Um lobo não mais solitário escrita por TC Nagahama


Capítulo 3
Capítulo 3 - Gatos não andam de bicicleta


Notas iniciais do capítulo

Achei esse capítulo pela metade hoje e decidi terminá-lo. Só mais um e a fic acaba.
Espero que gostem



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Stiles tivera um trabalho absurdo para tirar Peter do banho, já que o lobisomem só aceitou sair quando seus dedos ficaram enrugados.

Quando finalmente desceram as escadas depois de Peter se arrumar, deram de cara com Derek que vinha arrastando um caçador que parecia tudo menos feliz.

–Essa aí é o Peter e ele é problema seu – Derek falou, empurrando o caçador para Peter, que tentou se esconder atrás de Stiles.

–Prove – ele respondeu e cruzou os braços.

–E como diabos eu posso fazer isso?! – Derek respondeu bufando e jogando os braços para cima.

–Assim – o caçador respondeu e foi até Peter, puxando-o para si e abaixando a bermuda que ele usava.

Lá, para todos verem, estava uma marca de nascença na nádega esquerda, que apesar das mudanças nele, continuava a mesma que Chris vira durante toda aquela semana que passaram juntos.

–Errr...acho melhor eu arrumar o quarto – resmungou Stiles, sem graça com a atitude do caçador. Antes que Derek pudesse impedi-lo, ele fugiu para o quarto de Peter, deixando Derek e os outros lobisomens para lidar com a situação.

Peter fez uma cara feia para o caçador que o examinava inteiro com uma expressão abobada no rosto e vestiu novamente sua bermuda. Seu sobrinho e os outros pareciam horrorizados com a curiosidade do caçador.

–Isso faz cócegas – Peter reclamou e empurrou as mãos do caçador que agora mexiam nos seus peitos, como que checando se eram verdadeiros ou não. Ele riu, quando o caçador encostou os dedos no seu mamilo. Sentiu o rosto queimar e empurrou o outro – Pare com isso, seu tarado.

–Meus olhos doem, Derek. Faça-os parar – pediu Isaac, tampando os olhos.

–Que hipócrita. Eu não posso ficar com a filha dele, mas ele pode pegar o seu tio e transformar em tia – resmungou Scott, achando-se injustiçado.

–Se isso é algum tipo de trama, é melhor dizer agora – avisou o caçador, com a expressão fechada.

–Trama? – Peter respondeu.

–É, uma trama para me prender – Chris esclareceu, fazendo o outro arregalar os olhos - Quem garante que é meu? – ele perguntou.

E foi o que bastou para que começasse uma discussão acalorada entre os dois.

Stiles, que estava descendo depois de ouvir a gritaria por um tempo, pediu para que os dois subissem e conversassem. Não tinha a menor necessidade dos dois destruírem a paz dos outros.

Os dois acataram a contragosto e subiram e continuaram a discutir.

–Você não acha que tinha que subir e ver se está tudo bem? – Isaac perguntou, quando ouviram o barulho de um móvel quebrando vindo do quarto de Peter.

–Nem morto. Com sorte eu me livro dos dois – Derek respondeu e se aninhou no colo do namorado que brincava com os seus cabelos.

Algumas horas depois, Peter desceu e foi direto para a cozinha. Parecia de bom humor.

Stiles, sempre curioso, foi até o balcão da cozinha e ficou olhando na expectativa para o lobisomem.

Quando Peter notou que o garoto parecia interessado demais no que ele fazia ele falou, sem ao menos se virar:

–Se quiser um pedaço do meu sanduíche, nós brigaremos até a morte.

Stiles levantou as mãos em rendição.

–Só quero saber como foi a conversa – o garoto falou rapidamente. Sabia que Peter não batia muito bem.

–Que conversa? – Peter perguntou, colocando o sanduíche pronto no balcão, bem longe de Stiles por via das dúvidas – Não foi embora ainda por quê? – Peter falou sem pensar quando viu Chris descendo as escadas – Estou me sentindo sufocado – ele reclamou e foi pegar um refrigerante para acompanhar o lanche.

