Se Eu Não Te Falar Agora... escrita por Quel Machado


Capítulo 4
Bento e Malu plantam um Ipê na Toca do Saci


Notas iniciais do capítulo

Apesar de tentar seguir a lógica da novela com a maior coerência possível, é provável que existam algumas discrepâncias entre a ordem cronológica das cenas nesse fic e Sangue Bom. Procuro estar atenta às notícias sobre o que ainda vai acontecer, mas nem sempre é clara a exata ordem que as coisas vão ao ar. Por favor relevem se não for 100% fiel à trama, OK?



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Toca do Saci (depois do almoço)


As crianças estão sentadas em círculo em volta de um pedaço de terra fofa. Ao todo são 12 pessoas: Malu e Bento e outros 10 meninos e meninas munidos de pequenas pás e baldes. Gabriel senta todo orgulhoso ao lado de Malu, certo que essa foi a melhor idéia que já teve até hoje. Todas estão muito animadas e quase só se escuta vozes infantis.



Malu: Crianças, crianças, por favor! O tio Bento veio aqui pra nós plantarmos a árvore, mas ele tem que explicar primeiro como faz. Se vocês não ficarem quetinhas, não podemos começar.



Todas se calam e começam a prestar atenção.



Bento: Então, criançada, pra se plantar uma árvore geralmente a usamos uma muda. A muda é uma espécie de “filhote” da árvore. É a muda que depois de plantada que vai crescer pra virar essas árvores grandes que nós vemos por aí. Eu trouxe uma muda de Ipê Amarelo. - diz, tirando uma plantinha com uns 20 cm de altura de uma caixa de madeira.



Gabriel: A muda também sai da barriga da árvore? - pergunta Gabriel tentando entender a diferença entre as coisas.



Thaís: Por que a gente não planta semente igual com a horta? Não é tudo planta? - pergunta em seguida.



Malu: Calma, gente! Uma pergunta de cada vez senão o tio Bento fica tonto… - diz sorrindo para o rapaz.



Bento: Primeiro, Gabriel, a muda não nasce da barriga da planta - Bento olha para Gabriel. Falei que era um filhote de árvore para dar a idéia de que não era uma árvore adulta ainda. Enquanto muda, a árvore ainda não se desenvolveu completamente e precisa ser plantada em um lugar com espaço e boa terra para poder se desenvolver. Assim como nós que quando crianças precisamos nos alimentar, estudar e brincar para nos desenvolvermos completamente. Mas a muda também vem de uma semente, Thaís - diz virando para a menina. Só que fazer a semente das árvores germinar geralmente dá mais trabalho e é um processo mais complexo do que fazer uma horta. Existem pessoas cujo trabalho envolve plantar sementes e fazer mudas; é mais fácil pegar as mudas já prontas dessas pessoas, entendeu?



Todas as crianças balançam a cabeça em sinal de positivo.



Bento: Legal, então para começar nós temos que cavar a cova onde a muda será plantada. No caso do Ipê, a cova tem que ter aproximadamente 30 cm de diâmetro e mais 30 de profundidade. Vocês podem começar a cavar a terra que está na frente de vocês e colocar no balde.



Malu sussurra no ouvido de Bento.



Malu: Não vai ser difícil para as crianças cavar uma cova como essa?



Bento: Eu já passei aqui mais cedo e cavei primeiro. A terra já está revolvida, facinho de tirar. - responde com uma piscadinha.



Malu: Crianças, crianças! Vamos lembrar de algumas coisas importantes. Como as mãos ficam depois de mexer com terra?



Crianças: Suuuujaaaaasss!



Malu: E o que não pode fazer com as mãos sujas?



Crianças: Colocar na boooooocaaaaa!



Malu: É isso aí - diz com um sorriso largo nos lábios.



Observados pelos dois adultos, as crianças da cavam pacientemente a terra, tirando-a do local demarcado e colocando no seus baldes. Eles trabalhavam duro, mas a conversa rolava solta.



Bento levanta as sobrancelhas.



Bento: João Pedro, não limpa as mãos na camisa! Desse jeito você vai ficar todo sujo e a sua mãe vai me dar uma bronca.



