Fate/Another Tears- Interativa escrita por Gabriel21


Capítulo 35
True End- O céu de Charlotte parte 2 - Memórias de uma cidade nevada


Notas iniciais do capítulo

Olá, gostaria de me desculpar pelo IMENSO atraso, ainda estão vivos? Depois de muitos desafios estou aqui! Aconteceram certas coisas na minha vida que estavam me impedindo de escrever... Obrigado por tudo e por darem chance para mim, sou muito grato a todos. Aqui está finalmente o ultimo cápitulo de Fate/Another Tears depois de dois anos de publicação, de lá pra cá me tornei mais experiente e até tenho vergonha dos primeiros capítulos escritos, mas sinto que esta fanfic me fez amadurecer como um autor. Havia criado ela sem ter uma experiência efetiva com Fate, mas principalmente com um desejo ardente de mostrar que uma fanfic interativa pode ter seu cápitulo final escrito, afinal a maioria desiste pelo caminho, muitas vezes que quase desisti mais vocês leitores, me fizeram levantar e insistiram para eu continuar, bem mais agradecimentos no final do cápitulo, senta que lá vem história!



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Banheiro do aeroporto, Inglaterra, sete dias para guerra começar.

Raven Yagami lavava as mãos cuidadosamente no banheiro. Deu uma olhada no espelho de leve arrumando o cabelo e para ver se não havia nenhuma sujeira entre os dentes. “Será que o Kazuma está aprontando alguma coisa enquanto estou fora? Espero que não tenha aberto a caixa como pedi, era melhor eu ter levado ela comigo, o catalisador que o Lorde El-Melloi II me mandou é algo bem precioso para eu deixar em casa sem nenhuma proteção e ainda mais nas mãos daquele moleque...Estava tão apressado que acabei me precipitando... Ou como diria o Kazuma, acabei vacilando feio hehehehe... Espere logo Kazuma, logo vou estar de volta em casa...” . Por fim o mago dos ventos enxugou as mãos e pegou suas malas se preparando para sair do recinto.

Ele estava preparado para invocar a feiticeira raposa, Tamamo-no-mae, a pedido da torre. Falhou como mestre há dez anos quando convocou Lancer, havia crescido bastante depois das experiências que teve em meio ao derramamento de sangue entre servos. Claro, não tinha o mesmo desejo que teve há dez anos quando era um mago imaturo e orgulhoso querendo que sua linhagem permaneça com seu sangue. Os Yagamis a cada geração perdiam mais e mais seus circuitos mágicos e a capacidade de usar magia, semelhante à família Matou. Raven foi o ultimo a conseguir utilizar a magia do vento característica principal da família, mas havia enormes chances de seu próximo filho nascer sem circuitos.

Ele participou da guerra antigamente para desejar ao graal para restaurar a linhagem, mas invés disso ganhou uma grande lição de vida em meio às experiências e convivências que teve. Achou um garoto perdido no meio da guerra, seu nome era Dante Badlet, um simples garotinho de dez anos que queria participar da guerra ao lado do tio que o abandonou. Raven acolheu o garoto e criou no meio da guerra como se fosse seu herdeiro, ele começou a ver que não precisava ser ligado por sangue para ser uma família.

Porém o garoto fugiu de casa, e poucos dias depois seu servo morreu e ele foi retirado da batalha em Snow City. Quando retornou para o Japão encontrou outro garoto, que perdeu a família e estava vivendo nas ruas, então após salva-lo de ser atropelado resolveu adota-lo, seu nome era Kazuma e viveu até os dias de como seu filho herdeiro, Kazuma Yagami. Raven suspirou após pensar sobre como sua vida mudou nesses últimos dez anos, ele pegou no trinco e sentiu uma ponta de adaga nas suas costas, não estava atravessando seu corpo nem ferindo, estava simplesmente encostada. Raven sabia muito bem de quem era aquela adaga, principalmente porque foi Raven que havia dado aquela faca para ele.

– Entendo... Então ainda procura o santo graal a qualquer custo não é mesmo... Dante... - Raven falou sem se virar para observar o loiro de cabelos longos com a adaga Azoth dos Yagamis nas costas de seu antigo mentor.

– Raven-San... Eu... Eu... - Dante começou a falar tentando buscar as palavras certas para se consolar, mas não havia nenhuma, ele simplesmente iria matar alguém que lhe criou como filho, mesmo que por poucos dias. Ele iria fazer isso pelo bem de sua irmã, era para isso que existia, então... Então porque ele estava hesitando? “Malditos sentimentos... Malditas lembranças alegres...”.

– Eu entendo... Não se preocupe, sabia que se quisesse o graal a qualquer custo para curar sua irmã como dez anos atrás... Uma hora ou outra aconteceria uma coisa dessas... Só não esperava... Só não esperava que acontecesse tão cedo... – Dante cerrava os punhos e começou a tremer, uma tímida lágrima saía do seu olho direito. Raven permanecia sério e calmo com os olhos e fechou lentamente os olhos se preparando para dor. Podia simplesmente chamar socorro, poderia lhe lançar uma rajada de vento para que pudesse fugir, mas não conseguia de forma alguma ferir alguém que um dia tratou como um filho. Se ele era uma pedra no seu caminho, que seja por sua própria escolha retirada- Dante... Apenas me prometa isso... Cuide... Cuide do meu filho Kazuma, por favor...

– Desculpa... Mas... Mas... Mas se ele entrar no meu caminho não vou... Não vou hesitar em feri-lo... Ou pior... – Mesmo pela fala, Dante não estava sendo cruel ou amedrontador, estava falando a verdade, gaguejava e seus olhos lacrimejavam, mas não ia mentir para seu mestre para que ele possa morrer em uma paz falsa, contaria a verdade, mesmo que ela doesse. Foi essa sua escolha preferia o peso de ser um vilão para proteger quem ama...

– Entendo... Entendo... Você sacrificou a jovem homúnculo que amou por sua irmã, não podia nem pedir uma coisa dessas não é?- Raven abriu os olhos e sentiu a hesitação em Dante e suspirou. Dante estava com lágrimas na face e segurava a arma com insegurança - Não tema, Dante, este foi o caminho que escolheu para trilhar não foi? Você acima de todos sabia das consequências... Eu também sabia delas... E mesmo assim nem tentei de impedir, pelo contrario, continuei te apoiando... Minha dor durará apenas uma gota, do que a dor que sua irmã sente todo santo dia pense nisso... Mesmo depois de tudo... Eu ainda tenho orgulho de você... Garanto que Lancer e eu nos divertimos muito cuidando de você... Você foi... Você foi uma ótima criança, uma pobre e inocente criança que teve os sonhos despedaçados... E que no ódio e na dor do seu destino... Encontrou a força... Mas não foi o que esperava... Certo?

“É... Kazuma... Parece que não vou voltar para casa... Bem... Foi divertido, eu queria ter visto crescer e criar juízo nessa sua cabeça oca hehehehe, mas no fim... Não me arrependo de nada...” . A adaga Azoth penetrou nas costas com força atravessando todo tronco do mago dos ventos que morreu com um sorriso no rosto. Uma poça escarlate se espalhou pelo piso do banheiro. Dante visualizou as mãos manchadas de sangue e ficou de joelhos chorando bem baixinho. “Para salvar quem amo... Eu escolhi ser odiado...”.Dante colocou a mão na testa apagando o acontecimento da memoria e alterando de uma forma só lembrando e se focando que matou alguém para curar sua irmã. Segundo suas novas lembranças matou mais um alguém que para ele não tinha rosto, família e nenhuma importância para si.

Sexto e ultimo dia da guerra, Igreja , 00:10.

Dante sabia que mentir para si mesmo não ia dar certo eternamente. A verdade uma hora ou outra viria a tona, o pecado que ele carrega em suas costas finalmente o esmagaria, “só espero no fundo do meu coração que ele não me destrua antes de eu salvar minha irmã...” pensou o loiro. Ele ainda estava sorrindo observando uma aura azulada surgir de seu amigo de infância, um sorriso falso que escondia uma expressão de surpresa. “Isso... Isso já aconteceu com o pai dele antes... Na primeira guerra de snow city... Tem algo haver com os cristais? Não, ele alcançou a verdadeira linguagem de Enoque, não apenas uma variação pregada pelos Õ no’s durante os séculos que foi se modificando ao passar das culturas se conectando a seu idioma materno....Hokai como foi que...” pensou o loiro alargando o sorriso falso mais que se mostrava um pouco verdadeiro depois de estar entre tantas mentiras “Então... Então eu sei como lidar com isso...”.