Chris só balançou a cabeça, deu um sorriso e saiu sem se despedir.

–Se não conversaram, então o que diabos estavam fazendo lá esse tempo todo? – Isaac, o inocente, perguntou.

–Ah é – Peter falou sem graça – Estávamos fazendo sexo – ele falou num fio de voz, com o rosto vermelho.

–Não acredito – Derek reclamou lá da sala. Tinha escutado o que o tio falara – Você é muito cara de pau. Bem na minha casa e comigo aqui na sala! Eu trouxe o cara para você se acertar, e não para você dar para ele de novo, seu promíscuo – ralhou vindo até a cozinha.

–Eu não sou promíscuo – Peter se ofendeu – Sou prático. Eu estava com vontade, ele estava aqui e era de graça. Por que não?

–Ewwwwwwwwww – os outros responderam em uníssono.

Peter deu de ombros e começou a comer seu lanche. Estava faminto.

E foi assim que as visitas de Chris se tornaram frequentes na casa. Ele sempre aparecia quando desse na telha e os dois sumiam por horas no quarto. E isso durou meses.

Todos falavam que os dois estavam namorando firme, mas Peter sempre negava, com o rosto queimando, e dizia que não tinham nada um com o outro.

Até que um dia, quando Peter estava com aproximadamente cinco meses, ele foi receber Chris na porta e percebeu um cheiro estranho vindo dele. Sem aguentar, ele puxou o outro pelo colarinho e cheirou seu pescoço. Fez uma careta e o afastou.

–Não precisa vir mais – ele falou ao colocar o caçador para fora e fechar a porta na sua cara.

Ele bateu a porta e foi para a cozinha preparar um lanche. Depois voltou e apoiou o prato em cima da barriga ao se sentar no sofá com os outros e ficou vendo tevê.

Óbvio que todos repararam a cara horrível dele. Era um contraste absurdo dos últimos meses, que ele parecia até bem alegre.

–Alguma coisa aconteceu? – Stiles perguntou preocupado.

–Nada aconteceu – ele respondeu rapidamente. Talvez rápido demais.

–Você está mentindo – Scott atestou.

–E se eu tiver? – ele retrucou, fazendo Scott se encolher.

–Está tudo bem? – Isaac perguntou. Tinha se acostumado com o jeito estranho de Peter e vê-lo desanimado daquele jeito o fazia sentir péssimo.

–Estou ótimo – respondeu com os olhos cheios de lágrimas. Malditos hormônios.

Derek suspirou irritado.

–Desembucha logo. O que aconteceu? – ele falou com seu tato habitual.

–Nada – ele respondeu e levantou ao perceber que não o deixariam em paz. Não queria falar a respeito.

–Pode parar aí e contar exatamente o que aconteceu – falou bravo e Peter parou, por mais que não quisesse. Ele era seu alfa, afinal – Agora Peter! – falou, aumentando o tom da voz, fazendo-o se encolher.

–Ele estava com outra pessoa. Senti o cheiro e o mandei embora – ele falou triste.

–Peter, eu... – ele começou.

–Eu sei o que vai dizer – Peter se virou e fitou o sobrinho – Eu fui idiota. Não deveria ter confiado num caçador, e muito menos me envolvido com um – ele riu sem humor algum – Eu acho que mereci – ele constatou ao secar uma lágrima que teimou em descer bem nessa hora.

–Na verdade, eu ia dizer que sinto muito – Derek falou indo até ele e colocando a mão no seu ombro.

Peter não respondeu. Só consentiu e continuou seu trajeto até o seu quarto.

Ele passou os próximos dias meio calado e na dele. Só saía do quarto para comer e tomar banho. No restante do tempo, só ficava trancado no quarto.

