My Angel Is Imperfect. But I Love Her. escrita por Jullyana Belichar
Solitário... Escuro... Sombrio.
Era assim que ficava o cativeiro sem Ivy.
Sempre achei que prendê-la era injusto. O que ela fez de errado afinal?
Foram seus pais que erraram. Bom, se amar é um erro, então eles erraram.
Mas Ivy... Ela não fez nada!!
Sou suspeito para falar dela, mas o que poso fazer?
Desde a primeira vez que a vi eu me encantei. Quem não se encantaria?
Tínhamos doze anos. Eu e meus amigos estávamos brincando no Campo de Lírios, ou Campo Neutro. Estávamos jogando bola até que um dos meninos chutou longe demais.
A bola parou perto de uma sela sem janelas, rodeada por muros, deixando apenas um lado "aberto" com grades.
–O que você está fazendo?- Gritou um dos meus amigos, desesperado.
–Hã?- perguntei sem entender.
–Aí é perigoso!! Meu pai disse que tem um monstro aí!
–Monstro?
Algo se mexeu dentro da sela, no escuro. Meus amigos gritaram e correram de volta para o território Bloom.
–Não vai correr também?- Alguém perguntou. A voz parecia seca, como se não bebesse água há dias.
–Quem está aí?
E então, entre as sombras, ela surgiu. Primeiro seus pés apareceram, depois seu corpo vestido com um fino vestido branco, e então seu rosto...
Seus olhos... Eram lindos! Castanhos como de um Clound, e o cabelo também. Mas, sua pele... era branca e suas asas negras...
–O que é você?
A garota sentou-se no chão, abraçando as pernas contra o peito.
–Sou uma híbrida. -Ela sussurrou.
Híbrida? Ah, então era dela que todos estavam falando. A filha do Capitão Murilo com uma Clound. Eu não tinha noção de que fosse tão bela.
A garota não parecia um monstro... Parecia alguém comum. Para falar a verdade, se não fossem as asas, ela seria idêntica aos humanos que eu ficava observando escondido.
–Qual seu nome?- Eu perguntei.
Ela olhou para cima e seu olhar cruzou com o meu. Senti meu rosto queimar e virei por impulso.
–Como faz isso hein?-Perguntei sem olhar para ela.
–O quê?
–Isso! Não vê que estou encabulado?
Ela gargalhou. Mas depois parou, colocando as mãos sobre a boa.
–Desculpe. Perdão.
Então voltou para sua posição fetal.
–Ei, não precisa ficar assim, só quis descontrair, eu...
–Ivy.
–Hã?
–Meu nome é Ivy.-Ela disse olhando novamente para mim.
–Prazer, Simon.
Estendi minha mão pela grade e peguei sua pequena mão. Estava fria, mas era bem macia.
–Prazer Simon.-Foi tudo que ela disse.
–Simon!-Alguém gritou.
–Já vou!-Gritei de volta, eu sabia de quem era essa voz, era do...
–Benito.-Ela tremeu ao falar o nome de meu pai.-Precisa ir, senão ele vai brigar...
–Conhece ele?-Perguntei.
–Foi ele que me prendeu aqui.
Paralisei.
–Meu pai te prendeu aqui?!
Ela levantou por impulso.
–Ele é seu pai!?
Eu não sabia o que dizer, foi aí que papai apareceu.
–Simon? O que faz aqui tão perto do Cativeiro?
–Papai, você a prendeu aqui?-Perguntei, ignorando sua pergunta.
Ele não respondeu nada de imediato.
–Você nunca mais poderá chegar perto desse cativeiro. Essa criatura é um monstro. Entendeu Simon?-Ele enfim disse.
Seu olhar me dava medo. Se eu negasse era capaz de morrer ali mesmo.
–Sim, senhor.
É claro que eu fui embora de lá naquele instante.É claro que eu disse para meu pai que ela era mesmo um monstro.
Mas eu não o obedeci. Sempre que tinha tempo eu ia para lá...
Passávamos horas juntos, conversando sobre a vida dela (embora não tivesse muito o que falar) e sobre a minha.
Com o passar dos dias ela ficava mais linda, mas também mais triste. Seu sorriso nunca mais pareceu, e ela nunca mais gargalhou.
O tempo passou e recebemos visitas: Honnor e Stacy, as gêmeas Clound. Lindas, eu admito. Mas elas odiavam Ivy. E eu detestava isso.
Quando eu completei 15 anos, meu pai mandou-me numa missão contra os Clound.
Destruir anjos inocentes me deixava mal, mas deixa-la sozinha com as gêmeas era pior ainda!
–Vou voltar Ivy, prometo. -Eu disse, sorrindo.
Ela apenas assentiu.
Foi a última vez que eu a vi.
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