Alec foi embora e eu apenas continuei aproveitando o sol, o churrasco pode ter sido ruim, mas não é todo dia que eu posso ficar ao sol...

Ouvi passos ao longe e olhei pra trás, uma garota estava trazendo uma toalha de praia e a estendeu no chão antes de se deitar e colocar os fones de ouvido. Não sei por que, mas tive um impulso e fui até ela, sem pen sar logo disse:

– Oi, sou a Jane! - acenei levemente e só então pensei: "O que eu tô fazendo?!".

Ela olhou pra mim e pareceu pensar antes de dizer, quase num murmúrio: "Renesmee".

– Nome diferente... - comentei e ela assentiu.

– Não fala muito? - negou.

Fiquei em silêncio por um tempo.

– Posso ouvir? - ela me estendeu um dos fones.

Ela estava ouvindo "Wake Me Up" do Avicii, uma musiquinha da moda, mas sei lá, eu meio que gostei depois de ouvir...

Quando dei por mim eu já tinha começado a cantar:

"So Wake me Up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I

Dindn't know I was lost"

Renesmee ria enquanto eu continuava a cantar a música, então eu a desafiei:

– Se você tá rindo de mim, quero ver fazer melhor! - nós duas riamos.

Ela pigarreou e começou a cantar:

"I tried carrying the weight of the world

But I only have two hands

I hope I get the chance to travel the world

But I don't have any plans

I wish that I could stay forever this young

Not afraid to close my eyes

Life's a game made for everyone

And love is the prize "

E então nós duas riamos e cantávamos, ao mesmo tempo, a música que só estava lá para nós duas. Quando ela acabou nós ouvimos palmas e um assobio, então quando eu abri os olhos Renesmee estava corada e um garoto - um gigante, já que estávamos no chão - estava olhando pra nós.

– Oi Ness! - eu ouvi direito? - Não sabia que você cantava!

Ela corou ainda mais e nós duas nos sentamos.

– Você chamou ela de "Ness"? Tipo, Monstro do Lago Ness?

– Longa história... - murmurou revirando os olhos - Mas sim, eu a chamei de Ness, gostou do apelido? Fui eu que inventei!

– Achei esquisito, mas tá né!

– Jacob. - disse me estendendo a mão.

– Jane.

– Vim dizer que o Alec tem um anunciozinho a fazer, e ele quer que todos estejam lá...

– Já imaginava... - murmurei e então nós fomos até lá.

Alec estava no meio de uma rodinha e foi logo dizendo assim que nos viu:

– Eu estive falando com Carlisle e ele me fez uma proposta, eu vou ser o novo psicólogo do hospital, mas ao que parece será apenas para alguns pacientes e por um período de experiência. Carlisle montou uma lista com os nomes e horários, e eu queria que vocês ficassem a par de tudo e vissem a quem eu vou atender e quem não... Bom, é isso! - finalizou e colocou a lista em um quadro de avisos no qual eu nunca havia reparado.

Todos foram olhar, e quando finalmente conseguimos lê-la, Jacob disse quem estava na lista na lista:

– Jasper, Rosalie, Ness e uma tal de Kate... - ele parecia irritado.

– Kate? - repeti - Não conheço nenhuma Kate...

– Talvez ela seja nova aqui...

– Quem sabe... - comentou e então nos separamos...

***

– Certo Alec - Carlisle dizia ao me entregar diversas fichas - Respire fundo e apenas os escute, está bem? Se tiver alguma dúvida, mais tarde pode me fazer perguntas, entendido?

– Sim.

– Boa sorte! - ele sorriu e deu dois tapinhas em meu ombro antes de sair da sala.

Faz duas horas que coloquei aquele aviso, todos estavam ao redor do papel e me esforcei para andar até longe sem vacilar, mas sentia minhas pernas tremerem à cada passo e tive medo de desabar antes de estar fora da vista de todos. O que o nervosismo não faz com as pessoas...

Carlisle conseguiu uma sala relativamente interessante para as consultas, duas poltronas - uma preta e uma marrom, algo que me fez lembrar de um livro que Jane leu - com uma pequena mesinha de centro entre as duas, um carpete bege cobrindo o chão e uma estante de livros em uma parede.

Ambiente engraçado.

Havia um pequeno alto falante em algum lugar da sala, não sei quanto às outras pessoas, mas a música clássica só consegue me deixar irritado e com sono. Vou pedir para mudarem ela depois...

Ouvi três pancadinhas na porta.

"Respire fundo!", pensei, "Apenas respire!"

– Entre! - disse, surpreso pela calma em minha voz.

– Olá! ... - a menina disse - Er... Alec, certo?

– Sim, e você é Kate, não é? É bom vê-la de novo! - senti meu coração acelerar.

– Igualmente! - ela sorriu - Fico feliz de lembrar seu nome, minha memória geralmente não é muito boa nisso...

– Sente-se! - fiz um floreio, algo tão imprevisto que até me assustei comigo mesmo. "Burro!", gritei mentalmente.

Mas ela pareceu gostar do gesto.

– Qual delas? - perguntou encabulada.

– A escolha é sua! - sorri.

Ela escolheu a marrom.

– Então... - comecei - Ainda não sei por que você veio até aqui, digo, por que você precisa vir à clínica...

Eu tentei parecer amigável, mas acho que não efeito.

– Bom, é uma longa história...

– Gosto de histórias! - "Burro!"

– Bom, er... - ela respirou fundo - Começou quando eu tinha seis anos, de início meus pais pensaram que eram apenas pesadelos, mas aos poucos as coisas foram piorando...

– Pesadelos? - repeti.

– Isso mesmo, pesadelos. Meus pais perceberam que era anormal a minha reação eles, e me levaram ao médico, sete meses depois ele conheceram Carlisle e ele me diagnosticou com "Terror Noturno"...

– Terror Noturno? Então você não consegue acordar dos pesadelos?

– É...

– Tudo bem, eu sei como é...

– Sabe?

– Eu tive princípio de terror noturno quando era criança, é muito ruim, mas achei que nunca conheceria alguém que passaria pela mesma coisa...

– Ao menos você me entende... - ela ficou cabisbaixa, senti a obrigação de fazê-la melhorar, mas primeiro...

– Pode me contar seu ultimo sonho?

– Bom, foi o de sempre, eu estava em frente a uma plateia e...

– Você gosta de cantar?

– Bastante! - ela riu - Por mais que eu me considere uma cantora de chuveiro, eu sou bem mais normal do que aparento!

Não pude evitar de sorrir.

– Então... - ela continuou - Daí de repente, em meio ao show, a plateia se transforma em um buraco negro, o palco some e eu começo a cair.

– É sempre assim?

– Sempre.

– Bom, posso fazer uma sugestão? - Claro.

– E se você usasse a minha terapia?

– Terapia?

– Isso! Quando eu tinha ataques eu fazia o que eu sonhava... Uma vez eu me sonhei que me afogava em maionese, daí passamos uma semana inteira comendo hambúrguer encharcado de maionese! Foi muito divertido!

– Isso pode funcionar, mas o que você sugere que façamos?

– Que tal um Show?