Eu me viro para Johanna e vejo que também ela reconheceu a garota. Ótimo. Agora só temos de encontrar uma forma de aproximação. Nós damos algumas voltas na festa, preambulando por ali. Johanna e Gale se dispõe a dançar no meio do local. Peeta arqueia as sobrancelhas numa pergunta muda se quero fazer o mesmo. Eu faço uma careta e nego o que faz ele rir um pouco. Caminhamos calmamente até à zona do bar e eu bato os dedos pela superfície até chegar perto do barman que me olha desconcertado. Eu humedeço os lábios e abro um sorriso encantador para ele. O moço parece enfeitiçado e eu me divirto com a situação. Nuca antes eu tinha provocado tal reação em um homem.

– Um Martini por favor – Peço delicadamente. Ele ignora os pedidos que tem à sua frente e se concentra apenas no meu. Ele volta com meu pedido e com um sorriso orgulhoso e embevecido. – Obrigada.

– Treinando suas técnicas de sedução Katniss? – Pergunta Peeta. Ele parece tão divertido com a situação quanto eu.

– Uma garota tem que ter seus truques – Digo com voz suave me aproximando dele e sorrindo encantadoramente.

– Ok, entendi! Você é excelente nisso – Ele se recompõe. – Não entendo como você não fazia sucesso no colégio.

– Eu sou o rato de biblioteca, lembra? – Rebato o que ele me tinha dito no café, ao que parecia meses atrás.

– Katniss, eu já pedi várias vezes desculpas sobre isso. – Ele suspira. – Eu me interpretei de forma errada, eu não queria dizer aquilo.

– Eu tenho que me manter em movimento – Eu mudo o assunto e me afasto.

– Ela é sua namorada? – Consigo ouvir o barman perguntar com certa inveja. – Cara, ela é incrível. Cuide bem dela, viu?

Eu sorrio comigo mesma ao olhar para trás e ver Peeta envergonhado e de bochechas vermelhas.

– Seu namorado é lindo… - Uma garota suspira atrás de mim. Qual a minha surpresa quando vejo Clove sorrir para mim.

– Ohhh, ele… - Eu começo a negar mas desisto. Pode ser minha chance – É realmente uma gracinha.

– Ohh yeah, totalmente – Ela concorda.

– Me desculpe, mas eu não lembro de você por aqui… Eu sou Katherine, mas pode me tratar por Kat. – Minto, parecido com meu nome mas diferente o suficiente para não desconfiar que sou filha de Snow. Eu tento fazer ela falar e realmente, isso não parece um problema. Ela está bem aberta a isso.

– Clove. Oh sim. Isso é porque é minha primeira festa por aqui. Eu me mudei recentemente. – Ela sorri.

– Oh, é serio? De onde você veio? – Eu a incentivo.

– Bem, eu vim de Vancouver, Canadá.

– Uau! Você veio para cá estudar?

– Sim, como você adivinhou? – Ela arregalou um pouco os olhos.

– Foi apenas um palpite – Minto. – Eu também vim para cá estudar. Quem sabe não poderíamos explorar a cidade juntas?

– Oh isso era estupendo! – Ela se alegra. Ela pega um guardanapo e seu batom na bolsa e escreve seu número. – Aqui. Pode me ligar a qualquer hora. Com licença, eu tenho que dar uma palavrinha com uma pessoa.

Ela desaparece no meio da multidão e eu vou no banheiro retocar minha maquilhagem. Quando saio volto ao bar. Quando me vê a aproximar, o atendente abre um sorriso bobo.

– Me deixe adivinhar. – Ele continua sorrindo para mim sem ligar aos protestos dos outros à espera. – Um Martini?

Eu assinto mordendo o lábio inferior. Eu dou uma boa olhada nele e percebo que é quase um crime, alguém tão belo trabalhar como barman. Ele tem cabelos acobreados e olhos verdes intensos. Sua pele tocada pelo sol, dando um tom dourado perfeito. Ele me entrega a bebida.

– Obrigada… Qual seu nome? – Questiono.

Ele me olha galanteador e faz sinal que espere um pouco. Ele volta com um guardanapo de papel semelhante ao que Clove me entregou. Eu o pego enquanto ele volta a seu trabalho. O papel contém, não só seu nome mas também seu número. Ele se chama Finnick. Bem esta noite parece estar a render! Cruzo a pista de dança à procura de meus parceiros. Não tenho nem sinal de Johanna mas encontro Gale e Peeta num canto conversando enquanto inspecionam ao redor. Eu os alcanço em pouco tempo.

– Missão cumprida – Falo orgulhosa entregando a eles o papel. Peeta o pega.

