Heavenly Hell escrita por Ju Benning


Capítulo 32
Toda Estrada Tem Seu Fim (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Enfim o último cap. Foi terrivelmente difícil terminar isso aqui, mas consegui! Gente, para quem por ventura ainda leia este capítulo depois de toda a demora, Obrigada por tudo, mesmo os que não comentam nada, vocês são todos especiais demais. Amo vocês por tudo.
Aproveitem o último capítulo, vejo vocês nas notas finais!



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Sam tinha quase certeza de que aquele momento da sua vida era o seu novo melhor dia. Havia superado o dia do seu casamento e as duas vezes em que havia levando sua esposa à maternidade.

Aqueles longos meses em que a vida de sua família se resumira a hospitais e médicos o fizeram perceber de uma vez por todas que nem todos os recursos sobrenaturais que sua família e amigos conheciam eram o suficiente em alguma das situações.

No entanto a medicina humana havia conseguido um milagre e seu primogênito estava curado. Aquele dia de festa na casa daquele que era um pai para si estava sendo perfeito em cada segundo.

—- Ainda bem que eu te impedi de fazer algum tipo de pacto, hein garoto? – Bobby deu uns tapas amigáveis no ombro de Sam, enquanto tomavam suas cervejas.

—- Tem toda a razão, Bobby. – A voz doce de Jéssica Moore falou num suspiro, ela estava abraçada a uma garotinha de pouco mais de três anos – Já foi bem difícil aceitar toda essa coisa sobrenatural e se agora eu tivesse meu marido condenado ao inferno com certeza terminaria de enlouquecer. – Ela riu ao ser beijada pelo marido.

—- Onde está o John, Jess? – Perguntou Sam olhando ao redor.

—- Com o tio. Onde mais ele gosta de estar quando nos reunimos? – Jessica respondeu – Bobby, quando as meninas chegam? Acho que preciso de um momento de garotas. –

—- Se eu não estiver ficando um velho muito cego, aquele é o carro da Clarisse. – Bobby indicou a caminhonete vermelha que se aproximava.

—- Dean! – Sam chamou – A Mel chegou. –

Contornando o terreno Dean apareceu correndo usando uma máscara de Batman enquanto “lutava contra” um garotinho de seus no máximo cinco anos vestido de Coringa.

—- Muito bem, garotão! – Dean pegou o sobrinho pelos ombros e colocou no colo do pai, enquanto ofegava – Sua saúde está testada! – o homem tirou a máscara de morcego e entregou ao sobrinho.

—- Vai tentar a sorte de novo, rapaz? – Bobby perguntou a Dean enquanto observavam as irmãs se aproximarem.

—- Talvez... ela seria perfeita pra mim. – O caçador piscou pra Bobby – Mas eu não sei se eu sou perfeito pra ela. – Ele soou triste.

—- Está falando sério, ou a sua paranoia chegou a um ponto que você está considerando isolamento total da sociedade? – Sam perguntou irônico.

—- Eu não estou paranoico. – Dean retrucou sorrindo para Melissa, que se aproximava – Só acho que há alguma coisa onde vocês acham que não. – Ele se abaixou pra falar no ouvido do irmão – Ou você realmente acha que o Johnny foi curado por medicina humana? Eles não fazem milagres assim, é impossível. –

—- Olá, todo mundo! – Clarisse falou primeiro com um jeito animado, cumprimentando a todos. Então ela pegou a menina do colo de Jéssica e a abraçou apertado – Kathe, você está cada dia mais linda! –

—- Kathe! – Melissa repetiu, mas agora que suas lembranças antigas e novas estavam se equilibrando, ela não havia gostado nenhum pouco de ouvir aquele nome naquela nova realidade. – Eu amo esse nome, de quem foi mesmo a ideia? –

—- Minha. – Dean falou quando tirou a garotinha dos braços de Mel e a entrou a Clarisse para que pudesse abraçar Melissa melhor. – Você gostou da ideia, se eu não me engano. – O caçador beijou a bochecha dela e era irritantemente agradável como ela se sentia bem do mesmo jeito em relação a ele como quando o conheceu no que parecia, e de certa forma era, outra vida.

—- Todos nós, afinal esse foi o nome escolhido. – Jessica falou pela primeira vez na presença de Melissa e a garota então entendeu todo o amor que Sam tinha por ela. Jess era de fato radiante.

Mas se tinha alguém ali de quem ela andava com uma saudade absurda era de Bobby.

—- Pode se levantar por favor, Singer? – Ela disse ao ficar de frente pra ele.

—- Como quiser, Mel! – Bobby obedeceu embora tivesse uma expressão confusa.

Melissa pulou no pescoço dele e o apertou por um longo tempo antes de lhe sapecar um beijo na bochecha.

—- O que é? – Melissa falou disfarçando – Estava com saudade! –

Alguém pequeno puxou a barra da camiseta de Melissa e ela deu de cara com um pequeno Coringa.

—- Johnny! – Ela exclamou o pegando do chão. Algumas das lembranças equilibradas eram sobre como aquele menino andava sofrendo nos últimos tempos e como ela havia sofrido por ele, afinal, ela era madrinha dele junto com Dean. Então vê-lo tão saudável assim como por milagre, a fez se emocionar – Tão bom ver você saudável, meu amor! –

—- Tia Mel, eu já te falei que foi um anjo que me salvou? – Ele falou abrindo bastante os olhos que eram iguais ao de Sam.

—- Um anjo? – Melissa se interessou.