Os olhos de Charlotte arregalaram, conseguia sentir algo de divino saindo de Õ no Hokai, ela cerrou os punhos, enquanto respirava pesadamente devido a ultima batalha que teve com ex-mestre de Saber, “Agora vejo que ele nunca realmente lutou a sério comigo... Só espero que Berserker esteja bem...” pensou a mesma se afastando cautelosamente e levando a ex-mestra de Lancer que continuava a olhar paralisada em choque da cena, mas a mestra de Enkidu não era burra para entrar em uma possível linha de fogo com aquele que detêm a linguagem enoquiana e principalmente arriscar uma “civil” nesse processo, por mais que não sentisse compaixão nem nada do gênero por Brianna, era como se fosse um ato automático “Isso... Isso me lembra de certa forma aos dias antes da viagem para ver os horrores ao redor do mundo... Por que ainda estou agindo como se nada tivesse acontecido, porque ainda continuo ajudando os outros se eu que realmente sei qual é o verdadeiro sofrimento?” pensou ela.

Hokai se lembrava da superfície gelada do riacho que quase afogará quando era pequeno. Ele lembra a agonia de não ter que respirar, lembrava-se da corrente forte, quando estava prestes a se entregar de vez a morte e desistir da vida fora salvo pelo seu amigo Dante. Por que Dante o salvaria? Porque não o havia deixado morrer por ele ser tão fraco? Ele perguntou para o amigo e Dante simplesmente respondeu.

– Ora mais você é meu amigo, por que eu não salvaria você?- Retruca o pequeno Dante.

– Eu sou um fracote, medroso, inútil, que não consegue fazer nada direito... Alguém como eu não merece viver sou fraco demais... Não consegui nem mesmo vencer um rio idiota... – Hokai começou a falar mais Dante agarrou seus ombros e olhou fundo nos olhos do garotinho.

– Hokai, sinceramente falando, você é a pessoa mais forte que eu já conheci, consegue fazer coisas com tanta simplicidade, sem medo de errar e com tanto jeito- Começou a contar Dante- Sua determinação não tem limites garoto, eu sei que está destinado à grandeza não pode desistir simplesmente assim, nunca diga uma besteira dessas de novo ouviu?

– Certo...

– Prometa para mim!- Fala Dante dando o dedo mindinho para eles fecharem uma promessa.

– Certo! Eu prometo nunca esquecer o quanto sou forte e também que não desistirei tão fácil assim da vida!- Falou o pequeno Hokai alegremente.

– É assim que se fala- Dante respondeu animado encerrando a promessa.

– Meu Deus... Vocês são uns idiotas mesmo- Celestia resmungou tapando a risada com a mão, mas não podia deixar de estar aliviada.

Hokai queria que aquelas lembranças durassem para sempre, mas esta vendo a vida passar diante de seus olhos, não é nada em comparação a ver um amigo morrer. Hokai simplesmente estava cansado de ver isso. A cena de Kazuma morto. A cena de Dante com um sorriso desafiador na face bem na sua frente. Tudo aquilo lhe jogou para a realidade. O ex-mestre de Saber gritou pelo nome do amigo falecido. Ele cuidadosamente deixou o corpo do mago dos ventos, e fechou os olhos do mesmo. Depois encarou furiosamente o amigo de infância com lágrimas na face. Um brilho invadiu o recinto que Charlotte e Brianna tiveram que proteger os olhos pelo tamanho da intensidade da luz. O Õ no estava com intensas asas brancas.

– Dante... Eu... Eu não vou... EU NÃO VOU TE PERDOAR!- Gritou Hokai com tanta intensidade e poder que balançou toda estrutura da igreja.

– Asas... Asas brancas... Parece um verdadeiro anjo... - Brianna falou gaguejando cobrindo a boca de espanto com as mãos.

– Ou um mensageiro da própria morte... – Charlotte falou com uma expressão séria cerrando o punho com o selo de comando “Como vou lidar com isso se esse Hokai descontrolado vier a investir em nossa direção? Será que a magia de sangue seria o suficiente, talvez se eu estivesse em pleno estado... Enkidu, porque demora tanto?”- Brianna, afaste se quiser cumprir a promessa que fez para o seu servo você deve permanecer sem movimentos bruscos, não sabemos a condição mental em que se encontra Hokai, ou melhor aquela fonte massiva de poder divino, é algo que pode se comparar a um rank divino de um servo, nem que possa ser uma escala E+ ou até mesmo C+...

– Entendo sua analise, esse poder... É realmente muito destrutivo, consigo sentir uma aura semelhante à de Archer nem que seja mínima – Comentou Brianna, revelando suas runas e sorrindo- Posso ser uma mestra derrotada, mas não sou flor que se cheire sem antes de passar por espinhos...

A mestra de Berserker sorriu de volta para ela. Talvez se a situação não fosse a atual, elas poderiam ser boas amigas. Charlotte espetou com um pequeno e afiado grampo de cabelo seu dedo fazendo sair uma gota de sangue que logo se moldava entre seus outros dedos se preparando para o pior, afinal não teria tempo para isso em uma batalha em tempo real. “É melhor prevenir do que remediar”, seu primo sempre dizia não apenas como um simples ditado popular, mas como se fosse uma verdade inegável e universal. Hokai avançou em direção a Dante que segurava firmemente sua adaga Azoth deixando o sorriso desaparecer e uma feição séria surgir.

Sexto e ultimo dia da guerra, ??? , 00:06.

Kazuma abriu seus olhos devagar. Sua visão ainda estava meio embaçada, não conseguia ver o ambiente em sua volta. “Eu... Eu morri?” pensou o mago dos ventos vagarosamente, de certa forma suas pálpebras estavam pesadas, estava meio sonolento quase parando. Algo como cansado demais para raciocinar. Cerrou os punhos, conseguia sentir seu corpo, mas era estranho, como se estivesse lá e ao mesmo tempo não. Como se o seu ser fosse apenas um reflexo de um espelho. Sentiu então um abraço quente e caloroso. Sua visão começou a se focar no rosto da pessoa, imediatamente a reconheceu. Ainda meio adormecido falou.

– Caster...? O que... – Perguntou Kazuma vagarosamente antes de ser interrompido por um choro vindo da serva.

– Você... VOCÊ PRECISA ACORDAR! Antes... ANTES QUE SEJA TARDE DE MAIS!- A raposa abraçou com lágrimas escorrendo pela face, mas acabou hesitando e soltando pouco a pouco do abraço ao ver os olhos de Kazuma começando a ficar nebulosos, as orbes estavam quase como acinzentadas.

– Porque eu deveria? O Hokai está bem... Consegui salvar sua família... O Rider está bem... Eu ganhei a guerra não foi? Hehehehe todos estão bem... – Falou Kazuma com um sorriso assustador na face, seus olhos continuavam vazios, sem demonstrar nenhuma emoção. Caster desfez o abraço e uma lágrima escorreu caindo uma gota que se arrastou por todo o seu rosto até chegar ao chão.

– É... É tarde de mais... – A aparência de Tamamo se deu lugar a aparência de uma garota albina de onze anos com olhos avermelhados, uma homúnculo, que usava apenas um vestido fino branco, mas cheio de sangue. O lugar onde ela estava era um terreno acidentado feito apenas de enormes cristais enoquianos azuis que não parecia ter fim. A homúnculo ficou de joelhos derramando mais lágrimas. Ao seu redor além de Kazuma, estavam o corpo de Az Yamani e Celestia, que assim como o mago dos ventos, estava delirando falando sobre que venceu a guerra- Eu até mesmo assumi a forma do seu amor, mas ele também entrou em um estado pseudo-vegetal garantido pelo graal corrompido... Se continuar assim... Se continuar assim não haverá nenhum ganhador e essa guerra nunca acabará... Como aconteceu com na passada... Ou ainda pior... O que... O que eu faço... O que eu faço Dante? Você disse que sempre estaria aqui para mim... Eu venho acompanhando seu sofrimento a cada dia... Desde a primeira guerra na cidade nevada, a nossa guerra...

Sexto e ultimo dia da guerra, Igreja e ao mesmo tempo não, 00:05.

Os campos verdes cheios de armas quebradas e crânios daqueles que caíram perante o rei dos bárbaros cercavam a toda a realidade paralela do servo das montarias que se apresentava com um sorriso zombeteiro diante do perigo eminente do servo da loucura na sua frente. Enkidu cerrou os punhos diante da sua lança e encarava o exercito de hunos na sua frente que eram liderados por Rider na dianteira em cima do seu poderoso cavalo de guerra. O companheiro fiel de Gilgamesh cogitou a ideia de queimar o fantasma nobre de Atila mais uma vez como havia feito em seu encontro anterior, mas logo desistiu tendo em vista que já usou a lança das chamas divinas em sua vingança contra Saber que havia matado seu irmão de alma. Antes de atacar as memorias do seu passado com o rei dos heróis ainda cercavam sua mente, memorias com a mulher que amava.

