Entre O Bem E O Mal escrita por Cássia chan
Notas iniciais do capítulo
Desculpem a demora. Tive que reorganizar toda a história, e uma história com 15 longos capítulos levou um tempinho pra que eu conseguisse, haha.
Espero que gostem,
Sai da sala enquanto lia o cronograma de aulas. De acordo com aquela folha, a minha primeira aula seria de história. Mas ali não falava onde seria a aula, nem qual seria a minha turma. Virei-me abruptamente e senti uma forte dor no braço direito ao esbarrar em alguém.
— Desculpe, eu... — comecei a falar, sendo interrompida por um riso doce.
— Está tudo bem — disse a dona do riso. — Eu sei o quanto é difícil decifrar esse cronograma.
Observei enquanto ela puxava a folha da minha mãe e a analisava.
Ela tinha mais ou menos a minha altura. Dois ou três centímetros a menos, talvez. Sua pele era negra e seu cabelo escuro e cacheado caia em cascatas sobre seu ombro. Seus olhos amendoados castanhos brilhavam com sagacidade.
— Meu primeiro período também é de história — disse, por fim, entregando-me a folha de volta — podemos ir juntas e eu te mostro sua sala no próximo período.
Eu agradeci e ela me guiou pelos corredores.
A escola tinha dois andares. No térreo havia dois blocos de salas de aula, e no andar de cima, ficavam as salas de artes, música, teatro e dança. Mas apenas alunos inscritos em atividades extracurriculares poderiam participar.
Não demorou muito até estarmos diante da sala de história. A sala era grande. Feita para comportar cerca de 35 alunos confortavelmente. As mesas eram dispostas em três fileiras com mesas duplas.
— Chegamos — anunciou ela, parando a minha frente e permitindo que eu entrasse na sala primeiro. — A propósito eu me chamo Sara.
— Ingrid — respondi.
A maioria dos alunos já estava na sala, havia poucas cadeiras livres. Acompanhei Sara até o final da sala e nos sentamos. Sentei-me ao lado dela.
O professor chegou em seguida. Ele era baixinho e corpulento. Seu cabelo era cortado bem curto e alguns fios grisalhos destacavam-se no meio dos outros fios castanhos. Ele carregava uma pilha de livros que repousou sobre a mesa, provocando um pequeno baque ao fazê-lo e chamando a atenção de todos os alunos presentes.
— A matéria é excelente — sussurrou Sara ao meu ouvido, inclinando-se um pouco —, mas o professor não. Você aprende mais com os livros que com ele.
— Então quer dizer que ele é um professor ruim?
— Não foi o que eu disse. A aula dele só é tediosa e sua causa sono.
— Anotação mental: Estudar história apenas em casa.
Meu comentário fez com que ela repuxasse os lábios para cima, em um sorriso sem som.
Com dez minutos de aula eu constatei a veracidade das palavras ditas por Sara. O professor falava de forma calma e lenta, fazendo cada palavra se arrastar até sumir. Não gostaria de estar na primeira fila em uma palestra ministrada por ele.
A minha aula seguinte foi de biologia. Era a minha matéria favorita e descobri que o conteúdo era parecido com o da minha antiga escola. Eu não me sentiria perdida.
Diferentemente da aula de história, a de biologia passou rápido demais.
Juntei-me a Sara no refeitório durante o intervalo. Ela mostrou-me seus lugares favoritos na escola. Incluindo um pequeno jardim que ficava aos fundos. Havia uma horta que ela informou ser cultivada por alguns alunos e os cultivos eram doados a famílias carentes da região. Se eu tivesse alguma habilidade em jardinagem eu adoraria ajudar nesta nobre missão.
Ouvir aquele relato fez meu coração apertar-se de saudade dos meus pais. Eles adorariam saber que a escola onde estava matriculada prestava ajuda a cidadãos carentes dessa forma. Talvez eu devesse ligar mais tarde e contar.
— Sua aula seguinte é de educação física — comentou Sara enquanto lia meu cronograma de horários. — Posso te mostrar onde fica o ginásio.
— Agradeço — disse, pegando minha mochila.
Senti quando minha mochila tocou em alguma coisa, fazendo o percurso ser interrompido momentaneamente.