—- Sim! – Ele soava animado – Era uma mulher, ela era linda! – Ele levou as mãozinhas ao rosto – Os olhos dela mudavam de cor, tipo um caleidoscópio, era legal. Ela foi gentil, a voz dela era como música. E ela disse que veio pra me curar porque eu era um mini caçador muito bonzinho. –

Sam balançava a cabeça sentado onde estava, com uma cerveja na mão e outra segurando a de Jessica, ela sorria.

—- Incrível, né? – Dean exclamou – Eu já procurei em todo o lugar por uma criatura com essa descrição de olhos, mas não achei nada... –

—- É de fato inusitado. – Melissa fingiu total desconhecimento a respeito.

—- É porque não existe. Nem o Castiel sabe de nada assim. Ele só sonhou. – Sam comentou.

—- Ela é real! – O menino se irritou.

—- Tudo bem, querido. Venha cá! – Jessica chamou o filho que correu até ela, quando Melissa o colocou no chão.

—- Castiel está por aqui? – Melissa perguntou a Dean.

—- Ele e Kevin estão lá dentro. – O caçador respondeu colocando a mão nas costas dela

—- Kevin! – Melissa se animou, já que nessa realidade, Kevin era seu cunhado e isso parecia ser divertido já que ele era um oposto de Clarisse.

Dean e Melissa entraram.

—- Kevis! – Melissa exclamou o abraçando apertado e em seguida fez o mesmo com Castiel.

—- Dean, eu tenho algo muito legal pra te mostrar, acho que a sua paranoia, não era mesmo paranoia! – Kevin falou apontando o computador para onde Clarisse também olhava.

O caçador beijou o topo da cabeça de Melissa e se juntou a Kevin, Melissa teria feito o mesmo se Castiel não houvesse a chamado num canto.

—- Graças aos céus que o dia de falar nisso com você chegou. – O anjo esfregava o rosto nas mãos.

—- Sobre a nossa nova realidade? – Melissa sorria, estava muito feliz com como as coisas estavam agora – você sabe? --

—- Sim. Não sou humano! – Ele exclamou – Sei que ela é ótima e não pretendemos mudar nada, nem voltar a perto do que era antes, então por tudo que é mais sagrado! Me ajude a parar aquilo. – Ele apontou para onde estavam os outros três no computador.

—- Kevin achou mesmo ela? –

—- Isso não importa, nenhum deles vai chegar até ela, se assim ela não quiser. – Castiel suspirou.

—- Então qual é o problema? –

—- O problema é que quanto mais nós nos aproximamos dela, de Miguel, Elena, Noite e todos os outros que estão por aqui. Mais as duas realidades se misturam e se aproximam. Mais aumentam as chances de perder o que ganhamos de diferente. –

—- Você quer dizer Bobby, Jessica, a minha irmã? – Melissa se sobressaltou – Tá de brincadeira? – Sua respiração pesou.

—- E os filhos fofos do Sam também. A doença do Johnny não foi por acaso. Ela começou quando a obsessão de Dean pelo que ele chama de Anjo da Guarda dos Caçadores piorou. –

—- Então Catarina não veio curar o garoto para aparecer de alguma forma? – Ela soava cética.

—- Não. Ela só quer ficar no lugar dela e deixar vocês viverem isso aqui felizes. Mas aparentemente, talvez por ele voltado a vida uma vez através de magia, algo ficou pra Dean. Ele está paranoico. – Castiel suspirou mais uma vez – Só que não era justo Johnny perder a vida devido a isso. Então ela veio e curou o menino. –

—- Porque não o fez esquecer? Que droga! – Melissa puxava os próprios cabelos – Agora eu vou ter de resolver isso e não faço ideia de como... – Ela tomava conta dos outros no computador – Eu só sei que não podemos perder tudo isso de novo – Completou a fala olhando Sam, Jessica, Bobby e Kathe do lado de fora.

—- Se isso continuar os próximos a se ferrarem eu acho que são a Jess e depois a sua irmã. – Castiel contou pesaroso.

—- Como sabe disso? – Mel mordeu o lábio de preocupação.

—- Jess tem estado com uma dor de cabeça constante e a sua irmã... acessos de tosse, sempre ficando mais fortes. Não acho que seja o acaso. – O anjo tinha cenho franzido.

—- Eu não me lembro de tudo dessa realidade ainda, é como se eu tivesse acordado pra isso apenas hoje... do que Dean sabe? –

—- Na verdade tudo começou com Sam. – Castiel puxou Melissa mais para longe – Ele ainda caça de vez em quando, pra matar o tédio. O ponto é que ele acha que faz isso sozinho, mas Dean sempre está de olho. Em uma dessas vezes, Sam caiu durante uma correria e bateu a cabeça, perdeu a consciência na mesma hora, Dean estava por ali escondido, apenas observando e, claro, foi sair de onde estava para não deixar que nada matasse Sam mas não foi necessário. Segundo ele uma “anja” se materializou executando o... eu acho que era um lobisomem com uma lança de prata e passando a mão pela cabeça de Sam, curou o corte que havia ficado ali, então sumiu. – Castiel suspirou – Ele acrescentou que ela er fora do comum, uma visão; pele branca como a porcelana, cabelos longos e escuros, roupas esvoaçantes e decotadas. --

—- Ela foi salvar Sam? – Melissa revirava os olhos.

—- Não apenas Sam. – O anjo observava se alguém se aproximava – Dean começou a investigar... outros caçadores, dos mais diversos lugares tem relatado serem salvos no último minuto por esse anjo em forma de mulher, às vezes loira, às vezes morena. Dificilmente tem descrição dos olhos, mas quando tem, são como caleidoscópios. –

—- Deixe-me adivinhar... – A outra zombava.