“Pergunto-me o que teria acontecido se eu não tivesse ido com ela... Eu nunca teria vergonha de ficar nu, nunca teria encontrado meu rei, nunca teria desafiado o destino imposto pelos deuses, nunca teria ficado eterno nas lendas, teria sido mais um selvagem anônimo? Uma criação feita de barro, uma existência sem identidade, que não é um homem, que não é um deus, não é um animal, me perguntava isso às vezes, graças a ele eu sei quem eu sou, eu sou o irmão de alma do maior rei de todos os tempos, eu sou Enkidu” Berserker pensou antes e respirou fundo, seus sentimentos poderiam ter sido tirados pelo sistema da classe, mas seus pensamentos não morreram com eles. Desfez a lança em chamas, moldou suas mãos agora livres, uma em forma de foice outra em lâmina partindo em direção ao exercito que fez Roma tremer de pânico. “Um dia vamos nos encontrar novamente Gil e Shamhat, esperem por mim...” pensou o servo verde.

Enkidu avançou dando um enorme salto pulando na cabeça do rei dos bárbaros e indo parar no centro do enorme exército de bárbaros conquistadores e começou decapitando o primeiro que avançava e esfaqueando um segundo ao seu lado que tentou lhe acertar uma flecha a cavalo pelas costas. “Está tentando dizimar meu exercito por dentro e me ignorar? Se ele pensa que isso vai desestruturar minhas defesas, uma estratégia promissora, mas bastante arriscada...” pensou Átila, o huno rangendo os dentes fazendo seu cavalo dar meia volta, brandiu a lâmina de Marte e galopou em direção ao oponente. Enkidu cuidou de mais uma dezena de hunos que o cercou a cavalo, fazendo uma verdadeira roda em torno de si, mas este não demonstrou nem ao menos hesitar e em uma velocidade incrível retalhou cada um deles, nem ao menos tiveram tempo de reagir ao sentir a lâmina rasgar a carne e perfurar seus corações. Rider tremeu, mas não de medo, estava com um sorriso no rosto, tremeu de ansiedade.

– Está na hora da minha vingança da batalha do outro dia... Selvagem... - Rider parou o cavalo e levantou a mão fazendo sinal para vários arqueiros se prepararem, quando o rei abaixou a mão uma chuva de flechas voou em direção ao esverdeado que ainda cuidava de alguns soldados que continuavam a ir em sua direção com o intuito do mesmo não se mover para uma melhor precisão e taxa de acerto dos projeteis.

– Lutei de igual para igual com o rei dos heróis... - As flechas alcançaram o alvo, porém Enkidu refletiu todas em um piscar de olhos usando suas mãos moldadas em duas pontas afiadas ao mesmo tempo em que lhe dava com alguns espadachins que não temiam as flechas e avançaram com intuito de acertar Berserker com a guarda-baixa, um erro deles que tiveram seu fim com a garganta aberta em uma velocidade incrível- Não ache que possa me deter por muito tempo... Bárbaro...

Átila se irritou e avançou com seu cavalo, porém parou drasticamente. Sentiu suas forças sendo drenadas e cerrou os punhos em volta de sua espada. “Kazuma... Você...” Rider rangeu os dentes em desgosto. “Parece que todos a minha volta estão destinados a morrer... Meu irmão... Meu povo... Aqueles que eu ataquei... Minha mestra... Meu mestre... Às vezes canso de ver sangue... Às vezes canso de ser o que sou, mas não foi algo que quis da minha vida, foi algo imposto...” pensou o rei dos bárbaros avançando novamente em uma maior velocidade em direção ao irmão de alma de Gilgamesh. Graças às propriedades da sua montaria cuja lenda dizia que o lugar em que pisava a vida não crescia mais conseguia absorver prana e mana o suficiente para sobreviver pelo menos de igual com uma classe Archer no mínimo. Enquanto o seu rei estava em devaneios o exercito não ficou parado, um ataque final foi preparado para a entrada triunfal do rei dos hunos, sentiram que ele não aguentaria por muito tempo e prepararam o palco para uma batalha final.

Sexto e ultimo dia da guerra, Igreja , 00:31.

Hokai avançou fazendo aparecer duas espadas transparentes feitas de energia em suas mãos, Tizona e Collada. Porém diferente de suas antigas proto-criações feitas ao decorrer da guerra estas pareciam mais realistas, como se fosse os próprios fantasmas nobres no próprio aço sagrado em que foram forjadas, só com olhos bem atentos poderia perceber que se podia ver através das armas como uma superfície de vidro. Rapidamente o Õ no alcançou o Badlet, brandiu as duas espadas para o alto se preparando para um grande único corte nos ombros do oponente, porém Dante previu o golpe e conseguiu desviar por pouco da investida do amigo de infância, porém esta era intenção de Hokai, que chutou o intestino de Dante fazendo o mesmo bater com tamanha força na parede.

Dante vomitou sangue “Então ele usou a distração das duas lâminas criadas enoquialmente para desferir um golpe físico, você aprende rápido Hokai, mas bem, não vou cair no mesmo truque duas vezes” pensou o loiro massageando a área dolorida e limpando o sangue da boca. “É hora de parar com a brincadeira” pensou Dante brandindo a adaga enoquiana e avançando em direção a Hokai executando inúmeros cortes ao mesmo tempo e uma tremenda velocidade que mesmo com a incrível velocidade recém-adquirida sofreu um ou dois cortes nas laterais do corpo, mesmo que estes não tenham sido tão profundos.

“Posso estar poderoso, mas não compreendo o poder que exerço... Qual o meu limite, mais detalhes como o que posso fazer e as consequências para o meu corpo, sinto os cristais avançarem cada vez mais, isso me torna mais poderoso, entretanto fico imensamente debilitado... Posso ter uma parada cardíaca a qualquer momento...” pensou Hokai rapidamente analisando a situação em que se encontrava enquanto tentava desviar dos avançou de Dante “Esse é o preço da mínima divindade que eu posso ter? Acho que esse tipo linguagem recém-aprendida espontaneamente fez minha garganta sangrar, além do meu corpo está bem dolorido, a chave para o sucesso é terminar com isso o mais rápido possível, isso está me matando por dentro de uma forma mais rápida que o normal, tenho que segurar no mínimo até Rider voltar... Se é que ele vai voltar... Espero que ele esteja bem...”.

Dante socou o rosto de Hokai, mas o oponente esperava por isso. Hokai desfez uma das espadas e segurou o punho de Dante jogando para o alto fazendo o bater com o lustre da catedral. Dante gritou de dor e enquanto caía, Hokai se preparou para fincar Tizona em sua barriga, Dante teve um raciocínio rápido quanto a isso e em pleno ar desviou da investida e usou adaga Azoth para perfurar um dos globos oculares de Hokai. Hokai gemeu alto de dor, sentiu uma poça de sangue se formando em seus pés saindo do local, a ferida foi incrivelmente profunda “Me foi tirado parte do braço direito ontem e agora o olho esquerdo... Posso repor a mão com a magia enoquiana, mas quanto a visão....”.

Enquanto Hokai se contorcia de dor, Dante se aproximou de Hokai e com um poderoso chute acertou lhe a cabeça. Charlotte e Brianna ficaram hesitantes em interferir, ambas cerraram o punho diante da covardia, essa era a guerra do santo graal, onde todo tipo de atrocidade era permitido. Dante sorriu diante das duas e começou a pisar na cabeça de Hokai com muita força, esmagando-a enquanto Hokai gritava mais de dor. “Eu tenho ajudar...!” Brianna pensou e começou a correr em direção a Hokai, Charlotte tentou impedir, mas seus pés recusavam a se mover. “Porque estou hesitante... Estou... Estou com medo? Não dele... Estou com medo do que? Da própria situação que está acorrendo?... Ela se parece com as situações que vi quando eu era criança...” refletiu a mestra de Berserker.

– Então essa é sua divindade, meu caro amigo? Vejo que os Õ nos realmente estavam desesperados escolhendo você... Uma pena... Sua família vai ser extinguir pelos seus pecados assim como os deuses quiseram... – Dante começou a pisar com mais e mais força a cabeça daquele que detinha a linguagem enoquiana que perdia cada vez mais sangue e gritava cada vez mais de dor- E você não vai mudar isso, jamais... Porque ainda luta? PORQUE AINDA LUTA, PORQUE NÃO PERCEBE O QUANTO É FRACO, PORQUE NUNCA DESISTE?!

