já que está difícil encontrar comida aqui ... - O Professor deu uma pause e então prosseguiu. - Ele disse que é praticamente impossível sair deste local.
De repente um frio atingiu o estômago de Gale, fazendo ele se contrair um pouco. O sangue subiu rapidamente para a cabeça e ela parecia zunir e latejar.
– Porque é impossível fugir desse local, professor?
Dimas engoliu em seco e por uma fração de segundo seus lábios tremeram, denunciando um alto grau de nervosismo. Alicia pareceu perceber o nervosismo dele e mordeu o lábio inferior com força, ficando nervosa também. O Professor Dimas esfregava as mãos freneticamente e limpava o suor na calça.
– Olha, eles ficaram de me explicar tudo certo se estivermos dispostos a montar acampamento com eles já que está escurecendo...
Alicia suspirou, liberando a tensão do corpo.
– Sério que você quer passar a noite com as pessoas que tentaram te comer? - Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto encarava o professor.
– Professor... - Gale começou a falar, encarando Dimas nos olhos - o senhor ainda não disse o porque é impossível sair desse lugar!
Dimas o encarou de volta, os dois sustentaram os olhares e então ele disse.
– Porque estamos nos Jogos da Morte...


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Notas finais do capítulo

As ideias estão surgindo, tenho vários rumos que eu gostaria de tomar na minha fanfic e gostaria muito que comentassem, que me falassem o que pensam que vai acontecer, o que gostariam que acontecesse, assim eu me sentiria mais motivado em continuar a fanfic e seguir o rumo que quero seguir!