—- Elena e Catarina. –

—- Exatamente. Talvez tenham mais... acho que faça parte do novo protocolo com essa barreira nova, ela é eficiente, melhor que a outra, mas precisa de alguns cuidados. Os caçadores são muito úteis acredito que haja um código de proteção. – Castiel supunha.

—- Você não sabe de nada? Nem tem visto Noite? Talvez ele possa ajudar! – Melissa começava a se irritar.

—- Vi Noite algumas vezes, ele está com alguma função realmente importante, assim como Elena, Miguel... enfim... eu fui afastado pela proximidade com os Winchester e acredito que Sam só foi salvo na noite em que Dean vislumbrou Catarina porque desmaiou, ela tem ficado o mais longe que pode, eu não entendo como John guardou a lembrança dela. –

—- Olha, honestamente, eu também não... – Melissa teria embalado um monólogo longo se não tivesse ouvido as tosses fortes de Clarisse que Castiel havia citado.

Elas eram mais que fortes, eram como se Clarisse estivesse empenhada em colocar o seu pulmão pra fora. E de fato foi isso que pareceu quando a mãos que ela havia levado a boca apareceu repleta de sangue que ela tinha posto pela boca.

—- Clarisse, desde de quando essa tosse piorou tanto? – Kevin soou desesperado, apoiando-a em si.

—- Eu não sei, na verdade, havia parado. – Ela parecia ter ficado muito fraca em segundos.

Melissa estava vidrada em sua irmã e não notou o que Castiel indagou em seguida.

—- Onde está Dean? –

—- Ele saiu... – Kevin respondeu sem tirar os olhos de Clarisse.

—- Pra onde? – Melissa prendeu a respiração.

—- Não é bem um endereço, é como uma indicação de uma possível localização desse anjo ou desses anjos que eu encontrei depois de pesquisar bastante. –

Melissa engoliu em seco e olhando da irmã enfraquecida para Jessica que brincava com a filha do lado de fora e parecia bem falou para Castiel:

—- Eu acho que você se enganou na ordem. – Ela estava pálida de susto –Kevin, me dá essa localização. – Ordenou.

—- Mas o Dean disse... –

—- Não interessa. – Melissa cortou Kevin usando o olhar ameaçador que sabia fazer muito bem nessa realidade.

O asiático obedeceu.

—- Anda anjo. – Ela se dirigiu a Castiel e o arrastou.

—- Mel... – Clarisse começou.

—- Fica quieta e descansa. – Melissa tentava não soar desesperada.

XX

Outra coisa que sabia fazer muito bem nessa realidade era dirigir, Melissa voava baixo na estrada.

—- Mantenha contato com Kevin. – Ela disse a Castiel – Preciso saber da minha irmã –

Castiel se manteve em silêncio.

—- O que é? – Não havia mais possibilidade de empurrar mais o pedal do acelerador, mas Melissa empurrava.

—- Você precisa se preparar, Mel. Talvez não dê tempo. – O anjo falava baixo.

—- Teleporta a gente pra lá então! – Ela se exaltou – Eu não vou perder a minha irmã de novo. –

—- Você não simplesmente teleporta no território deles assim. – Castiel se segurava ao banco sem necessidade.

—- Deles? – Melissa perguntou ao fazer uma curva fechada – Esquece, tanto faz. –

—- Eles salvam os caçadores, mas não é só isso... – Castiel parecia que ia começar um monólogo.

—- Eu não vou chegar primeiro que ele nunca, essa merda de carro parece que desconhece o significado de correr. – Ela comentou pra si mesma quando parou o carro no que ela um acostamento e desceu.

—- Que está fazendo? – Castiel apareceu em sua frente.

—- Estou... – Melissa tirou uma faca de dentro da bota que usava e dando um bote na mão de Castiel, fez como se ele a estive esfaqueando, mas a força do gesto havia sido dela – Improvisando um ataque e uma necessidade de salvamento. – Ela caiu de joelho sangrando e o anjo, assustado, se abaixou perto dela – Me cure e eu mato você! – A garota soou desesperada enquanto apontava o dedo indicador no rosto do anjo.

O tempo parecia que estava passando mais devagar, seu sangue quente escorria pelo rasgo no abdômen e Melissa podia jurar que conseguia ouvir sua irmã engasgando no próprio sangue a cada vez que tossia de novo e de novo.

—- Melissa, me deixa ajudar. –

A garota não respondeu, apenas ergueu o dedo indicador, em sinal de o anjo devia esperar.

Os segundos passaram estupidamente devagar até que uma voz reconhecível surgisse.

—- Te descreveria como muitas coisas, suicida não seria uma delas. – Elena falou estendendo a mão para Melissa se levantar.

—- Muito diferente do que aconteceu da última vez... – Melissa sussurrou.

—- A última vez não existe, Mel. – Elena sorriu olhando o rasgo na barriga da outra – Sua magia não da conta disso, né? –

—- Tenho a implicação da humanidade. – Melissa sorriu sem graça – Onde está a sua mãe? –

—- Fazendo algo que você deveria ter feito: segurar Dean. –

—- Segurar? Mas ela não podia chegar perto dele! – O sangue jorrou mais – Se a minha irmã morrer... –

—- Cala a boca e vem logo. –

A loira as tirou dali.

—- Vou esperar aqui... – O anjo disse sem muita escolha.