– Porque... Porque... Porque eu prometi a você que não desistiria e que ainda teria forças para levantar, esqueceu?- Hokai falou com um sorriso desafiador na face. “Depois de tudo... Ele ainda se mantém aquela promessa idiota? Depois de toda dor que eu fiz sentir ele ainda tem coragem de sorrir da minha cara?!” Dante ficou furioso e começou a esmagar com mais força a cabeça do amigo de infância. Dante pegou as asas de Hokai e começou a puxá-las até finalmente arrancá-las fazendo o ex-mestre de Saber gritar em uma altura incrível que ecoou por todo o estabelecimento.

A poça de sangue ao seu redor cresceu mais com a incrível quantidade de liquido escarlate saindo de sua boca e de suas costas. O grito de Hokai despertou Charlotte novamente para a realidade “O que mais me fazia sofrer não era apenas ver aquelas atrocidades quando eu era menor... Era não fazer nada para mudar isso... E agora eu posso, agora eu vou agir!” pensou a mestra de Berserker.

– Pare com isso! Agora!- Brianna avançou ativando suas runas que incrementavam sua mana e lhe permitia melhor controle dos seus circuitos e fazendo aparecer um chicote de água que acertou Dante na face o que deixou a região roxa e dolorida. Dante rangeu os dentes.

– Mulher insolente!- Dante falou investindo cortes com a adaga Azoth, nos primeiros cortes Brianna conseguiu acompanhar com tamanha facilidade, mas cada vez mais os cortes estavam sendo mais difíceis de desviar, após sofrer alguns cortes finalmente Brianna criou uma bolha de água para se proteger, Charlotte preparou seu sangue amaldiçoado e começou a se mover na direção de Dante, enquanto Hokai se levantava com dificuldade ainda sagrando muito, brandiu Tizona e foi em direção a atacar Dante. Parecia que o mago dos Badlets estava encurralado, porém o loiro estalou os dedos e de repente a situação mudou.

Sexto e ultimo dia da guerra, Igreja e ao mesmo tempo não, 00:22.

Enkidu sentiu a hesitação ao seu redor, suspeitou um pouco do que ocorrera e invocou novamente seu poderoso fantasma nobre Shamash, a lança das chamas divinas. Liquidou as tropas com certa facilidade, mas com lentidão. Uma legião inteira de montadores carregados com armas até os dentes que provavam lutar até o fim pela glória de Rider. A lança dançava mortalmente nas mãos de Berserker com uma extrema velocidade e incendiando todo o local. Rider avançou com seu cavalo e Enkidu planejou perfurar todo o seu corpo de uma vez acompanhando o movimento feito pela montaria, só que o rei dos Bárbaros pulou para trás de Enkidu semelhante ao que ele fez pouco tempo antes com o exercito inimigo. Os fantasmas nobres se chocaram provocando faíscas, a espada do Deus da guerra produzia um som metálico e agudo ao se igualar com a lança flamejante de Enkidu.

O bater de armas durou por vários e vários minutos. Enkidu além de ter que lidar com o servo inimigo, tinha que lidar ao mesmo com os subordinados que hora ou outra tentavam o acertar com a guarda aberta enquanto se concentrava no duelo contra Rider. Berserker sentiu que a respiração do oponente estava ficando pesada, o rei dos bárbaros estava exausto, mas mesmo assim lutava sem hesitar ou descansar, pela primeira vez sentiu uma admiração verdadeira por Atila, o huno. “Ele sabe que essa luta já tem um fim... Já tem um vencedor... Mas ele mesmo quer encaminhar do seu jeito para este vencedor e este fim... Bem isso realmente é admirável, não posso deixar de admitir” pensou o esverdeado que bloqueou o ataque de Rider com a lança e o empurrou para longe, enquanto mais seis inimigos tentavam acertar Berserker que girou sua lança e os retalhou facilmente. Átila notou que sobrara apenas uma quantidade ínfima de soldados desde que invocou a realidade paralela, Rider cerrou os punhos em volta da lâmina de Marte e gritou com força e clareza para os que ainda restavam.

Meus fieis companheiros! Bárbaros que arriscam sua vida por mim, seu rei! Vocês me seguiram para buscar riquezas... E só o que tiveram foram sangue, morte e podridão... Reconhecidos na história não como heróis, mas como meros figurantes cruéis... Obrigado por me servirem até o fim... Vocês são verdadeiros irmãos! Essa é a nossa ultima pilhagem, vamos pegar para nós o santo graal ou vamos cair diante do herói dos cantos antigos! Agora vamos adiante por aqueles que já foram e por aqueles que ainda virão! – Gritou alto e em bom som Átila enquanto montava novamente em seu belo cavalo de guerra e levantava a espada para os céus. “Então Az... Será que eu mandei bem? Hehehe” pensou Átila avançando e liderando as tropas em direção a Enkidu com um poderoso grito de guerra que ecoou por toda a planície.

– Você é repugnante e admirável de diversas formas, rei que não chega aos pés do meu...Este seu discurso inspirador deve ficar eternizado nesse conflito, seu fim e de suas tropas será rápido e indolor...Saiba que terá um fim honrado nas mãos piedosas e dignas do irmão de alma de Gilgamesh! - Enkidu preparou e segurou firmemente sua lança divina que começou a produzir chamas esverdeadas. A tropa de hunos com Rider liderando na frente brandiram as armas que ainda restavam e quando estavam poucos metros de Berserker, o mesmo descarregou uma poderosa e única rajada de chamas que consumiu de uma vez tudo na sua frente- SHAMASH, A LANÇA DAS CHAMAS INFERNAIS!!!

Rapidamente não apenas os oponentes mais também a própria realidade estava cercada pelo fogo esverdeado. Enkidu notou enquanto estavam queimando para o fim os bárbaros permaneciam com um sorriso estampado na face, um sorriso que conseguiram servir ao seu proposito depois de tudo. Um dos corpos ainda processo de combustão conseguiu surpreendentemente se levantou ainda com a espada em punhos, Berserker não reconheceu o corpo não visível pelas chamas, mas reconheceu a espada, a lâmina de Marte. Rider fumegante que era consumido pelas chamas se aproximou de Enkidu se apoiando na lâmina e com um sorriso falou suas ultimas palavras.

– Podemos morrer aqui... Mais nosso espírito não, guarde essas palavras verdinho... Hunos possuem um espírito inquebrável! – Por fim o servo das montarias se extinguiu nas chamas sagradas. Enkidu cerrou o punho “Seu espírito é realmente inquebrável, reconheço você como um verdadeiro rei, inferior a Gil, mas um rei ainda” pensou Berserker quando se viu na igreja novamente.

Sexto e ultimo dia da guerra, Igreja , 01:03.

Dante Badlet estalou os dedos e a barreira de água se desfez facilmente. Brianna ia caindo no chão com lágrimas, Charlotte não estava entendo o motivo, mas antes que ela pudesse processar Dante a segurou e perfurou sua garganta com a adaga Azoth. A mestra de Berserker ficou chocada e ao mesmo tempo várias lembranças de Dante começaram a ser bombardeadas na sua mente, memorias de um inocente garoto de dez anos em uma guerra que não era dele, deixado para morrer em uma cidade gelada em meio uma batalha entre servos com poderes avassaladores, um garoto que foi deixado para morrer pelo próprio tio com a falsa promessa que ia curar sua irmã. Charlotte sentiu a dor e tristeza, toda trajetória de Dante na pele, ela olhou para a sua esquerda e Hokai havia caído no chão cheio de lágrimas por toda a face.

– Dante... O que você passou na guerra anterior... Foi até mais que o que passei?- Hokai falou imóvel no chão chorando, Dante segurou Brianna nos braços e se aproximou de Hokai.

– Minha dor é maior para qualquer um suportar, com minha magia de manipular as memorias passei todas as minhas lembranças para vocês, o impacto foi como o previsto, seus corpos não conseguem suportar todo o sofrimento que eu passei... Tentei fazer você sofrer tanto no decorrer dessa guerra para ver se conseguia no final aguentar o que eu passei, para pelo menos no final ter uma mínima chance contra mim... Matei sua amada, roubei seu servo, cortei seu braço, matei seu amigo, fiz atrocidades e você ainda não conseguiu sentir minha dor como um todo- Exclamou Dante com uma voz firme e séria, segurou Brianna com mais força- A pobrezinha aqui não aguentou e ia desmaiando, lhe dei um fim a esse sofrimento, ela será um perfeito catalisador para o cálice sagrado... Com tudo o que eu fiz você passar sinta-se com sorte de ainda conseguir ficar consciente com tudo que está vendo se repetindo novamente e novamente nessa sua cabecinha... Agora... Agora... Agora vou pegar o que é o direito divino da cura da minha irmã... Vou deixar você ai morrendo lentamente com esse sangramento interno enquanto observa minha rendição e sua derrota, sua falha diante sua família...