– Finnick? – Pergunta confuso.

– Ups, papel errado. – Tiro o papel das mãos dele rapidamente e lhe entrego o de Clove.

Minhas bochechas queimam e os dois me encaram percebendo finalmente o que aconteceu.

– Você consegui. Agora só tem que manter contato com ela. – Gale me diz.

– Sim, eu sei. Pode parecer incrível mas não vai ser tão difícil. – Guardo os papéis – Ela é bastante agradável. Já agora, onde está Johanna?

– Por aí. Ela estava procurando Clove mas acho que ela acabou se distraindo com um cara qualquer. – Peeta falava de Johanna mas olhava para mim. O quê? Ele está me mandando uma indireta? Eu apenas o ignoro enquanto Gale digita uma mensagem para Johanna.

– Katherine! – Clove acena e anda até nós. Ela ia falando algo mas fica presa no olhar de Peeta. – Nossa, seu namorado é ainda mais lindo ao perto!

– É bem, eu me considero uma sortuda – Sorrio e dou uma cotovelada discreta ao loiro para que ele reaja.

– Minha Katherine – Ele suspira, enfatizando o nome e passa seu braço pela minha cintura, me trazendo para ele. – Se tem alguém sortudo aqui sou eu.

– Ai meu Deus! – Clove se derrete – Vocês dois são tão bonitinhos! Mas só vim dizer que estou de saída. Essas festas me arrasam. Fico à espera de seu telefonema! Adeus.

Vemos ela sair e acenámos. Nesse momento chega uma Johanna animada.

– O que eu perdi? – Pergunta, nos fazendo dar boas gargalhadas.

* * *

Eu não sei por quanto tempo dormi após chegar da festa, mas que eu dormi bastante, isso é bem óbvio. E para quem está se perguntando, não, eu não dormi no quarto de Peeta novamente. Mas não teria problema já que tecnicamente somos namorados agora. Cashmere e os pais dos garotos, Haymitch e Plutarch, acharam que era melhor manter a farsa porque desse modo, Clove não desconfiaria de o ver sempre perto e ele poderia me proteger. Por mim estava tudo bem e Peeta não levantou objeções também.

Considerando tudo o que aconteceu ontem comigo desde ser atacada, levar uma facada, passar cinco horas a me arrumar e ter que participar numa festa de alta sociedade… Eu acho que posso dizer que estou sem energia alguma. Felizmente, hoje parecia ser um dia calmo. Tirando o facto da barulheira que se fazia no andar inferior. Haviam começado a arranjar as salas e paredes destruídas quando meu pai atacou a base para me levar daqui. Eu bufo colocando uma almofada por cima da cabeça, abafando o barulho. Acho que acabei adormecendo assim mesmo e só acordei quando senti alguém tocar meu ombro. Me virei para cima assustada.

– Tem calma. Só estou vendo como seu corte está – Peeta esclarece.

– Então, como ele está? – Pergunto ao meu tempo que bocejo, resultando numa grande confusão.

– Acho que não está nada mal – Ele diz. – Eu trouxe uns livros meus para você. Acho que irá gostar.

– Você lê? – Perguntei num choque falso.

– É… - Ele passa a mão na sua nuca – É que eu sou meio que um rato de biblioteca também.

– Sério? – Perguntei com cara de quem não acreditava nem um pouco.

– Qual é? – Ele suspira – Acha que por ser meio que um vingador, meio popular, ter sucesso com as meninas, não posso gostar de ler?

– Você esqueceu que você é modesto também. – Ironizo.

– Você é impossível sabia? – Ele balança a cabeça.

– Sabia. Acaba de descobrir o porquê de não fazer sucesso na escola. Isso e obviamente eu ser um rato de biblioteca. O que você acha? Eu deveria começar a criar gatos, usar óculos garrafais e roupa super fora de moda para completar minha condição?

– Você não vai esquecer isso nunca? – Ele exaspera.

– Não posso esquecer quem eu sou né? – O desafio.

– Eu me enganei. Afinal você tem algo em comum com seu pai. – Isso foi como um tapa na minha cara.

– Ah é? – Não consigo mascarar minha irritação. – Pode dizer-me o quê?

– Você consegue ser tão irritante e prepotente quanto ele.

Eu fico chocada com o que ele diz e não escondo o quanto isso me doeu. Eu não sou nada como Snow. Peeta percebe a magnitude das suas palavras e mostra-se arrependido.

– Me Desculpa, eu…

– Sai – Eu peço mas ele não se move.

Katniss, me ouve, por favor.

– Sai!! – Grito desta vez e de cabeça baixa, ele obedece.