Heavenly Hell escrita por Ju Benning


Capítulo 22
Disaster


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas! Mais um capítulo chegando! Adorei escrever esse e espero que vocês adorei lê-lo igualmente :D
Sem mais mimimi.... boa leitura!
Bjs



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Sam achava que ficaria deitado por um longo tempo ainda, Catarina dormia tranquilamente num colchão muito confortável que ela mesma devia ter materializado ao lado de onde Sam estava e ele não pretendia acorda-la e nem vira que horas ela entrara para dormir.

—- Bom dia, pombinhos! – Dean falou bastante alto, estranho o fato de não estarem na mesma "cama", logo em seguida.

—- Cara, fala baixo. – Sam retrucou sentando.

—- Por que? Estou incomodando? – Ele continuou falando alto, ainda queria acordá-la.

Catarina, que já havia acordado no “bom dia, pombinhos!” cerrou os punhos, percebendo que Dean não ia desistir, jogou o lençol para um lado e sentou-se de uma só vez.

—- O que você quer? – Perguntou pausadamente, só depois notando que havia algo errado pela expressão dos dois – O que foi? – Perguntou olhando para Sam.

Ele respirou fundo e jogou o cobertor por cima dela.

—- Você está só de roupa íntima, Catie, é isso. – Ele falou. Não estava zangado, devia ser mais um costume da terra dela.

—- Ah sim, o puritanismo humano, já devia ter me acostumado... – Ela arrumou o pano ao seu redor, revirando os olhos e fazendo Sam rir do outro colchão. – O que você quer, Caçador? – Ela repetiu a pergunta.

—- É Castiel, ele voltou do céu muito ferido, eu consegui estabilizar, mas ainda assim você pode fazer melhor. – Dean estava constrangido em pedir a ajuda dela.

—- Peça por favor e eu estarei lá em dois minutos. – Ela sorriu de canto, pendendo a cabeça com seu jeito charmoso.

—- Ah, corta essa! – Dean resmungou -- Isso é sério? Ele vai morrer, eu acho... –

—- Não vai não, Dean. Se ele tivesse de morrer, teria acontecido no momento em que foi ferido, ele só está fraco, num estalar de dedos meus e ele estará novo em folha, só preciso que diga “por favor”. – Ela riu – É o mínimo que me deve depois de me acertar com balas de ouro celestial. – Falou fazendo uma arma com as mãos.

—- Nada que você não merecesse. – Dean devolveu entre os dentes.

—- Já chega, tudo bem? – Sam ficou de pé – Os dois estão quites aqui e... – Ele se dirigiu a ela – Catie, sem “por favor”, só ajude o Cas. Eu mandei ele de volta para o céu, pra poder ir até você ontem, então, eu não sei o que houve, mas é meio culpa minha. – Sam estendeu a mão para ajudá-la a lavantar – Vai ajudar? –

—- Não me olha assim com essa carinha de filhote abandonado. – Ela riu por alguns segundos, tentando não olhar para ele -- Tudo bem, tudo bem. – Concordou, aceitando a mão do Winchester.

—- Isso sempre funciona. – Dean resmungou para si mesmo.

Catarina ficou de pé e o lençol que a cobria se transformou em uma de suas roupas típicas.

—- Castiel deu alguma informação? – Ela perguntou já saindo da barraca.

—- Ele falou algo como “Barreira” e “Caos”. – Dean falou casualmente.

Catarina pareceu ficar alerta e apressou o passo.

Xx

Melissa, passado o porre, não havia dormido. Havia na verdade passado a noite encarando as estrelas casualmente e de forma mais insistente encarava a Lua. Como se esperasse que de alguma forma, ela fosse lhe mostrar alguma coisa.

É claro que nada veio dela.

Tentou fazer outras magias. Mover as coisas com a mente, explodir pequenas pedrinhas, fazer redemoinhos pequenos , tentou entrar na mente de Dean e pensou se era bonita o suficiente como as outras feiticeiras eram. Pensou outras inúmeras questões enquanto simplesmente não conseguia dormir.