– Sua dor é uma gota em um oceano de sofrimento que é o planeta inteiro... - Dante se virou surpreso, Charlotte ainda se mantinha firme em pé, pronta para o combate. Enkidu se materializou ao seu lado, significava obviamente que Rider havia perdido a luta, a garota de cabelos de chocolate era a ultima mestra restante, ela era vencedora da guerra do santo graal de snow city- Você passou uns maus bocados quando criança, matou a menina que amava para chegar ao santo graal, viu pessoas sendo esmagas, mutiladas, mortas das mais diversas maneiras, viu seu pai morrer nas mãos do tio, matou seu pai adotivo, entre muitas e muitas tristezas.... Mas como eu disse, sua dor é mínima, pensa que outras pessoas não passaram por coisas piores? Eu vi várias e várias pessoas que passaram por pior, você já viu quando criança um bebê morrendo desnutrido e sedento? Você viu crianças esqueléticas chorando vendo o corpo morto da mãe? Você já viu pessoas sendo fuziladas por nome da religião? Você já viu pessoas sendo torturadas e escravizadas? Já viu pessoas morrendo para conseguir um simples pedaço de pão velho? VOCÊ JÁ VIU TODAS ESSAS COISAS QUANDO ERA UMA PEQUENA, FRÁGIL E DOCE CRIANÇA?! A dor não vem de executar as ações, é algo além disso, a dor vem de olharmos a as ações que nos causam tristeza, eu vi tudo que aconteceu com você, vi isso e MUITO mais! Eu vi todo o lado ruim do mundo... Um lindo mundo que eu admirei tanto, um mundo que eu queria tanto conhecer exposto de forma podre e maculada simplesmente assim diante dos meus olhos...

–Minha mestra... - Enkidu observou com respeito a determinação e tudo que Charlotte passara. Até Dante e Hokai não deixaram de ficarem pasmos. O loiro precisava usar medidas drásticas, deixou vagarosamente Brianna no altar dourado estilo barroco da igreja e se voltou para a mestra de Berserker.

– Pois bem... Meu sofrimento pode ser pouco diante do que diz... Mas que tal experimentar as lembranças de todos os participantes da guerra incluindo os servos?!- Dante estalou os dedos e Charlotte foi bombardeada com todas as memorias dos mestres e dos servos, sentiu a dor de cada um, não pode de deixar de sentir lágrimas passando no seu rosto, parou por um momento, visualizou o corpo de Brianna se transformando em graal, viu Hokai caído no chão como um peso de papel inútil, viu o corpo moribundo de Kazuma e Celestia... Pensou no sofrimento dos servos, figuras históricas que sofreram além de na vida, na morte também.

Tanto sonhos que nunca vão se realizar, ela tinha chance de fazer o seu valer a pena, as lembranças não a impediram, ela continuou caminhando forte e firme em direção ao seu oponente enquanto Berserker a acompanhava. Mas de repente seus pés vacilaram e ela simplesmente desmaiou no chão. Dante sorriu, seu plano havia dado certo? As lembranças a fizeram a vacilar? Bem ele não sabia apenas tinha conseguido o que queria, só faltava se livrar do servo e todos os seus problemas acabariam, um pequeno obstáculo se comparar a tudo que passou. Hokai observava tudo com pesar, conseguiu absorver as lembranças de Dante, mas os cristais avançaram de um jeito que invadiu praticamente todo o seu corpo deixando visível apenas seu rosto, não conseguia mais fazer nada, nem ao menos levantar, além de ter perdido uma quantidade absurda de sangue depois de tudo. Dante ignorou seu amigo de infância, viu que o graal estava quase completo e foi em direção ao servo com um sorriso diplomático e sem nenhum medo.

– Então, Berserker, gostaria de se juntar a mim? Ainda há tempo para isso, junto com ela você está acabado, não vê que a vitória está do meu lado? Então estamos de acordo? Se juntar-se a mim terá seu desejo realizado, você não gostaria de se encontrar novamente com Gilgamesh e sua amada Shamhat? Pois comigo assim será... - Dante estendeu a mão na direção do servo que por sua vez olhou de forma fria e distante para o loiro

– Nunca trocaria minha mestra por uma pessoa tão decadente e repulsiva quanto você... Você nem mesmo tem a autoridade de poder pensar em falar os nomes das duas pessoas mais preciosas para mim... - Exclamou Enkidu friamente rejeitando a oferta de Dante.

– Então é assim...- Dante suspirou, ele tinha uma carta na manga, ele estalou os dedos e as lembranças mais tristes que podia saber dos participantes foram transferidas para o servo da loucura. “Sei que isso não pode detê-lo por muito tempo mais deve ser tempo suficiente para eu conseguiu roubar os selos de comando da mestra enquanto ela está desacordada...” pensou Dante que foi surpreendido por suas mãos, pernas e todo seu corpo está aprisionado por correntes vindas de portais esverdeados “mas como que..!” Dante pensou estupefato “nem mesmo as lembranças tristes de Gilgamesh e suas não o afetaram?!”

– Shamhat, as correntes dos laços eternos... - Falou Enkidu invocando seu fantasma nobre prendendo Dante, o servo se aproximou segurando sua lança e fincou a arma profundamente no peito do Badlet- Acha que isso me abala? Minha transferência para o estado de Berserker me tirou os sentimentos, te perdoei por falar o nome das pessoas que mais amo nessa eternidade e por tentar ser meu mestre, mas querer fazer mal a minha mestra está além dos limites, morra... E finalmente saia da minha vista...

As correntes se desfizeram de Dante, Enkidu tirou a lança do peito do mago e ele caiu morto no chão. Berserker foi ao encontro da mestra, estava tudo bem com a mesma, então olhou e caminhou em direção ao santo graal, porém percebeu que uma pessoa continuava viva e foi prestar ajuda a ele, não era mais um mestre e não se mostrava uma ameaça no fim. Enkidu caminhou até Hokai que se arrastava no chão, tentou lhe oferecer ajuda, mas o próprio Õ no recusou, sabia que não havia mais salvação para si. Hokai ignorou tudo a sua volta, continuou se arrastando, sentia como se seus ossos e cada célula do corpo estivessem sendo dissolvidas, mas continuou se arrastando vagarosamente e com dificuldade.

Berserker não entendia o que ele pretendia com isso até finalmente entender quando Hokai chegou ao seu destino. Hokai se aproximou dos corpos moribundos dos seus amigos de infância, Dante e Celestia. Uma lágrima brotou do olho do ex-mestre de Saber “Nós... Nós prometemos sempre ficar juntos... Não é mesmo?” e por fim com um sorriso Hokai faleceu. Enkidu se aproximou e fechou os olhos do recém-morto “vá em paz, pobre alma perturbada...” o servo então olhou para mestra desacordada e voltou-se andando em direção ao cálice sagrado.

INTERLÚDIO

Charlotte abriu os olhos e se viu na escuridão. Este foi seu primeiro pensamento ao realmente reparar que onde estava não era completamente escuridão, ainda se podia ver nem que ela tivesse que forçar muito a vista para observar aquele cenário de puro horror. Até onde a vista alcançava era composto por centenas de milhares de cristais escuros, extremamente semelhantes ao que estava no corpo de Õ no Hokai. “As lembranças que herdei de Dante me dizem que o pai de Hokai participou da guerra anterior e projetou o sistema do graal... Será que isto está ligado de algum jeito a esse cenário?” pensou Charlotte analisando o ambiente que ela cogitava profundamente ser dentro do próprio cálice sagrado. Era um deserto feito de milhões de cristais negros que impregnavam toda a paisagem, não se escutava nada, nem mesmo o vento, um passo dado era um imenso estrondo que ecoava por toda a paisagem. O céu, ou pelo menos o que era para ser o céu, era escuro, como uma noite sem nuvens, estrelas ou lua.