Xx

Dean sorria de um canto a outro do rosto, mas ainda estava focado na estrada. Finalmente se livraria daquela ideia fixa que não o deixava dormir, não o deixava seguir em frente em nada.

Comprovar que o tal anjo existia, agradecer pela saúde de seu sobrinho, a vida de seu irmão e seguir a sua própria... conquistando talvez a mulher que era mais perfeita para ele no mundo inteiro: Melissa.

No meio daquela misto de euforia e alívio o Caçador escutou seu celular tocando no interior do carro, ele tirou o rosto da estrada por alguns míseros segundos mas quando retornou teve de frear o carro da forma mais brusca que já havia feito em toda a sua vida, não costumava maltratar seu bebê daquela forma, mas era isso ou matar a mulher que brotara de algum lugar desconhecido bem em frente caminho do Impala.

—- Você é por algum acaso maluca? – Dean desceu do carro irritado.

—- Eu não, mas tenho quase certeza que você é. – Aquela voz chacoalhou algum lugar muito escondido na mente do caçador e então ele prestou atenção na miragem que era a mulher que lhe atravessara o caminho.

—- Eu conheço você? – Ele questionou sentindo uma leve tontura, mas mesmo assim não deixava de observar as roupas da mulher que apesar de ser um pouquinho mais coberta o fazia lembrar imediatamente da versão escrava da princesa Leia.

—- O que você me diz? – Ela deu passos rápidos na direção dele e sem se preocupar em perguntar se ele se importava ou não, tocou o rosto dele.

Um clarão tomou o lugar e quando o Caçador voltou a enxergar encontrou um vácuo ao seu redor. Não havia chão ou teto, claro ou escuro, início nem fim. Era uma tela preenchida apenas de um preto estéreo. A luz vinha dela.

—- Quem é você? – A cabeça de Dean doía.

—- O que você me diz, Caçador? – Ela repediu a fala.

Mas o colorido dos olhos dela encarando os dele e o jeito de falar “Caçador” havia algo familiar, algo naquela dor de cabeça.

Ela estava perto. Havia uma confiança entre os dois que ele não entendia, mas não rejeitava.

—- Você é o anjo? – Ele reconheceu, mas havia algo preso que se recusava a vir à tona – Me ajuda a lembrar do resto. –

Ela parou por algum tempo apenas o encarando como se se perguntasse se devia.

—- Por favor. – A cabeça dele doía muito – Eu não vou conseguir ir em frente sem entender isso. Eu quero uma vida. –

—- Ah, Dean... – Ela falou de um jeito doce meio triste que ele conhecia – Eu devia ter calculado isso, me desculpa. – No segundo depois ela lhe beijou a bochecha.

Aquela sensação de macio e doce trouxe tudo o que faltava à tona. Trouxe à mente dele toda uma vida que parecia um sonho, na verdade um pesadelo em muitas partes, mas nesta vida ele sabia muito bem quem ela era.

—- Catarina, sua desgraçada. – Ele disse rispidamente antes de abraça-la apertado – Você deu um jeito de sumir. –

—- Eu avisei que ia. – Ela respondeu abraçada a ele – Me desculpe por não ter sido mais eficiente. –

Ele balançou a cabeça em negativa.

—- Obrigada por não ter sido tão eficiente. –

—- Dean, a sua paranoia com essa coisa de anjo dos caçadores, que era eu, quase custou a vida do seu sobrinho e agora pôs em risco a vida da Clarisse. –

O Caçador a observou, a expressão mais séria que já havia visto no rosto dela.

—- Como assim? –

—- Se aproximar da realidade que ficou pra trás compromete a que vivemos hoje. – Ela explicou com a voz num tom baixo, segurando a mão dele – Eu nem devia ter salvo o filho de Sam, mas não pude resistir, o menino não tinha nada a ver com a situação... –

—- Sua falha? – Dean questionou – Eu sou paranoico e você falhou? Isso não faz sentido algum... –

—- Toda a criatura mágica, ou que foi tocada por uma magia muito forte tem dificuldade nas novas realidades, sempre fica alguma coisa, ou fica tudo ao mesmo tempo. É preciso habilidade pra lidar com o dois. – Ela observava o nada que circundava os dois – Eu deixei passar que ... eu ressuscitei você, isso marcou a sua alma. Sobraria algum resíduo aqui. – Ela tocou a cabeça dele com o indicador – Só não esperava que fosse ser eu... –

—- Nós fomos inimigos, cúmplices, amigos...  mais que isso...salvador e derrotado... mil e uma coisas – Eles fez uma careta e ela riu – Você é uma miragem, não é real. Se o meu eu pré adolescente sonhasse em ficar com uma mulher como você explodiria. – Ela gargalhou enquanto ele falava – Então seria você. –

—- Mas, apesar de tudo, essa realidade que eu te dei é bem melhor, não? – Ela o encarava.

—- É. – Ele respondeu de algum tempo – Bem menos cicatrizes, muito melhor resolvido emocionalmente. –

—- A Mel! – Catarina sorriu – Ficou claro o caminho agora, não foi? –

—- É tudo muito diferente agora, é sólido. Você inventou isso tudo? –

—- Não. – Ela respondeu de pronto – Não me confunda com Deus. Eu só misturei uma coisa aqui e outra a li de realidades alternativas já existentes. –

—- Obrigada. – Dean a puxou num abraço – Por cada segundo de tudo. Da outra vida e dessa. Existir não teria graça sem você por perto. –

—- Vocês são seres humanos valiosos, não poderia fazer menos – Ela o afastou depois de um tempo – Nós precisamos ir. –

—- Onde estamos, pra começo de conversa... – Ele se perguntou.

