Naquele mesmo dia, como prometido, ele foi até a minha casa.

Com um sorriso radiante, ele estava segurando sua pasta de desenhos para me mostrar suas artes.

Se todos os seus trabalhos fossem iguais ao que ele deixou cair, ele seria um verdadeiro artista.

— Olá Pete — Ele fala, me dando um abraço. Não posso negar que eu queria que aquele abraço durasse mais, mas me mantive forte. — Eu trouxe algumas coisas pra gente comer, enquanto conversamos — Ele fala, como se eu fosse seu melhor amigo há décadas.

— Olá Steve — Retribuo o apelido que ele tinha me dado — Tudo bem, entre, ter companhia parece ser uma ótima ideia — digo.

E então, sentamos no sofá e ligamos a tevê. Depois dele ter me explicado sobre os canais, resolvo colocar em um canal dedicado a músicas. Estava passando uma maratona de clipes, coisa que faria eu conversar com ele, sem precisar prestar atenção na televisão.

Depois dele fazer milhares de perguntas sobre as comidas, a cultura, os gostos e tudo que ele tenha direito sobre o Brasil, eu faço o mesmo. Ele me conta um pouco sobre sua história, e eu acabo contando, também, sobre a minha. Descubro que ele também mora sozinho, porque seus pais estão na Espanha, trabalhando como médicos para o exército americano. A conversa flui naturalmente. Não ficamos nem um pouco tímidos perto um do outro, quando passava algum clipe que ambos conhecíamos, começávamos a cantar a música e a dançar, feito dois bobos. Eu estava alegre de ter encontrado alguém tão legal, quanto o Steven. Como já estava anoitecendo e tinha começado uma chuva muito forte, eu insisto para ele ficar para jantar. Eu tinha trazido um livro de receitas, e com a sua ajuda, fiz um belo prato, e comemos ali mesmo, no sofá.

A chuva estava cada vez mais forte e por esse motivo, insisti também, para o Steven dormir aqui, já que tinha um quarto para visitas, e não haveria problema em irmos pra escola na outra manhã. Estava fazendo frio, então peguei cobertores, e ficamos assistindo a uma série de terror que estava passando em um canal muito popular em todo os Estados Unidos. Como que por extinto, acabei ficando mais perto dele, por causa do frio, ele estava muito quente, e percebeu o que eu estava fazendo, e fez o mesmo. Eu não deveria ter feito isso, mas eu não resisti, e pus minha cabeça em seu ombro. Seu coração pulsava tão alto que eu conseguia ouvir da distância que eu estava. Seu braço livre, envolveu meu corpo pra si, e eu acabei deitando em seu colo.

— Tudo bem — Ele sussurrou — Está tudo bem.

Ele começou a acariciar meu cabelo, o que fez meu coração acelerar. Senti o sangue correr com mais força em minhas veias naquele instante. Eu queria tomar água, então Eu empurrei meu corpo mais próximo dele, pra poder sair sem ele fazer muito esforço. Quando me levantei, sem querer meu rosto ficou muito próximo do dele. Eu não queria ter feito aquilo, mas ao mesmo tempo, eu queria muito. Ele colocou sua mão macia em meu rosto, e eu coloque meus braços em volta do seu pescoço, sua respiração estava cada vez mais lenta, e meus lábios se encontraram graciosamente nos dele.

Aquele beijo parecia ser eterno. Meus lábios se moviam graciosamente contra os dele, conseguia sentir sua respiração dentro de mim. Suas mãos brincavam com meu cabelo, enquanto eu o deitava no sofá. Seus braços envolveram minha cintura e tentaram tirar minha camiseta, mas logo sinto um impulso contrário e ele se levanta, colocando seus desenhos nas pastas, e olhando pra mim, com um olhar sério:

— Sinto muito, Peter, não posso fazer isso — Ele fala, em um tom de choro.

— Espere, Ste...

Não consegui completar a palavra, ele simplesmente bateu a porta com seu material. Aquilo tinha me deixado em chamas. Ele não poderia ter feito isso comigo. Comecei a pensar que a culpa foi minha, mas, se ele realmente não quisesse, ele não teria chegado tão longe. Tomo um banho, visto meu pijama, e arrumo meu material para aula de amanhã.

Talvez mesmo seja melhor esquecer.