Então acabou mais uma vez na idiotice de abrir e fechar aquelas algemas, pelo menos até ouvir Dean procurar por ela quando o Sol já estava alto. Então, jogou as algemas em algum lugar pra encontrar depois e correu até ele.

—- Onde estava, Mel? – Ele passou a mãos pelos cabelos dela e a olhava de cima abaixo, como se tentasse encontrar algo de errado – Acordei e não vi você, fiquei preocupado. – Depois de constatar que ela estava inteira, relaxou um pouco.

—- Acordei muito cedo hoje, resolvi dar uma volta. – Ela sorriu – O que vai fazer agora? –

—- Acordar as belas adormecidas e colocar Catarina para nos ajudar pra variar um pouco o quadro. Preciso que ela dê uma olhada em Castiel. – Contou Dean.

—- Só seja gentil e ela vai ajudar. – Melissa disse sorrindo e o beijou.

—- Quer vir comigo? – Perguntou.

—- Ah, não! Prefiro evitar de ver algo constrangedor. – Ela balançou as mão negativamente e sorriu -- E eu preciso falar algumas coisas com Kevin, nada demais, mas... sei lá, quero ver se ele pode me ajudar. – Ela falou sem jeito.

—- Sem problema. Mas o quer resolver com Kevin? Não vai me dizer que ficou paranoica com as coisas que Catarina lhe falou... –

Melissa revirou os olhos.

—- Olha, Dean, eu não sou totalmente humana... – Ela engoliu em seco ao dizer isso – E Catie é minha prima, é o que eu tenho de mais perto de descobrir quem eu sou de fato. – Ela mordeu o lábio com a expressão não muito boa dele.

—- Pensei que você tivesse falando sério quando me contou que tinha respondido a Catarina que não queria ser ela. Mas pelo que eu estou vendo, é o que você quer se tornar, uma cópia dela. A criatura mais desprezível que eu conheci. – Ele falou com tom desapontado.

—- Seu irmão a ama e ela salvou todos nós, isso inclui você. Tenha cuidado com o que fala, Dean. Você só está zangado por ter errado, só isso. Precisa se acalmar, eu não quero ser Catarina, eu nem tenho jeito pra isso – Ela imitou a voz mansa e sexy da prima e gargalhou em seguida – Eu só quero saber quem eu sou, nada além. – Ela deu de ombros.

Dean ficou a observando por alguns segundo. Adorava aquela gargalhada.

—- Tudo bem. – Ele pareceu ceder um pouco – Faça sua mágica, mas não deixe de ser a Melissa que eu salvei no Rancho. Ela é perfeita. – Falou a segurando pela cintura e tirando-a do chão pelo tempo suficiente para se beijarem.

—- Eu prometo que vou ser a mesma Mel de sempre, a abelhinha, lembra? – Ela comentou espalmando a mão no peito dele.

—- Claro que eu lembro. – Respondeu meio derretido.

—- Então, vá ver se consegue ajuda pra o Cas, eu vou me resolver com Kevin e eu aposto que logo, logo, Noite vai entrar cavalgando por aqui, trazendo Bobby e vai ficar tudo bem. – Ela apostou.

—- Assim eu espero. – Dean falou quando caminhava até onde seu irmão estava, mas não tinha muita certeza de nada naquele momento.

Melissa ficou olhando ele se afastar e apesar das coisas que havia passado a noite inteira pensando e tentando, percebeu que Dean era única que não podia ficar sem, não podia perder. E foi pensando nisso que ela entrou na cabana do asiático.

—- Oi. – Ela disse se sentando enquanto ele desviava a atenção do monte de livros à sua frente.

—- Olá. – Kevin respondeu com olheiras enormes embaixo dos olhos.

—- O que há com você, Kevin? Algo me diz que você não dormiu. –

—- Acertou. – Ele também não parecia estar de muito bom humor – Passei a noite com a cara enfiada nesses livros. –

—- E eu posso saber porque? – A garota esticava o pescoço para ver do que se tratava.

—- As notícias se espalham, sabe? – Kevin sorriu – E algumas das coisas que aconteceram ontem me despertaram a curiosidade. Primeiro você e a questão de qual tipo de feiticeira você é, aquela coisa da benção que Catarina falou. E então eu passei boa parte da noite tentando descobrir como saber qual é a sua tendo perdido a Lua do dia em que você nasceu. –

Melissa se animou onde estava.

