The Trouble escrita por Rileid


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Beeeem gente. Eu sei que vocês odeiam originais, mas prometo que essa vai ser legalzinha c:



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Mais ou menos umas duas semanas depois do início das aulas, fui informado que meu ex-colega de quarto, Larry, não estaria mais conosco em St. Agnes.
 

Nós não sabiamos bem o motivo, mas uma das possíveis razões era que (a) ele era viciado em nicotina, o que nos leva a (b) ele fumava em pleno saguão, na frente de todo mundo, como se dissesse "Hey, olhem meu cigarros", e daí pulamos para (c) era estritamente proibida a entrada de quaisquer drogas no internato St. Agnes. 
 

Mas isso não me importava. Eu fiquei até meio feliz, porque digamos que Larry não tinha as melhores boas maneiras no quarto. 
Uma mania porca e insistente de largar as cuecas no chão, e (Deus me livre!) de tomar banho de porta aberta. 
 

Mas o importante era: eu finalmente, em um longo período de dois anos em um inferno de freiras e regras sem lógica, teria um quarto inteiro só pra mim. 
 

Pelo menos foi o que eu pensei.
 

Em uma manhã enslorada e quente como o inferno, nossa diretora, que por incrível que pareça, também se chamava Agnes, me chamou para ter uma conversa séria. 
 

Ela disse que sem um colega de quarto eu me sentiria "sozinho", e me tornaria cada vez mais "antissocial" com o passar do tempo. 
 

Eu concordei com tudo, porque a verdade é que eu não queria admitir pra ela que eu nunca tive uma vida social. 
 

Combinamos que meu novo colega de quarto chegaria em dois dias. 

O tempo passou bem mais rápido do que eu esperava, e ao invés de fazer loucuras em um quarto só pra mim, fiquei os dois dias que me restavam sozinho jogando video game e comendo Cheetos com gosto de chulé. E não, eu nunca provei chulé, mas presumo que o gosto seja tão parecido quanto o cheiro. 
 

Quando olhei no relógio, já haviam se passado dois dias, e o quarto estava arrumado e pronto para receber o cara que ia dividir o quarto comigo, pelo resto do ano letivo. 

Agnes estava ao meu lado, parada junto a porta do quarto. Ela disse que queria me ajudar a  apresentar os benefícios do St. Agnes. Nós dois sabiamos que ela só não estava a fim de deixar eu estragar toda a primeira impressão sobre o colégio.

A coisa toda estava muito estranha e incomum, então resolvi puxar assunto. Péssima idéia, Charlie. Péssima idéia.

- Posso saber como ele se chama? - perguntei.

- Desculpe. Quem? - Agnes, diretora do internato St. Agnes, perguntou.

- Meu novo colega de quarto. - murmurei. - Quero saber como ele se chama.

- Se chama Mason. Mason Lexinfor. - ela sorriu nervosa. Parecia estar preocupada com o atraso do tal Mason.

De repente, uma menina se aproximou de nós. Ela era alta, foi a primeira coisa que reparei. E branca. Extremamente branca. 

Tinha olhos azuis eletrizantes, que pareciam checar o ambiente ver se aquele lugar era seguro. Carregava uma mala grande, preta, e surrada, lotada de adesivos de bandas, algumas das que eu gostava estavam lá. Ela nos olhou de cima a baixo, e então suspirou. Um longo e frustrado suspiro. 

Eu não sabia ler emoções, mas tudo nela deixava bem  claro o que ela queria.

Seus enormes olhos azuis, que agora se estreitavam, como se quisessem ver através de mim, dizim claramente "EU QUERO SAIR DAQUI EU QUERO SAIR DAQUI ME TIREM DAQUI SEUS IMBECIS EU QUERO SAIR DAQUI".

Foi só quando ela chegou perto de mim que percebi que ela estava realmente tentando ver através de mim. 

- Ei. Você. Isso! - ela se referia claramete a mim. - Você mesmo, loirinho. Tira a cabeça da porta pra eu ver que é que tá escrito aí. - ela empurrou minha cabeça bruscamente, sem se importar se aquilo me deixaria um torcicolo, o quem sabe alguns hematomas. Abriu um sorriso largo quando leu o número na porta, e levantou a mala do chão.

Hematomas. Que tipo de adolescente usa a palavra hematomas?

- Ai! - gemi de dor - Quero dizer... Oi. Sou Charles O'Harren. Pode me chamar de Charlie. Vai ser um prazer te acompanhar até o seu quarto. - me apoei na porta, pra passar uma impressão de certa confiança.

- Olá! Prazer em conhecer, Charles. Sou Mason Lexinfor. Podeme chamar de Mason Lexinfor. Talvez a gente possa organizar uma festa do pijama e fazer trancinhas no cabelo uma da outra e tal, mas tudo o que eu quero agora é que você tire a bunda da minha maçaneta - desencostei da porta, e ela sorriu, exalando sarcasmo - Obrigada! - a diretora continuava boquiaberta.

