Ice Prince Passion escrita por Annie ONeal


Capítulo 16
Mudanças e Segredos


Notas iniciais do capítulo

E aí gente! Até que estou postando rápido né? Depois de um capítulo turbulento e cheio de ódio apresento à vocês a parte sensível do Yell... Espero que vocês gostem!

Yell's POV



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  Eu não sabia mais o que fazer. O medo me dominava cada vez mais; Já faziam quatro dias. Quatro dias inteiros! Eu sentia falta dele. Não só como minha principal distração, meu brinquedo ou meu amante. No começo eu estava confuso e magoado, mas entendi que ele não sabia mesmo. Wine tinha ido lá, tinha me contado como ele estava. Tenho certeza que ela não me contou tudo, mas eu podia ver o terror nos olhos azuis dela.

  Havia algo de muito errado acontecendo lá embaixo. Tentei descer, mas os guardas sempre me impediam. Queriam ordens expressas do rei. E eu nunca pediria permissão. Não podia colocar tudo a perder. Se ele soubesse o quanto eu me importava... Depois de Allen ter ido preso, meu pai subitamente estava prestando muita atenção em mim e só então percebi que já não era mais algo tão importante. 

  Mesmo assim eu não podia pedir que ele poupasse Allen. As coisas pioraram quando Wine veio me pedir, quase chorando que eu por favor fizesse alguma coisa. Aí senti medo. Não consegui nem mesmo ser frio com ela, eu apenas a fitei, sem saber o que dizer.

  Quase sem voz, ela pediu uma audiência privada comigo. Ou seja nada de Alyss, ou meus pais, ou guardas. Senti uma seriedade estranha nela. Quando ela entrou na sala, não tinha o ar superior ou o olhar sagaz. Era apenas uma menina. Uma menina aterrorizada. Sentei em um dos sofás e fiz um sinal para que ela se aproximasse.

  - Se veio pedir pela vida dele,-...

  - Não. – Ela me cortou. – Quero dizer, de certa forma, alteza. – Ela pareceu se lembrar dos modos e fez uma mesura antes de se sentar à minha frente.

  - Então?

  - Vim aqui lhe contar tudo o que sei. Se Allen não quer me ouvir, você vai. – E ela me contou. Tudo o que sabia e não era pouca coisa. As palavras pareciam lâminas que cortavam minha pele, que faziam minha fachada sádica e fria esmorecer. Quando terminou a história eu estava sem fôlego, com os olhos cheios de lágrimas e com o coração apertado. Eu precisava fazer alguma coisa.

  Pedi para ela sair, e para minha surpresa ela foi, sem hesitar. Acho que viu como o que me contou me atingiu. Fui atrás de minha mãe, sentindo as entranhas derretendo. Ela estava no quarto, penteando os longos cabelos dourados e encontrei os olhos dela pelo reflexo do espelho. Quando me viu, arfou e largou a escova, que caiu sobre a mesa com um baque surdo. Eu devia estar mal, mas acho que ela nunca tinha me visto assim. Nem quando Lucy morreu.

  - Meu filho o que houve? – Ela me abraçou e pela primeira vez em muito tempo, me permiti chorar. Soluçar, por tudo pra fora. Ela me abraçou forte. Senti o perfume dela, os braços finos, mas que transmitiam tanta força, ao meu redor.

  - Shhh, meu amor... É por causa do guarda? Eu bem que imaginei que... Eu fiquei tão preocupada com você que não vi o quanto erradas estavam as conclusões de seu pai. É o oposto não é? Vocês são amigos? – Controlei os soluços tempo suficiente para responder:

  - Mais que amigos mãe. – Temi que ela me afastasse, gritasse ou que as coisas voltassem à distância fria de sempre, mas ela continuou abraçada comigo. Não falou mais nada, mas secou minha lágrimas e ficou comigo até que eu finalmente me recompusesse.

  Percebi, que já não havia como voltar atrás. Eu estava apaixonado, eu me importava. Talvez... Mais que isso. Era cedo para dizer. O que eu sabia agora é que precisava fazer alguma coisa. Não podia ficar parado. O pensamento que talvez tudo já estivesse acabado, eu não tinha defendido ele e ele devia me odiar, me dava mais medo que qualquer outra coisa.