—- Olha garoto, você é bem rápido. E eu que vim aqui te pedir pra fazer isso! – Ela sorriu – O que achou? –

Kevin ficou parado, não nada muito animador a dizer, então, ficou olhando-a por um tempo.

—- Nada do que eu vi aqui pode te ajudar, então, a não ser que Catie saiba, a gente teria de perguntar a sua mãe... o que todos sabemos que não dá. –

Melissa cruzou as pernas, desanimada.

—- Você não se lembra de nada? Sabe, tente buscar alguma coisa que antes não fazia sentido para você, mas agora fazem... Qualquer coisa. – Disse Kevin.

—- Como o que, gênio? – Ela falou entortando a boca.

—- Eu sei lá, mas veja. Sua irmã não era feiticeira, sua mãe nunca teve uma benção, então qualquer coisa referente a qualquer arcanjo na sua infância, na sua casa, pode ser uma pista. Porque, entenda. Quando Catarina falou que antigamente era possível ver os arcanjos, era verdade e às vezes os feiticeiros e feiticeiras se tornavam protegidos de seus arcanjos. Então, se a sua mãe colocava algum deles especificamente perto de você, podia ser um pedido de proteção. –

Melissa ficou pensativa por um tempo.

—- Kevin, eu não sei. Veja, quando Dean me salvou ele falou que quando tocou a porta do quarto do pânico, apareceram uns símbolos em vermelho e, você sabe, ele é o receptáculo de Miguel e vermelho é a cor do Arcanjo. Eu não entendo muito de imagens sacras, mas eu acho que tinha umas imagens dele na minha casa... –Ela parecia mais reticente do que havia achado uma resposta.

—- Mas... – Kevin estimulou.

—- Primeiro: meu pai, Simon, além de demonólogo era angelologo, então, Miguel não era o único lá em casa. – Ela riu – Sem falar que, depois de tudo que descobrimos, minha mãe sabia que Catarina estava dentro de mim... e obviamente tinha medo que o Diabo me achasse. Então, a quem, além de Miguel ela poderia recorrer, Kevin? Ele expulsou Lúcifer do Céu, e depois disso, a Catie foi criada no inferno e foi ele que a tirou disso, não foi? Eles ficaram muito tempo juntos e eu sei lá porque não continuaram assim, mas, poxa, como minha mãe não recorreria a ele por proteção? E isso não quer dizer nada, não quer dizer que eu tenha nascido na Lua Vermelha... –

—- Entendo o que você quer dizer... – Kevin cruzou os braços – Cara, e também nós estamos considerando que Andreia tenha visto a Lua do dia que você nasceu, mas não há nenhuma garantia disso... porque se ela soubesse, provavelmente Emanuel também saberia, o que não era o caso! – O asiático se deu conta.

Melissa apertou as têmporas.

—- Tudo bem... – Ela respirou fundo – Acho que mais uma vez estou nas mãos de Catarina para me dar as respostas. –

—- É... até porque, o fato de você ter algumas visões me deixa ainda mais confuso... porque isso indicaria outro tipo de Lua que não a Vermelha... mas realmente eu acho melhor você esperar pela Catarina. Ela é a melhor pra esclarecer isso. – Kevin bocejou, esfregando os olhos.

—- Mas, você disse que passou metade da noite nisto e a outra metade, o que passou fazendo?- Perguntou Melissa, que se sentia um pouco nervosa.

—- Procurando pela tal de Hanna que Emanuel citou e que Catarina pareceu ficar furiosa, eu fiquei curioso, sabe? – Ele deu de ombros.

Melissa se aproximou, também estava curiosa a respeito daquilo.

—- Eu até encontrei o nome Hanna, mas às vezes eu não sei nem se é uma ou se são duas, se foi morta ou matou alguém... é tudo muito obscuro! O dialeto das feiticeiras parecia ser inofensivo e simples, mas, faz Enoquiano parecer coisa da pré-escola. – Kevin apertou as têmporas.