–Alô? Você de novo? – Derek falou rosnando ao telefone – Se ele não atende o celular, é porque não quer falar com você. Pare de ligar na minha cas... – Derek reclamava no telefone quando Peter arrancou o telefone de sua mão e o colocou no gancho, batendo o telefone na cara do caçador sem a menor cerimônia.

Não demorou muito para que Chris batesse na porta de Derek, exigindo ver o lobisomem.

–Peter, você tem visita – Derek falou na porta do quarto do tio.

–Eu estou ocupado – respondeu Peter, lixando as unhas na cama.

–E não dá para você falar com ele um minuto? – Derek perguntou entredentes – É tão importante assim o que está fazendo? – completou, olhando para o caçador que estava ao seu lado.

Peter olhou para sua mão esquerda. Faltava uma unha para lixar.

–Não dá para parar agora, não – respondeu e suspirou quando ouviu os dois se distanciando.

Os dias foram passando e nunca mais ouviram falar do caçador.

Num dia, os adolescentes chegaram da escola e viram Peter na sala filmando um gato extremamente fofo amarrado numa bicicleta.

Obviamente, eles estranharam. Até a hora que saíram, Peter ainda estava em seu autoexílio, então encontra-lo no meio da sala filmando e brincando com gatos era bem estranho.

–O que você está aprontando? – perguntou Stiles, colocando a mochila no sofá – E cadê o Derek? - perguntou não vendo nem sinal do namorado.

–Estou tentando provar uma teoria – ele respondeu, fazendo Isaac rir – Acho que foi fazer compras ou algo assim.

–E que teoria é essa? – perguntou Isaac, interessado.

–Ah, eu vi um programa na tevê hoje que dizia que gatos não andavam de bicicletas – Peter falou sério – E eu quero provar que sim, eles podem andar. Você só tem que ensinar.

–Eles não vão se machucar ficando amarrados na bicicleta? – Scott falou, tentando alcançar o gatinho que miava.

–Imagina! Essa bicicleta é inofensiva – respondeu Peter.

O teste com a bicicleta normal não funcionou. Peter pausou o vídeo e tirou o gato com todo cuidado e o colocou numa bicicleta similar, só que motorizada.

Ele aciona o vídeo e vira a câmera para o seu rosto.

–Parte um do teste falhou miseravelmente. Começando a parte dois do teste quarenta e cinco.

Ele ligou a bicicleta e tudo parecia bem a princípio, e os adolescentes olhavam com adoração para o gatinho andando de bicicleta. Era um verdadeiro ataque de fofura!

Pelo menos até a bicicleta travar e o motor da bicicleta pegar incendiando o bichano.

–Teste quarenta e cinco falhou. Infelizmente o espécime nove não resistiu – Peter falou para a câmera e desligou o vídeo. Ao fundo era possível ver os adolescentes tentando apagar o fogo e salvar o bichinho.

–Espécime nove? O que aconteceu com os espécimes antes desse? – perguntou Stiles, não realmente querendo ouvir a resposta.

Peter só apontou para o canto, onde eles podiam ver várias carcaças carbonizadas.

Scott correu para salvar o espécime dez dos braços de Peter. E foi basicamente isso que eles fizeram nos dias seguintes.

Isaac, Stiles e Scott estavam com Derek à mesa implorando que ele tomasse uma atitude.

–Eu não sei que vocês querem que eu faça? – Derek respondeu.

–Você já viu a quantidade cartazes espalhada pela cidade de gatos que sumiram? – perguntou Scott horrorizado.

Antes que Derek possa responder, a porta do apartamento abriu e uma moça grávida entrou. Ela cumprimentou todo mundo e depois ficou arrastando um monte de sacolas que pareciam bem pesadas.

–Posso ajudar? – Derek perguntou, sem reconhecer de quem se tratava.

Isaac e Scott correram para ajudar, mas Scott congelou quando viu de quem se tratava.

–Peter?! – Scott se surpreendeu. Peter estava com um vestido preto e curto. Usava sapatos de salto altos e estava maquiado. Ah, e o cabelo! Nem parecia o ninho de rato que normalmente era – Você está...