  Me levantei decidido a falar com meu pai. Não contaria tudo, não podia ser sincero com ele como fora com mamãe, mas eu tinha que tentar. Falaria apenas o necessário para salvar a vida de Allen e nenhuma palavra sobre o que Wine tinha dito. No entanto quando entrei na sala dele, ele já havia tomado a decisão.

   O ar pareceu ser tirado de mim quando ele disse que Allen ia ser executado. No pátio externo do palácio, no dia seguinte. Não havia mais tempo. Senti as pernas fraquejarem e me apoiei na mesa ao meu lado para não cair. O mundo girava.

  A frieza com a qual meu pai tinha me dado a notícia me fez ver que eu não podia contar nada a ele. Ou ele mandaria executar Allen naquele minuto.

  - Tudo bem filho? Você está meio pálido.

  - Estou bem. – Disse num fio de voz. – Só meio cansado.

  - Você quer escolher quem vai acabar com ele amanhã? – Senti enjoo. Olhei para meu pai fazendo o máximo para não gritar. Precisava do meu velho eu sádico. Ou a atuação de volta.

  - Pouco me interessa pai. Faça como quiser. – Meu pai deu ombros e eu saí da sala. Estava ardendo de raiva. Medo. Frustração. Todas coisas que eu nunca tinha sentido, não com tanta intensidade. Eu não sabia como lidar com isso. Fui até meu refúgio. Precisava de conselhos agora.

  Eu não entrava no quarto de Lucy dês do dia que Allen o tinha descoberto. Não sei o que esperava, mas tudo estava exatamente igual. Fitei o crepúsculo alaranjado pela ampla janela do quarto. O aroma de rosas inconfundível me rodeava e eu andei até o quadro dela.

  - E agora Lucy? O que eu faço? – O silencio foi minha única resposta. – Não posso deixar ele morrer. Não posso. – Eu sentia a raiva da impotência de ajuda-lo crescendo. Pensei em derrubar os guardas e entrar na masmorra. Eu era bom com a espada, daria conta. Mas e depois? Para onde levá-lo? Meu pai viraria o castelo de cabeça para baixo se fosse preciso, e ele não duraria um minuto sozinho na neve lá fora.

  - É hora de provar seu valor, querido irmão. – Me virei e dei de cara com ela. Quer dizer, eu a via, sim, mas quando era menor. Uma fantasia, a irmã imaginária. Agora, ela estava na minha frente, pálida e translúcida, como uma névoa gelada do inverno. Pequenos flocos de neve moldavam sua antiga forma.

  - O que eu faço Lucy...? – Perguntei. Ela tinha dito valor ou am...?

  - Você cresceu, Yell. – Aquilo era orgulho na voz dela? – E ele ajudou você a amadurecer não é? Você não é mais o garoto rebelde e vazio que era quando ele chegou.

  - Não... – Concordei.

  - Ele fez de você uma pessoa melhor.

  - Fez.

  - ... – O fantasma de gelo me olhou e sorriu, cheia de gentileza e pureza que tinha em vida.

  - O que eu faço então? Me ajuda, me dá os conselhos que eu sempre ouvi você sussurrar... Preciso deles agora, mais do que nunca.

  - Você sempre tratou ele como um brinquedo certo? Dessa vez brinque de salvar a vida dele. – Aquele era o conselho?! Sério isso? Se não fosse minha irmã mais velha e morta, a quem eu devia respeito duplamente, eu mandaria à merda.

  - Lucy, eu não entendi o que você quis dizer.

  - Vai entender. Apresse-se. – E com isso os flocos voaram até mim me envolvendo numa nuvem gelada que aos poucos desapareceu.

  Ela sempre fora enigmática, mas eu não tinha tempo de ficar resolvendo charadas, eu precisava de uma resposta.

  Naquela noite fui me deitar, e claro que não consegui dormir. Nem um segundo sequer. Era muita informação. Mas no meio do tumulto dos meus pensamentos, eu encontrei a resposta. Sorri no escuro com a simplicidade tudo aquilo.

  - Allen... Não se preocupe, meu amor. – Meu sussurro foi engolido pela silenciosa escuridão.

  Eu nunca mais entrei no quarto de Lucy, nem a vi. Por que depois disso nunca mais precisei.  

            


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Notas finais do capítulo

A fic terá 20 capítulos de acordo com minha contagem então estamos chegando no fim...!
Achei que depois do último cap esse foi meio fraco, o que vcs acharam?
Comentem!

Até o próximo o/