—- Sinto muito pela noite perdida, Kevin... – Melissa colocou a mão sobre o ombro dele.

—- Ah! Não foi tão inútil assim... – Um sorriso apareceu no rosto de Kevin – Eu não sei quem é essa Hanna... mas se tem uma coisa que eu descobri é que houve algo muito grave no Céu, muito sangue foi derramado em nome de Hanna e de alguma forma isso tem haver com Rafael Arcanjo. –

Melissa deixou o queixo cair.

—- Você tem que estar brincando! – Melissa exclamou.

—- Eu gostaria... – Kevin engoliu em seco.

Xx

—- Olá, anjinho! – Catarina disse quando chegou perto de Castiel – acho que temos muito o que conversar, não temos? – Completou, tocando sua testa por alguns segundos.

O anjo gritou, o que sobressaltou Dean e Sam.

—- Não interfiram. – Ela falou com a voz seca, enquanto continuava com a mão na testa do anjo e ele ainda gritava – Curar às vezes dói. –

Os irmãos se olharam desconfiados mas não fizeram nada. Aquilo se seguiu por alguns minutos, até que enfim, parou. Castiel estralou os ombros e pescoço, sentou e arrancou a bandagem que usava, estava curado.

—- Obrigado, Catarina. – Ele disse se ajeitando onde estava – Me sinto melhor que antes, inclusive. – Esboçou um sorriso.

—- Energia extra, querido. – Ela bagunçou os cabelos do anjo que pareceu desconfortável – Preciso que fique bem pra nos contar o que houve lá em cima. –

—- Cas, o que você quis dizer com “caos” e “barreira” ? – Perguntou Sam sentando-se em um banco, Dean permanecia em pé e Catarina sentava na ponta da cama de Castiel.

—- Catarina sabe como a barreira está baixa... perto do fim. – Castiel suspirou – E a Terra não é a única que está um caos. Vocês não tem ouvido rádio provavelmente e é claro que não tem visto tv... mas tem sangue nas paredes das cidades. – Ele se levantou e vestiu o sobretudo novamente, mesmo sujo de sangue – Bem, no Céu não está diferente. Só não temos uma guerra civil aberta e degradante porque Miguel mantém o controle a todo custo. –

—- E como ele está? – Catarina perguntou com uma preocupação nenhum pouco velada.

Sam olhou não muito satisfeito para Dean que deu de ombros.

—- Ele não estava por lá quando aconteceu. Tinha ido resolver outras questões com as Feiticeiras, seu povo parecia agitado... – Castiel maneou a cabeça para ela.

—- Miguel sempre foi o poço da paciência, aquelas mulheres devem estar histéricas! – Catarina conversava distraída com Castiel.

—- Paciência não é algo que ele parece ter... – Castiel argumentou.

—- É só por fora e mais com os anjos, questão de autoridade... mas ele não é assim de verdade. Sempre foi sereno, tranquilo, meu oposto. – Ela deu de ombros e seu sorriso era bobo – Mas, então, o chefe estava fora e o que houve exatamente? –

A cara de Sam não era das melhores e ele encarava Dean de onde estava, seu irmão parecia se divertir com os ciúmes do mais novo.

—- O problema é que há dois grupos no céu. Um, apoia Miguel e espera que você resolva o problema sozinha. O outro quer impedir você de levantar a barreira novamente, porque com ela no chão, não serão necessários receptáculos para a materialização na Terra e aí... Apocalipse. –

—- Espera aí, como é que é? – Dean interrompeu – Você disse Apocalipse? –

—- É, foi o que eu disse. – Castiel confirmou.

—- Mas eles não precisariam de Lúcifer e Miguel para isso? – Sam questionou ainda incomodado.

—- Se eu for realmente impedida de reestabelecer as coisas, Miguel vai interferir e deixar as coisas seguirem o curso bíblico. Ele só está se opondo agora porque me prometeu... Mas se bem que ele me prometeu que não ia usar você nisso, Dean. – Catarina se dirigiu ao caçador – Foi essa a promessa dele, tecnicamente se ele não usar você não estaria descumprindo nada – Deu de ombros – Mas este é o meu anjo sendo leal a mim, como sempre. – Ela cruzou os braços – E eu nem mereço tanto assim... – Ela riu.