—- Em lugar nenhum. É uma bolha de nada. – Ela deu de ombros – Não podíamos conversar por tanto tempo sem matar todos os seus amados entes queridos que originalmente haviam morrido ou não existiam na realidade anterior. –

—- Então Clarisse está bem? – Ele soou preocupado.

—- Vai ficar. – Catarina sorriu – Só confie em mim mais uma vez, por mais que ela pareça... morta. --

—- Já aprendi a confiar em você faz tempo. –

—- Quando voltar à estrada, você vai estar totalmente sozinho. As lembranças da outra vida serão como um sonho distante. Sem mais paranoia, não venha me procurar... só vá viver a vida que merece, Caçador. –

Ele silenciou por um tempo longo, sem saber se agradecia logo ou se protestava só um pouco.

—- Eu tenho alguns planos – Dean balançava a cabeça positivamente.

—- Boa vida, meu bem. – Catarina lhe beijou a bochecha e ele fechou os olhos por um tempo.

—- Você vai fazer falta, Catie... – O nada ao redor começava a se desfazer.

—- Quem sabe num sonho, Dean... – Foi a última coisa que ele ouviu dela.

Estava de volta à estrada. O sonho estava lá no lugar da paranoia. O Winchester entrou no carro tentando organizar sua mente, deu meia volta e foi em uma direção qualquer, só precisava dirigir naquele momento.

Xx

Noite havia se descoberto naqueles tempos de paz um excelente tipo de menestrel. Havia um salão enorme naquele lugar que parecia um castelo em miniatura, mas estava mais para uma estalagem. Alguns caçadores sortudos e tantos outros tipos de criaturas, todos dispostos não só a assinar um pacto de silêncio como a conviverem em paz enquanto naquele território estivessem. O Santuário da Feiticeira. Não cumpra as regras e... bem, é melhor cumprir.

Naquele lugar onde dia e noite tinha uma divisão bem turva estava havendo uma festa e Noite se sentia uma grande estrela tocando seu instrumento favorito, o som que saia dele era mágico e sinestésico, haviam cores no ar acompanhando as ondas sonoras.

—- Encontrou ele? – Miguel falou no ouvido dela enquanto dançavam.

—- Não foi difícil. – Ela respondeu com a testa encostada na do anjo – Estou com ele agora. –

—- Precisa que eu te segure? – O anjo sorria.

—- Sim. – Ela o acompanhava – Essa coisa de estar em dois lugares ao mesmo tempo é exaustiva. –

—- Não tem com o que se preocupar. –

—- Eu sei que não. – Ela sorriu abertamente e o beijou na boca

—- Isso foi pra nós dois? – O anjo perguntou.

—- Foi pra você. Só pra você. – Ela afirmou – Bilocação dá trabalho, mas é possível separar tudo. --

—- Me desculpe, não estou acostumado a dividir você. Nesta realidade você nunca foi embora. Depois de Darian, fomos só você e eu. – Ele a girou e trouxe pra perto com todo o cuidado – Nossa Hanna nunca se foi porque praticamente acabou de chegar. – Ele afastou os olhos para uma menininha de cabelos escuros como os da mãe.

Hanna aparentava como uma criança de cinco anos, ela dançava com suas asinhas brancas como as do pai fazendo-a sair do chão e ficar na altura dos olhos do rapaz com quem dançava, este era um tanto mais velho, mas sua aura era tão pura quanto a da menina.

—- Ela é perfeita. – Catarina falou mais para si mesma do que para seu anjo.

—- Elena está de volta. – Anunciou o rapaz que dançava com a pequena Hanna para o casal.

—- Preciso de alguns minutos, querido. – A Feiticeira disse ao anjo.

—- Quantos precisar. – Miguel sorriu quando ela o beijou mais uma vez.

—- Me dá a honra, Príncipe? – Geórgia se aproximou deles, quando pararam de dançar. Miguel riu aceitando a mão da ruiva.

—- Cuide bem dele. – Catarina sorriu antes de se virar para o rapaz que havia lhe avisado de Elena e lhe beijou a cabeça – Obrigada Alif. – Hanna abraçou a mãe pelo pescoço – Eu amo você – Ela disse no ouvido da pequena antes de sair do salão.

Xx

—- Bonito lugar. – Melissa falou olhando ao redor e ainda segurando o sangue que saía de si – Você não vai mesmo fechar esse buraco, não é? –

—- Nop. – Elena olhava ao redor como se esperasse alguém – Me disseram pra te buscar, não te ajudar. –

—- Sempre gentil. – Melissa resmungou.

—- Não sou obrigada a gostar de você, Melzinha. –

—- Que lugar é esse? –

—- O Santuário. – Elena sorriu aliviada ao ver Catarina se aproximando. – Ela é toda sua. – Falou à mãe de criação quando esta chegou perto das duas – Até nunca mais, Melissa. – Elena deu um sorriso forçado na direção de Melissa que se tornou verdadeiro quando pegou no colo uma menininha alada que fazia menção de correr até Catarina – Você não vai a lugar nenhum, mocinha. – Ela saiu carregando a pequena em direção ao prédio principal de onde vinha uma música ótima.

—- Isso está feio. – Catarina falou antes de tampar o buraco na barriga de Melissa.

—- E a minha irmã? –

—- Vai ficar bem. – A Feiticeira respondeu de forma genérica começando a guiar Melissa em outra direção – Prometi uma vida boa a todos vocês e vou cumprir. – Ela sorriu, seus olhos mudavam de cor calmamente.