–Gostosa – completou Isaac. Depois corou quando se deu conta do que tinha falado.

–Sério? – Peter perguntou para os dois – Que legal, porque eu tenho um encontro – ele falou, dando pulinhos de alegria.

–Vocês voltaram então? – Derek perguntou, não entendendo o porquê do banho de loja.

–Claro que não! – Peter riu – Eu tenho um encontro com o Bobby – ele sorriu.

–Você não pode sair por aí saindo com qualquer um. Você está grávido! E o Chris é o pai – ele rebateu. Não queria admitir, mas não gostava da ideia do tio por aí pulando de cama em cama.

–Eu não tenho compromisso com ninguém – Peter falou virando para ele – Eu estou grávido. E não morto – explicou, voltando sua atenção para as sacolas – E o Fofinho é bem engraçado. E ele até me ajudou a carregar todas as sacolas – falou sorrindo.

Só aí eles repararam na quantidade absurda de sacolas. Após um breve questionamento, Peter respondeu com o rosto todo corado que boa parte era para o bebê.

E Derek não pôde deixar de notar que a cada dia que passava, o tio se comportava mais e mais como uma garota.

Stiles e Isaac pediram para ver, e ele mostrou as coisinhas que tinha comprado.

–Mas é tudo rosa – comentou Isaac, estranhando.

–Eu consegui ver o sexo no ultrassom de ontem – Peter explicou, sorrindo.

E eles se sentiram péssimos. Sequer sabiam que Peter estava fazendo algum tipo de acompanhamento. O fato era que ninguém tinha se preocupado muito com Peter ou com o bebê.

Peter ignorou as expressões culpadas, juntou tudo e correu pro quarto, dizendo que tinha que se arrumar.

Quase duas horas depois, ele desceu, com outra roupa não menos bonita.

–Como estou? – ele perguntou, dando uma voltinha na frente dos adolescentes que dizem que ele está ótimo.

A campainha tocou e ele correu para atender. Era o Fofinho. Ele se despediu com um sorriso bobo no rosto e saiu.

–Não é estranho ele ter arrumado alguém assim tão rápido? – Stiles pensou em voz alta.

–Deve ser o caçador. Ele só abriu o jogo para a gente não ficar em cima – Derek deu de ombros.

Mais dois meses passaram, e eles puderam acompanhar os telefonemas açucarados de Peter e seu “Fofinho”. E uma coisa era certa. Independente de quem o Fofinho era, ele com certeza deixava o lobisomem nas nuvens.

Num dia quando Peter e o Fofinho estavam fazendo as últimas compras, foram avistados por Allison.

Infelizmente, ela não conseguiu identificar quem era, pois eles estavam de despedindo quando ela os avistou, e até ela conseguir cruzar a praça de alimentação, o acompanhante de Peter já tinha ido embora com todas as sacolas que eles tinham comprado.

–Você veio me matar? – Peter perguntou na lata, quando percebeu que a caçadora o seguia pelo corredor do shopping.

–Não – ela respondeu surpresa.

–Torturar?

–Não – ela falou sorrindo.

–Veio apontar e rir? – ele perguntou e ela riu – Eu estou ficando sem opções.

–Na verdade, eu queria fazer isso há meses. Digo, o meu pai me contou faz um tempo já – ela falou sem graça, chamando-lhe atenção – Eu queria notícia do meu futuro irmão – ela falou com o rosto todo corado.

Peter pareceu analisa-la por um tempo. E ela estava quase indo embora quando ele falou:

–Irmã. É uma menina.

E Allison deu um sorriso enorme. E ele pôde ver seus olhos brilhando com a notícia.

–Eu estava indo escolher os móveis e comprar algumas coisas que ainda faltam para o enxoval – ele falou sem graça também – Você pode vir, se quiser. Digo, se não for fazer nada melhor.

–Eu adoraria – Allison disse sorrindo e Peter sorriu de volta.

Fim do cap. 3


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Notas finais do capítulo

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