—- Tem razão, não merece. – Sam disse irritado, saindo da barraca onde estavam.

—- O que houve com Sam? – Questionou Castiel.

—- Eu não sei... – Catarina parecia de fato confusa.

Dean revirou os olhos.

—- Olha, além de puritanos, nós humanos não costumamos falar dos ex com tanto carinho... principalmente temos algo com outra pessoa – Dean parecia falar com uma criança – Principalmente se for parecer apaixonada pelo ex.. –

—- Ai, Céus, isso foi por causa, mas eu e seu irmão nem temos... – Ela bateu a mão espalmada na testa – Aah, inferno! – Xingou.

—- Eu vou atrás dele. – Dean disse saindo da barraca.

Xx

Sam não conseguiu se controlar. O sangue ferveu em suas veias, não queria ter uma crise de ciúmes já que não parecia o tipo de coisa que o povo dela fizesse, ou até mesmo tivesse, são todos tão seguros, isso sem falar que não haviam mais dormido juntos desde que a farsa de Kathe havia se revelado. E também não queria parecer infantil, já que mesmo com a aparência mais jovem que a dele, Catarina era bem mais velha. Então, por tudo isso, saiu de onde estava e voltou para a sua barraca e se deitou na cama. O cheiro dela estava por toda a parte, mesmo que não tivessem dividido o mesmo colchão e nem se tocado de daquela forma e ao invés de se irritar e sair dali, apenas fechou os olhos e inspirou, aquele era o melhor cheiro do mundo.

Sam ficou com os olhos fechados por um longo tempo, estava prestes a cair no sono sentindo o cheiro dela, mas não podia.

Então abriu os olhos. Abriu os olhos e percebeu que havia algo muito errado, não estava mais em sua barraca, não havia mais o cheiro dela.

Estava num ambiente frio, havia algumas tochas iluminando o lugar e no fundo daquele salão, posicionado suntuosamente estava talvez a coisa mais bizarra que Sam já havia visto em sua vida: um trono de ossos.

O homem ficou de pé e procurou sua arma que não estava lá, ainda mais estranho. Então olhando ao redor, deu as costas ao trono.

—- Sabe, dar as costas assim não é educado, nem sábio... – Disse uma voz mansa como a de Catarina, porém, mais sombria e masculina. Sam se virou e desta vez, havia alguém sentado no trono de ossos – mas eu já devia ter imaginado, você é só um verme humano no fim das contas. – O homem que Sam encarava lembrava um pouco a si mesmo: os cabelos, nariz, talvez o formato do rosto... não eram iguais de maneira nenhuma, mas haviam semelhanças. Foi então que Sam notou os olhos furta-cores como os da Feiticeira – Lúcifer. – Deduziu cerrando os punhos.

—- O prazer é todo seu, meu caro Winchester... – Ele disse sorrindo de escárnio.

Xx

Catarina esperou alguns segundos, até ter certeza que estariam a sós.

—- Preciso da sua ajuda. – Ela falou rapidamente, Castiel esperou em silêncio – Vamos resolver isso tudo sem nada de Apocalipse. Miguel segura os anjos e nós vamos ter de dar conta do inferno, está comigo? – Castiel ficou reticente – Por favor, Castiel, eu não posso fazer tudo que pretendo sozinha. –

Castiel encarou Catarina por um longo tempo em silêncio, até que finalmente falou:

—- Tudo bem. Do que precisa? –

—- Agora nada. Mandei um amigo localizar a espada de Lúcifer e quando ele conseguir eu vou precisar de você. – Ela lhe deu empurrãozinho – Certo? –

—- Tudo bem... vou avisar... – Castiel começou, mas foi interrompido pela feiticeira.

—- Não senhor, você não vai avisar a ninguém. O que vamos fazer precisar medido e calculado, não vai ser um ataque heroico kamikaze, não quero nenhum Winchester envolvido. Eles ficam na Terra fazendo o que sabem fazer, enquanto nós lidamos com os assuntos de adulto. Tudo bem? – Ela foi incisiva.