Malu: Não tem problema não, Bento. Depois que conversamos sobre a possibilidade de fazer essa atividade, eu pedi para as mães trazerem uma muda de roupa extra para as crianças. Eu conheço essas adoráveis pessoinhas e sei do que elas são capazes. - diz ela devolvendo a piscadela de minutos atrás.



Bento sorri surpreso.



Bento: Então você foi mais esperta do que eu, que desconhecia a capacidade dessas “pessoinhas”. Só tenho essa roupa e ainda tenho que ir trabalhar depois; se alguém fizer alguma arte, vou ter que ficar sujo pelo resto do dia.



Malu sorri diabolicamente.



Malu: Toda essa convivência com a minha irmã não tá te fazendo muito bem, não. Tá com medo de sujar a roupinha agora? A gente tem um ótimo remédio pra curar isso: crianças, montinho no tio Bento!



Nesse momento Malu segura Bento e o empurra com cuidado até que ele deite com suas costas no chão. As crianças vêm em seguida e se revezam deitando em cima do florista. As crianças riem muito e Bento de repente se vê em baixo de uma montanha de “pessoinhas” fofas e risonhas. Alguns instantes depois, Bento já estava livre.



Bento: Ah, mas isso não vai ficar assim! Montinho na tia Malu também!



Eles repetem o mesmo processo e em poucos instantes Malu se vê abraçada e submersa em meio àqueles corpinhos frágeis. A risada é contagiante e a diversão é paupável. Alguns até gargalham, mas aos poucos todos vão voltando às suas pás e baldes.



As horas vão passando despercebidas. Depois que a cova fica pronta, Bento explica como posicionar a muda no buraco, cortar a proteção das raízes e cobri-las posteriormente com a terra antes retirada para o plantio. Ao final do processo, uma mangueira é usada para regar a recém plantada muda de Ipê Amarelo e mais uma sessão de brincadeiras e travessuras com as crianças se inicia. Quando todos já estão cansados, é hora de levar as crianças para tomar banho e entregá-las às mães…



***


Toca do Saci (final da tarde)

Malu: Obrigada por me ajudar a dar banho nas crianças. Eu estava vendo a hora que as mães iam começar a chegar e veriam as crianças naquele estado lástimável. - diz sorrindo.

Bento: Que isso, Malu, eu é que tenho que te agradecer por essa tarde maravilhosa que eu passei. Acho que eu nem lembrava mais como era passar tempo fazendo algo que eu gostava de verdade com alguém de quem eu gosto mais ainda. - diz colocando o braço nos ombros de Malu.

Ela abaixa a cabeça um pouco envergonhada.

Bento: E você é incrível, não é?! Como é que você consegue ser tão doce e ao mesmo tempo tão firme com as crianças?

Malu: Eu aprendi com a Dona Emília, ela que sempre teve esse jeitinho todo especial.

Bento: Eu tenho certeza de que com a Bárbara Ellen que não foi!

Os dois soltam uma gargalhada gostosa e riem como duas crianças. Depois de alguns segundo, Malu coloca a mão no ombro de Bento.

Malu: E a Amora, como é que tá?

Bento coça a cabeça.

Bento: Ela está bem, fazendo terapia… Ela ficou mais calma depois que a irmã foi embora. Você acredita que a irmã ainda levou todo o dinheiro que tinha numa conta bancária da Amora? No final ela tinha mesmo razão e a Simone só devia estar atrás de dinheiro.

Malu parece descrente.

Malu: Bom, acho que já está tarde pra você, né?! Pode ir, você já ajudou demais por hoje, pode deixar que eu arrumo tudo por aqui.

Bento: Obrigado pela camisa limpa. Vocês fizeram realmente um trabalho maravilhoso com a que eu estava usando mais cedo. - diz mostrando a camisa imunda pendurada nos ombros.

Malu: De nada, era do Fabinho. Ele comprou algumas roupas com um adiantamento que eu fiz a ele só pra ele não ficar com a roupa do corpo. Não precisa devolver.

Bento: Do Fabinho, é?! Pelo menos alguma coisinha boa saiu da estadia daquele marginal aqui, né?!

Malu: Vai que já tá na sua hora, Bento! Não vamos estragar a tarde maravilhosa que nós tivemos. A gente se vê por aí! - diz abraçando o rapaz.

Bento: Até qualquer dia.

Ele caminha lentamente e pensativo em direção a sua van enquanto ela se vira e vai em direção ao seu escritório.



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