—- Onde estamos indo? Eu prefiro onde está a música. – Protestou, mas seguia a outra.

—- Você está mais leve, isso é bom. – Catarina falava com o tom de voz estéreo de sentimentos que Melissa já conhecia, nunca haviam sido melhores amigas, nem seriam agora – Mas não há nada pra você lá. –

Estavam indo na direção de um lugar não muito bonito, isolado, tinha cara daquelas prisões em que as pessoas saem bem traumatizadas.

—- Isto é o que está por trás da Disneylândia? – Melissa perguntou.

—- Se você descumpre as minhas regras ou se recusa a me dar uma informação necessária, sim. – Catarina sorriu ao empurrar a porta de madeira pesada usando magia.

O interior revelou uma série de celas mágicas. No meio de tudo havia uma cadeira de pregos nada agradável onde uma criatura não identificável devido à cobertura de sangue jazia amarrada.

—- E há algo pra mim aqui? – Melissa olhava de um lado para o outro seriamente enjoada, o lugar cheirava a sangue.

—- Vai saber daqui a pouco. – Catarina andava descalça naquele sangue todo que havia no chão assim como arrastava parte do vestido naquele chão nojento, mas não parecia se incomodar – Khan? –

Logo o enorme felino deu as caras, com a mandíbula coberta de vermelho, ele mastigava algo.

—- Aaw. Você comeu a mão dele. – Ela comentou engolindo ligeiramente em seco quando notou a falta do membro superior do indivíduo sentado na cadeira de pregos.

—- Você não mudou, afinal de contas. – Melissa cruzou os braços sobre o peito.

—- Um pouco... estou bem mais comportada... mas nós somos o que somos. – Ela riu do jeito sádico do qual Melissa se lembrava, enquanto acariciava a cabeça de Khan.

—- Melzinha, quanto tempo... – Melissa gelou dos pés à cabeça quando ouviu aquela voz e num giro rápido encontrou seu dono.

Numa cela dourada e suntuosa demais para o que ele merecia estava Lúcifer, bastante limpo e bem vestido.

—- Ao menos você está enjaulado. – Ela suspirou aliviado – Devia saber que nunca receberia o que merece sob os cuidados dela. – Apontou Catarina que não prestava atenção nenhuma nos dois, brincava um pouco com seu bichano.

—- Não seja tão rancorosa, Melissa. – O Diabo ria – Perder a liberdade por toda uma eternidade é uma grande punição, a pior talvez. –

—- Não seja tão dramático. – Catarina revirou os olhos – Venha, Melissa, não dê atenção a ele. Nosso foco é aqui. – Ela aproximou-se do torturado na cadeira de pregos.

—- Que eu tenho a ver com ele? –

—- Ele vai me dar uma informação que será sua. – Ela fechou a mão em punho e a criatura que parecia estar desmaiada acordou em agonia, derramando sangue pelos olhos. – Pronto pra falar, Bill? – Ela perguntou tranquila.

—- Miguel sabe disso aqui? – Mel se controlava para não vomitar.

—- A garotinha vai sujar o chão, minha predileta. – Lúcifer voltou a interferir, se dirigindo à Catarina.

—- Já é podre, não é como se fizesse alguma diferença. E você não reclame que eu já me certifiquei que o mal cheiro não chega até você. – Catarina virou para ele.

Melissa tossiu de mentira para chamar a atenção de volta para si de novo e evitar uma briguinha familiar para a qual não teria paciência.

—- Sim. – Catarina sorriu para ela – Miguel sabe. Se tem uma coisa que eu aprendi foi não guardar segredos dele, sabe? Destrói relacionamentos e isso é algo que eu não quero nem pensar a respeito. –

—- É, nem tudo em você está igual. – Melissa reparou em outra criatura seriamente ferida, quando o Bill finalmente começou a falar algo.

—- Atravessando o país de uma costa a outra exatamente na linha que divide o norte do sul. Nossos pontos de apoio estão nessa linha. É tudo que eu sei. – Era triste o quando a dor dele transbordava pela voz.

—- Meu bem? – Catarina chamou pelo Diabo.

—- Verdade. – Ele respondeu de onde estava.

—- Agora, por favor, me mate. Eu não vou servir pra nada sem as mãos, nem pernas... – Ele olhava o próprio corpo mutilado. –

—- Não é como se eu estivesse pensando em deixa-lo vivo. Você matou outro ser no meu Santuário, você assinou a sua sentença de morte. –

Melissa não pretendia protestar, mas mesmo assim nunca havia visto ninguém com o um golpe só traspassar o peito de outro e sair de lá com um coração ainda pulsante.

—- Puta merda. – A garota xingou.

—- E uma vida se vai... – Catarina olhava o coração parar de bater aos poucos. – Você ouviu o que ele disse, não ouviu? – Perguntou antes de jogar o coração para que Khan comesse.

—- Ouvi. – A garota respondeu com os olhos vidrados no animal pensando que não queria nunca irritá-lo.

—- Trata-se de uma guerra entre vampiros e lobisomens. Bill era um lobisomem, ele deu a localização dos pontos de inteligência e já havia me dado o nome dos lideres, vou lhe passar em breve as informações... –

—- Espera aí. Você está me dando uma missão? – Mel perguntou quando pode respirar fundo o ar fresco do lado de fora daquela câmara dos horrores.

—- Sim, eu estou. Você é uma ótima caçadora agora, não é? –

Foi estranho vê-la limpa e de roupas trocadas num piscar de olhos.