“Será que Õ no Henkai projetou o heaven’s feel dessa forma para que o vencedor da guerra desejasse a cura dos Õ nos...? Bem pelas lembranças que pude ver de Hokai ele não faria algo assim, queria ficar o máximo possível longe da maldição enoquiana... Então... Então porque o ambiente está assim?” pensou Charlotte ao se deparar com alguma coisa branca de movendo ao longe. “A consciência do santo graal? Porque ela fugiu de mim?” pensou a mestra correndo em direção ao movimento antes de perdê-lo de vista e ficar perdida naquele complexo de cristais, olhou para os lados, mas nada encontrou. “Será que eu estou vendo coisas ou...” antes que pudesse completar o pensamento sentiu sua perna ser agarrada e puxada por uma mão cadavérica para dentro da superfície de cristais que era o chão.

Dentro do subsolo ela só podia ver cristais e mais cristais e entrando cada vez mais e mais para o fundo. Charlotte estava paralisada demais para tentar ao menos raciocinar o que estava acontecendo, finalmente a mão parou de lhe puxar para mais adentro do chão e se encontrou caindo para uma imensidão vazia até parar em um local com o chão sólido. Estava escuro, mas dessa vez era realmente uma escuridão profunda. Provavelmente se aquilo não fosse algo que estivesse sendo transmitido em sua mente estaria com falta de ar, mas isto ela sabia plenamente e começou a dar um passo quando foi surpreendida novamente. A visão a fez ficar chocada, diante dela estava todos os seis mestres restantes com uma aparência cadavérica e coberta de cristais, as pupilas de cada um estavam brancas e cercaram Charlotte projetando uma roda em torno da mesma.

– Eu venci a guerra... Eu mereço meu santo graal! ONDE ESTÁ MEU SANTO GRAAL!? ONDE ESTÁ MINHA UTOPIA!– Brianna com um sorriso macabro agarrou o braço de Charlotte com força como se fosse arranca-lo.

EU QUE VENCI A GUERRA! Minha família finalmente está curada... VEJAM COMO ESTÃO TODOS FELIZES!- Hokai estava com o corpo totalmente desfigurado, com exceção da face, esta permanecia com o sorriso bizarro semelhante a de Brianna. Além dele os outros mestres estavam lá tentando fazer um cabo de guerra com o corpo de Charlotte que gritava de desespero.

EU QUERO MEU SANTO GRAAL, EU QUERO MEU SANTO GRAAL, EU QUERO MEU SANTO GRAAL– Os seis corpos gritavam em uníssono, Charlotte observava assustada a maneira de agir de cada um, principalmente suas aparências. Celestia estava com a cabeça cortada e segurava a mesma com as mãos, sem esquecer-se do mesmo sorriso que Hokai e Brianna estavam. Az Yamani estava com o corpo todo furado, Dante com um enorme buraco no peito, Kazuma também não estava na melhor das condições e não era menos assustador que os outros. Enquanto os antigos mestres torturavam seu corpo mais e mais a visão de Charlotte começou a ficar embaçada, começou a se entregar aquela escuridão, levantou a única mão livre para o alto em busca de salvação, esta que felizmente veio.

Uma luz surgiu no meio daquele cenário bizarro, uma mão se estendeu para Charlotte e esta agarrou firmemente. A mestra de Berserker foi levada para o alto e foi libertada daquele pesadelo, olhou para baixo enquanto seguia para cima os seis mestres olhando para ela, mas de um jeito triste. Charlotte carregava a lembrança de cada um deles, como não ficar tocada com aquilo? Quando se encontrou na superfície se encontrou com uma linda jovem homúnculo de pelo menos uns onze ou dez anos, ela vestia uma única peça de roupa que era um simples vestido branco maculado de sangue, Charlotte arregalou os olhos ao reconhecer quem estava na sua frente.

– Você é... Você é a Lily... A homúnculo da primeira guerra de snow city... – Exclamou Charlotte pasma reconhecendo-a pelas memorias de Dante Badlet- Mas como você...

– Sou ela e ao mesmo tempo não... Sou a vontade do graal quebrada que tomou forma do seu catalisador e assim como a mesma herdei seus ideais e sentimentos... – Falou Lily falando seriamente- Bem, eu sei a trajetória de toda a guerra... Eu venho os observados desde o seu inicio...

– Então você... Você sabe quem eu sou?- Perguntou Charlotte surpresa.

– Mas é claro, fui eu que escolhi cada um dos mestres!- Dessa vez Lily falou mais inflando a bochecha de maneira infantil, Charlotte percebeu o quanto aquela garotinha era fofa, mas esta logo ficou séria, mas ainda vermelha de vergonha pela atitude- Percebeu algum mago assassino em série? Percebeu alguém que realmente se mostrava perigoso aqui? Eu escolhi mestres que no fundo não passam de crianças lutando em uma guerra herdada dos adultos...

– Bem eu posso ver facilmente Dante Badlet como um mago assassino em série, cruel e ardiloso, não uma pobre criança... - Antes que pudesse dizer mais alguma coisa a mestra de Berserker foi interrompida por Lily.

– Eu nunca... Eu nunca disse que vocês eram pobres crianças, para começo de conversa, Dante... Dante é uma pessoa muito boa e gentil, ou pelo menos era... Sabe... Eu fui uma mestra na guerra anterior, lutei ao lado de um espírito heroico da classe Rider e nos encontramos Dante jogado na neve para morrer... - Começou a falar Lily, mas esta que foi interrompida.

– Mas você teve pena dele e cuidou dele, acabaram se apaixonando e você morreu para virar o graal para ele ter seu desejo realizado só que Dante não obteve o cálice, foi tirado dele... Quem obteve o graal foi Õ no Henkai, que desejaria a salvação dos Õ no’s, só que este morreu cristalizado antes de realizar o desejo no meio do Heaven’s feel – Respondeu Charlotte- Eu sei dessa história no meio dessas lembranças... Também vi meu primo como mestre, a avó de Celestia, o pai adotivo de Kazuma e muito mais...

– Entendo... Se ao menos Dante me visse com um destino adequado... Ele não teria sido tão mentalmente abalado como está agora, ele acha que me sacrifiquei por nada e se culpou por isso corrompendo sua mente, fazendo ficar mais ansioso a cada dia para salvar sua irmã, o único mundo que lhe resta... - A garota de cabelos cor de chocolate percebeu que uma lágrima saiu dos olhos da homúnculo- Bem isso chega ao cenário de agora... Como pode ver aqui é o núcleo do santo graal...

– Mas como... Mas como ele ficou neste estado? E porque os outros mestres moribundos estão aqui?!- Perguntou Charlotte.

– Bem, você já pode imaginar o contato do santo graal com os circuitos mágicos de Õ no Henkai fizeram o cálice sagrado ser infectado pela maldição enoquiana, algo que se aflorou por estes dez anos até seu despertar hoje... Além disso, a alma dos mestres dessa guerra começaram a ser pseudo-transferidas para aqui, eles viraram sombras dos seus desejos não realizados e do sofrimento que sofreram no decorrer das batalhas, sua existência aqui nesse plano é semelhante a dos servos que são uma cópia vinda do trono dos heróis, são eles e ao mesmo não...

– Entendo... O graal está corrompido pela maldição dos Õ no’s... – Charlotte parou refletindo todas as lembranças de Õ no Hokai buscando mais informações. Mas antes que pudesse fazer mais alguma coisa Lily agarrou seu braço e começou a puxar para um altar feito de cristais que dava a uma escada transparente que dava para finalmente ao céu, não era como os céus daqui, era como o céu do seu mundo, uma lágrima desceu no rosto de Charlotte, nunca havia ficado tão feliz em ver o céu antes. Antes que pudesse subir as escadas foi interrompida por Lily que estava desaparecendo.

–É mais grave do que pensa... Muito mais grave, quando você desejar o mundo vai ser engolido por cristais, o seu desejo vai permitir que a maldição se espalhe por todo o mundo... Eu não quero... Eu não quero que ninguém mais sofra pela minha fraqueza... Porque não fui forte o suficiente para aceitar meu destino... - Lily falou chorando quase desaparecendo “Lily...” pensou Charlotte, havia conhecido a menina a poucos minutos , mas já tinha uma ligação com a mesma pelas lembranças de Dante. Por fim Lily se foi mas ainda pode-se escutar sua voz- Por favor , deseje com cuidado...