—- Eu não sei... – Castiel ficou desconfiado.

—- Anjinho, se eles estiverem conosco, vamos ficar preocupados com cada passo deles lá em baixo, e nesse tipo de incursões nós não somos nenhum pouco politicamente corretos e você sabe... – Ela maneava a cabeça.

—- Pode não fazer o estilo deles... – Castiel começou a se convencer.

—- Isso sem falar que pode ser tranquilo rápido e pode se transformar num combate... completamente mortal para humanos! Pense, Castiel, deixe os dois fora disso. Me prometa. –

Castiel a encarou por mais alguns momentos, mas o que ela pedia era razoável.

—- Eu prometo. – Castiel falou esfregando a ponta do nariz – Que cheiro é esse? –

—- Ora, mas que indiscreto é você, anjo. – Comentou uma terceira voz de sotaque marcado.

—- Crowley. – Disseram Catarina e Castiel uníssono.

—- O que foi? – Ele deu de ombros – Eu estava ouvindo a conversa lá do bosque e quando percebi que somos todos aliados, resolvi aparecer e confraternizar. – Ele deu de ombros andando um pouco pelo espaço.

—- Foi ele que mandou atrás da espada? – Castiel perguntou à Catarina de cenho franzido e ela confirmou.

—- Já encontrei, à propósito. – Adiantou-se Crowley.

Um grito interrompeu a conversa dos três. Dean chamou desesperadamente por Bobby.

—- Singer aqui? Noite o encontrou... – Catarina pensou consigo mesma.

— Está esperando o que Castiel? Vá ajudar antes que Dean venha chamar Catarina e me peque aqui! – Crowley exigiu entre os dentes –

—- Seria ótimo... – Catarina suspirou – Porque vou precisar conversar com Crowley. --

—- Compreendo. – Castiel concordou – Por favor, falem pausadamente, eu estarei ouvindo. – E assim sumiu de dentro da barraca.

—- Anjos são tão abruptos. – Catarina reclamou – E então, me conte tudo, futuro Rei. – Os olhos dela brilhavam oscilando em tons de vermelho e vinho.

Xx

—- Como me trouxe aqui? – Sam perguntou entredentes.

—- Ah não, você não está aqui... não de verdade. Seu corpo continua dormindo onde quer que você esteja. Não sei onde vocês se localizam fisicamente, minha preferida os protege bem, ou você já estaria morto à essas horas... – O Diabo suspirou, como se aquilo fosse um sonho – Mas a sua mente, meu caro, essa eu encontro, a de qualquer um na verdade. Como você acha que cuspiu minha espada ou quebrou seus ossos? – Ele bateu o dedo indicador na cabeça – A sua mente é fácil de encontrar e muito difícil de esconder. – Ele ria.

—- E agora, vai me matar? – Sam perguntou, mas não tinha nenhum medo em sua postura ou voz.

—- Não... – Disse Lúcifer casualmente, levantando-se e caminhando na direção de Sam, ele usava uma espécie de terno branco, os cabelos muito bem arrumados e muito mais longos que os de Sam e a expressão era serena, muito embora seu olhar afiado lhe desse um ar daqueles psicopatas refinados – Não hoje pelo menos. – Falou ao chegar perto de Sam – Entenda, entre eu e você, não é nada pessoal, absolutamente, é só um castigo para minha pupila mal criada, sabe? Só que o castigo dela é perder todos vocês de um por um. – Ele suspirou dando de ombros. -- Você será o primeiro. --

—- Eu discordo. – Sam falou encarando o diabo, não conseguindo não ficar perturbado com a semelhança – Acho que não vai me matar agora porque não pode. Como você mesmo disse, eu não estou aqui de verdade. –

Lúcifer aplaudiu ironicamente algumas vezes e riu por baixo da respiração.

—- Pelo menos eu não posso te chamar de burro. Sabe, eu queria muito esfolar você vivo, mas eu não sei onde está. Por isso eu sou obrigado a usar a alma de uma ou duas bruxas sujas que tenho aqui em baixo e obriga-las a enfeitiçar você, machucar você e por sorte lhe matar. – O ódio por baixo do tom sereno era assustador – Mas você tem a melhor das cadelas de guarda. –

Sam sentiu seu sangue ferver e antes que pudesse sequer pensar no que estava fazendo, socou o próprio Diabo.