— Ai! — reclamou alguém, às minhas costas.
Virei para ver quem eu havia acabado de machucar e deparei-me com um garoto de pele branca, cabelo liso e curto da cor de ouro e um óculos no rosto. Ele estava perto o bastante para que eu visse seus olhos verdes.
— Meu desculpe, eu... — comecei a falar e fui interrompida por seu sorriso.
— Está tudo bem — ele continuava sorrindo e eu me peguei encarando-o. Desviei o olhar. — Você é nova aqui, não é? Porque não me lembro de tê-la visto antes. Eu me lembraria de um par de olhos tão vibrantes.
— Conheceu a garota a dois segundo e já a está cantando? — interveio Sara, para meu alívio.
— É um dom — retrucou o garoto de olhos verdes, dando de ombros. — Eu sou Gabriel.
— É um prazer, Gabriel — disse, tentando imitar o tom de alguém que teria vivido no século anterior.
— Estávamos indo ao ginásio, se nos der licença — completou Sara, adotando o mesmo tom que eu usara.
Sara segurou meu pulso e me puxou para fora do refeitório. Mantive meu olhar voltado para Gabriel enquanto passava ao seu lado, a poucos centímetros de distancia. Puxei um sorriso no canto do lábio e voltei meu olhar para o caminho a minha frente.
Pude sentir seu olhar em minhas costas enquanto Sara e eu nos afastávamos.
O ginásio não era muito grande e possuía apenas duas quadras de esportes. Uma para futsal e outra com aros de basquete e uma rede de vôlei no meio. As quadras eram separadas por uma rede metálica. A arquibancada com três andares cobria todo o ginásio.
A aula seria livre, então participaria quem quisesse e poderia escolher o que preferiria jogar.
Eu sentei-me na arquibancada em frente a quadra de basquete/vôlei e fiquei assistindo a um jogo de basquete masculino. Todos os garotos estavam vestidos com o uniforme da escola, então presumi que não se tratava de uma competição entre escolas.
Eles moviam-se e arremessavam a bola com maestria. Não eram profissionais, mas com a ajuda de um bom treinador poderiam vir a ser. Alguns deles poderiam tentar uma bolsa de estudos para atletas futuramente.
Um dos garotos arremessou a bola do meio da quadra, marcando uma cesta de três pontos. Seus companheiros o cumprimentaram com tapinhas nas costas.
Ele era alto. Devia ter cerca de 1,80. Ele tinha a pele dourada, queimada pelo sol. Seu cabelo era negro e pendia em cachos perfeitos até os ombros.
Eu precisava descobrir o nome dele. E o faria assim que o jogo terminasse.
Ele olhou em minha direção e eu coloquei o sorriso mais sexy que consegui nos lábios, imaginando que seria retribuído. A sensação incomoda de frustração tomou conta de mim quando ele virou o rosto.
Disse para mim mesma que era pelo fato de ele estar concentrado no jogo.
Esperei pacientemente até que eles terminassem a partida. E quando finalmente isso aconteceu, dirigi-me a quadra. O garoto de cabelo encaracolado estava guardando as bolas de basquete em um saco, próximo a uma das tabelas.
— Você joga incrivelmente bem! — falei, apoiando-me na pilastra que sustentava a tabela. — Deveria tentar entrar para um time.
— O que uma garota entende sobre basquete? — sua voz era dura, fria. Ele não olhou diretamente para mim ao falar.
— Isso é um desafio? — retruquei, erguendo uma das sobrancelhas.
Meu comentário deve ter chamado a atenção dele, pois parou o que estava fazendo e olhou para mim. Ele sorriu ironicamente, e um tremor percorreu a minha espinha, fazendo todos os meus ossos congelarem. Seus olhos eram tão negros quanto os cabelos.
— Não hoje, gata — disse e saiu, carregando o saco com as bolas.
Um mau pressentimento apoderou-se de mim. Minha garganta estava seca, e meus ossos ainda pareciam congelados. Algum segredo cercava aquele garoto, eu podia sentir isso, algo sombrio e assustador. Algo que eu precisava, de qualquer jeito, desvendar.
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Bjs e até o próximo.