Charlotte ficou parada por alguns instantes olhando para o nada onde já se encontrou a menina que um dia Dante amou. A mestra cerrou os punhos e subiu as escadas que davam aquele grande céu, Charlotte tinha lembranças boas e ruins do céu. O céu já foi um grande companheiro dela, quando ficava trancada em casa sem poder sair, conseguia ver o céu pela janela, via as estrelas, via a neve, a chuva, as nuvens, ele lhe dava esperanças que um dia sairia e conheceria o mundo... Ela saiu e conheceu o mundo e o céu continuou ao seu lado. O céu que cobre todo o planeta esteve lá, imutável em toda sua gloria nos momentos bons e nos momentos ruins. Finalmente chegara ao fim daquela enorme escada lá se deparou com uma figura familiar. No ultimo degrau da escada se encontrava a versão jovem de Charlotte com os cabelos ao vento observando aquele céu imenso entre a escuridão daquele local. A criança se virou para Charlotte com um sincero e resplandecente sorriso.

– Nosso contexto de mundo mudou muito... Não foi mesmo?- A pequena Charlotte falou docemente- Agora, eu consigo ver o mundo sem estar presa, isto não é maravilhoso?

– Realmente... - Charlotte apenas falou pausadamente depois de um incrível silêncio- Você é a vontade do graal atual, estou certa?

– Meu sonho sempre foi estar fora de casa... - Falou ignorando a ultima fala da sua “versão mais velha”- Queria conhecer o mundo... E eu consegui... Mais vi como ele é podre... Com uma ordem eu posso mudar isso... Eu poderei ver o mundo puro e em todo seu esplendor! É isso que você quer? Não é?

As memorias de Celestia a ensinaram uma lição, não existe algo completamente bom ou ruim, algo maculado ou imaculado, seu desejo estava fadado ao desastre. Pensou em todas as lembranças boas, Hokai conversando com Ruler e Saber, os momentos de Kazuma com Lyon e Caster, Brianna dialogando seu amado Lancer, Celestia discutindo com Gilgamesh, sua amizade sincera com Enkidu. Tudo aquilo não poderia acabar aqui, poderia? Os cabelos de Charlotte balançaram ao vento como a de sua versão mais nova, ela segurou as mãos em torno do seu peito e respirou fundo, ela tinha um desejo sincero e verdadeiro. Ela olhou firmemente para os olhos de sua versão mais nova. Ao mesmo tempo em que no plano terreno Enkidu bebia a taça da milagrosa discórdia.

– Eu tenho um desejo... – Os olhos da sua mini Charlotte ascenderam de alegria ela pode notar- Mas eu sei que você não vai gostar... Eu desejo... Eu desejo... Eu desejo que na primeira guerra do santo graal em Snow City... Õ no Henkai tenha vencido e assim essa segunda guerra nunca iria começar!!!

– Entendo... – A aparência da pequena Charlotte deu lugar a de Lily com lágrimas de felicidade além de um enorme sorriso na face- Muito obrigada, muito obrigada Charlotte!

A voz de Lily ecoou até que sumiu no horizonte enquanto a realidade era destruída ao redor de Charlotte. Lágrimas saiam do rosto dela, lágrimas de felicidade.

EPÍLOGO

Sanatório, alguns quilômetros de Snow City

Um sentimento nostálgico invadiu Az Yamani. Ela usava uma camisa de força e estava em uma verdadeira gaiola, ela acordou de repente da cama dura como pedra, lágrimas estavam em sua face. Um guarda do sanatório passou perto do local onde ela ficava e apenas viu uma “louca” vidrada na janela, olhando com os olhos arregalados para o céu como se esperasse algo. “Talvez ela esteja pensando que um pássaro ou algo assim, que bando de doentes” pensou ele, mas antes que se afastasse ele ouviu a jovem falar algo.

– Está... Está nevando... – Falou ela olhando para o céu com lágrimas na face- Isso... Isso é tão lindo...

– Garota louca, aqui é Snow city, além de ser inverno, é obvio que nevaria! Não tem nada de lindo nisso... - Berrou o guarda esfregando os tímpanos indo embora- Um dia eu perco a paciência...

– Porque... Porque eu estou chorando...?- Az Yamani limpou as lágrimas, segurou o peito voltando a dormir- Porque sinto isso... Um sentimento... Um sentimento de saudade e felicidade? Não possuo saudade de ninguém, de nada, nenhuma alegria para sentir algo assim... Bem... Acho que é melhor eu deixar pra lá... Quando eu sair daqui... Um dia... Eu procuro descobrir...

Alguma casa, em um bairro de classe média de Snow City.

Kazuma se espreguiçou quando se levantou da cama. Nunca havia dormido tão bem, acha que está disposto o suficiente para ir há uma festa pegar umas gatinhas até as altas horas da madrugada. Estava animado, mas quando foi para o banheiro, visualizou no espelho lágrimas no rosto. “Ué... Porque estou chorando...” limpou as lágrimas e logo foi correndo para o lado de fora da casa, seu pai adotivo, Raven Yagami falou alguma coisa sobre o café da manhã, Kazuma simplesmente ignorou e na entrada de casa presenciou o cair da neve diante do sol envolto de nuvens nubladas. “Isso... Isso é tão lindo...” pensou o mago dos ventos.

Ele sentiu uma corrente de ar passar e ele sentiu algo tão nostálgico, um sentimento de saudade que era uma mistura de alegria e tristeza, mas simplesmente não conseguia explicar. Pegou um floco de neve com a mão direita, sentiu que algo estava faltando na nela, um anel, uma pulseira, algo que sempre esteve lá. Kazuma pensou várias vezes no que poderia ser até ouvir a voz de Raven lhe chamando.

– O que está fazendo moleque? Nem se arrumou e já quer ir pra rua desse jeito?- O mais velho apontou para o pijama e o jeito desleixado de Kazuma- Por acaso veio dar um olá para Amaterasu, a deusa do sol?

– Amaterasu... A deusa do sol... – Kazuma olhou para o sol coberto pelas nuvens e pela neve caindo vagarosamente e sorriu para seu pai adotivo- Bem, velho, se ela for gatinha é claro que eu daria um olhar para ela com prazer hehehehe!

– O que faço com você... –Bem coma o café da manhã pelo menos falou Raven guiando Kazuma até a mesa onde estavam dois pratos de panquecas meladas. O pai parou ao ver uma expressão de confusão no filho- O que foi, enjoou das minhas famosas panquecas ao estilo Yagami?

– Não... É um dos meus pratos favoritos... Só que sinto... Só que sinto que devia ser para três pessoas... Não sei explicar o porquê...- Kazuma deu um tapa no próprio rosto ao ver uma expressão de confusão do mais velho e logo sorriu malandramente para o mesmo- Eu devo ter acordado com o pé esquerdo hoje, esqueça hahaha... Ou talvez seja a lembrança de algum sonho distante que eu tenha esquecido...

Escola da torre do relógio, biblioteca.

Andando pelas inúmeras estantes Brianna segurava uma quantidade bem grande de livros. Ela adorava ler, queria estudar o suficiente para ser reconhecida na torre mesmo sendo do gênero feminino, jogou os livros na mesa, ajeitou os óculos e puxou uma cadeira, mas antes olhou para o grande janelão ao seu lado. Estava nevando, Brianna desistiu de sentar e se aproximou da janela. Ficou lá parada, admirando a neve cair por alguns momentos, até sentir alguém do seu lado, não olhou para a pessoa, mas sentiu segura e aquecida. Mas quando se virou para encarar a pessoa ninguém estava lá. Um grupo de garotos mauricinhos filhos de magos famosos passou perto dela zombando-a.

– Olha aquela garota! Além de feia está chorando feito uma bobona olhando para a neve- Falou o líder do grupo enquanto o resto ria e zombava da mesma forma.

– Ué? Chorando, o que quer dizer... – Até que sentiu a face ficando umedecida, olhou para o reflexo do janelão e confirmou que lágrimas saiam dos seus olhos. O grupo de marmanjos continuou zombando falando algo sobre ela ser uma idiota por não perceber o fato ou coisa assim, mas Brianna não ligou, limpou o choro e ignorou os valentões. “Estranho... Normalmente eu me sinto intimidada por eles... Bem... Não importa um dia eu vou mudar a torre do relógio, vou passar desses babacas e fazer as mulheres serem reconhecidas... Uma janela de possibilidade está aberta para mim e nada vai me deter!” pensou ela enquanto irritava o bando deixando-os no vácuo.

Praça do lado da Igreja, centro de Snow city.

Hokai passeava pelas ruas apressado. Havia recém saído do aeroporto, o frio fazia uma névoa sair da sua boca, foi meio estranho à experiência de seu país estar em uma estação e ir para outro lugar em uma estação diferente. “Não neva tanto assim no Japão como aqui... Bem que a mamãe pediu para eu me agasalhar bem, o papai disse que eu teria dificuldade em passear por aqui, mas é como se eu soubesse onde fica tudo... Deve ser porque é uma cidade pequena, é deve ser por isso, será que meus irmãos passaram por algo assim antes? Bem a pequena Hikari com certeza não...” pensou Hokai rindo baixo até que de repente parou em frente à igreja.