—- Sou ótima. – Mel suspirou – Mas a minha irmã é a minha parceira e eu não sei se... –

—- Não, ela não está bem. Mas vai ficar em um prazo médio. – Catarina ponderava – Clarisse vai dormir por um tempinho. Consegui parar o problema mas o dano nos pulmões dela foram terríveis. Ela vai precisar de um tempo. –

—- Ah. – Melissa se arrasou – Sam não vai caçar por um bom tempo, talvez o Bobby... –

—- Mel. – A feiticeira chamou – Você vai com o Dean. Nós duas sabemos que é o certo e o mais seguro. Você é muito boa, mas isso é demais pra um caçador só e se não for a Clarisse, que seja Dean. Caça em dupla exige uma ligação que você não tem com Sam, apesar dele ser excelente. –

—- Não sei se dá. – Ela não acreditava que ia discutir aquele assunto com Catarina.

—- Mel, em todas as realidades possíveis haviam vocês dois. Todas. – Ela parou de falar um segundo, vendo duas pessoas se aproximando. Alguém que Melissa conhecia tudo bem e a menininha alada que antes estava com Elena mais cedo. Catarina sorria aberto para a criança. – Mas tem alguns motivos que me levaram a escolher aquela em que vocês não estavam de fato juntos no momento em que tomaria consciência de tudo que aconteceu... –

—- Estou ouvindo. – Melissa falou acenando animada para a pessoa que vinha com a menininha nos braços. Naquela realidade eles nunca haviam se visto, mas na antiga haviam passado bastante tempo juntos.

—- Você não ia ter fé na relação de vocês se já estivessem juntos... você ia achar que era um truque de mágica meu e não amor. – A Feiticeira abriu os braços para pegar a pequena que vinha voando. – Ele também precisava abrir os olhos para o que importa. Depois de tudo que aconteceu vocês mereciam se descobrir de novo, se apaixonar de novo. –

Melissa suspirou.

—- Você mudou, Catarina. – Mel sorriu para a menininha que sorria pra ela.

—- Essa nova vida foi melhor pra mim também, menos distorções. – Comentou beijando a bochecha da pequena.

—- É a sua filha? A Hanna? – Melissa sorriu ao se dar conta.

—- É bom tê-la comigo de novo. –

—- De novo? Quando foi que eu não estive, mamãe? – A pequena falou enquanto mexia nos cabelos da mãe.

—- Nunca, meu amor. –

Melissa sorriu em silêncio, Hanna era a criança mais linda que já havia visto, parecia de mentira. Catarina estava brilhando de alegria, tinha sua família inteira de novo. Seu Anjo, seus filhos (adotivos e de sangue), amigos... todos bem e debaixo de suas vistas. A Felicidade dela e o que haviam conversado inspiraram Melissa.

—- Quer saber? – Riu alto – Você tem toda a razão. Eu tenho que deixar a vida antiga pra trás. O que eu tenho hoje é como um sonho de tão bom, só que é real. Só tenho que ir atrás de viver, arriscar. Mergulhar de cabeça. –

—- É isso aí, Melzinha! – Saldou Noite a tirando do chão pelas costas e a girando no ar – Toda a felicidade do mundo é pouco pra você. –

—- Noite! – Ela o abraçou direito quando pôs os pés no chão – Pensei que não ia te ver nunca mais. –

—- Quem bom que estava achando errado. – Noite olhou Catarina – Ela aceitou a caçada? –

—- Aceitou? – A Feiticeira devolveu a pergunta à garota.

—- Sim. -- Falou como se não acreditasse que estava dizendo aquilo.

—- Aqui está tudo que precisa saber. – Catarina conjurou um papel e o entregou a Melissa.

Melissa ria sem parar ainda abraçada à Noite.

—- Como eu acho Dean? – Ela perguntou nervosa.

—- Olhe o papel com atenção, vai encontrar o endereço de um bar de estrada. Se correr quando sair daqui, encontra ele no início da noite. – Catarina a olhava enquanto mexia dos cabelos da filha.

—- Ok. – Mel não conseguia parar de sorrir – Como eu saiu daqui? –

—- Eu levo você. Preciso rever meu amigo Castiel. – Noite falou calmamente – Vamos indo? –

—- Claro... – Melissa sentia que precisava fazer uma coisa – Posso te dar um abraço, Catarina? –

A Feiticeira estranhou o pedido, mas deixando a filha voando ao lado, andou até a garota e a abraçou.

—- Obrigada, eu acho. – Melissa disse sem jeito – Não tenho motivo pra te odiar agora. –

—- Eu acho que não. – A outra falou quando se afastou – Tenha uma boa vida, Mel. –

—- Eu vou. –

Então ela e Noite desapareceram do lugar.

Catarina voltou ao seu quarto naquele lugar que era uma cópia do seu na Dimensão Mágica, seu anjo estava lá.

—- Tudo resolvido. – Ela falou o abraçando pelas costas.

—- Podemos ir embora daqui agora? – Ele indagou segurando as mãos dela.

—- Acho que Noite e Elena podem levar esse lugar de forma satisfatória sim. E está tudo sob controle no Mundo mágico igualmente, Alif irá pra lá... – Ela beijou o lugar que alcançava das costas dele – Sem falar que eu queria tirar a Hanna daqui, eu ficaria infinitamente melhor se seguíssemos o seu plano. –

Ele a virou pra si.