—- Cuidado como fala. – Advertiu em seguida.

Lúcifer pareceu surpreso e quando voltou a olhar para Sam, não tinha mais um sorriso no rosto, seus lábios formavam uma linha reta e suas íris paradas no mesmo tom branco sombrio que já tinha visto na mulher que amava.

—- Sabe, essa sua fúria me seria muito útil antes... você é meu receptáculo afinal de contas e eu mando que te acompanhem desde que você era um bebê, e enquanto meus melhores subalternos faziam isto, Azazel incluído, -- Ele se divertiu com a expressão raivosa de Sam – Eu tentava encontrar uma maneira de furar a Barreira, então eu poderia usá-lo e procurar pela minha menina eu mesmo... –

—- Eu nunca diria sim à você. – Sam disse entre dentes.

—- Ah, você diria... – Ele parecia certo -- Eu tinha um plano b, um cara qualquer que teve a mulher e filho assassinados enquanto dormiam, um tal de Nick. – Falou com desdém – Mas você ia me dizer “sim” e seria em Detroit. – Lúcifer passou a caminhar e Sam o acompanhou – Mas aí veio Emanuel, idiota igual ao pai, e me entregou a localização de Melissa e o resto da história você já sabe. – Ele soou entediado -- No fim das contas, o que eu quero dizer é que você até que me era importante, mas não é mais o caso... muito em breve eu vou poder ir a Terra sem receptáculos e apesar da nossa semelhança fazer de você bonito, eu fico aliviado de não precisar lhe usar para ir ao baile. – Ele girou em torno de si mesmo.

—- Finalmente, o que quer me trazendo aqui? – Sam não aguentava mais o tamanho do ego de Lúcifer. Só queria ir embora dali.

—- Já falei, vamos conversar um pouco, rapaz – Respondeu abrindo os braços e ao mesmo tempo as portas do grande salão se abriram, revelando um corredor – Me acompanhe – Convidou Lúcifer – O assunto lhe interessa. –

—- Me mande de volta. – Sam exigiu sem dar nenhum passo adiante.

—- Vamos, eu sei de todas as perguntas a respeito de sua amada que passam pela sua cabeça e adivinhe?! Eu sei responder a todas elas. Não está interessado? – Ele ergueu as sobrancelhas fingido estar ofendido.

Sam engoliu em seco e apenas o encarou por um longo tempo.

—- Você vai mentir, se é que já não está mentindo agora! – Falou.

Lúcifer riu.

—- É verdade que sou o melhor dos mentirosos, mas eu não gastaria minha lábia com você, Sam. Não vou mentir, eu não preciso mentir para você. – Falou convidativamente – Vamos, acho que adoraria começar pela pergunta de ouro “Quem é Hanna?” –

—- Como você sabe... – Sam deu alguns passos até ele.

Lúcifer apenas o encarou com certa soberba e repetiu o gesto de tocar a própria cabeça com o dedo indicador.

—- Está tudo na sua mente, Sammy. –

—- Por que me contaria algo sobre ela? – Sam o olhava de perto mais uma vez.

—- Porque eu quero você longe de Catarina... ela tem uma espécie de compaixão e piedade de você que me irritam! Quero que ela volte pra casa e eu tenho o palpite que a melhor arma que eu tenho para isso talvez não seja nem lhe matar, mas contar a historinha dela. Acho que vai ser demais para sua moral humana e talvez você até morra no processo... de ciúmes ou algo assim. – Lúcifer ria.

—- E o que essa Hanna tem a ver com isso? Catarina a matou ou algo assim? – Sam indagou enfiando as mãos nos bolsos, enquanto, apesar de estar ficando cada vez mais curioso, mantinha uma postura desdenhosa da fala do Diabo.

—- Ah não, Hanna é a parte fofa da história, ela morre no final, mas ainda assim era uma graça. – Comentou, continuando a andar elegantemente em seguida – O que se sucedeu à morte dela é que não foi nada gracioso. – Ele balançou a cabeça em negativa ironicamente.