Por um momento viu uma moça loira muito bonita em um dos andares em cima da igreja. Esfregou os olhos e quando olhou novamente ela não estava lá “ Que coisa estranha, será que estou vendo coisas?” lágrimas começaram a brota dos seus olhos “Porque... Porque estou chorando... Que sentimento de tristeza e alegria é esse... É como se eu tivesse vindo aqui antes... E depois de muito tempo... Depois de muito tempo eu retornei...” pensou o mago enoquiano. Ouviu uma voz lhe chamando ao longe e apressou de enxugar as lágrimas.

– Onde você estava? Você demorou muito! Porque ficou parado feito um poste lá na frente, Hokai?- Perguntou Celestia com um sorriso zombeteiro e arrogante que poderia fazer um desconhecido se sentir intimidado, mas Hokai estava bem acostumado com isso.

– Ah... É que eu achei bonita a arquitetura... –Mentiu Hokai inventando uma desculpa as pressas. Celestia ia abrir a boca para falar mais alguma coisa, mas foi interrompida por Dante.

– É uma surpresa que não tenha ligado pedindo ajuda por estar perdido ou algo assim, estava com medo de um vocês se perderem aqui- Sorriu Dante Badlet- O que acharam da cidade?

– Bem aqui é uma cidade pequena depois de tudo- Comentou Celestia- Mas tem seu verdadeiro brilho, não sei explicar... Algo como a aura da cidade...

– Eu bem que concordo com a Celes, ela tem seu brilho, tem uma atmosfera acolhedora e agradável!- Respondeu Hokai- Por falar nisso como vai a Alice, Dante? Ela já melhorou?

– Sim, com intenso tratamento ela está se recuperando vagarosamente, mas já está muito melhor de saúde não corre nenhum risco eminente, mas ainda é limitada a algumas coisas- respondeu Dante com um sorriso meio torto.

– Bem... Eu sinto muito... – Hokai falou coçando a cabeça se desculpando.

– Que nada, ela está muito feliz agora, é isso que importa, está fazendo coisas que antes não podia! – Dante respondeu fazendo se abrir um sorriso na face de Hokai e Celestia.

– Bem vamos aonde? Você disse que aqui tem umas atrações turísticas ótimas! Minha irmã ficou morrendo de inveja por eu estar aqui e ela ficar presa com aquela velhota da minha avó hahaha, então que irmos para o famoso lago congelado? Soube que é fantástico - Celestia falou sorrindo. “Minhas relações com elas estão muito melhor ultimamente... Isso é maravilhoso, nem sempre foi assim, mas tenho poucas lembranças desse período, mas por algum motivo tenho pensado que isso durou por muito tempo...” pensou Celes olhando para o céu- Está... Está nevando... Que coisa linda...

– Devo concordar- Afirmou Dante- Snow City se orgulha do seu inverno, de sua maravilhosa neve! Bem o lago é aqui perto, é só virar a esquina depois da rua onde está uma pequena livraria!

– É realmente fantástico... – O sentimento invadiu Hokai novamente, mas este resolveu ignorar e seguiu seus dois melhores amigos do mundo inteiro- Ei, vocês já ouviram a história de um cavaleiro chamado El Cid? Eu li num livro é algo muito tocante e...

Região da Toulose, França.

“ Querido diário, o dia está lindo como sempre enquanto eu estou presa na condição que estou presa em uma imensidão cinza que chamo de casa. A realidade passou por mim de uma maneira tão rápida que chegou a ser certa forma doloroso, fomos crianças presas em uma guerra de adultos, finalmente percebi isso... A neve bate suavemente na janela, isso me relembra daqueles dias... Será que eles se lembram? Será que está nevando naquela cidade também? A concepção de mundo pequeno e cheio de dor sumiu sem deixar sequelas, hoje observo o céu com outros olhos, olhos de criança, mas ao mesmo tempo... Olhos de adulto...”

Charlotte escrevia em seu diário enquanto se deparava com a janela do seu quarto. Parou por instante e observou a neve caindo vagarosamente, sorriu e suspirou. Em algum lugar, em outro tempo um bárbaro conquistador sonha tomar Roma com suas tropas, em algum lugar existe um cavaleiro bravo lutando pelo seu rei, em algum lugar há uma raposa fugindo de um crime não cometeu, em algum lugar há uma donzela sendo queimada acusada de bruxa, em algum lugar há um cavaleiro amaldiçoado caçando um javali, em algum lugar a uma dama se escondendo entre a penumbra da noite planejando justiça... Em algum lugar do mundo Enkidu está feliz ao lado de sua amada e seu rei. Sabe o que eles tem em comum? Eles já olharam para cima e viram o mesmo céu, o mesmo céu que eu estou vendo, o mesmo céu que espero que eles estejam observando... Como o vagaroso cair dessa neve... Charlotte respirou fundo e voltou a escrever.

“ Empunhamos armas e gritamos vamos mudar nosso destino não importa como, foi isso que fizemos, eles podem não se lembrar jamais, mas eu lembro bem, lembro bem o que cada um sentiu e viveu... Essa lembranças não foram desperdiçadas elas estão guardadas no meu coração... Talvez eu nunca vá embora daqui... Nunca veja novamente o mundo... Eu lembro das coisas que nunca aconteceram e da história de crianças que foram escolhidas pela solidão e que ocorreu em meio a um céu cercado pela neve, eu lembro das felicidade e tristezas que nunca aconteceram...Elas ficaram eternizadas... Eu só espero um dia... Espero um dia encontrar com vocês de novo...”

No final... No final aquelas lágrimas que ficavam no final do destino eram de felicidade, saudade e tristeza por algo que nunca aconteceu e que ficou ao mesmo tempo perdido e ao mesmo eternizado em meio há uma cidade que nevava.

Fate/Another Tears ~ True End


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Notas finais do capítulo

Nossa, acho que isso foi a melhor coisa que já escrevi. Entenderam o motivo de eu ter escrito em duas partes? Ficaria muito grande do contrario. Obrigado por acompanharem até o fim, meu trabalho foi amador e com o passar dos capítulos fui me aperfeiçoando cada vez mais e mais graças a vocês. Um agradecimento especial a Sennen Hakushaku, aquele que apoiou a fanfic logo de inicio, primeiro a fazer uma ficha (dois dias antes para o prazo de eu desistir de escreve-la) sem ele eu não teria chegado aqui converso com ele muito por MP kkkkk a ideia da magia enoquiana foi vinda dele, ele realmente possui ideias fantásticas, além disso ele influenciou outra pessoa a fazer uma ficha archer shiro que de longe é o cara que mais comentou,sem os comentários dele sempre nunca teria motivação, ele me apresentou ao personagem fantastico que é o Kazuma tive um enorme prazer de escrever o personagem (acho que as minhas cenas favoritas eram com ele kkk), Celestia que mesmo não comentando muito vocês deve agradecer a ela que sempre me ameaçou de morte por eu demorar kkkkkkk ela realmente anda muito ocupada e de longe sempre me apoiou. Também devo agradecer a Khaleel, CowardMontblanc e a Senhorita Nada que conversavam comigo nos primeiros anos da fanfic por Raid Call ( e por algum motivo desconhecido pararam de falar comigo ç.ç) eles me ensinaram muito gramática e me influenciaram na maneira de como eu escrevo. Agradecimentos especiais a Kotomine Azmaria (prima da Celestia) que por estar muito ocupada não entra mais no nyah, mas a Celestia sempre a mantêm informado ou algo assim e.e , sem esquecer Kirakishou, Gin Wolfstein e the great king of nothing que mesmo não participando da fanfic e não terem feitos personagens continuaram lendo ela, OBRIGADOS A TODOS VOCÊS! Ainda vão me ver por aqui, afinal ainda vou escrever F/D (se não leu é uma fanfic interativa de Fate que você vai adorar tmb ^^), além de algumas informações adicionais aqui (até eu finalmente colocar o botão de fanfic terminada ;---;, agora ficam em aberto se vocês iriam querer um reboot de F/AT? Eu estava pensando em fazer um remake ou uma segunda rota em um futuro, o que acham? BEM COMENTEM O QUE ACHARAM DESSE CAPITULO CHEIO DE FEELS, ATÉ A PRÓXIMA o/ (lembrando que tenho um Ask agora). Compensou a demora?



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