—- Aceita ficar de vez no Céu? –

—- É pra onde você vai? – Ela perguntou encostando a testa na dele, depois de ser erguida do chão por ele, que confirmou com a cabeça.

—- Então é pra onde eu e Hanna iremos. –

Os dois se beijaram calmamente. Não estava faltando nada.

Xx

Melissa havia ligado infinitas vezes para saber de Clarisse e aparentemente Catarina não havia mentido. Ela esteve a beira da morte e de uma hora para a outra havia dormido, no começo parecia morta, mas estava apenas dormindo.

Isso havia deixado Melissa mais tranquila pra pisar fundo no motor na direção oposta da casa de Bobby.

Aquele bar era uma grande porcaria, grande mesmo. Mas, mais uma vez a Feiticeira não havia mentido. No bar, de cabeça baixa, tomando um dose de uísque estava Dean Winchester, o homem mais bonito, por dentro e por fora, que Melissa já havia conhecido.

—- Vodka. – Melissa disse ao barman quando se sentou ao lado do Caçador, ele não havia notado nada até que ela falou.

—- Mel? – Ele sorriu aberto – Eu espero não ter bebido ao ponto de alucinar. –

A garota esticou o corpo para beija-lo bem perto da boca.

—- Não sou uma alucinação. – Completou quando recebeu sua bebida, dando um gole em seguida.

—- Obrigada por me deixar saber. O que te trás nessa droga de lugar? – Ele não parava de olhá-la.

—- Um anjo me disse que estaria. Eu tenho um trabalho pra nós dois. – Ela empurrou o papel com as informações para ele.

—- Atravessar o país num caçada que pode matar nós dois? – Ele ria.

—- É, a Clarice tá fora do ar, o Sam deu uma parada... então... – O nervosismo tomou conta dela.

—- Mel, com você eu ia pra qualquer lugar. E sabe, é você e caçar. As duas coisas que eu mais aprecio no mundo ao mesmo tempo. O que você acha que eu vou responder? –

Melissa sentiu seu coração aquecer como se tivesse 14 anos. Então ela pediu a garrafa de vodka inteira ao barman e se levantou do bar, dando a mão a ele.

—- Eu gosto de beber olhando a Lua. Vem? – Ela sorria.

—- Eu sei. – O homem levantou sabendo que era capaz de segui-la para muitos lugares, talvez todos.

Xx

Dois meses depois

O Sol mal invadira o quarto e o celular de Dean já estava tocando.

—- Atende essa droga, Dean. – Melissa reclamava, deitada ao lado dele, odiava ser acordada.

—- É o Sammy. – O Homem respondeu se sentando na cama – Vou atender. –

—- Claro. – Mel sorriu o observando.

Dean atendeu mas não falou muita coisa, apenas escutou e sorria aberto.

—- Eu vou contar a ela, pode deixar. – Dean disse ao irmão – Estamos ótimos, sem nenhum arranhão. Todos temos sonhado com isso, é normal. – Dean sorria falando com o irmão – Tchau, irmãozinho. –

—- O que foi? – Mel perguntou se sentando no colchão também.

—- Foi a vez do Sammy. – Dean comentou rapidamente – Só que claro, ele não a reconhece como eu e você. –

Melissa se pendurou no pescoço dele, o beijando.

—- O de sempre? Ela encara, sorri e vai embora? – Perguntou quando se separaram.

—- Foi. --

Ele sorria aberto demais.

—- Tem mais coisa, né? –

—- É a Clarice. –

—- Que tem a minha irmã? –Melissa se sobressaltou.

—- Ela abriu os olhos quase agora, chamou você. Por isso o Sammy ligou tão cedo, ela vai ficar bem logo, meu amor. – Ele acariciou o rosto dela – Eu te falei. --

Melissa abraçou Dean mais apertado do que pretendia, mas ele não reclamou, a apertou de volta

A felicidade de Melissa se comparava a que a mesma vira em Catarina na última vez em que haviam se visto. Recentemente todos haviam tido o mesmo sonho com ela, A feiticeira vinha andando e sorrindo, os olhava por um tempo, depois acenava e ia embora.

Melissa sentia que ela estava deixando a Terra em definitivo, provavelmente junto com Miguel e a pequena Hannah. Talvez fosse por isso também que a garota sentira uma queda na presença sobrenatural no planeta, nunca pensou que diria isso, mas a Feiticeira faria falta.

Apesar de todo o sofrimento que causara a todos e a si mesma, Catarina tinha dado a todos o lindo presente de uma nova vida cheia de felicidade e...

Plenitude. Era isso que ela sentia.

Melissa beijou Dean mais uma vez antes de se levantar da cama enrolada no lençol, aquele seria mais um dia longo naquela caçada enorme que estavam fazendo, mas não tinha do que reclamar. Afinal, aquela situação meio infernal da caçada, era um tanto celestial, porque tudo ao redor estava simplesmente perfeito.

The FUCKING end.


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Notas finais do capítulo

Toda despedida é difícil e é nisso que justifico a demora, eu não sabia o que fazer, nem como me despedir... eu li tantas vezes, até a chegada do fim do ano me fez acordar. Os personagens precisavam de seu fim, eu precisava dar um fim a vocês que mereciam ainda mais que os anteriores.
Não sei se chegará a todos, espero que vejam o fim. Queria que fosse um capítulo só, mas acabei escrevendo demais. E ficaram dois.
Enfim, isso não interessa. Interessa apenas que eu espero de coração que gostem.
Me contem tudo.
Obrigada por tudo de novo.
Amo vocês
Bjs de Hunter pra Hunter.



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