- Me desculpe, senhorita. Creio que houve um engano. Esse quarto está reservado para... - ela deu uma olhada rápida nos papéis, e arregalou os olhos, a boca aberta em uma estranha forma de O - Mason Lexinfor... é você? - ela perguntou, um tanto surpresa.

- E o que foi que eu acabei de dizer? Vocês são surdos? Me chamo Mason Lexinfor. Me chamem de Mason Lexinfor. E...AI, MEU DEUS,  TIRA A DROGA DA BUNDA DA MINHA MAÇANETA! - nem tinha percebido, mas estava encostado na porta de novo. Envergonhado, saí de perto da porta, de uma vez.

A diretora logo entendeu o mal entendido. Quando Mason Lexinfor havia mandado sua ficha pra ser aceita na escola, os funcionários haviam entendido - assim como todos haviam entendido - que Mason era um menino.

- Era só o que me faltava. - Mason largou a mala no chão, e se sentou em cima dela. 

- Oh meu Deus. Querida. Eu realmente sinto muito. Mas de qualquer forma, você pode dividir o quarto com Charles. Confio nele. Sei que ele não vai tentar nada de... - ela suspirou - impróprio. 

Até mesmo a diretora Agnes me achava caído o suficiente pra dividir o quarto com uma garota e não tentar nada. Legal cara. MUITO legal.

A diretora saiu do corredor apressada, dizendo que tinha coisas pra resolver, incompetentes pra demitir. Suspirei. Eu é que não queria estar na pele desses caras que confundem meninos e meninas na hora da inscrição.

Entramos no quarto. Mason jogou suas malas em  qualquer canto no chão. Ela deu uma olhada demorada para as coisa arrumadas e perfeitamente organizadas. Eu não tinha  o costume de deixar as coisas bagunçadas. Deu uma última olhada, e fez uma careta de nojo. Certo, aquilo seria  difícil.

- Olha, eu... - comecei.

- Eu não quero saber. Olha, tem algumas regras de convivência que seremos obrigados a seguir, se quisermos que esse seu rostinho de gazelinha saltitante fique intacto. Regra número um: o beliche de cima é definitivamente MEU. - ela subiu no beliche, sem tirar os sapatos. Suas botas plataforma deixavam marcas profundas no carpete. Ela parecida pouco se importar. Ela se atrapalhou ao subir, e acabou levando um tombo feio, indo direto dar um abraço de boas vindas ao chão. Estendi a mão pra ajudar. 

​Em dez anos, foi a pior idéia que eu já tive.

​Mason torceu meu braço com força, e subiu rapidamente de novo  no beliche. 

​Ainda sim, era possível perceber que ela havia torcido o pé - assim como era possível perceber que ela jamais admitiria isso.

- Regra número dois: não toque em Mason Lexinfor. Em. Hipotese. Alguma. Toque. Em. Mason. Lexinfor. - ela parou e gemeu um pouco, talvez por causa do pé - Estamos entendidos sobre tocar em Mason Lexinfor?

​- Hã, qual é a de falar sobre si mesma na terceira pessoa? - perguntei.

- Fica mais legal, você não acha? - ela puxou seu celular da bolsa, e os fones de ouvido.

- Acho. É, eu acho. - soltei um longo suspiro e me sentei a minha beliche - a beliche de baixo!

Alguns minutos se passaram, e eu resolvi que as coisas não seriam daquele jeito. Ah, não! 

​Pensei no que diria pra Mason Lexinfor. "Escuta aqui. Se acha que pode mandar em mim, está enganada. EU vou ficar com a beliche de cima. EU vou dar as regras de convivência. Quem manda aqui  sou EU."

​Mas, tudo o que consegui dizer, foi:

- Então, quer dizer que você tem um útero. Legal, né? - ri nervoso.  Cara. Porquê eu disse isso.

- É... estou começando a achar que não sou a única nesse quarto que tem um útero.  - ela olhou pra mim com descaso.

- E peitos legais. - juro que não queria ter dito aquilo. Mas estava vagando pela minha cabeça, e acabou saindo. Lentamente, Mason desceu a escada da beliche, e olhou pra mim. 

- Olha, eu vou fingir que você não disse isso. Considere isso um ato MUITO caridoso. Eu tenho quatro anéis aqui. Qual deles gosta mais? - ela me mostrou os anéis de cobra, caveira, crucifixo e outra caveira. Não me deixou responder. - Porque é a marca de um deles que vai ficar  no meio da sua cara se repetir a palavra "peitos" comigo no quarto outra vez.

Assenti de leve com a cabeça, e ela voltou para a beliche de cima.  

De alguma forma, eu sabia, desde aquele dia, que Mason Lexinfor mudaria minha vida. 


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Notas finais do capítulo

Então, eu escrevi um puta capítulo. Um review agradaria meu coraçãozinho :c



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