—- Quer parar de teatro e ir direto ao ponto? – Sam o segurou pelo ombro, de modo a força-lo a lhe encarar.

O Diabo suspirou entediado.

—- Tudo bem! – Ele ergueu as mãos – Hanna é a filha que Catarina teve no auge do amor épico com o Arcanjo-mor, ela era uma graça de fato, pelo menos até ser brutalmente morta por Rafael. – Lúcifer deu de ombros, admirando a expressão indescritível de Sam.

Sam sentiu uma sensação estranha, algo como: ciúme, choque, raiva e pena; tudo ao mesmo tempo, mas mesmo assim, tinha de saber mais.

—- Continue. – Falou entredentes.

—- Como vingança, minha doce menina usou sua magia negra e dilacerou toda a hoste de Rafael. Os pobres alados viraram suco de anjo antes que pudessem alcançar suas lâminas – Ele se divertia.

O coração de Sam acelerou.

—- Quantos anjos eram? – Atreveu-se a perguntar.

—- Pouco mais de... – Ele fez uma pausa, como se tentasse se lembrar – 1.700 anjos. De uma só vez... –

Sam engoliu em seco.

—- Ah, por favor, não se choque ainda... – Lúcifer o pegou pelos ombros – Estamos apenas começando! – Completou divertidamente.

Xx

—- Bobby! – Dean gritou correndo até o homem, que estava deitado no chão, inerte. Um homem negro de pé perto dele – Quem é você? – Dean perguntou, enquanto se ajoelhava perto de Singer.

—- Dica: Eu costumava ter quatro patas. – Noite disse com certo tédio.

—- Noite? – Dean falou de maneira engraçada – Você fica melhor assim. – Completou e então dirigiu seu olhar para Bobby, que não acordava – O que houve com ele? –

—- Perdeu muito sangue... vim o mais rápido que pude, mas... eu realmente não sei... – Noite soava pesaroso.

Passos apressados se tornaram cada vez mais próximos, quando Melissa caiu ajoelhada ao lado de Bobby.

—- Bobby? Bobby, acorda. – Ela falou colocando a cabeça dele no colo – Dean, o que houve? Eu ouvi você gritar e vim correndo... – Ela já respirava descompassada.

—- Perdeu muito sangue, assim como você previu... – Dean falou com muita tristeza na voz.

—- Onde está Catarina? – Perguntou Noite olhando ao redor.

Melissa finalmente ergueu os olhos e ficou paralisada por um momento, nunca havia visto aquele homem antes, mas ele era absurdamente familiar para ela.

—- Verdade, onde está aquela maldita quando se precisa dela? – Dean ficou de pé – Catarina! – Ele chamou.

—- A Feiticeira não se faz necessária. – Disse Castiel quando materializou-se do nada bem em frente a Dean – Posso ajudar Singer. –

—- Então faça logo, Cas. – Dean disse incomodado com o excesso de proximidade.

O anjo deu a volta e abaixou-se perto de Bobby, porém, franziu o cenho antes de tocá-lo e quando o fez, ao invés de tentar qualquer coisa, depositou dois dedos no pescoço dele.

—- O que há de errado? Ande logo com isso! – Melissa já chorava a essas alturas, abraçada à Bobby.

O anjo levantou seus olhos azuis para Dean e balançou a cabeça negativamente.

—- Não há nada que eu possa aqui... Ele se foi. – Castiel soou triste.

Melissa sentiu a mesma dor no peito e falta de ar do dia em que perdeu sua mãe e irmã e com o mesmo desespero se abraçou à Bobby, na esperança de que ele retribuísse o abraço. Noite abaixou a cabeça em respeito. Dean levou as mãos à cabeça e se lembrava de muitas poucas vezes em que se sentira daquele jeito. Castiel olhou para ele, igualmente sentido. Naquele momento o silêncio era sepulcral, e nada, nem mesmo as copas das árvores, parecia se mover.

Continua...


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Notas finais do capítulo

:O E aí? Gostaram? Vou adorar saber!
Até a próxima semana :)
Bjs



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