My Angel Is Imperfect. But I Love Her. escrita por Jullyana Belichar


Capítulo 8
A prisão da Híbrida




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Solitário... Escuro... Sombrio.

Era assim que ficava o cativeiro sem Ivy.

Sempre achei que prendê-la era injusto. O que ela fez de errado afinal?

Foram seus pais que erraram. Bom, se amar é um erro, então eles erraram.

Mas Ivy... Ela não fez nada!!

Sou suspeito para falar dela, mas o que poso fazer?

Desde a primeira vez que a vi eu me encantei. Quem não se encantaria?

Tínhamos doze anos. Eu e meus amigos estávamos brincando no Campo de Lírios, ou Campo Neutro. Estávamos jogando bola até que um dos meninos chutou longe demais.

A bola parou perto de uma sela sem janelas, rodeada por muros, deixando apenas um lado "aberto" com grades.

–O que você está fazendo?- Gritou um dos meus amigos, desesperado.

–Hã?- perguntei sem entender.

–Aí é perigoso!! Meu pai disse que tem um monstro aí!

–Monstro?

Algo se mexeu dentro da sela, no escuro. Meus amigos gritaram e correram de volta para o território Bloom.

–Não vai correr também?- Alguém perguntou. A voz parecia seca, como se não bebesse água há dias.

–Quem está aí?

E então, entre as sombras, ela surgiu. Primeiro seus pés apareceram, depois seu corpo vestido com um fino vestido branco, e então seu rosto...

Seus olhos... Eram lindos! Castanhos como de um Clound, e o cabelo também. Mas, sua pele... era branca e suas asas negras...

–O que é você?

A garota sentou-se no chão, abraçando as pernas contra o peito.

–Sou uma híbrida. -Ela sussurrou.

Híbrida? Ah, então era dela que todos estavam falando. A filha do Capitão Murilo com uma Clound. Eu não tinha noção de que fosse tão bela.

A garota não parecia um monstro... Parecia alguém comum. Para falar a verdade, se não fossem as asas, ela seria idêntica aos humanos que eu ficava observando escondido.

–Qual seu nome?- Eu perguntei.

Ela olhou para cima e seu olhar cruzou com o meu. Senti meu rosto queimar e virei por impulso.

–Como faz isso hein?-Perguntei sem olhar para ela.

–O quê?

–Isso! Não vê que estou encabulado?

Ela gargalhou. Mas depois parou, colocando as mãos sobre a boa.

–Desculpe. Perdão.

Então voltou para sua posição fetal.

–Ei, não precisa ficar assim, só quis descontrair, eu...

–Ivy.

–Hã?

–Meu nome é Ivy.-Ela disse olhando novamente para mim.

–Prazer, Simon.

Estendi minha mão pela grade e peguei sua pequena mão. Estava fria, mas era bem macia.

–Prazer Simon.-Foi tudo que ela disse.

–Simon!-Alguém gritou.

–Já vou!-Gritei de volta, eu sabia de quem era essa voz, era do...

–Benito.-Ela tremeu ao falar o nome de meu pai.-Precisa ir, senão ele vai brigar...

–Conhece ele?-Perguntei.

–Foi ele que me prendeu aqui.

Paralisei.

–Meu pai te prendeu aqui?!

Ela levantou por impulso.

–Ele é seu pai!?

Eu não sabia o que dizer, foi aí que papai apareceu.

–Simon? O que faz aqui tão perto do Cativeiro?

–Papai, você a prendeu aqui?-Perguntei, ignorando sua pergunta.

Ele não respondeu nada de imediato.

–Você nunca mais poderá chegar perto desse cativeiro. Essa criatura é um monstro. Entendeu Simon?-Ele enfim disse.

Seu olhar me dava medo. Se eu negasse era capaz de morrer ali mesmo.

–Sim, senhor.

É claro que eu fui embora de lá naquele instante.É claro que eu disse para meu pai que ela era mesmo um monstro.

Mas eu não o obedeci. Sempre que tinha tempo eu ia para lá...

Passávamos horas juntos, conversando sobre a vida dela (embora não tivesse muito o que falar) e sobre a minha.

Com o passar dos dias ela ficava mais linda, mas também mais triste. Seu sorriso nunca mais pareceu, e ela nunca mais gargalhou.

O tempo passou e recebemos visitas: Honnor e Stacy, as gêmeas Clound. Lindas, eu admito. Mas elas odiavam Ivy. E eu detestava isso.

Quando eu completei 15 anos, meu pai mandou-me numa missão contra os Clound.

Destruir anjos inocentes me deixava mal, mas deixa-la sozinha com as gêmeas era pior ainda!

–Vou voltar Ivy, prometo. -Eu disse, sorrindo.

Ela apenas assentiu.

Foi a última vez que eu a vi.


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